domingo, 27 de outubro de 2019

REDAÇÃO. TEMA: Gavidez na adolescência


PELO EXERCÍCIO PLENO DA SEXUALIDADE

Muitas adolescentes engravidam todos os anos no Brasil. Isso ocorre não só por ausência de diálogo na família, mas também por falta de informação e imaturidade de muitos jovens.
O sexo é um assunto tabu na sociedade brasileira; visto que envolve questões morais, éticas e religiosas. Embora faça parte do desenvolvimento natural do indivíduo, raramente pais e filhos têm um diálogo franco sobre o assunto. Isso faz com que vários jovens descubram/aprendam sobre sexualidade com pessoas tão ou mais inexperientes do que eles.
A escola é um espaço privilegiado para aquisição de conhecimento; entretanto, poucas são aquelas que apresentam a disciplina de Educação Sexual, já que muitos pais a consideram forma de corromper a inocência infantil e estímulo precoce à sexualidade. Desse modo, o sexo é frequentemente abordado num prisma biológico e/ou quase sempre nocivo (propagador de HPV, Sífilis, HPV e outras DSTs), nunca na perspectiva dos afetos. Se houve maior investimento em educação nas últimas décadas, isso não resultou – pelo menos nas políticas públicas – em campanhas preventivas amplas e eficientes para além do carnaval e outras datas comemorativas. Some-se a isso tudo, a erotização do corpo juvenil - explorado desde sempre pela mídia – e a internet que, se permitiu livre acesso à informação, “liberou” a pornografia a bilhões de usuários.
Os jovens tendem a ser inconsequentes e impulsivos, por conseguinte, mais vulneráveis à ação da libido. O fácil acesso ao álcool e a outros tipos de drogas, no país, favorecem a imprudência. Ainda que muitos tenham à disposição métodos contraceptivos, a imaturidade pode levar à gravidez precoce. Nem sempre, contudo, essa é “indesejada”, já que parece aos mais ingênuos uma forma de “prender” um parceiro num relacionamento, de emancipar-se dos pais ou de ingressar na fase adulta. Em contextos de miserabilidade extrema, engravidar implica aliança parental, uma estratégia de sobrevivência para carências diversas.
A gravidez na adolescência não é, portanto, uma questão individual, mas problema social a ser combatido com ações efetivas. Cabe ao Ministério da Saúde promover campanhas nacionais preventivas e garantir orientação e atendimento em suas unidades a fim de diminuir os casos. Palestras e rodas de discussão que visem a atrair e a envolver os pais nos debates escolares (a serem definidas pelo MEC) são, portanto, medidas estratégicas para sanar o problema. Finalmente, é dever do Estado expandir as perspectivas de vida dos jovens – com lazer, educação e trabalho, o que contribuirá igualmente, para que, com maturidade, estejam aptos – no tempo certo e com segurança, seja qual for sua crença - a exercerem plenamente sua sexualidade.

[Como este se trata frequentemente meu texto-base, ponto de partida para explicar o que não deve faltar num texto dissertativo, remodelei-o conforme o que é solicitado nas provas do ENEM 2019. Originalmente, esta redação coletiva foi efetuada em sala de aula, cursinho Maximize Mauá – 2014, revisada agora 08/10/19].

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