terça-feira, 19 de julho de 2022

para revisar

Muitos cidadãos brasileiros têm não só uma relação de desconfiança diante da política, mas uma descrença no poder transformador da sociedade através do voto. Isso faz com que muitos optem pelo voto nulo/branco como forma de protesto. Escândalos recorrentes de corrupção, desvios de verbas, "rachadinhas" e nepotismo desenfreado -- indiferente a ideologias e partidos -- corroeram a crença na democracia. Na prática, contudo, ao se anular o voto, o eleitor está assinando uma "carta em branco" ao candidato que obtiver a maioria dos votos válidos; já que ao se omitir em escolher um representante em sintonia com seus interesses, abdica de seu direito também de questionar quaisquer decisões que tais candidatos tomarem.

O Brasil esteve sobre o regime de excessão entre 1964 e 1985. Esses 21 anos, sob jugo militar, deseducou profundamente a população sobre o processo eleitoral. Embora o movimento das "Diretas Já" tenha resultado na abertura política, a reelaboração de uma nova constituição e o retorno ao voto livre, direto e obrigatório (até mesmo para os analfabetos), não resultou em uma democracia plena; já que o poder econômico sempre se impôs. As bancadas do agronegócio, do sistema financeiro, das igrejas e da indústria armamentista controlam, hoje, o destino da nação.

Se sucessivos escândalos, crises econômicas e clima de intolerância demarcam o cenário atual do país, a intensa polarização política em ano eleitoral exige do cidadão uma posição mais ativa e consciente. Há uma ameaça autoritária que questiona a lisura do processo eleitoral e das urnas eletrônicas e que estimula -- através de Fake News -- mais isenções. Aqueles que votam em branco/nulo ou em candidatos midiáticos  desqualificados julgam protestar, entretanto, mostram-se alienados em relação ao país, visto que manipulados pela demonização de partidos/candidatos pela mídia.

A desconfiança e a descrença no poder de escolha política do cidadão compromete o desenvolvimento do país e o futuro das novas gerações. É preciso portanto, esclarecer o eleitor incauto sobre a importância de fazer escolhas racionais em candidatos e projetos que os representem. Votos brancos e nulos não são eficazes para a construção de um país menos desigual.

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INTERPRETAÇÃO. O sentido literal