terça-feira, 23 de agosto de 2022

REDAÇÃO. Tema: Como combater o genocídio índígena no Brasil (modelo FUVEST)

Todos nós brasileiros temos uma dívida histórica com os povos originários pela diversidade étnica, linguística e cultural que nos legaram; já que, de certo modo "nós" também somos "eles". O nosso afastamento cultural, entretanto, faz com que, não só desvalorizemos nossas raízes indígenas, mas também sejamos omissos em relação ao seu genocídio capitaneado pelo desmatamento, pela ameaça do narcotráfico e pela negligência governamental.

A colonização portuguesa foi extremamente selvagem e sanguinária, visto que impôs sua religião sobre os povos indígenas, escravizou-os para extração do pau-brasil, promoveu seu escorraçamento do litoral e exterminou (até com epidemias) nações inteiras. Passados mais de cinco séculos, tal etnocídio permanece em curso. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), hoje, os indígenas representam 0,47% da população brasileira e usufruem apenas de 13% do território nacional.

Tanto o escritor romântico José de Alencar, autor de "Iracema" e de "O guarani", como autores modernistas, apropriaram-se da imagem do índio não só para efetuar a refundação mítica do Brasil, mas para definir o caráter nacional brasileiro. Apesar de obras impactantes como "Macunaíma" e "Cobra Norato" - e do conceito de antropofagia, - os modernistas, mesmo que mais críticos, assim como seus predecessores, ignoraram - ou melhor: omitiram - o genocídio dos povos originários, optando por apagar sua imagem real/original, favorecendo uma visão idealizada, distorcida, irreal.

Se em 19 de abril comemora-se o Dia do Índio, pouco há a se celebrar. Além do desmatamento da Amazônia, indigenistas, Ongs e ativistas ecológicos apoiadores da causa indígenas, estão igualmente sendo "caçados" e mortos por narcotraficantes, madeireiros, grileiros e garimpeiros ilegais. Mais que negligente, o governo atual estimula tais crimes, já que a própria sociedade, alienada, não se solidariza de fato com os povos ancestrais e "compram" o discurso de políticos de que é preciso explorar as matas para que o país progrida.

Apesar da imensa contribuição dos indígenas para nossa diversidade, eles parecem fadados ao esquecimento, meros símbolos de uma era quando o homem estava realmente conectado à natureza. Cabe, portanto, a nós, ressignificar sua história, nos aproximarmos de sua cultura, valorizá-los e, consequentemente, impedir seu extermínio. Proteger e garantir seu direito à vida (e à terra) é um primeiro passo. Demarcação territorial, punição de invasores, integração desses povos com autonomia à sociedade são ações concretas que conferirão maior dignidade aos nossos povos originários. 

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