domingo, 6 de junho de 2021

O impacto da automedicação na (saúde da) população brasileira

Automedicação: um vício sutil


A automedicação impacta profundamente a vida da população brasileira. Ela é motivada tanto pela comodidade (já que o acesso à Saúde é precário no país),quanto pela banalização do uso de medicamentos.

“Fármakoi” em grego é simultaneamente “remédio e veneno”. também o termo “droga” tem tanto sentido negativo quanto positivo em língua portuguesa, o que mostra a linha tênue que há entre seus benefícios e malefícios. Hoje, contudo, tornou-se trivial o uso de medicamentos, visto que o seu consumo foi naturalizado em nossa sociedade. Há, frequentemente, na casa dos brasileiros, uma caixinha de remédios, o que comprova a prática de se automedicar. Tomar remédios indicados pelo balconista da farmácia ou aceitar recomendação de terceiros não significa, para muitos, pôr em risco própria saúde.

Apesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) ser um dos mais avançados -- e democráticos do mundo, -- ele é bastante falho. Isso se deve, principalmente, à escassez de verbas (ou desvios dessas), quando não, à má-administração do sistema. Isso faz com que ocorra falta de recursos materiais e humanos, superlotação, demora no agendamento e mal atendimento profissional. Assim, automedicar-se, muitas vezes, não é só mais "conveniente e prático", mas única opção para muitos que, por falta de dinheiro, não podem custear um plano de saúde ou consultas particulares. [Embora, no Brasil, haja programas de distribuição gratuita de medicamentos, principalmente os de uso continuado, além de políticas de barateamento (programa de genéricos) e mesmo quebra de patentes (como o coquetel para soropositivos do HIV), tudo via SUS, este segue sob ameaças de desmonte de governos neoliberais. ---> o trecho negritado pode ser excluído, pois sai do tema central para focar apenas o SUS]

A indústria farmacêutica atua de forma massiva na promoção de vendas, com anúncios nas mais diversas mídias, apregoando remédios como se eles fossem só mais um produto de consumo. Ritalina para desacelerar as crianças; sibutramina para emagrecer adolescentes; esteroides para quem malha; "viagra" para os mais velhos; antidepressivos para os "meramente" infelizes e todas as tarjas para os hipocondríacos. ou seja, estar “dopado” tornou-se o novo normal. O resultado é uma sociedade dependente da química legalizada, viciados em analgésicos, anti-inflamatórios e psicotrópicos vários para a dor do existir. 

O Brasil, -- e não só ele, -- é profundamente impactado pelo uso excessivo de medicamentos sem a devida prescrição médica. Além de levar à dependência, seu uso indiscriminado ”mascara” doenças ou as agrava, podendo matar. Urge, portanto, combater a automedicação, visto que essa causa sérios danos ao indivíduo e à coletividade (pensemos a relação antibióticos e bactérias resistentes). Ampliar o investimento no SUS, agilizar consultas e atendimentos na rede, fiscalizar e punir o descumprimento de retenção de receitas médicas em farmácias são, portanto, importantes medidas a serem implementados pelo Ministério da Saúde. Coibir a propaganda farmacêutica e promover companhas de conscientização na mídia, escolas e associações serão também, ações imprescindíveis para garantir a "cura da automedicação." 

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INTERPRETAÇÃO. O sentido literal