terça-feira, 23 de novembro de 2021

Diferenças entre as redações do ENEM e da FUVEST

 


Temas possíveis para FUVEST, segundo GUIA DO ESTUDANTE

A prova de redação da Fuvest é aplicada no primeiro dia da segunda fase do vestibular e tem um grande peso na nota final do candidato: vale 50 dentre os 100 pontos totais do dia. E a poucos dias do exame, que acontece no domingo (21), as expectativas para saber qual será o tema da redação aumentam. Inclusive se ele será um tema objetivo ou abstrato, como também pode ser cobrado pela Fuvest.

De acordo com Gabrielle Zanardi, coordenadora do Curso Poliedro de São Paulo, a Fuvest, durante a escolha de temas, “costuma fazer leituras de acontecimentos recentes, chamados de ‘fatos motivadores’, de maneira a estimular o candidato a pensar as relações sociedade X indivíduo”.

Essa redação, do gênero dissertativo, exige que o aluno saiba ir além da coletânea apresentada na prova. Para isso, o candidato precisa utilizar todo o seu repertório construído ao longo da vida, dentro e fora da escola, para fundamentar bem as suas teses sobre a discussão.

Para ajudar vocês nesses últimos dias de preparação para a segunda fase, conversamos com Andrea Godoy, professora da redação do Colégio Anglo Chácara Santo Antônio, além de Gabrielle, do Curso Poliedro. Elas elencaram 10 temas de redação que podem aparecer na Fuvest 2021. Confira e aproveite para treinar o texto!


TEMAS


1) O fanatismo como ferramenta de retrocesso

O filósofo e enciclopedista Denis Diderot dizia que do “fanatismo à barbárie não há mais do que um passo”. Segundo a professora Andrea, ao discutir o fanatismo como ferramenta de retrocesso, o candidato seria convidado a falar sobre como opiniões ferrenhas sobre um tema acabam servindo aos interesses de grupos e pessoas que buscam retrocessos em causas sociais já consolidadas.


“Isso porque o fanático não contesta as informações apresentadas pelo seu líder, fazendo uma adesão cega. Mais que isso: o fanático trabalha ativamente na disseminação desses ideais e faz a defesa deles inclusive com atos violentos, como vimos no ano passado”, afirma.


2) Deturpação do conceito de liberdade

A deturpação do conceito de liberdade – seja ela individual ou coletiva – também pode configurar um eixo temático, para Gabrielle.

“Durante a pandemia, por exemplo, chegamos ao ponto de ver recomendações da OMS sendo colocadas em questão por serem vistas como ‘ataques à liberdade individual’. Por exemplo, a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos”, ressalta.

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3) A importância das estruturas democráticas para a manutenção do Estado democrático de Direito

As estruturas democráticas sólidas são um pilar para a manutenção do Estado de Direito (em que as leis são criada pelo povo e para o povo, respeitando a dignidade de cada um). Mas, a partir do momento em que as grandes estruturas estão sendo atacadas e contestadas a todo momento, isso as enfraquece e, como consequência, pode pôr em risco a manutenção da democracia como um todo.

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4) A arte como ferramenta de salvação da humanidade

A arte, que é transmitida geração após geração, serve como um ponto de partida para a evolução de toda a humanidade. Dessa forma, argumenta Andrea, a arte carrega consigo conhecimentos que constituem a sociedade civilizada e negar a importância da arte coloca em risco valores fundamentais da civilização.

A professora explica que, na pandemia, por exemplo, a arte, seja como música, literatura ou cinema, foi um fator fundamental para a manutenção da saúde mental.


5) Surtos epidemiológicos e suas relações com o meio ambiente

Há algum tempo cientistas alertam para a necessidade de o ser humano rever como cuida do meio ambiente. Em 2017, por exemplo, houve no Brasil um surto de febre amarela. Hoje, o mundo passa por uma pandemia de origem ainda não completamente explicada. “Sem dúvida, é preciso refletir como a desconsideração desses alertas pode explicar a situação que o mundo vive atualmente” aponta Andrea.

