Na Torre com Rapunzel
O isolamento social, em decorrência da pandemia da Covid-19, impactou profundamente o desenvolvimento cognitivo das crianças brasileiras. Segregadas ao espaço da casa, muitas se tornaram dependentes dos aparelhos eletrônicos e, em muitos casos, desenvolveram problemas mentais e físicos.
Crianças entre 5 e 8 anos foram as mais afetadas, já que as atividades físicas sensório-espaciais sofreram interrupção e, no caso das mais velhas, houve um abrupto rompimento nas interações coletivas. O homem, como um ser social, evolui com o convívio; portanto, um dos efeitos deletérios da Covid foram: dificuldade de concentração, problemas de sono e alterações comportamentais. Se por um lado elas tiveram a constante presença dos pais, nem sempre essa foi uma convivência harmônica e acolhedora.
O “home office” tornou-se uma prática usual devido à imposição do distanciamento social não só para os adultos - a internet se fez assim imprescindível - mas também para as crianças, visto que o ensino passou a ser “online”. Contudo, os aparatos tecnológicos foram usados como “babás eletrônicas”, ou seja, mecanismos de distração para crianças limitadas a espaços exíguos. Permissíveis com vídeos e jogos, os “responsáveis” viciaram seus rebentos tornando-os cada vez mais desatentos/dispersos.
Como no filme Enrolados (adaptação de Rapunzel), muitas crianças tiveram seu desenvolvimento sensório-motor e intelectual afetado porque pouco estimulados à fala e ações. Na “bolha protetora” do lar, se alguns tiveram pais atentos que ensinaram novas habilidades (costurar, ler, desenhar etc.), muitos foram como bruxas: negligentes, autoritários, intolerantes e abusivos - em alguns casos sexualmente. Isso desencadeou crises de ansiedade, pânico, depressão, automutilação, anorexia, obesidade e compulsões alimentares.
O impacto na formação cognitiva infantil em razão do isolamento social se mostra danoso a toda uma geração. As consequências só serão conhecidas ao longo do tempo.
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