Gabarito:
Resposta da questão 1:
Luisinha, na adolescência, era uma menina
órfã, sem graça e desengonçada que, não obstante, Leonardo
Pataca tenta conquistar. Como era herdeira de grande fortuna, atrai a
atenção de José Manuel, com quem ela, ingênua, acaba se casando.
Seu marido, contudo, morre; ela, que havia se tornado uma bela
mulher, e Leonardo enfim retomam o amor da juventude e se casam.
Virgília
foi o grande amor de Brás Cubas, mas no início, quando eram noivos,
não existia muita paixão entre eles. Ela, ambiciosa, acabou se
casando com Lobo Neves, homem influente. Quando se reencontraram, a
paixão que não houve antes surgiu, e os dois tornaram-se amantes.
Assim como Luisinha, o tempo lhe trouxe beleza na madureza. No
entanto, ela é retratada já sem beleza e velha junto ao cadáver do
defunto-autor.
Resposta da questão 2:
a) Os termos “simples”
e “sofisticada” na expressão “uma
traquitana simples,
mas extremamente sofisticada”
configuram uma contradição.
b)
O uso da primeira pessoa do plural (“nosso
andar”, “somos capazes”, “nossas pernas”), a
linguagem coloquial presente no uso do termo “traquitana”, assim
como a imprecisão semântica da expressão “espécie de embreagem”
diferenciam o texto de Fernando Reinach dos textos científicos em
que predomina a função referencial da linguagem, denotativa e
objetiva.
Resposta da questão 3:
a) Segundo o autor, os
diários íntimos surgiam com maior frequência nos países em que a
Reforma Protestante se consolidou, pois os adeptos dessa nova
corrente religiosa, que não contempla o ato da confissão, não
podiam recorrer à autoridade sacerdotal para fazer exame de
consciência. Assim, recorriam com frequência à escrita de textos
autobiográficos para elaborarem questionamentos autocríticos
relacionados com comportamento individual ou conduta social.
b)
Os termos “ele” e “interposta pessoa” referem-se a “exame
de consciência” e “autoridade sacerdotal”, respectivamente.
Resposta da questão 4:
a) Não, as “inverdades” em nada
desmerecem a canção. Uma letra de música deve ser vista como
material artístico, isto é, não tem necessariamente nenhum
compromisso com a realidade, podendo, portanto, tratar de qualquer
tema, seja biográfico seja fictício.
b)
O bairro do Jaçanã
vai rimar com a expressão amanhã de manhã,
dessa maneira, contribuindo com a sonoridade dos versos.
Resposta
da questão 5: O
botânico observa a árvore objetivamente, do ponto de vista
científico, limitando-se, assim, ao uso da linguagem denotativa. O
poeta apresentaria uma visão mais completa por concebê-la também
estética (“Vê-a na sua graça, na sua força, na sua formosura,
no seu colorido”) e subjetivamente (“sente tudo quanto ela
lembra, tudo quanto ela sugere, tudo quanto ela evoca, desde as
impressões mais espontâneas até as mais remotas, mais vagas e mais
indefiníveis”), fazendo uso da linguagem conotativa.
Resposta
da questão 6: Ao
afirmar que a floresta invadiu suas terras, a intenção da
personagem da charge é defender a expansão do agronegócio mesmo às
custas da destruição da natureza. A personagem coloca-se como
vítima e a floresta, como destruidora. Trata-se de uma inversão do
que, de fato, acontece, uma lógica absurda; mas que serve aos
interesses do grupo ruralista. Tal visão desrespeita a ética da
sociedade, pois interesses coletivos, a preservação ambiental, são
substituídos por interesses privados, e a expansão do agronegócio.
Resposta
da questão 7: Tal
perspectiva é atribuída ao poeta, que vê a árvore sob dois pontos
de vista: o estético, ou seja, a beleza da árvore (“Vê-a na sua
graça, na sua força, na sua formosura, no seu colorido...”) e o
antropomórfico, isto é, ele a humaniza, concebe-a sob forma humana
ou com atributos humanos.
Resposta da questão 8:
a) Sim, pois a pegada de um sapato, usado
normalmente por funcionários de empresas comerciais e financeiras,
sobre uma área que remete a uma plantação de soja permite inferir
que o anúncio destaca a importância da aproximação dessas
empresas com a realidade do meio em que o cliente desenvolve as suas
atividades.
b)
Os ícones e os algarismos informam a posição geográfica exata do
campo de soja a que se refere o texto. Assim, através dessa
inclusão, associa-se facilmente a precisão do local com a
eficiência da empresa baseada no conhecimento rigoroso da realidade
do negócio.
