segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Análise de Pilar, de Adriana Varejão (texto criado pelo Gemini, a partir do recorte de abordagem de descrição e análise)


 

escrição da Obra de Adriana Varejão

A imagem apresenta uma obra escultórica que se assemelha a um fragmento arquitetônico ou um pilar de construção.

  • Estrutura Externa: A superfície visível do pilar é coberta por um padrão de azulejos que remete à tradição da azulejaria portuguesa, mas utiliza as cores verde e amarelo (ou tons próximos), fazendo uma clara alusão à bandeira e à identidade visual do Brasil. Os azulejos são dispostos em um padrão geométrico xadrez (losangos).

  • A Ruptura: O pilar está partido, quebrado ou rachado em uma de suas bordas.

  • O Interior Revelado: Através dessa ruptura, o interior da estrutura é exposto, revelando uma substância que simula a cor e a textura da carne, vísceras ou matéria orgânica. Essa parte interna é carnuda, úmida e avermelhada.

A obra justapõe a rigidez e a beleza formal do azulejo histórico com a fragilidade e a violência crua da matéria orgânica.


🩸 Análise do Significado Artístico e Histórico

A justaposição de elementos na obra de Varejão (Azulejo/Ordem vs. Carne/Caos) serve como uma metáfora potente para a formação e a história da sociedade brasileira, marcada por tensões e violências estruturais.

1. Colonização Portuguesa e a Superfície (O Azulejo)

O uso do azulejo remete diretamente à arquitetura e à estética da colonização portuguesa.

  • Ordem e Civilização: O azulejo, com seu padrão geométrico, representa a ordem, a civilidade, a religiosidade e a tentativa de implantação de um modelo cultural europeu no território brasileiro. É a fachada idealizada da história: um discurso de beleza e controle.

  • Identidade Nacional: A escolha das cores verde e amarelo (embora atenuadas) insere essa tradição diretamente no debate da identidade nacional brasileira, questionando o que está por trás dos símbolos pátrios.

2. O Passado Violento e a Carne Exposta (O Interior)

A ruptura da superfície e a revelação da carne são o cerne da crítica e da reflexão da artista.

  • A Violência Subjacente: A carne exposta simboliza a violência, a dor e o trauma que estão literalmente embutidos na estrutura e na fundação do Brasil. A história oficial, revestida pela ordem do azulejo, esconde um substrato de sofrimento.

  • O Passado Escravocrata: A carne evoca a violência física do período escravocrata. A carne humana foi tratada como mercadoria e submetida a castigos brutais, tornando-se o corpo político sobre o qual a riqueza e a sociedade colonial foram construídas. A "rachadura" mostra o que a história da elite tentou soterrar: o corpo violado do negro, do indígena e do marginalizado.

  • Formação Sanguinária: O interior orgânico e cru sugere que a formação da sociedade brasileira não foi um processo pacífico e organizado, mas sim um processo visceral, sanguinário e traumático. É uma crítica à ideia de um "paraíso tropical" ou de uma democracia racial, revelando que a beleza (o azulejo) é mantida pelo sacrifício e pela exploração (a carne).

3. A Metáfora do Pilar Partido

O pilar, sendo uma base de sustentação, quando partido, sugere a fragilidade e a instabilidade das estruturas brasileiras. A obra questiona:

  • Se a fundação do país é feita de dor e violência, quão estável é o edifício social que se ergue sobre ela?

  • A arte de Varejão age como um ato de memória que força o espectador a olhar para o que foi escondido, rasgando o véu da história oficial para confrontar o trauma corporal e social que moldou o Brasil.

A obra, portanto, é uma poderosa meditação sobre a memória histórica, a política do corpo e a desconstrução da identidade nacional, revelando que a beleza e a ordem coexistem com a barbárie fundacional.

