quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

IDEIAS: Por que ‘opinião não é argumento’, segundo este professor de lógica da Unicamp

Beatriz Montesanti e Tatiana Dias

27 Dez 2016
(atualizado 27/Dez 17h58)

Em entrevista ao ‘Nexo’, Walter Carnielli explica como manter uma discussão respeitosa e produtiva



Não é fácil vencer uma discussão. Especialmente em um contexto inflamado, em que as opiniões se polarizam, notícias falsas se proliferam, debatedores recorrem a ofensas e sarcasmo e festas de fim de ano criam ambientes propícios para a briga.

Uma boa discussão, ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa, não serve para a disputa - e, sim, para a construção do conhecimento. Nesse sentido, saber sustentar uma boa argumentação é fundamental.

“Um argumento é uma ‘viagem lógica’”, diz Walter Carnielli, matemático, professor de lógica na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor de “Pensamento crítico - o poder da lógica e da argumentação” (Editora Rideel), livro escrito em parceria com o economista e jurista americano Richard Epstein.

Para Carnielli, os brasileiros têm uma “péssima educação argumentativa”. Confundimos discussão com briga e não sabemos lidar bem com críticas. Mas há técnicas que podem ajudar na construção de bons argumentos - e também a evitar armadilhas comuns em uma discussão, como o uso de falácias.
Entre elas está, por exemplo, a busca por entender o ponto de vista oposto - ajudando, inclusive, o opositor na construção do próprio argumento. Nesta entrevista ao Nexo, o professor explica algumas delas:

O que é considerado um mau argumento?

Walter Carnielli Um argumento é uma ‘viagem lógica’' que vai das premissas à conclusão. Conforme a definição dada no nosso livro, um bom argumento é aquele em que há boas razões para que as premissas sejam verdadeiras, e, para além disso, as premissas apresentam boas razões para suportar ou apoiar a conclusão.

Em outras palavras, as premissas que você apresenta devem ser precisas e verdadeiras, e devem produzir uma razão para se pensar que a conclusão é verdadeira. Desse modo, há duas maneiras em que um argumento pode falhar, ou ser um mau argumento:
  1. Se as premissas forem falsas.
  2. Se as premissas não apoiam a conclusão.
Em geral as pessoas erram mais na parte 2: parece mais difícil decidir se as premissas apoiam ou suportam a conclusão do que verificar se elas são verdadeiras ou falsas.

Como desmontar um mau argumento de forma respeitosa e produtiva?

Walter Carnielli Existe um princípio metodológico importante na argumentação que é o Princípio da Acomodação Racional, também conhecido como Princípio da Caridade, e que foi tratado por filósofos de peso como Willard Van Orman Quine e Donald Davidson.

O princípio exige que devemos tentar entender o ponto de vista do oponente em sua forma mais forte e persuasiva antes de submeter sua visão à nossa avaliação. Dessa forma, devemos primeiro fazer todos os esforços para esclarecer as premissas e a conclusão do oponente, inclusive ajudando-o a reparar os pontos fracos. Só então, após essa atitude respeitosa, é que devemos gentilmente apontar a ela ou a ele onde suas premissas são falhas ou duvidosas, e/ou porque tais premissas não apoiam a conclusão.

Em outras palavras, o Princípio da Acomodação Racional impõe que interpretemos as afirmações dos outros de forma a maximizar a verdade ou racionalidade do adversário, tanto quanto isso seja possível. É a maneira mais respeitosa e produtiva de manter uma discussão honesta.

Quais são as falácias mais recorrentes?

Walter Carnielli  Nós, brasileiros, temos uma péssima educação argumentativa: confundimos discussão com briga, e vemos as críticas como inveja, falta de amizade, falta de amor etc. Pior ainda: quando começa uma discussão, muitas vezes vem o seguinte: ‘tenho o direito de ter minha opinião’, seja sobre o criacionismo, o governo, a política ou a pena de morte.

