Marcelino Freire: 25 microcrônicas paulistanas para o aniversário de São Paulo
[01]
Todo mundo diz que ama São Paulo.
Mas só quer sexo.
Mas só quer sexo.
[02]
Dizem que São Paulo não dorme.
Dorme, sim.
Mas é sonâmbula.
Dorme, sim.
Mas é sonâmbula.
[03]
No meio do caminho
um minhocão.
um minhocão.
[04]
Fogo.
Apagaram a favela.
Apagaram a favela.
[05]
Em São Paulo o que mais tem é planta.
De prédio.
De prédio.
[06]
São Paulo é uma cidade que acorda.
Não é uma cidade que amanhece.
Não é uma cidade que amanhece.
[07]
São Paulo não é.
São Paulo são.
São Paulo são.
[08]
Prato típico:
o self-service.
[09]
Roupa típica:
a gravata.
[10]
Música típica:
a do elevador.
a do elevador.
[11]
Idioma oficial:
o dinheiro.
o dinheiro.
[12]
São Paulo não tem praia
porque não gosta de ver
ninguém deitado.
ninguém deitado.
[13]
São Paulo é a terra do trabalho.
É que está todo mundo em greve.
É que está todo mundo em greve.
[14]
As bundas mais bonitas estão em São Paulo.
Por isso o número de filas.
Por isso o número de filas.
[15]
Mortoboys.
[16]
São Paulo não para.
Estaciona.
Estaciona.
[17]
A poesia de São Paulo
está nos saraus.
está nos saraus.
[18]
Paulo São pelos ares.
[19]
O rio grita.
Mas o volume é morto.
[20]
São Paulo tem samba no pé, sim.
O resto do corpo é que fica parado.
O resto do corpo é que fica parado.
[21]
Existe amor em São Paulo.
Mas é caro.
Mas é caro.
[22]
Todo mundo vem para cá.
Para lá, para cá, para lá.
Para lá, para cá, para lá.
[23]
Pequenos rios
as ciclovias.
as ciclovias.
[24]
Aqui a noite é uma criança.
Morta.
Morta.
[25]
Apesar de tudo,
tudo.
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