A
última gota d’água
A grave crise hídrica
paulista não pode ser exclusivamente atribuída a um fenômeno
natural. Descaso político, falta de planejamento em infraestrutura,
bem como o uso irracional da água são as principais causas.
Os alertas de especialistas
sobre constantes estiagens a reduzir drasticamente o volume de
represas e rios foram criminosamente negligenciados pela nossa
administração pública. Geraldo Alckmin, então candidato à
reeleição para governador, omitiu tal informação, já que isto
implicaria perda de popularidade/rejeição do eleitorado. Sua
irresponsabilidade produziu um colapso do Sistema Cantareira, Alto do
Tietê e Guarapiranga.
Embora a SABESP seja uma
estatal, ela conta com participação do capital privado. Camada de
“Terra da Garoa”, a questão da falta de chuva nunca foi um
problema para São Paulo; contudo, duas décadas de gestão
catastrófica levaram represas até o volume morto. Politicas
equivocadas que privilegiavam grandes consumidores (shopping,
indústria e agronegócio), por visar ao lucro de acionistas em
detrimento da população, agravaram ainda mais o problema.
Se a administração pública
não só incompetente como gananciosa submeteu-se ao mercado, o uso
nada racional do usuário doméstico não pode ser minimizado. A
hiper-urbanização em áreas de mananciais, o desmatamento
generalizado da Mata Atlântica, a poluição com esgoto e o
desperdício inconsequente conduziram São Paulo à maior crise já
vista no país. Há, entretanto, um aspecto positivo neste cenário:
nunca fomos tão conscientes da necessidade de mudança de
comportamento diante da questão da água.
A grave escassez de água em
São Paulo se deve, logo, mais ao fator humano do que à natureza. É
imprescindível, portanto, identificar e punir os responsáveis por
prejudicar grande parcela da população, já que assim comprometeram
a saúde e a economia do maior estado do Brasil. A preservação dos
recursos hídricos deve ser feita estimulando nos consumidores um uso
mais consciente da água. Reparos para conter perdas, punição para
gastadores e mais transparência na administração impedirá que
cheguemos à ultima gota.
[Redação feita coletivamente, em outubro de 2015, pela turma do Cursinho MAXIMIZE Paulista - noturno. Enviada por Pedro Passos, foi reeditada em revisada pelo professor Eduardo, em 22/10/15. Tema: “Redução da maioridade penal”]
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