terça-feira, 8 de novembro de 2022

REDAÇÃO. Tema: violência sexual no Brasil


​No filme estadunidense “Preciosa” (2009), uma adolescente sofre continuamente estupros do próprio pai, sob o olhar conivente da mãe. Grávida do segundo filho, ela tentará superar seu histórico de violência através do apoio de profissionais do Estado. Fora da ficção, as vítimas brasileiras raramente contam com o suporte governamental não apenas para denunciar tais agressões, como também de espaços de apoio concretos para superá-los. Compreender o porquê de tamanha violência e seu impacto na sociedade faz-se, portanto, imprescindível.

​Vivemos em uma sociedade patriarcal, violenta, extremamente machista onde, em decorrência principalmente da pobreza, crianças e jovens são continuamente explorados, até mesmo por aqueles que deviam protege-los. O conservadorismo cristão contribui para o silenciamento das vítimas de violência sexual de nosso país, comprovado pela recusa da disciplina de educação sexual nas escolas. Embora o argumento seja de que essa estimularia a sexualização infantil na prática inibe a detecção dos casos.

​Há um profundo descaso governamental para o combate do assédio, do abuso sexual e do feminicídio – e infanticídio – nas mais diversas regiões do país. O resultado são índices absurdos de pedofilia, cárcere parental, tortura, abortos forçados e tráfico de mulheres. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ocorre 1 estupro a cada 10 minutos, 36% das vítimas tem entre 0 e 11 anos. O resultado de tal barbárie não implica, contudo, em amplas políticas públicas, apesar da Lei Maria da Penha e outras ações, a violação dos corpos pouco comove uma sociedade “pseudoconservadora”, que nega o problema alegando vergonha.

​A violência sexual é um crime que condena suas vítimas a carregar por toda a vida o trauma físico e psicológico da violação sofrida. É preciso, portanto, fazer reparação a elas. Cabe ao Ministério da Justiça garantir mecanismos de denúncia, punição aos criminosos e amparo social às vítimas, por meio de programas de acolhimento/abrigo com acesso a tratamento psicológico e econômico-jurídico. É preciso, contudo, ampliar a discussão sobre tal violência. Logo, campanhas nacionais, instituição da educação sexual nas escolas, com fortalecimento dos Conselhos Tutelares, são ações imprescindíveis a fim de que o horror visto em “Preciosa” não seja visto nos lares brasileiros.

Maximize noite, Novembro, 2022.

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INTERPRETAÇÃO. O sentido literal