Resposta
da questão 9:
Verifica-se a existência de perguntas
retóricas na Tira 2 (terceiro quadro) e na Tira 4 (segundo quadro).
Nos dois casos, a mãe de Calvin não espera uma resposta do filho.
Na verdade, a pergunta é feita em tom de repreensão. No entanto,
Calvin não entende assim, tanto que responde às perguntas da mãe
sem demonstrar entender a censura feita.
Resposta da questão 10:
a) A conclusão não é
correta, pois o advérbio “obviamente” refere-se ao fato de a
vulnerabilização acontecer de forma diferente com homens, mulheres
e crianças e não ao fato de dispensar comprovação.
b)
O comentário é improcedente, pois a expressão
“sem vãs ilusões” enfatiza a opinião da autora de que não se
deve relativizar o poder da leitura em tempos difíceis, como os que
decorrem atualmente, como tragédias ambientais ou manifestações de
violência nas suas mais diversas formas: “Em
tais contextos, crianças, adolescentes e adultos poderiam
redescobrir o papel dessa atividade na reconstrução de si mesmos e,
além disso, a contribuição única da literatura e da arte para a
atividade psíquica.Para a vida, em suma”.
Resposta da questão 11:
a) Para maior expressividade a palavra
linha traz uma ambiguidade bastante pertinente, mencionando a
expressão andar na linha
que quer dizer fazer tudo de maneira correta e a ideia de linha de
trem, já que a empresa oferece transportes em containers via férrea.
b)
Hoje sustentável ganhou um significado a mais, quer dizer de toda
forma de trabalho que não prejudica o meio ambiente, o que acontece
com os trens, eles não poluem o ar como outros meios de transporte e
também são mais baratos.
Resposta da questão 12:
a) O uso do verbo roubar,
sempre pejorativo, sendo usado de maneira conotativa a chamar a
atenção de um acento que não deveria ter saído da língua. A
jornalista aponta um problema ortográfico em que se contrasta o
verbo parar com a
preposição para.
Depois da nova reforma ortográfica, ambas aparecem sem nenhuma marca
diferencial para evidenciar o uso de palavras homônimas, mas
justapostas em duas classes gramaticais distintas.
b) São Paulo, para ver o Corinthians jogar, para.
São
Paulo para a fim de ver o Corinthians jogar.
Resposta da questão 13:
a) Quando formou o axioma em que a
ignorância não tem limite inferior, o
deputado Roberto Campos quis dizer que a ignorância sempre nos
surpreende devido a sua ilimitada capacidade de aparecer sempre pior
e mais profunda. Um sarcasmo de um homem que convivia com políticos
de todos os escalões no dia a dia do Congresso. Quanto ao último e
mordaz comentário do colega político, esses mundos
maravilhosos são o da galhofa e do riso
fácil, já que toda essa teatralidade não passava de discurso
vazio.
b)
O trecho que vai explicar a ironia contida na expressão oratória
de alta visibilidade é: com
os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia (...)
Resposta da questão 14:
a) A expressão essas mal
traçadas linhas tornou-se um clichê do
universo epistolar em extinção já no Canadá. O título, de certa
forma, ironiza essa mudança que se aponta e mais uma profissão
familiar às pessoas que se vai substituída pela tecnologia.
b)
Resignado à marcha da modernidade tecnológica contra a qual não se
pode lutar...
Resposta
da questão 15: a)
O aluno pode escolher entre uma das acepções:
- “Porto” indica duas alternativas: o livro sugere
segurança, o qual também pode permitir tanto chegadas quanto
partidas a diversos locais;
- “Porta” ilustra a capacidade que a leitura confere
ao leitor de ultrapassar limites e alcançar lugares surpreendentes;
- “Cais” retoma parte da metáfora de “porto”: o
ato de ler permite chegadas e partidas a diferentes locais;
- “Rota” caracteriza a leitura como o caminho a ser
tomado pelo leitor.
É válido ressaltar que todas as metáforas
apresentadas estão relacionadas à expansão dos horizontes, tal
qual a linha central da narrativa apresentada.
b) Por mudança subjetiva compreende-se uma mudança
íntima, particular do narrador; segundo o contexto, tal mudança
ocorre a partir da leitura, a qual amplia seu conhecimento de mundo –
uma necessidade que ele mesmo indicava no início do trecho.