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6) O ensino a distância como “dificultador” do acesso à educação

Outra aposta de tema para a Fuvest envolve o EAD. É inegável que a tecnologia está presente no dia a dia das pessoas e pode ser uma excelente ferramenta para uso pedagógico.

“No entanto, em um país com tamanha desigualdade, inclusive que se impõe no acesso a essas ferramentas, a utilização delas para promover a educação pode funcionar como um segregador do acesso ao ensino”, explica Andrea.

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7) Questões ambientais e as queimadas na Amazônia

Outra possibilidade é que a Fuvest trate de questões ambientais, considerando como fator motivador o aumento do desmatamento na Amazônia.

“Apesar de este problema vir desde a década de 1970, em 2020 se agravou pela ausência de políticas efetivas de proteção dessas áreas. Considerando que a Agricultura e a Pecuária são motivadores desse processo, é possível que ambas venham, também, associadas ao tema”, aposta Gabrielle.

A própria ação humana e os seus hábitos em relação ao meio ambiente, como o consumo de carne, também podem surgir na discussão.


8) O papel das redes sociais no processo de polarização social

O uso das redes sociais faz parte da rotina de grande parte da população brasileira. Isso se dá pela facilidade e agilidade do acesso à informação.

Contudo, “esses fatores são desastrosos quando pensamos em qualidade de informação e na formação de uma opinião aprofundada a respeito dos temas mais significativos. Essa superficialidade aliada ao sentimento de pertencimento a um grupo geradas pelas redes sociais faz com que as pessoas defendam um posicionamento muitas vezes de maneira irracional”, destaca Andrea.


9) O home office configura um avanço para as relações de trabalho?

Mais uma aposta para a Fuvest é o home office. Com a pandemia, uma parcela significativa da população se viu obrigada a trabalhar de casa. Mas será que essa “facilidade” trouxe benefícios para o trabalhador ou essa nova forma de atuar profissionalmente trouxe mais perdas?

Alguns aspectos que poderiam ser levantados e pensados pelo candidato, por exemplo, são a jornada de trabalho pouco delimitada e as metas abusivas que interferem na quantidade e na qualidade de descanso necessário entre uma jornada e outra.


10) Pandemia de Covid-19 – diversos enfoques

A pandemia de covid-19 pode servir como ponto de partida para diversos enfoques para o tema de redação que será proposto pela Fuvest. Alguns exemplos, segundo Gabrielle, são:

– Temas que suscitem a reflexão dos candidatos sobre a noção de comunidade, encaixando conceitos como empatia e solidariedade;

– Temas que considerem o produtivismo como tônica social: durante a pandemia, muito se falou sobre a Economia em detrimento da vida de trabalhadores que estiveram expostos durante o ano de 2020, especialmente autônomos – e isso diz muito sobre a sociedade;

– Práticas condenáveis que, durante a pandemia, ganharam força e espaço para se exporem sem grandes represálias, como a xenofobia. Um exemplo é o fechamento de fronteiras em alguns países e os discursos de figuras políticas (brasileiras, também) pautadas nesse preconceito;

– Questões sobre saúde mental e desigualdade social também podem ser consideradas. Embora esse último tema possa ser cobrado sem necessariamente estar atrelado à pandemia, como aconteceu no Enem 2020, é válido destacar o papel que o isolamento desempenhou no agravamento de ambas as questões.


FONTE: GUIA DO ESTUDANTE

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

REDAÇÃO. Tema: Ressurgimento de movimentos racistas no mundo

Um triste retorno


O mundo contemporâneo assiste, perplexo e com receio, ao ressurgimento de movimentos racistas que expressam sua intolerância contra homossexuais e minorias étnicas de forma extremada e violenta, com uso desde pichações, manifestos de cunho ultradireitista e até mesmo de atentados com bomba.