Cinco Propostas de Temas para Redação Fuvest (Criado pelo GEMINI - DEZ-2025)


1. A Confrontação entre Arte e História Oficial

A ficção artística como contraponto à narrativa histórica oficial: o papel da memória estética na reescrita do passado ditatorial brasileiro.

  • Foco: Tensão entre o registro histórico institucionalizado e o relato subjetivo/sensível proposto pela arte. O debate sobre a legitimidade da ficção na construção da verdade histórica e da memória coletiva.

2. A Construção da Identidade Nacional

Entre o trauma do passado e a construção do futuro: de que maneira o resgate da memória pela arte (cinema, literatura e artes visuais) redefine o conceito de "brasilidade"?

  • Foco: O papel da arte na reformulação da identidade nacional, desmistificando ou problematizando a imagem do país a partir de seus momentos mais sombrios (Escravidão, Ditadura).

3. Vozes Marginalizadas e Perspectiva

A amplificação da voz dos "vencidos" no panorama cultural contemporâneo: qual o impacto da inversão de perspectiva na compreensão da história e da democracia brasileira?

  • Foco: O deslocamento do olhar histórico (do vitorioso/opressor para o marginalizado/oprimido) e suas consequências políticas e sociais no presente, abordando temas como anistia, justiça de transição e reparação.

4. Limites e Alcance da Arte-Memória

O exercício da memória pela arte e seus limites na superação das polarizações sociais e no fortalecimento da cidadania no Brasil.

  • Foco: Questionamento da eficácia da arte como ferramenta de transformação social e política. A reflexão sobre se a produção artística de denúncia histórica é capaz de atingir a totalidade da sociedade e gerar consensos democráticos.

5. Arquivos da Dor e o Testemunho

Cinema, literatura e artes plásticas como "arquivos da dor": a eficácia das diferentes mídias na preservação da memória traumática e no combate ao negacionismo histórico.

  • Foco: Comparação entre os diferentes suportes artísticos (literatura, cinema, pintura) na capacidade de preservar o testemunho e sensibilizar o público, explorando como a arte se torna um arquivo vivo contra o esquecimento deliberado (negacionismo).

 

A importância da arte como resgate da memória/história nacional (do Brasil) - temas afins para FUVEST elaboradas pelo DEEPSEEK

 Com base no padrão histórico da FUVEST e na temática sugerida, aqui estão cinco propostas de temas possíveis, elaboradas para refletir o estilo reflexivo, interdisciplinar e socialmente engajado da prova.





Proposta 1: A arte entre o arquivo e o apagamento: que memória se constrói para o Brasil?

Justificativa: Este tema dialoga diretamente com a noção de que a arte atua como um contranarrativa aos registros oficiais. Ele convida o candidato a refletir sobre quais vozes e eventos são historicamente preservados ou suprimidos. Obras como Ainda Estou Aqui e Um Defeito de Cor seriam exemplos centrais de como a arte preenche lacunas da história, resgatando a perspectiva dos vencidos. A discussão pode abranger desde as pinturas históricas do século XIX (que criaram uma certa iconografia nacional) até as obras contemporâneas que desconstroem essas narrativas, como as de Adriana Varejão, questionando qual "memória nacional" está sendo perpetuada ou contestada.


Proposta 2: A representação artística do trauma coletivo: cura ou confronto?

Justificativa: A FUVEST frequentemente aborda temas que equilibram conceitos aparentemente opostos. Aqui, a proposta foca no papel social da arte ao lidar com períodos traumáticos, como a ditadura militar e a escravidão. A questão centraliza se a função dessa arte é promover uma reconciliação (cura) ou manter viva a ferida como forma de exigir justiça e reflexão (confronto). Filmes e livros que revisitam a ditadura pela ótica dos perseguidos (O Agente Secreto) e romances que narram a violência escravocrata (Torto Arado) serviriam como base para discutir os limites e os propósitos da representação do sofrimento na construção da memória nacional.


Proposta 3: Pode a ficção ser mais verdadeira que a história? O papel da arte na compreensão do passado.