Claro que todos têm o direito de manter sua opinião, mas opinião não é argumento. A democracia também é feita de opiniões - ninguém precisa argumentar para votar no candidato que preferir, basta manifestar sua opinião nas urnas. Mas quando o candidato quer nos convencer, ou quando queremos convencer os outros sobre nossa posição política, nossa crenças não bastam.

Fora esta falácia estrutural tremenda, que revela que a pessoa sequer sabe o que é um argumento, algumas das falácias mais comuns são:
  • Ad Hominem: quando se ataca a pessoa, não o argumento. Por exemplo: “o médico me recomendou parar de fumar. Mas ele fuma!”
  • Falso dilema: quando se exageram os dois lados de uma questão, não deixando lugar para nuances ou meio-termo. Por exemplo: “você é a favor do aborto? Então você apoia o assassinato de crianças”.
  • Post hoc ergo propter hoc: ou seja, “depois disso, portanto por causa disso”. Por exemplo: “Hitler era vegetariano, e veja no que deu'”.
  • Inverter o ônus da prova: Por exemplo: "claro que OVNIs existem. Prove o contrário'.'
  • Falsa analogia: por exemplo, tentar comparar casamento homossexual com legalização da pedofilia.

Por que tanta gente recorre às falácias?

Walter Carnielli Há centenas de falácias conhecidas e estudadas, mas a lista é potencialmente infinita. Há falácias lógicas, falácias estruturais, falácias de analogia, falácias emocionais, etc. Uma falácia é um mau argumento que não pode ser reparado. As pessoas gostam das falácias com rótulos em latim, que soam poderosas, e supostamente são usadas por advogados, ou podem ser usadas para impressionar o oponente.

Quão relevante você acredita que é a lógica formal, dado o fato de pesquisas sugerirem que os mecanismos utilizados para formar opiniões não são racionais?

Walter Carnielli  Primeiramente, crenças não são argumentos, embora possam influir neles. Os mecanismos para formar opiniões podem não ser racionais, mas até nesse ponto a investigação lógica é essencial.

Por exemplo, existe uma racionalidade de como revisar suas próprias crenças  - a teoria de revisão de crenças - que são essenciais para computação teórica, por exemplo. Como podemos ‘explicar’ a um computador como ele deve rearranjar seus dados frente a novas informações? Ainda mais, as pessoas podem manter crenças verdadeiras por razões irracionais, ou manter crenças falsas por decisões racionais.

Some-se a tudo isso o fato de que o conhecimento é tradicionalmente visto como um tipo especial de crença, e que o problema das contradições na razão é também um importante tema da lógica.
A lógica formal, e a informal [presente na linguagem comum, que não utiliza nenhum tipo de técnica para ser apresentada], são importantíssimas para se investigar a razão humana.


FONTE AQUI.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

IDEIAS. Contra-argumentando uma "metáfora"




Na janela com Leda Nagle (ou: sobre a imprensa e a tevê)

 

 

Em seu programa de entrevistas no Canal Brasil, SEM CENSURA, meses antes de o tê-lo cancelado, defendendo o papel da imprensa e da televisão no caso do impeachment de Dilma, Leda Nagle usou a seguinte metáfora: "Não se deve culpar a janela pela paisagem"

Minha resposta para ela seria a seguinte: A janela enquadra e determina o que vai ser visto, efetua um recorte da realidade, limita e restringe ao morador da casa aquilo que pode ser avistado. Não bastasse isto, muitas vezes, dependendo do seu vidro, achata a perspectiva, deforma a vista para o que se avista, embaça, obscurece também, fazendo parecer noite o que é dia, feito óculos de sol. Sem esquecer as cortinas, que podem ser habilidosamente usadas para ocultar e barrar por completo o olhar. E a televisão, por si, precisa ser vista com desconfiança, com olhos espertos e bem atentos. 

IDEIAS. Charge de Edu


Entrevistadores perguntam a um administrador público "Que instrumentos o seu governo está usadno para levar a cabo reformas tão impopulares?", a resposta ("Basicamente gás lacrimogênio, mas também balas de borracha e spray de pimenta") revela o arsenal repressivo contra a população, e não "instrumentos" legais, como leis e medidas efetivas para gestão do país.