O nazismo e o fascismo têm suas origens na conturbada situação socioeconômica por que passaram países como Itália e Alemanha na década de trinta. Promessas de reconstrução nacional e prosperidade foram apoiadas pelas massas populares e culminaram na Segunda Guerra Mundial e, consequentemente, com a morte de milhões de judeus, imigrantes, homossexuais e outros grupos.

Dado por “extinto” no período pós-guerra, o ódio contra as minorias reacende-se hoje, inspirado no ideário hitlerista da “raça pura” e nas experiências de eugenia do início do século XX. Tal ódio se espelha em organizações de extrema-direita, a exemplo da norte-americana Ku Klux Klan (KKK), que fazem uso dos recursos modernos de comunicação, principalmente a Internet, um meio que propicia a livre difusão dessas ideias.

Permeiam o ressurgimento dos grupos racistas - inclusive no Brasil (contra os nordestinos) - problemas econômicos como o desemprego e a desestrutura social. Isso se deve ao fato de que crises políticas (escândalos de corrupção, por exemplo) e financeiras (como a Quebra da bolsa de valores) sempre foram usados para fomentar a disseminação de ideias discriminatórias absurdas. Nesse contexto, o discurso conservador - sempre nacionalista, saudoso de um passado glorioso idealizado - somado a pautas morais e religiosas tem enorme poder sobre as massas. E potencializado pelas mídias é facilmente assimilado por partes das novas gerações.

O fortalecimento de grupos de ódio não é um fato novo na história da humanidade. Preconceito/racismo, segregação e extermínio de minorias infelizmente nascem da ignorância e do temor alimentado portanto, apenas um processo educacional comprometido com a integração dos seres humanos e fundamentado em valores de caráter e dignidade humana podem refrear o racismo e impedir a influência de líderes com discursos antidemocráticos. Só quando o homem aprender a se reconhecer como igual teremos de fato um mundo "civilizado".


[Redação modelo FUVEST]

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Aula de Pontuação Expressiva - Parte 2

Aula de Pontuação Expressiva - Parte 1

Aula de redação modelo ENEM 2021

AULA SOBRE CRASE: COMO SABER QUANDO USAR

REDAÇÃO NOTA MIL - ENEM 2020. Tema: "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira"

Na obra “Quincas Borba”, de Machado de Assis, é mencionada a trajetória de Rubião que, após receber grande herança e atrair vários amigos, é acometido por uma enfermidade mental, fazendo com que seus conhecidos se afastassem e que fosse abandonado em um hospital psiquiátrico. Fora da ficção, o estigma associado às doenças mentais também é presente na sociedade brasileira, haja vista que muitos indivíduos com transtornos dessa ordem são excluídos da sociedade e que muitas pessoas com sintomas de desequilíbrio mental não buscam ajuda.


Em primeiro lugar, é relevante destacar que o estigma associado às doenças mentais faz com que as pessoas acometidas por essas enfermidades sejam excluídas do meio social. Nesse sentido, Nise da Silveira, médica psiquiatra, revelou que muitas famílias se envergonham por terem um ente com transtornos mentais e optam por o deixar, de forma vitalícia e quase sem visitas, em hospitais especializados. Desse modo, o preconceito com doenças mentais na sociedade brasileira gera a ocultação, em clínicas médicas, das pessoas que não se enquadram dentro de um perfil esperado de normalidade, engendrando a exclusão social.


Ademais, o estigma e a falta de informação sobre doenças mentais fazem com que muitos indivíduos, com sintomas dessas patologias, não busquem ajuda especializada. Nesse contexto, pesquisas aventadas pela Organização Mundial de Saúde revelaram que menos da metade das pessoas com os primeiros sinais de transtornos, como pânico e depressão, procura ajuda médica por temer julgamentos e invalidações. Assim, o preconceito da sociedade brasileira com as doenças mentais faz jus com que a busca por tratamento, por parte dos doentes, seja evitada, aumentando, ainda mais, o índice de brasileiros debilitados por essas mazelas.


