quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

TEMA. O poder de síntese em 25 microcrônicas de Marcelino Freire sobre a cidade de São Paulo

Marcelino Freire: 25 microcrônicas paulistanas para o aniversário de São Paulo

kkkk

[01]
Todo mundo diz que ama São Paulo.
Mas só quer sexo.

[02]
Dizem que São Paulo não dorme.
Dorme, sim.
Mas é sonâmbula.

[03]
No meio do caminho
um minhocão.

[04]
Fogo.
Apagaram a favela.

[05]
Em São Paulo o que mais tem é planta.
De prédio.

[06]
São Paulo é uma cidade que acorda.
Não é uma cidade que amanhece.

[07]
São Paulo não é.
São Paulo são.

[08]
Prato típico:
o self-service.

[09]
Roupa típica:
a gravata.

[10]
Música típica:
a do elevador.

[11]
Idioma oficial:
o dinheiro.

[12]
São Paulo não tem praia
porque não gosta de ver
ninguém deitado.

[13]
São Paulo é a terra do trabalho.
É que está todo mundo em greve.

[14]
As bundas mais bonitas estão em São Paulo.
Por isso o número de filas.

[15]
Mortoboys.

[16]
São Paulo não para.
Estaciona.

[17]
A poesia de São Paulo
está nos saraus.

[18]
Paulo São pelos ares.

[19]
O rio grita.
Mas o volume é morto.

[20]
São Paulo tem samba no pé, sim.
O resto do corpo é que fica parado.

[21]
Existe amor em São Paulo.
Mas é caro.

[22]
Todo mundo vem para cá.
Para lá, para cá, para lá.

[23]
Pequenos rios
as ciclovias.

[24]
Aqui a noite é uma criança.
Morta.

[25]
Apesar de tudo,
tudo.

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