IDEIAS. Charge de Laerte


O cidadão ante a televisão que anuncia mudanças positivas no país, desvia os olhos para janela onde uma tempestade e um trovão anunciam tempestade. A tela de televisão com seu colorido contradiz o mundo real, cinzento do espectador. Também o fato do que se comunica sobre a previsão do tempo destoar do que se anuncia as costas do cidadão pela janela, torna falso e mentiroso tudo que a televisão noticia. Assim, num curto espaço do quadrinho, Laerte mostra a manipulação que a mídia faz da realidade, ocultando as mazelas do país.

Ideia. Resiliência.


Redação. TEMA: Queda da natalidade no mundo

A queda da natalidade

     A queda da natalidade no mundo está relacionada, entre outros fatores, à entrada da mulher no mercado de trabalho, à instabilidade econômica, além de mudanças comportamentais ligadas à ascensão do capitalismo.
     O ingresso de mulheres nas mais diversas áreas do campo profissional nos últimos trinta anos, mudou em definitivo as famílias e, portanto, a sociedade. Se antes o patriarcalismo as confinava ao lar (como responsáveis pelas atividades domésticas, criação/educação dos filhos), o trabalho e a carreira profissional alteraram drasticamente suas funções na sociedade.
     As grandes crises econômicas tornaram o mundo mais violento, instável e inseguro. O desemprego fez com que muitos deixassem de gerar filhos, já que implicava mais gastos. No capitalismo selvagem, as casas minguaram em apartamentos cada vez menores, entretanto, aqueles que optaram por um único filho, viram-no crescer espremido em áreas de serviço e/ou confinado em frente à televisão.
    Medo de perder a liberdade, relações pouco duradouras e adiamentos decorrentes da ambição profissional são outras razões para a redução da natalidade. No mundo competitivo atual, as pessoas se tornaram mais egoístas/individualistas, não querem se doar a outrem, ainda mais por que as novas configurações familiares não exigem a paternidade. Se no passado, a prole era garantia de mão de obra, na era tecnológica é um custo financeiro e emocional que poucos querem pagar.
    A redução dos nascimentos é produto de uma sociedade mais hedonista e menos fraternal e humana. Acreditamos, portanto, que o aumento da natalidade só se fará resgatando laços familiares de afeto e trocas. Será necessário, igualmente, estimular casais a se reproduzirem, por meios de incentivos em saúde, segurança e educação. Um mundo sem filhos é um mundo sem futuro.

[Redação realizada em sala de aula (Maximize - Mauá)
29.11.2016.
Revisado em 28.06.2017.


(Revista e alterada pelo Prof. Eduardo)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Redação. TEMA: rap, a voz da periferia

RAP: a palavra empenhada

     O rap sempre foi uma expressão artística de denúncia social, conscientização e reafirmação/empoderamento dos cidadãos marginalizados da periferia.
     A mídia sempre retratou de forma negativa favelas e demais comunidades carentes. Espaço de tráfico, criminalidade, miséria e degradação moral; assim as exibiu em programas que espetacularizam a violência. O rap, canto recitado, desafiava o uníssono das mídias, já que apresentava um “olhar de dentro” ao relatar uma realidade ocultada pela grande imprensa. Embora tenha sido acusado de fazer apologia ao crime (mitificando bandidos como se fossem heróis), na verdade o rap realizou desde sempre uma denúncia social e uma crítica à imensa desigualdade socioeconômica do Brasil.
     A conscientização dos mais jovens sobre os riscos das drogas, do ingresso no tráfico e no crime são os temas mais abordados nas letras. Há no rap um discurso pedagógico que alerta a juventude sobre as consequências de transgredir às leis. Sabotage, um importante rapper paulista, afirmava que “Rap é compromisso”, portanto, fiel à realidade e empenhado em transmitir uma experiência, um saber das “quebradas”.
     Todo “rapper” canta a sua comunidade. Reafirmar seu pertencimento a um espaço depreciado pelos poderosos é mais que humildade, visto que o MC aspira à transformação desta realidade. Se sua crítica social soa violenta, é uma reação ao descaso, desprezo e omissão do poder público aos menos favorecidos.
     Expressão artística fundamental nos tempos em que vivemos, o rap não deve ser, portanto, menosprezado. Atualmente, o “Slam”, batalha de rimas improvisadas, confirma o poder artístico e pedagógico do rap, já que encanta e exalta a experiência (e resistência) dos marginalizados. Crônica dos excluídos, ele é importante instrumento de empoderamento do cidadão (principalmente pobre, negro e periférico). O rap, para além da música, reafirma o valor do cidadão e seu lugar na sociedade brasileira.