Portanto, é necessário que o Estado, em conjunto com o Ministério da Saúde, informem a população sobre a que são, de fato, as doenças mentais e a importância do tratamento para que o estigma associado a eles finde. Tal tarefa será realizada por meio de expansivas campanhas publicitárias nos veículos de comunicação em massa, como a internet e a televisão, com profissionais de saúde especializados no assunto, o que fará com que o povo brasileiro seja elucidado sobre essas patologias rapidamente. Sendo assim, episódios de abandono e preconceito associados a transtornos mentais, como o de Rubião, estarão apenas nos livros.


Ingrid Bascef, de Campinas/SP


2403 toques, 372  palavras

REDAÇÃO NOTA MIL - ENEM 2020. Tema: "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira"

 No filme estadunidense "Joker", estrelado por Joaquin Phoenix, é retratado a vida de Arthur Fleck, um homem que, em virtude de sua doença mental, é esquecido e discriminado pela sociedade, acarretando, inclusive, piora no seu quadro clínico. Assim como na obra cinematográfica abordada, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, devido a conceitos preconceituosos perpetuados ao longo da história humana, há um estigma relacionado aos transtornos mentais, uma vez que os indivíduos que sofrem dessas condições são marginalizados. Ademais, é precisa salientar, ainda, que a sociedade atual carece de informações a respeito de tal assunto, o que gera um estranhamento em torno da questão.


Em primeiro lugar, faz-se necessário mencionar o período da Idade Média, na Europa, em que os doentes mentais eram vistos como seres demoníacos, já que, naquela época, não havia estudos acerca dessa temática e, consequentemente, ideias absurdas eram disseminadas como verdades. É perceptível, então, que exista uma raiz histórica para o estigma atual vivenciado por pessoas que têm transtornos mentais, ocasionando um intenso preconceito e exclusão. Outrossim, não se pode esquecer que, graças aos fatos supracitados, tais indivíduos recebem rótulos mentirosos como, por exemplo, o estereótipo de que todos que possuem problema psicológicos são incapazes de manter relacionamentos saudáveis, ou seja, não conseguem interagir com outros seres humanos de forma plena. Fica claro, que as doenças mentais são tratadas de forma equivocada, ferindo a dignidade de toda a população.


Em segundo lugar, ressalta-se que há, no Brasil, uma evidente falta de informações sobre os transtornos mentais, fomentando grande preconceito estranhamento com essas doenças. Nesse sentido, é lícito referenciar o filósofo grego Platão, que em sua obra "A República", narrou o intitulado "Mito da Caverna", no qual homens, acorrentados em uma caverna, viam somente sombras na parede, acreditando, portanto, que aquilo era a realidade das coisas. Dessa forma, é notório, que, em em situação análoga à metáfora abordada, os brasileiros, sem acesso aos conhecimentos acerca dos transtornos mentais, vivem na escuridão, isto é, ignorância disseminando atitudes preconceituosas. Logo, é evidente a grande importância das informações, haja vista que a falta delas aumenta o estigma relacionado às doenças mentais, prejudicando a qualidade de vida das pessoas que sofrem com tais transtornos.


Destarte, medidas são necessárias para resolver os problemas discutidos. Isto posto, cabe à escola, forte ferramenta de formação de opinião, realizar rodas de conversa com os alunos sobre a problemática do preconceito com os transtornos mentais, além de trazer informações científicas sobre tal questão. Esse ação pode se concretizar por meio da atuação de psiquiatras e professores de sociologia, estes irão desconstruir a visão discriminatória dos estudantes, enquanto que aqueles irão mostrar dados/informações relevantes sobre as doenças psiquiátricas. Espera-se, com essa medida, que o estigma associado às doenças mentais seja paulatinamente erradicado.


Adrielly Clara Enriques Dias, MG


3120 toques, 454 palavras. 


