sexta-feira, 21 de outubro de 2022

INSTRUÇÕES DE COMO MONTAR UMA CARTA ARGUMENTATIVA

 A carta argumentativa é um tipo de texto dissertativo. E, ao contrário do que pensam muitos vestibulandos e concurseiros, não há segredo algum em sua elaboração. Aliás, ela é, segundo alguns, bem mais simples que a dissertação tradicional, haja vista que é um tipo de texto bem próximo à realidade dos alunos/candidatos, dos quais a maioria certamente já escreveu uma carta a alguém.


Vejamos, então, as principais características da carta:


Argumentação e Estrutura dissertativa

Costuma-se enquadrar a carta na tipologia dissertativa, uma vez que, como a dissertação tradicional, apresenta a tríade introdução / desenvolvimento / conclusão. Logo, no primeiro parágrafo, você apresentará ao leitor o ponto de vista a ser defendido; nos dois ou três subsequentes (considerando-se uma carta de 20 a 30 linhas), encadear-se-ão os argumentos que o sustentarão; e, no último, reforçar-se-á a tese (ponto de vista) e/ou apresentar-se-á uma ou mais propostas.


Como a carta não deixa de ser uma espécie de dissertação argumentativa, você deverá selecionar com bastante cuidado e capricho os argumentos que sustentarão a sua tese. É importante convencer o leitor do seu ponto de vista.


Apesar das semelhanças com a dissertação, que você já conhece, é claro que há diferenças importantes entre esses dois tipos de redação. Vamos ver as mais importantes:


1) Cabeçalho

Na primeira linha da carta, na margem do parágrafo (recuo de, mais ou menos, 2cm), aparecem o nome da cidade e a data na qual se escreve. Exemplo: Salvador, 4 de junho de 2018.


2) Vocativo

Na linha de baixo, também na margem do parágrafo, há o termo por meio do qual você se dirige ao leitor (geralmente marcado por vírgula). A escolha desse vocativo dependerá muito do leitor e da relação social com ele estabelecida. Exemplos: Prezado senhor Fulano, Excelentíssima senhor presidente Beltrano, Caro deputado Sicrano etc.


3) Interlocutor definido

Essa é, indubitavelmente, a principal diferença entre a dissertação tradicional e a carta. Quando alguém pede a você que produza um texto dissertativo, geralmente não lhe indica aquele que o lerá. Você simplesmente tem que escrever um texto para alguém indefinido. Na carta, isso muda: estabelece- se uma comunicação particular entre um eu definido e um você definido. Logo, você terá que ser bastante habilidoso(a) para adaptar a linguagem e a argumentação à realidade desse leitor e ao grau de intimidade estabelecido entre vocês dois. Imagine, por exemplo, uma carta dirigida a um presidente de uma associação de moradores de um bairro carente de determinada cidade. Esse senhor, do qual você não é íntimo, não tem o Ensino Médio completo. Então, a sua linguagem, escritor(a), deverá ser mais simples do que a utilizada numa carta para um juiz, por exemplo (as palavras podem ser mais simples, mas a Gramática sempre deve ser respeitada). Os argumentos e informações deverão ser compreensíveis ao leitor, próximos da realidade dele. Mas, da mesma maneira que a competência do interlocutor não pode ser superestimada, não pode, é claro, ser menosprezada. Você deve ter bom senso e equilíbrio para selecionar os argumentos e/ou informações que não sejam óbvios ou incompreensíveis àquele que lerá a carta.


4) Necessidade de dirigir-se ao leitor

Na dissertação tradicional, recomenda-se que você evite dirigir-se diretamente ao leitor por meio de verbos no imperativo (“pense”, “veja”, “imagine” etc.). Ao escrever uma carta, essa prescrição cai por terra. Você até passa a ter a necessidade de fazer o leitor “aparecer” nas linhas. Se a carta é para ele, é claro que ele deve ser evocado no decorrer do texto. Então, verbos no imperativo – que fazem o leitor perceber que é ele o interlocutor – e vocativos são bem-vindos. Observação: é falha comum entre os alunos-escritores “disfarçar” uma dissertação tradicional de carta argumentativa. Alguns escrevem o cabeçalho, o vocativo inicial, um texto que não evoca em momento algum o leitor e, ao final, a assinatura. Tome cuidado! Na carta, vale reforçar, o leitor “aparece”.


5) Expressão que introduz a assinatura (Cumprimentos Finais)

Terminada a carta, é de praxe produzir, na linha de baixo (margem do parágrafo), uma expressão que precede a assinatura do autor. A mais comum é “Atenciosamente”, mas, dependendo da sua criatividade e das suas intenções para com o interlocutor, será possível gerar várias outras expressões, como “De um amigo”, “De um cidadão que votou no senhor”, “De alguém que deseja ser atendido” etc.


6) Assinatura

Um texto pessoal, como é a carta, deve ser “assinado” pelo autor. Nas provas de concursos e vestibulares, a banca costuma deixar expressa a maneira como o(a) candidato(a) deve assinar o texto. Em hipótese alguma escreva o seu nome ou utilize as iniciais dele. Aliás, as iniciais devem ser completamente evitadas, porque podem ser interpretadas como identificação. Logo, se a banca não indicar a assinatura, busque termos gerais que tenham coerência com o que foi escrito anteriormente. Ex.: Cidadão brasileiro; Aluno de escola pública; Seu eleitor etc.


Exemplo da Estrutura



Salvador, 9 de novembro de 2018


Vocativo,


Este é o primeiro parágrafo da sua carta. O ideal é que você exponha ao seu interlocutor o assunto sobre o qual deseja tratar. Lembre-se de utilizar, por toda a carta, a linguagem adequada ao seu destinatário.


Este é o segundo parágrafo da sua carta. Aqui você começa a argumentar sobre o seu ponto de vista. Como você já deve saber, a extensão (tamanho) dos parágrafos de uma carta argumentativa é mais livre que a do texto dissertativo-argumentativo. Mas utilize o bom senso. Você não vai escrever um parágrafo com 2 linhas e outro com 15, certo?


Este é o terceiro parágrafo da sua carta. Ele pode ou não existir. Mas pense que um texto bem estruturado, com cada ideia defendida em seu devido parágrafo, possivelmente pedirá mais do que dois parágrafos somente. Logo, utilize os seus conhecimentos e o seu bom senso. No último parágrafo da sua carta, direcione-se para uma despedida.


Cumprimentos,


Assinatura

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INTERPRETAÇÃO. O sentido literal