Essa mudança é explicitada em trechos como (vale
ressaltar, a questão solicita apenas dois trechos): “E a palavra
se mostrou como caminho poderoso para encurtar distância, para
alcançar onde só a fantasia suspeitava, para permitir silêncio e
diálogo”, “Com as palavras eu ultrapassava a linha do
horizonte”, “E o meu coração de menino se afagava em
esperança”, “Ao virar uma página do livro, eu dobrava uma
esquina, escalava uma montanha, transpunha uma maré”, “Ao passar
uma folha, eu frequentava o fundo dos oceanos, transpirava em
desertos para, em seguida, me fazer hóspede de outros corações”,
“Pela leitura temperei a minha pátria, chorei sua miséria, provei
de minha família, bebi de minha cidade, enquanto, pacientemente,
degustei dos meus desejos e limites”, “Pelo livro soube da
história e criei os avessos, soube do homem e seus disfarces, soube
das várias faces e dos tantos lugares de se olhar”.
Resposta da questão 16:
a) As fontes fidedignas empregadas para
dar credibilidade às informações são a tese de Rodrigo Mallet
Duprat, Realidades e particularidades da
formação do profissional circense no Brasil: rumo a uma formação
técnica e superior, e a entrevista com tal
estudioso.
Em relação aos discursos, há ocorrência do discurso
direto, indicado pelo uso de aspas e verbo dicendi
ao término do trecho (defende
o autor) em “Há, no mercado, profissionais híbridos, oriundos de
várias áreas de formação, inclusive no circo familiar. Mas, como
falta um curso superior, muitos artistas que começaram nas artes
circenses vão para outras áreas do conhecimento como ciências
sociais, dança, teatro, educação física, história... É até bom
existir essa amplitude só que aquele profissional poderia ter a
possibilidade de se formar, fazer um curso superior de artes do
circo”, defende o autor da tese; há também ocorrência o discurso
indireto, conforme se lê a seguir: ‘Rodrigo entende que atualmente
a atividade é exercida por diferentes profissionais como professores
de teatro, artes ou educação física’.
b)
Nos dias atuais, o profissional do circo tornou-se um “novo sujeito
histórico”: tem residência fixa, cria escolas de circo e amplia
seus estudos pela falta de um curso superior em tal área. Estes
estão relacionados às áreas de Ciências Sociais, História,
Educação Física, Artes, Teatro e Dança.
Resposta da questão 17:
O dilema de Solomon pode ser resumido pelo
seguinte trecho: “Não ousava assassiná-lo,
mas não ousava deixá-lo viver”. O escravo, em luta contra um de
seus proprietários, passa por uma situação de impasse: assassinar
Tibeats era seu desejo, porém seus problemas não se resolveriam.
Caso o assassinato se confirmasse, o escravo seria morto como forma
de punição; caso Tibests não morresse, este buscaria Solomon para
se vingar.
Resposta
da questão 18:
Para ambos os autores, a concepção de
morte para os escravos está relacionada ao término dos sofrimentos
a que estiveram subjugados em vida. Luiz Gama escreve, na primeira
estrofe do poema, “Dorme o sono feliz da
eternidade.”; já Solomon Northup, no primeiro parágrafo do
excerto, defende “o vislumbre da morte como o fim de sofrimentos
terrenos”.
Resposta
da questão 19: O
período em que ocorre tal atenuação é “E – mesmo que se não
queira admitir que todo o estado de alma é uma paisagem – pode ao
menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por
uma paisagem”. O emprego da locução conjuntiva concessiva “mesmo
que” indica, gramaticalmente, a atenuação das afirmações
anteriores.
Para
o escritor, essa atenuação deve ser feita, pois sua primeira
afirmação (“Todo o estado de alma é uma paisagem.”) é
categórica e leva a questionamentos – daí a necessidade de
explicar que tal paisagem pode ser compreendida também em sentido
figurado, como representação de um estado de alma.
Resposta
da questão 20: No
poema “Paisagem holandesa”, o eu lírico menciona “(...) É a
saudade de Alguém que anda extasiado, a esmo, / Com a paisagem da
Holanda escondida em si mesmo”: há nítida correspondência entre
o estado de alma maravilhado, “extasiado”, e a paisagem, a qual
lhe está internalizada.
A
conclusão a que se chega é que o eu lírico de “Paisagem
holandesa” corresponde à teoria de Fernando Pessoa a respeito de
que “Todo o estado de alma é uma paisagem” ou, ao menos, pode
ser representado por uma delas.
Resposta
da questão 21: No
segundo quadro, a resposta à personagem (“Calma, povo”) indica,
no vocativo, a entidade que fez as solicitações. Trata-se do povo,
que exige medidas concretas da oposição face ao agravamento da
situação política no país: “Mas precisa decidir, oposição”.
No último quadrinho, a palavra “saco” revela a decepção da
personagem perante o fato de os políticos estarem mais preocupados
com a defesa dos seus interesses do que em legislar em benefício do
povo.
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