REDAÇAO NOTA MIL - ENEM 2019, TEMA: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil"

 O longa-metragem nacional "Na Quebrada" revela histórias reais de jovens da periferia de São Paulo, os quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza, encontram no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte. Apresentando-se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do quadro, faz-se necessário analisar as causas empresariais e educacionais que contribuem para a continuidade da problemática em território nacional. 


Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos sobre a "Indústria Cultural", afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas. Sob esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que se mostra mais disposta a pagar maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto, fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas, o que contribui para a dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão e de identidade cultural no Brasil. 


Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma educação tecnicista e pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema, negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza estimulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles, durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras e internacionais. 


É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas com empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem, por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o tema às escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte da carga teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a ação transformadora da sétima arte retratada em "Na Quebrada", criando um legado duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional.


Gabriel de Lima - 20 anos  (Rio de Janeiro - RJ)


4087 toques, 615 palavras.

REDAÇAO NOTA MIL - ENEM 2019, TEMA: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil"

O filme  "Cine Hollywood" narra a chegada da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a perpetuação desse cenário negativo. 


Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura exerce na administração do país. Instituído para ser um órgão que promova a aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro. 


Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor – como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar esses espaços. 


É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá ser visualizada na realidade de mais brasileiros.


Daniel Gomes - 25 anos (Fortaleza-CE)


2984 toques, 457 palavras

REDAÇÃO NOTA MIL - ENEM 2019. TEMA: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil"

"No filme "A Invenção de Hugo Cabret", o protagonista de 12 anos enfrenta grandes dificuldades ao tentar frequentar o cinema de sua cidade, pois esse era considerado um passatempo exclusivo das classes mais abastadas. Assim como retratado no longa, não há, ainda, a plena democratização do acesso ao cinema no Brasil, tendo em vista que a maior parte dos locais exibidores de filmes encontra-se nas áreas urbanas do país e o acesso a esse meio de entretenimento demanda condições econômicas pouco compatíveis com a realidade de muitos indivíduos brasileiros. 


Constata-se, a princípio, que, segundo o Artigo 6º da Constituição Federal, todo cidadão tem direito ao lazer. Contudo, nota-se que não há o pleno exercício da Lei ao observar que apenas 20% dos brasileiros frequentam os cinemas de suas cidades, como afirmado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Esse infeliz cenário está fortemente atrelado ao fato de que as empresas exibidoras, em sua maioria, estão concentradas nos centros urbanos do país, pois existe, ainda no século 21, o pensamento de que os cidadãos de pequenas e médias cidades não possuem interesse pela chamada "sétima arte", perpetuando, assim, uma realidade de exclusão social e elitização da cultura. 


Ressalta-se, ademais, que o acesso ao cinema é dificultado pela questão econômica, dado que, para frequentar tais locais, é necessária uma quantia monetária, a qual pode ser significativa para a população de baixa renda. Dessa forma, sem possuir condições econômicas favoráveis, muitos indivíduos não enxergam o cinema como um meio de entretenimento compatível com suas realidades, programática já denunciada pelo cineasta Alejandro G. Iniarrítu, o qual, em seu discurso após vencer o Oscar de Melhor Diretor em 2017, criticou a visão lucrativa e pouco inclusiva das empresas de cinema. 


Tendo em vista que foi discutido, é necessário, portanto, que os governos estaduais promovam uma maior inclusão dos cidadãos no acesso aos cinemas, por meio de investimentos financeiros os quais visem à criação de locais exibidores as pequenas e médias cidades. Ademais, as empresas exibidoras, por meio de incentivos governamentais, deverão diminuir a demanda monetária necessária para assistir os filmes, para que, dessa maneira, indivíduos de quaisquer classes sociais possam ter acesso aos cinemas de sociedades e, assim, cenas como a retratada em "A Invenção de Hugo Cabret" não aconteçam, também, na realidade.


