domingo, 6 de novembro de 2016

REDAÇÃO. TEMA: Intolerancia Religiosa

Andar (ou desandar) com fé?

     A intolerância religiosa tem ascendido de modo preocupante no Brasil, nas últimas décadas. País originalmente cristão, embora permeado por fortes influências africanas e outros credos, assiste hoje ao crescimento de religiões persecutórias que estimulam a desagregação e desrespeito a outras crenças. 
 
     A colonização portuguesa, para além da exploração da terra, tinha como um objetivo a conversão dos indígenas à fé cristã. Isso não se fazia de forma espontânea ou pacífica, já que os colonizadores impunham seus dogmas. O tráfico negreiro trouxe para o Brasil diversos povos que, mesmo submetidos a tais dogmas, se apropriaram do imaginário cristão, fundindo a ele suas crenças (perseguidas) dando origem ao Candomblé e a Umbanda. Imigrações posteriores trouxeram igualmente as religiões no país.

     Se o sincretismo religioso foi uma forma de conciliar diferentes visões e práticas de devoção, a tolerancia sempre foi aparente no Brasil. Várias doutrinas foram perseguidas/combatidas sempre pela religião dominante, cuja Bíblia é seu totem. Embora seja garantido constitucionalmente o livre exercício de credo e práticas religiosas, um protestantismo conservador tem ameaçado tal direito por meio de um discurso preconceituoso e racista difundido em templos e canais televisivos.

     Igrejas são constituições que abarcam valores morais e éticos, contudo, podem induzir tabus, preconceitos e posições radicais e extremistas aos seus adeptos. Embora permitam a inclusão dos desvalidos, propiciem proteção e apoio, além de reforçar o sentido de comunidade, são instrumentos também de alienação, e até de exploração econômica via dízimo e doações. A teologia da prosperidade, versão utilitária e materialista da fé, tem produzido templos megalomaníacos e levado a ocupar cargos políticos, entronando líderes religiosos que hostilizam e demonizam outros credos.

     A preocupante intolerância entre religiões no Brasil, principalmente das religiões que perseguem judeus, espiritas e católicos, precisa ser combatida com a lei, com sanções e punição aos hipócritas e oportunistas fazem da fé um instrumento de lucro pessoal e disseminação do ódio e da intolerância. Reforçar o Estado laico é, contraditoriamente, uma forma de garantir a liberdade religiosa, democraticamente instituída a todos, forma, portanto, de valorizar a diversidade cultural e religiosa brasileira.

[Feita coletivamente com a turma do noturno Mauá, 2016]

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