Encarcerando
o futuro
A
redução da maioridade penal está em pauta no país e tem gerado
bastante polêmica. Seu objetivo seria reduzir a criminalidade, já
que puniria de forma mais efetiva aos menores infratores; contudo,
opositores alegam que isso resultará em mais injustiça.
A
grande desigualdade social brasileira que segrega a população pobre
às áreas mais periféricas e desassistidas (e, portanto,
politicamente negligenciadas) tem resultado no aumento da
criminalidade juvenil. Ainda que a associação ao crime e ao tráfico
(que usam menores por sua aparente "imunidade" processual)
seja de uma parcela mínima destes, isso tem servido de argumento
para diminuição da maioridade. Assim, oprimidos pelo Estado, via
repressão policial, crianças e adolescentes são vistos de antemão,
por sua condição social ou cor da pele, como potenciais
delinquentes.
Embora
a diminuição da maioridade venha a resultar em aumento da população
carcerária, vários políticos mais conservadores a “vendem” ao
povo como solução para o problema. Aliada a eles, uma mídia
sensacionalista que veicula o espetáculo diário da violência e
alimenta na sociedade o ódio contra jovens carentes omite que,
muitas vezes, esses são vítimas de abuso e exploração de toda
ordem. Já a ineficiência na reabilitação em reformatórios, como
Fundação Casa, reflete a incapacidade do governo de realizar a
reinserção dos jovens à sociedade.
A
resposta do Estado para o combate à violência e à criminalidade do
país sempre foi com mais violência e isto é perceptível na
existência de uma polícia militarizada. Os jovens negros e pobres
sempre são os primeiros a serem abordados em “blitze” e batidas
policiais de forma truculentas e, costumeiramente, tratados como
não-cidadãos. Linchamentos de "trombadinhas",
espancamento de garotos de rua e até mesmo proibição de
"rolezinhos" a "shoppings" e bailes funk são
vistos como naturais e aceitáveis pela sociedade.
A
diminuição da maioridade penal é mais uma forma de violência,
repressão e segregação contra a juventude brasileira. Acreditamos
que o investimento em educação, cursos técnicos, ampliação de
espaços de convivência e lazer, além de instituições
comprometidas com a reabilitação de jovens infratores, são ações
mais producentes para a redução de crimes praticados. É, portanto,
hipocrisia e irresponsabilidade a postura daqueles que “por medida
de segurança” pregam, estigmatizam e culpam aqueles que deveriam
proteger e muito terão a contribuir para construção de um brasil
mais justo e menos desigual.
[Redação feita coletivamente, em outubro de 2015, pela turma do Cursinho MAXIMIZE Paulista. Enviada por Cristiano Junior e Jamily Soufia Caprino, foi reeditada em revisada pelo professor Eduardo, em 20/10/15. Tema: “Redução da maioridade penal”]
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