Ana Teresa Rodrigues - 18 anos (Fortaleza-CE)


2440 toques, 377 palavras.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

REDAÇÃO. Tema: Corrupção

A corrupção pressupõe o uso de autoridade e/ou poder para obtenção de benefícios, vantagens ilícitas, riquezas e status econômico e social. Segundo o filósofo francês Jean Jacques Rousseau: "O homem nasce bom, é a sociedade que o corrompe". Embora pareça uma verdade, o homem é essencialmente um ser social: impossível "construir-se" fora do convívio humano; portanto, vive sobre um conjunto de hábitos, regras, valores e crenças. A corrupção termina por ser inerente do ser humano, já que por natureza ele se rebela continuamente contra o estabelecido, a fim de "darwinianamente" se sobressair aos demais.
     
Para muitos, a corrupção nada mais é do que um desvio de caráter, resultado de uma formação moral falha. Quem a pratica viola normas estabelecidas que sabem ser prejudiciais a outrem ou à toda a sociedade. Suborno, propina, peculato, montagem de cartel e máfia para obtenção de benefícios pessoais ou para grupos são práticas comuns a países profundamente corrompidos. Escândalos de corrupção no Brasil, como o do Petrolão e do Mensalão expuseram as vísceras de um país tomado pela desonestidade da classe política e empresarial. O resultado disso é a pobreza da população, a precariedade dos serviços públicos e, no âmago dos brasileiros, um sentimento de indignação, raiva diante da injustiça, sentimento de impotência e uma enorme desesperança no futuro do país.

Colônia de exploração, sociedade escravocrata e  "republiqueta" sempre à mercê de golpistas e ditadores, o Brasil sofre desde a sua formação com o desrespeito à ordem social, visto que a impunidade reina soberana. A desigualdade social é resultado de séculos de violações éticas e morais. Nesse contexto, o "jeitinho brasileiro" nada mais é do que pequenas corrupções/transgressões daqueles que subjugados, descreem do poder da justiça. Diante do "Estado inimigo", fazem desses pequenos delitos, uma estratégia de sobrevivência.

A corrupção, portanto, além de um fator que amplia a desigualdade social é um crime e, como tal, precisa ser combatido. Cabe ao Estado criar mecanismos que investiguem, punam e coíbam sua prática. A fiscalização e controle - no caso do erário - deve ser rigorosamente aplicado em todos os setores, em particular pela Polícia Federal. Tal combate precisa se tornar público, a fim de que a população readquira a confiança no poder público.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

REDAÇÃO. Tema: assédio moral no trabalho

No filme "O diabo veste prada", uma jovem jornalista terminar por empregar-se em uma grande revista comandada por uma chefe tirânica. Constantemente humillhada, no desfecho, ela abre mão do emprego para manter-se fiel aos seus valores e convicções. O assédio moral retratado no longa é bastante frequente nos dias atuais, já que muitos, por necessidade, precisam se submeter a ofícios degradantes, ordens e normas injustas, tantas vezes sem ter a percepção de tais abusos.

De acordo com o Data News, o índice de desemprego no Brasil em 2021 está em torno de 14%. Isso faz com que a concorrência aumente e concomitantemente o temor de ser dispensado. Dessa forma, é comum diversos empregadores tornarem-se mais exigentes, controladores e autoritários, em um nível que beira o ditatorial. Horas-extras não remuneradas, atividades extracargo e estagnação salarial são exemplos de práticas abusivas adotadas por empregadores e que minam a confiança e a saúde dos funcionários.

Embora exigências e metas visem à maior produtividade, quando se torna assédio, desencadeia problemas nas relações interpessoais. Ameaçados e acuados, os funcionários passam a render menos. Se a agressão e o constrangimento são instrumentos utilizados por chefes maquiavélicos para exercer maior controle, terminam por comprometer a saúde mental dos funcionários. Estresse, bloqueio criativo, desânimo, angústia, pânico e transtornos como "Burn out" (esgotamento nervoso) são as consequências de tais práticas.

