URBANIDADE E ARTE
A arte urbana, tantas vezes desvalorizada -- quando não marginalizada -- cumpre uma importante função social: difundir a cultura em espaços públicos não hegemônicos.
Na fábula de Esopo, uma cigarra que cantava durante o verão é rechaçada no inverno ao pedir abrigo às formigas que distraia durante seu processo de trabalho. Trata-se de uma crítica não aos imprevidentes (como muitos pensam), mas àqueles que desprezam a importância da arte para "iluminar e ressignificar a vida." A cigarra seria, logo, um símbolo do artista de rua que faz da cidade seu palco, já que muitas vezes esse lhe é negado ou restrito à ambientes privados/particulares. "Estátuas vivas", acrobatas, malabaristas de semáforo, grafiteiros, "street dancers", desenhistas/caricaturistas, atores-performers, cantores e instrumentistas, todos, tantas vezes anônimos, tornam a arte acessível e fazem a cidade mais viva.
No contexto da pandemia da covid-19, devido ao fechamento dos espaços "oficiais", desempregados, muitos artistas tiveram que recorrer às ruas. Se a priori, o artista urbano visaria a um contato mais direto com a plateia (que o gratificaria de forma espontânea), agora ele necessitaria desse valor - como muitos - para sobreviver. Contudo, nem todos são receptivos: recentemente, na cidade de Santos/SP, um violoncelista foi atacado com ovos ao se apresentar numa calçada.
A função da arte excede o utilitarismo vulgar, visto que ela expressa o modo como o homem se relaciona com o mundo e, no caso da arte urbana, com o espaço social presente. Deve-se, portanto, valorizar os artistas que "vão onde o povo está". Cabe a Secretaria da Cultura promover editais que financiem tais manifestações em espaços abertos, a fim de tornar acessível à população essas produções; e no momento atual, garantir-lhes auxílio emergencial que lhes garanta a sobrevivência. Ao Ministério da Educação, cumpre promover discussões nas escolas (via palestras e com apresentações), para que jovens não só compreendam a relevância da arte urbana, mas se sintam estimuladas a produzirem; já que a arte é um direito humano.
(Elaborado com a turma Fit do Aeon - Quinta-feira. Revisada pelo professor Eduardo em 20.10.2021.)
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