terça-feira, 23 de agosto de 2022

REDAÇÃO. TEMA: “Youtubers”: libertários ou oportunistas?

O fenômeno dos "youtubers" (celebridades digitais produtoras de vídeos para o YouTube) está diretamente ligado à ascensão da internet. A fixação do público em alguns canais, a restrição do foco a determinados conteúdos e a influência em hábitos comportamentais e de consumos são pontos a serem considerados.

A televisão tradicional se consagrou no século XX como a principal propagadora de entretenimento, informação e cultura/educação no mundo. Dominada por empresas, políticos e igrejas, ela se tornou, não só um instrumento de manipulação e controle mas também de doutrinação consumista, já que sustentada por anúncios publicitários. Sua decadência, entretanto, tem como ponto de partida o surgimento da internet. A popularização dos aparatos virtuais e da banda larga possibilitou ao usuário tanto interagir como produzir seu próprio conteúdo. "Tablets", "Smart-tvs" e celulares, não importa a tela., "youtubers" tornaram-se porta-vozes e agentes dessa mudança, graça ao barateamento do sistema de gravação e veiculação de vídeos.

Embora diversidade e multiplicidade sejam características da rede, não raramente a atenção do usuário é capturada por celebridades narcisistas e  superficiais. Se "youtubers" são guias e modelos para jovens num mundo hiperconectado, hoje muitos optam por propagar conteúdos banais, de humor fácil ou vulgar, quando não se reduzem a comentaristas tolos de vídeos ("reaction") e a “abridores” de caixas ("unboxers"). Consagrados na web, vários destes formadores de opinião só estão à cata de visualizações, já que monetizam/lucram com “curtidas” na plataforma de vídeos, logo sendo cooptados pela publicidade ou pela mídia convencional.

Linguagem direta, espontânea e pessoal permite aos "youtubers" uma conexão com o usuário por meio da identificação. A experiência comum, cotidiana e prosaica conferem a eles credibilidade, entretanto, ocultam interesses mercadológicos, portanto, nada distinto dos antigos veículos de massa. A propagação do ódio, a alienação, a polarização e o consumismo não são raras entre "youtubers",  devido à grande influencia exercida em jovens em formação, sem o olhar crítico para tais conteúdos.

O crescimento da rede é incontornável, um espaço propício para aflorar guias libertários e mercenários oportunistas. Fundamental é, portanto, estimular um consumo mais comedido e responsável da rede. O barateamento da produção de conteúdo, em que muitos produzem para muitos, entretanto, é um aspecto positivo a ser defendido contra censores e manipuladores da informação. Devemos, portanto, estimular o conteúdo de qualidade, a fim de garantir que a influência e repercussão de produtores responsáveis contribuam para a democratização e aprimoramento da sociedade para além da rede.

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