O assédio moral, tão frequente em sociedades capitalistas, por seu poder de degradação das relações de trabalho, precisa ser entendido, portanto, como um problema social. Cabe ao Ministério do Trabalho garantir a aplicação da lei n°4742, do Código Penal (contra o assédio), por meio de fiscalização e implantação de um programa de denúncias anônimas, a fim de proteger as vítimas de sanções e represálias. A normatização de diretrizes comportamentais internas é fundamental para um ambiente profissional saudável, logo, precisam ser bem definidas nas empresas e difundidas por meio de palestras, panfletos, com espaços para denúncias, investigações e punições àqueles que infrigirem as normas de civilidade e respeito no trabalho.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

TEMA: Uso da linguagem neutra na comunicação: "mimimi" ou ato de reconhecimento da diversidade?

REDAÇÃO. Carta argumentativa. Tema: Solicitação de liberação do uso do uniforme para aluna trans

Santos/SP, 28 de outubro de 2021.


Vossa Senhoria Diretora Maria Eusébia


Meu nome é Fulano de Tal, sou representante do 3° C noturno e venho, por meio desta carta, solicitar a revogação da suspensão imposta à nossa colega de turma, Sicrana de Tal. Na última quarta-feira, houve um episódio constrangedor em nossa escola quando tal estudante foi, não só impedida de assistir a aula, mas retirada da sala pela coordenação, devido ao fato de estar trajando um uniforme feminino - pelo que foi considerado pela direção - "em desacordo" com o seu gênero/sexo biológico.

Embora o colégio Maria Pia seja uma instituição católica, tradicionalista e conservadora - e exija o uso de uniforme com gênero demarcado "masculino e feminino", - não pode estar "fechada" às mudanças comportamentais (e jurídicas) do século XXI. A estudante em questão passa por um momento de transição, ou seja, faz uso de hormônios, terapias e procedimento cirúrgicos de redesignação de gênero. Ela obteve em cartório, inclusive, seu "nome social", que é o modo como a pessoa se autoidentifica e é reconhecida, identificada, chamada e denominada na sua comunidade e meio social. Tal nome não é respeitado na chamada de classe, ato, portanto, ilegal.

O Brasil é o país que mais mata transexuais (e a comunidade "LGBTQIA+") no mundo. Tal violência é motivada pela  não aceitação à diferença, pelo preconceito e intolerância aos que divergem do que uma maioria heteronormativa cisgênero considera "normal". Portanto, a exclusão da estudante citada é inadmissível para uma instituição de ensino que deve formar cidadãos que respeitem a diversidade. Moral e dogmas religiosos não podem ser pretexto para infligir dor a outrem, posto que tolerância, respeito, solidariedade e amor são essencialmente valores cristãos.

Nossa escola notabiliza-se pela disciplina, rigor e qualidade educacional, entretanto, apresenta - infelizmente - traços autoritários e conflitantes com liberdades individuais como orientação sexual e identidade de gênero, portanto, precisa mudar. Desse modo, acreditamos que a instituição deve liberar Sicrana de Tal, acolhê-la devidamente, além de rever sua política de gênero - e uso de uniformes - a fim de dar exemplo de inclusão para, assim, fomentar princípios de empatia, respeito e amor ao próximo.


 Sem mais, agradecemos a atenção e aguardamos uma resposta positiva para nossa solicitação.


Atenciosamente,

 

 

Fulano de Tal, representante do 3°C noturno.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

REDAÇÃO. TEMA: Solidariedade no contexto da pandemia (modelo FUVEST)

Solidariedade no contexto da pandemia

A virtude da solidariedade foi bastante testada durante a pandemia da covid-19; já que essa intensificou uma série de problemas sociais. O recrudescimento da crise econômica e notória omissão do Estado têm colocado à prova o lado mais humano do brasileiro.