Redação. TEMA: rap, a voz da periferia

RAP: a palavra empenhada

     O rap sempre foi uma expressão artística de denúncia social, conscientização e reafirmação/empoderamento dos cidadãos marginalizados da periferia.
     A mídia sempre retratou de forma negativa favelas e demais comunidades carentes. Espaço de tráfico, criminalidade, miséria e degradação moral; assim as exibiu em programas que espetacularizam a violência. O rap, canto recitado, desafiava o uníssono das mídias, já que apresentava um “olhar de dentro” ao relatar uma realidade ocultada pela grande imprensa. Embora tenha sido acusado de fazer apologia ao crime (mitificando bandidos como se fossem heróis), na verdade o rap realizou desde sempre uma denúncia social e uma crítica à imensa desigualdade socioeconômica do Brasil.
     A conscientização dos mais jovens sobre os riscos das drogas, do ingresso no tráfico e no crime são os temas mais abordados nas letras. Há nele um discurso pedagógico que alerta a juventude sobre as consequências de transgredir as leis. Sabotage, um importante rapper paulista, afirmava que “Rap é compromisso”, portanto, fiel à realidade e empenhado em transmitir uma experiência, um saber das “quebradas”.
     Todo “rapper” canta a sua comunidade. Reafirmar seu pertencimento a um espaço depreciado pelos poderosos é mais que humildade, visto que o MC aspira à transformação desta realidade. Se sua crítica social soa violenta, é uma reação ao descaso, desprezo e omissão do poder público aos mais desfavorecidos.
     Expressão artística fundamental nos tempos em que vivemos, o rap não deve ser, portanto, menosprezado. Atualmente, o “Slam”, batalha de rimas improvisadas, confirma o poder artístico e pedagógico do rap, já que encanta e exalta a experiência (e resistência) dos marginalizados. Crônica dos excluídos, ele é importante instrumento de empoderamento do cidadão (principalmente pobre, negro e periférico). O rap, para além da música, reafirma o valor do cidadão e seu lugar na sociedade brasileira.

Redação TEMA: A juventude do século XXI: desejos e anseios

A Geração Cloud

    
     A Geração Cloud, filhos da internet, do armazenamento em nuvem, crescida na era técnico-científico-informacional, além de questionar as estruturas políticas vigentes, realiza hoje uma revolução não apenas no âmbito comportamental mas também no espaço do trabalho.
     
     O século XXI é um século de mudanças. Modelos tradicionais de família com marido provedor, mãe submissa e filhos dóceis subservientes são cada vez mais raros. Várias religiões minguaram ou tem sido abandonadas pelos jovens. O casamento foi substituído por um contrato de afetos mais efêmeros; e não bastasse isto, não só a sexualidade, mas também a própria noção de gênero tornou-se mais flexível e menos pré-determinado. Mudanças tão radicais do paradigma das instituições, entretanto, geram uma nova forma onda conservadora refletida na propagação de ódio nas redes. 
 
