PELO EXERCÍCIO PLENO DA SEXUALIDADE
Muitas adolescentes engravidam todos os anos no Brasil. Isso ocorre
não só por ausência de diálogo na família, mas também por falta
de informação e imaturidade de muitos jovens.
O sexo é um assunto tabu na sociedade brasileira; visto que envolve
questões morais, éticas e religiosas. Embora faça parte do
desenvolvimento natural do indivíduo, raramente pais e filhos têm
um diálogo franco sobre o assunto. Isso faz com que vários jovens
descubram/aprendam sobre sexualidade com pessoas tão ou mais
inexperientes do que eles.
A escola é um espaço privilegiado para aquisição de conhecimento;
entretanto, poucas são aquelas que apresentam a disciplina de
Educação Sexual, já que muitos pais a consideram forma de
corromper a inocência infantil e estímulo precoce à sexualidade.
Desse modo, o sexo é frequentemente abordado num prisma biológico
e/ou quase sempre nocivo (propagador de HPV, Sífilis, HPV e outras
DSTs), nunca na perspectiva dos afetos. Se houve maior investimento
em educação nas últimas décadas, isso não resultou – pelo
menos nas políticas públicas – em campanhas preventivas amplas e
eficientes para além do carnaval e outras datas comemorativas.
Some-se a isso tudo, a erotização do corpo juvenil - explorado
desde sempre pela mídia – e a internet que, se permitiu livre
acesso à informação, “liberou” a pornografia a bilhões de
usuários.
Os jovens tendem a ser inconsequentes e impulsivos, por conseguinte,
mais vulneráveis à ação da libido. O fácil acesso ao álcool e a
outros tipos de drogas, no país, favorecem a imprudência. Ainda que
muitos tenham à disposição métodos contraceptivos, a imaturidade
pode levar à gravidez precoce. Nem sempre, contudo, essa é
“indesejada”, já que parece aos mais ingênuos uma forma de
“prender” um parceiro num relacionamento, de emancipar-se dos
pais ou de ingressar na fase adulta. Em contextos de miserabilidade
extrema, engravidar implica aliança parental, uma estratégia de
sobrevivência para carências diversas.
A gravidez na adolescência não é, portanto, uma questão
individual, mas problema social a ser combatido com ações efetivas.
Cabe ao Ministério da Saúde promover campanhas nacionais
preventivas e garantir orientação e atendimento em suas unidades a
fim de diminuir os casos. Palestras e rodas de discussão que visem a
atrair e a envolver os pais nos debates escolares (a serem definidas
pelo MEC) são, portanto, medidas estratégicas para sanar o
problema. Finalmente, é dever do Estado expandir as perspectivas de
vida dos jovens – com lazer, educação e trabalho, o que
contribuirá igualmente, para que, com maturidade, estejam aptos –
no tempo certo e com segurança, seja qual for sua crença - a
exercerem plenamente sua sexualidade.
[Como este se trata frequentemente meu texto-base, ponto de partida para explicar o que não deve faltar num texto dissertativo, remodelei-o conforme o que é solicitado nas provas do ENEM 2019. Originalmente, esta redação coletiva foi efetuada em sala de aula, cursinho Maximize Mauá
– 2014, revisada agora 08/10/19].
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