O isolamento social, necessário para conter a propagação do coronavirus, obrigou o fechamento de escolas, empresas, espaços culturais etc. Serviços essenciais, contudo, tiveram que ser preservados. Houve, como não poderia deixar de ser, um aumento de desemprego e, consequentemente, da pobreza e da fome no país. Nesse contexto, a solidariedade se manifestou através de ações individuais e coletivas, como doações de alimentos e material de proteção, criação de ONGs de apoio a famílias, mobilização de artistas (com “lives” para arrecadação de dinheiro) etc. Foram mantidas práticas habituais:  entrega de marmitas, vestimentas, distribuição de sopas em igrejas e templo, além de abrigo a pessoas em situação de rua e a famílias com extrema vulnerabilidade.

A solidariedade sempre foi característica marcante dos brasileiros, até pela formação cristã que tanto valoriza o princípio da caridade, daí a existência de orfanatos, abrigos e santas casas. Se a ideologia neoliberal sempre minimizou a importância do Estado de bem-estar social, a pandemia veio contradizer tal discurso. Pressionado, o governo teve de implementar programas para preservar empregos em microempresas e auxílio emergencial a desempregados e autônomos. Nada disso evitou que a miséria aumentasse. Hoje, de volta ao mapa da fome, com 19 milhões de famintos, o país e alto índice de inflação – a população tem dependido, mais do que nunca da caridade do próximo.  

O sentimento de compaixão nasce da empatia, da capacidade de reconhecer a dor do outro: isso é o que nos faz humanos. Muitos jovens se prontificaram a fazer compras para idosos e pessoas com comorbidades, papelarias passaram a imprimir currículos gratuitamente, alguns empresários mais éticos mantiveram os pagamentos de funcionários mesmo nos momentos críticos. Embora, ações filantrópicas tenham atenuado a carência extrema dos menos favorecidos, a desesperança pela falta de perspectiva é latente, já que são meros paliativos diante de um quadro conturbado e de diversas incertezas. 

A solidariedade é um solo sob o qual se sustentam as raízes da democracia, portanto, num país de imenso abismo social ser solidário é um ato de resistência. Devemos assim cultivar tal valor humano, sem contudo deixar de lutar por um país mais igualitário, generoso com sua população e atento a suas mazelas e necessidades.

Maximize Paulista – extensivo manhã 

REDAÇÃO. TEMA. O narcisismo do séc. XXI (incompleta)

A sociedade do século XXI é caracterizada em grande parte pelo culto ao “eu”. Do narcisismo do Renascimento para as capas de revistas (para venda de produtos), até o exibicionismo das redes sociais: o o homem nunca foi tão egocêntrico como em nossos tempos.

Durante o Renascimento, a prática e expansão do comércio ultramarino enriqueceu toda a Europa e deu origem a uma nova classe: a burguesia. Se antes apenas monarcas e papas tinham condições de custear artistas, agora os novos-ricos queriam se eternizar em quadros e esculturas. A Monalisa, de Leonardo da Vinci é um exemplo de ostentação da riqueza, já que retrata a esposa de um rico comerciante italiano. Tal privilégio permaneceu inalterado até o advento da fotografia, uma vez que - antes restrita aos mais abastados, - retratar-se tornou-se mais acessível ao longo das décadas.

Embora a Arte vise expressar a grandeza humana, quase sempre ela fez da beleza inalcançável seu paradigma. A idealização do corpo migrou das estátuas gregas para as capas de revistas e passarelas, onde mulheres macérrimas se tornaram o padrão cultuado e difundido pela indústria da moda. A publicidade, porta-voz do Capitalismo, vende roupas, cosméticos, planos de academia e radicais procedimentos cirúrgicos para consumidores se "encaixem" nos padrões que ela própria impõe. 

A ditadura da beleza não só nega a diversidade dos corpos, . 

(CONTINUA

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  Ambiente/Cenário/Contexto: máquina automática de reposição automática de profissionais coisificados Foco: personagem: profissionais à vend...