Solidariedade no contexto da pandemia
A virtude da solidariedade foi bastante testada durante a pandemia da covid-19; já que essa intensificou uma série de problemas sociais. O recrudescimento da crise econômica e notória omissão do Estado têm colocado à prova o lado mais humano do brasileiro.
O isolamento social, necessário para conter a propagação do coronavirus, obrigou o fechamento de escolas, empresas, espaços culturais etc. Serviços essenciais, contudo, tiveram que ser preservados. Houve, como não poderia deixar de ser, um aumento de desemprego e, consequentemente, da pobreza e da fome no país. Nesse contexto, a solidariedade se manifestou através de ações individuais e coletivas, como doações de alimentos e material de proteção, criação de ONGs de apoio a famílias, mobilização de artistas (com “lives” para arrecadação de dinheiro) etc. Foram mantidas práticas habituais: entrega de marmitas, vestimentas, distribuição de sopas em igrejas e templo, além de abrigo a pessoas em situação de rua e a famílias com extrema vulnerabilidade.
A solidariedade sempre foi característica marcante dos brasileiros, até pela formação cristã que tanto valoriza o princípio da caridade, daí a existência de orfanatos, abrigos e santas casas. Se a ideologia neoliberal sempre minimizou a importância do Estado de bem-estar social, a pandemia veio contradizer tal discurso. Pressionado, o governo teve de implementar programas para preservar empregos em microempresas e auxílio emergencial a desempregados e autônomos. Nada disso evitou que a miséria aumentasse. Hoje, de volta ao mapa da fome, com 19 milhões de famintos, o país e alto índice de inflação – a população tem dependido, mais do que nunca da caridade do próximo.
O sentimento de compaixão nasce da empatia, da capacidade de reconhecer a dor do outro: isso é o que nos faz humanos. Muitos jovens se prontificaram a fazer compras para idosos e pessoas com comorbidades, papelarias passaram a imprimir currículos gratuitamente, alguns empresários mais éticos mantiveram os pagamentos de funcionários mesmo nos momentos críticos. Embora, ações filantrópicas tenham atenuado a carência extrema dos menos favorecidos, a desesperança pela falta de perspectiva é latente, já que são meros paliativos diante de um quadro conturbado e de diversas incertezas.
A solidariedade é um solo sob o qual se sustentam as raízes da democracia, portanto, num país de imenso abismo social ser solidário é um ato de resistência. Devemos assim cultivar tal valor humano, sem contudo deixar de lutar por um país mais igualitário, generoso com sua população e atento a suas mazelas e necessidades.
Maximize Paulista – extensivo manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário