terça-feira, 2 de junho de 2015

REDAÇÃO. Tema: Manifestações e Movimento Passe Livre, no Brasil

O cidadão pede passagem

     As manifestações populares ocorridas recentemente no Brasil são resultantes de um profundo desencanto do cidadão com os rumos do país. A mobilização contra o aumento da passagem, a indignação ante a repressão do Estado e a ampliação das pautas foram as três grandes fases deste movimento.
     Convocados inicialmente pelo "Movimento Passe Livre" (MPL), o foco inicial do protesto era a redução de vinte centavos na tarifa de transporte público. A reação despropositada do governo e a manipulação dos fatos pela mídia acirraram, contudo, os ânimos dos manifestantes. Chamados pela mídia de "baderneiros", "vândalos" e "militantes anacrônicos", como se não fossem "cidadãos" no exercício democrático de seu direito de expressão, muitos foram perseguidos, censurados e agredidos.
    O uso da força pela PM e Tropa de Choque no combate violento a cidadãos desarmados, conforme as ordens do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, só tiveram repercussão graças a divulgação de imagens pela internet. Já a grande imprensa, reacionária e tendenciosa, somente alterou seu discurso  diante do número crescente de manifestantes que foram às ruas em protesto. Não foi o repúdio da população jovem à cobertura televisiva reacionária e tendenciosa que a "reorientou", mas o fato de que muitos de seus jornalistas foram alvejados pela polícia e impedidos de noticiar a ação repressiva do Estado. 
     As manifestações, inicialmente tímidas, alastraram-se nas principais capitais do país, e atingiram regiões distantes (e normalmente esquecidas), como o Acre e Ceará. Ao se tornar nacional, as pautas se ampliaram em reivindicação de melhorias da Saúde e da Educação; em repúdio à PEC-37 (Proposta de Emenda Constitucional, por ser votada) e até contra a corrupção e os gastos abusivos na Copa mundial. Houve, portanto, em todo o país, a expressão de um descontentamento em relação ao crescimento econômico sem reflexo na melhoria da condição de vida dos cidadãos.
     Ao contrário da invisibilidade dos atos políticos (e apartidários) na mídia tradicional, a internet foi o espaço de mobilização, difusão de ideias e vitrine do que ocorria nas ruas. Não foi o gigante nacionalista e cego que acordou, mas, possivelmente, uma juventude mais questionadora e atuante, desejosa de ser ouvida e que faz da força coletiva um instrumento de transformação do país.



Redação de 2013.

















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