Justificativa: Este tema segue a linha de provas como a de 2019 ("De que maneira o passado contribui..."), mas com um viés específico sobre a linguagem artística. Ele questiona a noção tradicional de verdade histórica, sugerindo que a arte, através da subjetividade, da empatia e do detalhe humano, pode alcançar uma compreensão mais profunda e complexa dos eventos do que um relato factual. O candidato poderia argumentar como a literatura de Ana Maria Gonçalves (Um Defeito de Cor) ou a prosa de Itamar Vieira Junior (Torto Arado) dão corporeidade e voz a experiências que a historiografia tradicional muitas vezes relegou a números ou notas de rodapé.


Proposta 4: Das cicatrizes às telas: a estetização da dor nacional é necessária?

Justificativa: Um tema mais polêmico e desafiador, no estilo "Devem existir limites para a arte?" (2018). Ele coloca em cheque o próprio ato de transformar o trauma histórico em objeto estético. A proposta exige que o candidato reflita sobre os riscos da banalização, do espetáculo ou da exploração comercial da dor, mas também sobre a potência inegável dessa estetização para comunicar, emocionar e educar. As obras citadas (Varejão, que literalmente apresenta cicatrizes em suas telas; os filmes sobre a ditadura) seriam o campo de análise para debater esse delicado equilíbrio entre respeito, memória e liberdade de criação.


Proposta 5: A arte como legado dos sem-voz: qual futuro se edifica sobre um passado reescrito?

Justificativa: Este tema projeta a discussão para o futuro, outro movimento comum na FUVEST (como em "as utopias..."). Ele parte do princípio de que a arte está reescrevendo ativamente o passado brasileiro para incluir os marginalizados. A pergunta central é: qual o impacto desse novo "livro de história" artístico na formação das novas gerações e na construção de um projeto de nação? A proposta incentiva uma conclusão que vá além do resgate, pensando na transformação social. Como a memória resgatada pela arte de ontem (sobre escravidão, ditadura) pode fundamentar uma sociedade mais justa e consciente amanhã?


Observação para Estudo: Cada uma dessas propostas exigiria do candidato a capacidade de mobilizar um repertório específico (as obras citadas, outras referências artísticas e filosóficas) para construir uma argumentação sólida, articulando a tríade Arte + Memória + Projeto Nacional, que é o cerne da sua especulação inicial.



[ESSA RESPOSTA RESPONDEU AO SEGUINTE COMANDO NO DEEPSEEK EM DEZ-2025: com base nas informaçóes anteriores, crie cinco propostas de temas possíveis com o seguinte assunto: A importância da arte como resgate da memória/história nacional (do Brasil). Especulo isso com base em filme como Ainda estou aqui e O agente secreto que revisam a história do país, em particular o passado ditatorial, sobre a perspectiva dos vencidos, perdedores, marginalizados. Essa mesma tendência tem eco na literatura (Um defeito de cor, Torto Arado) e nas obras de Adriana Varejão.]

domingo, 6 de julho de 2025

Fluxo de Consciência e Monólogo Interior: Uma Introdução

No Dicionário de Narratologia, de Carlos Reis e Ana Cristina M. Lopes, encontramos a seguinte passagem: "O monólogo interior é uma técnica narrativa que viabiliza a representação da corrente de consciência de uma personagem. Foi E. Dujardin o primeiro escritor a pôr em prática essa técnica narrativa, na obra Les laurier sont coupés (1887); e foi Joyce quem retirou este escritor do esquecimento, ao apontá-lo como inspirador dos monólogos de Ulisses." (REIS, LOPES, 2007, p. 237).

