O analfabetismo é assunto de grande relevância na história do Brasil, já que expressa concretamente as injustiças e desigualdades que marcam profundamente a sociedade brasileira. O analfabetismo se torna uma “questão nacional” durante o Segundo Reinado, mas não porque dom Pedro II estivesse preocupado com esse assunto.
O debate sobre o analfabetismo ganhou destaque no Brasil como um problema político, justamente no período em que a monarquia começava a se esfacelar. A culpa pela corrupção do sistema parlamentar recaiu sobre os analfabetos e a solução apresentada para “moralizar” as eleições era retirar deles o direito de voto.
Assim se deram as discussões para a aprovação da Lei 3.029/1881 (Lei Saraiva), uma reforma eleitoral que exigia a capacidade de ler e escrever para votar. Se antes havia mais de um milhão de pessoas registradas para votar, esse número caiu para menos de 100 mil nas primeiras eleições legislativas após a reforma. Segundo José Murilo de Carvalho, o parlamento passou a representar uma pequena parcela da população. O rei ficou ainda mais distante de seus súditos e os analfabetos ficaram estigmatizados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário