quinta-feira, 6 de abril de 2023

Redação. TEMA: o poder desestruturante da sexualidade feminina

Mulheres: famosas e difamadas ao longo da história

A sexualidade feminina ao longo da história, por seu poder “desestabilizador”, sempre foi regulada, restringida e controlada pelos homens. 

As mulheres sempre foram usadas como “moeda de troca” nas mais diversas culturas/sociedades. Objetos do desejo daqueles que detém o poder, destituídas de nomes, arbítrio e direitos, decoraram palácios e povoaram haréns, foram raptadas e violadas e, contraditoriamente, a elas foi atribuído os males do mundo (Eva, Lilith, Pandora, Circe etc.) Embora subjugadas, figuram nas páginas da história e na arte como instrumentos de destruição, principalmente por sua sexualidade. Se expõem o corpo, sao consideradas vulgares; se trocam de parceiros, promíscuas; se exprimem abertamente seu desejo, meretrizes. Portanto, são sempre julgadas por suas sexualidades a partir de regras/valores determinadas por sociedades patriarcais.

A virgindade feminina, ainda hoje, se constitui uma espécie de valor moral, como se o hímen conferisse virtude, quando não garantisse felicidade conjugal, já que a mulher pura materializaria a perfeição. As religiões abraâmicas, bem como de outras linhas, tinham a castidade como garantia da linhagem masculina. A gravidez, entendida como fardo fora do casamento, era uma transgressão punida com expulsão, execração pública e até com apedrejamento. Ou seja, muitas vezes a sexualidade da mulher foi (e talvez ainda seja) criminalizada.

Há uma exploração recorrente do corpo feminino nas mais diversas mídias; tal objetificação, contudo, não implicou uma maior liberdade sexual à mulher. Celebridades como Madonna, Beyoncé, Lady Gaga e, no Brasil, Ivete Sangalo ressignificam o ser mulher como transgressora, profissional bem-sucedida, “sexy”, independente e, tudo isso sem se opor — ou ser incompatível — por exemplo, à maternidade. Por isso, um artista como Anitta incomoda, até pela hipersexualidade, a sociedade falocêntrica.

O poder “desestabilizador” do corpo e da sexualidade feminina, na verdade, é uma projeção masculina dos próprios impulsos, desejos e inseguranças. Portanto, o machismo cultural que oprime as mulheres precisa ser combatido. A emancipação da mulher (seu empoderamento) deve ser fruto de seu próprio desejo e demandas. Mais que uma mulher “padrão”, deve se reconhecer sua multiplicidade: da recatada-do-lar à que desce-até-o-chão, todas devem ser respeitadas em sua dignidade.

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