Neste trecho já podemos observar a íntima relação que existe entre os dois recursos narrativos em questão, relação que se estreita ainda mais quando os autores afirmam que: "O monólogo interior distingui-se do monólogo tradicional, pelo facto de representar o fluxo de consciência da personagem sem qualquer intervenção organizadora do narrador. Há, no entanto, autores que consideram desnecessária esta distinção, na medida em que se trata, em ambos os casos, de uma citação directa dos pensamentos da personagem, marcada gramaticalmente pela primeira pessoa e pelo presente. Sublinhe-se, todavia, que o monólogo interior, justamente porque se propõe veicular processos mentais e conteúdos psíquicos no seu estado incoativo, não apresenta a estrutura articulada do monólogo tradicional." (REIS, LOPES, 2007, p. 238, 239).


Observemos este outro trecho do conto em questão, em que o marido da protagonista a observa da janela do apartamento, caminhando com o filho do casal: 


“Catarina”, pensou, “Catarina, esta criança ainda é inocente!” Em que momento é que a mãe, apertando uma criança, dava-lhe esta prisão de amor que se abateria para sempre sobre o futuro homem. Mais tarde seu filho, já homem, sozinho, estaria de pé diante desta mesma janela, batendo dedos nesta vidraça; preso. Obrigado a responder a um morto. Quem saberia jamais em que momento a mãe transferia ao filho a herança. E com que sombrio prazer. Agora mãe e filho compreendendo-se dentro do mistério partilhado. Depois ninguém saberia de que negras raízes se alimenta a liberdade de um homem. “Catarina”, pensou comcólera, “a criança é inocente!” Tinham porém desaparecido pela praia. O mistério compartilhado. (LISPECTOR, p. 101, 1998). 


Nesta passagem há um exemplo de toda a relevância que a interiorização da narrativa possui na obra clariceana. A partir de uma inesperada mudança no foco narrativo - após concentrar-se na maioria das páginas em Catarina, a autora dirige suas atenções para o marido, que adentra o texto através de um aparente monólogo interior - Lispector constrói um jogo narrativo em que se torna no mínimo complexo identificar de quem são, afinal, os pensamentos e impressões descritos nessa passagem; e mesmo que possamos “creditar” estes pensamentos ao personagem do marido, o próprio personagem parece não saber inteiramente a respeito do que está refletindo. Para chegar a esta constatação, basta destacar a aparência de pergunta sem resposta que muitas frases têm: “Quem saberia jamais em que momento a mãe transferia ao filho a herança. E com que sombrio prazer.” (LISPECTOR, p. 101, 1998), ou ainda “Depois ninguém saberia de que negras raízes se alimenta a liberdade de um homem.” (LISPECTOR, p. 101, 1998). 



FONTE:

[XIII Congresso Internacional da ABRALIC: Internacionalização do Regional

08 a 12 de julho de 2013 Campina Grande, PB

O Fluxo de Consciência e o Monólogo Interior no Conto "Os Laços de Família" de Clarice Lispector

Prof. Dr. Silvio Holanda¹ Mestrando Felipe Cruz²


Resumo

Este artigo tem o objetivo de investigar como se dá a utilização dos recursos do fluxo de consciência e do monólogo interior no conto "Os laços de família", de Clarice Lispector. Para que essa tarefa seja cumprida, foi feito um rápido apanhado histórico e crítico a respeito dos dois recursos em questão, bem como um breve histórico do livro onde o conto foi incluído (no caso, Laços de Família, publicado em 1960). Esses dois momentos distintos convergem ao final do artigo, onde os conceitos de fluxo de consciência e monólogo interior serão aplicados ao conto de Clarice Lispector, evidenciando a importância que estes dois mecanismos narrativos possuem para o estilo da autora e, consequentemente, para sua obra ficcional.


Palavras-chave: Clarice Lispector; fluxo de consciência; monólogo interior.]


Análise de Pilar, de Adriana Varejão (texto criado pelo Gemini, a partir do recorte de abordagem de descrição e análise)

  escrição da Obra de Adriana Varejão A imagem apresenta uma obra escultórica que se assemelha a um fragmento arquitetônico ou um pilar de ...