Retirei esta charge da internet, que interpreto da seguinte forma:
[O símbolo do Nazismo (suástica) está submerso como um iceberg ou como uma “rocha” ou “semente” enterrada na terra com a ponta já se projetando para fora (ou seja: “despontando”). Na superfície, cinco pessoas observam a forma triangular negra projetada, mas a observação de um deles desfaz preocupações numa fala bastante coloquial: “Ah, gente, não é nada”. A inteligência da charge de Rafael está em fornecer a nós, receptores da imagem, informações que as cinco figuras humanas não possuem, configurando, contudo, uma mensagem de “alerta” para a ascensão do Nazismo, explicitado concretamente na suástica. O quadrinho, sem abdicar do humor pelo “desconhecimento”, ingenuidade ou alienação dos personagens, mostra-se como um alerta para o perigo crescente (florescente) de um regime totalitário que aparentemente desponta como inócuo.]
[Na charge do quadrinista Rafael, o símbolo do Nazismo (suástica) é representado como um iceberg ou uma “rocha” enterrada na terra, com a ponta já projetando para fora. Na superfície, cinco pessoas observam a forma triangular negra projetada. No entanto, um deles minimiza a preocupação com uma fala coloquial: “Ah, gente, não é nada”. A inteligência da charge está em fornecer aos receptores da imagem informações que as cinco figuras humanas não possuem. Isso configura uma mensagem de alerta para a ascensão do Nazismo, explicitada concretamente na suástica. O quadrinho, sem abdicar do humor pelo desconhecimento, ingenuidade ou alienação dos personagens, mostra-se como um alerta para o perigo crescente de um regime totalitário que aparentemente desponta como inócuo.]
Na mesma publicação, num dos comments, um usuário do Facebook postou um poema
NO CAMINHO COM MAIAKOVSKI
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
(Eduardo Alves da Costa)
[Interessante observar como o "comment" não pessoal, mas dado pela transcrição do fragmento do poema de Eduardo Alves da Costa, dialoga e complemente/explicita o significado da charge. Também o poema trata do avanço lento do "fascismo", de um regime e prática totalitária, e da passividade e alienação daqueles que não percebem seu avanço. Tal tolerância - devido a inconsciência e/ou covardia - a uma crescente série de violações à liberdade e aos direitos humanos termina numa censura absoluta. O poema se constrói com metáforas (que evoluem para alegoria), denúncia da passividade, da aceitação e do domínio do outro.]
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