    Um mercado de trabalho altamente seletivo e competitivo assiste à entrada em seus quadros de jovens imediatistas, hiper-conectados e ansiosos pelo sucesso. O ganho financeiro, contudo, sobrepõe-se ao compromisso/fidelidade à empresa; já que há uma ansiedade crescente nesta geração, cujos pais não educaram para tolerar frustrações. Trabalhos mais dinâmicos e desfiadores são para eles mais atrativos, posto que os desafios os estimulam e preservam sua energia criativa.
     Embora individualistas, voltados para o consumo, os “clouds” estão mais engajados politicamente. Pacifismo e causas ecológicas os seduzem menos. Suas pautas são mais imediatistas, mobilizam-se pelas redes sociais, e com ideias mais radicais e extremistas, exigem maior participação política. Subversivos, tornaram-se black-bocks nas manifestações recentes no país. Contraditoriamente, muitos não querem “derrubar o sistema”: desejam integrá-lo; por isso, não recusam as benesses do capital, querem menos desigualdade e maior inclusão socioeconômica. 
 
     Os “clouds” não acreditam no poder representativo dos partidos, entretanto, em breve estarão no poder. Petulantes, intempestivos, com uma visão mais fragmentada e superficial do mundo serão, contraditoriamente, os reformadores do país. Acreditamos, portanto, que estimulando neles o sentido de coletividade e valores humanistas como igualdade, respeito e tolerância à diversidade serão fundamentais para construção de um futuro mais democrático e livre e que corresponda a seus anseios.

[Redação realizada em sala de aula (Maximize – Paulista/noturno)
29.11.2016.
(Revista e alterada pelo Prof. Eduardo)

domingo, 6 de novembro de 2016

REDAÇÃO. TEMA: Intolerancia Religiosa

Andar (ou desandar) com fé?

     A intolerância religiosa tem ascendido de modo preocupante no Brasil, nas últimas décadas. País originalmente cristão, embora permeado por fortes influências africanas e outros credos, assiste hoje ao crescimento de religiões persecutórias que estimulam a desagregação e desrespeito a outras crenças. 
 
     A colonização portuguesa, para além da exploração da terra, tinha como um objetivo a conversão dos indígenas à fé cristã. Isso não se fazia de forma espontânea ou pacífica, já que os colonizadores impunham seus dogmas. O tráfico negreiro trouxe para o Brasil diversos povos que, mesmo submetidos a tais dogmas, se apropriaram do imaginário cristão, fundindo a ele suas crenças (perseguidas) dando origem ao Candomblé e a Umbanda. Imigrações posteriores trouxeram igualmente as religiões no país.

     Se o sincretismo religioso foi uma forma de conciliar diferentes visões e práticas de devoção, a tolerancia sempre foi aparente no Brasil. Várias doutrinas foram perseguidas/combatidas sempre pela religião dominante, cuja Bíblia é seu totem. Embora seja garantido constitucionalmente o livre exercício de credo e práticas religiosas, um protestantismo conservador tem ameaçado tal direito por meio de um discurso preconceituoso e racista difundido em templos e canais televisivos.

     Igrejas são constituições que abarcam valores morais e éticos, contudo, podem induzir tabus, preconceitos e posições radicais e extremistas aos seus adeptos. Embora permitam a inclusão dos desvalidos, propiciem proteção e apoio, além de reforçar o sentido de comunidade, são instrumentos também de alienação, e até de exploração econômica via dízimo e doações. A teologia da prosperidade, versão utilitária e materialista da fé, tem produzido templos megalomaníacos e levado a ocupar cargos políticos, entronando líderes religiosos que hostilizam e demonizam outros credos.

     A preocupante intolerância entre religiões no Brasil, principalmente das religiões que perseguem judeus, espiritas e católicos, precisa ser combatida com a lei, com sanções e punição aos hipócritas e oportunistas fazem da fé um instrumento de lucro pessoal e disseminação do ódio e da intolerância. Reforçar o Estado laico é, contraditoriamente, uma forma de garantir a liberdade religiosa, democraticamente instituída a todos, forma, portanto, de valorizar a diversidade cultural e religiosa brasileira.

[Feita coletivamente com a turma do noturno Mauá, 2016]

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Tema: Canais por assinatura devem dublar a programação?


Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

Tema: Camisinhas devem ser distribuídas em escolas?


Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

Tema: O uso de símbolos religiosos em público deve ser proibido?


Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

Tema: Esportes violentos como o MMA são indicados para crianças?



Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

Ideias: Como fazer uma apresentação de sucesso


Ideias: Como falar para ser ouvido


Tema: A maioridade penal deve ser reduzida?


Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

Tema: O serviço militar deveria deixar de ser obrigatório?


Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

Tema: O controle antidoping deve acabar?


Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

Tema: Palavrões devem ser proibidos em filmes e sites


Página retirada da revista Mundo Estranho, interessante por permitir identificar argumentos e contra-argumentos, fundamentais para se construir uma boa redação argumentativa.

terça-feira, 7 de junho de 2016

IDEAIS: Texto "Os caminhos do desejo", de Flavio Di Giorgi









Achei no Google - 4shared -
o arquivo em .pdf daquele artigo maravilhoso do 
Flavio Di Giorgi 
"Os caminhos do desejo"
deixo o link para quem se interessar:



quinta-feira, 26 de maio de 2016

IDEIAS. Dois temas para redação de vestibular

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LUTO,  PELOS QUE NÃO SÃO DE LUTA


e



QUANTO MAIS NEGRO, MAIS ALVO









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IDEIAS. Mensagens libertárias em cédulas monetárias


O texto soa poético: "Quando você nasce em um mundo onde você não se encaixa, é por que você nasceu para ajudar a criar um mundo novo"; o fato de ter por suporte uma cédula  monetária, reforça seu conteúdo político. Trata-se de um discurso libertário e um convite a uma ação ativa para transformar o mundo num lugar que abarque a diferença e não discrimine indivíduos, portanto, mais justo e democrático para todos. 

IDEIAS. Uma notícia contemporânea (2016) demonstrando a persistência da discriminação ao pobre no Brasil


IDEIAS. Analisando o discurso empregado pela Globo para manipular a notícia


Não existe inocência, a escolha das palavras compromete e corrompe o sentido da notícia. Este esquema bastante simples, no entanto, já mostra procedimento recorrentes do jornalismo da Globo, em relação à notícia que vão contra seus interesses. 

IDEIAS. O poder de síntese dos infográficos.


IDEIAS. Postagem de internet, a ironia do discurso


A ironia reside no descompasso entre o plano de fazer um trabalho em "conjunto" de forma separada, em contraponto com o cartaz, aplicado no altdoor de forma inversa/incorreta. 

IDEIAS. Inversão de papéis no comportamento dos manifestantes brasileiros


IDEIAS. Charge de Vitor T.


Na paleta cromática, a cor da pele determina quem deve ser considerado manifestante ou vândalo em uma manifestação. O Policial Militar, como um professor em sala de aula, indica quem deve ser, consequentemente, reprimido com violência, indicado no fato do policial fardado e armado. 

IDEIAS. Charge de Mário no Facebook


De maneira sintética, o chargista Mário usa o "buraco do rato" para, através do desenho do prédio dos três poderes em Brasília (desenhados numa parede), mostrar a sordidão dos políticos brasileiros.  

sexta-feira, 11 de março de 2016

IDEIAS. Charge de odyr sobre a INTERNET

De maneira sintética, Odyr aponta as "Personalidades da internet". A perspectiva é a classificação da psicanálise: o passivo-agressivo (que agride por se omitir e recusar infantilmente à ouvir ou tolerar algo que lhe desagrada, usando a recusa como arma de punição ao outro); o agressivo-agressivo (com sua violência explícita nos comentários) e a amor delirante (a figura fútil, hiperbolicamente sentimental, que tudo "curte", adora, ama, a ponto de aproximar-se da indigência mental).

IDEIAS. Ironia sobre a origem do Brasil


Em filmes de terror, sempre que uma casa é construída sobre um cemitério indígena, força sobrenaturais atingem seus habitantes, desestruturando a família, aterrorizando-a, trazendo medo, violência e morte como produto do desrespeito aos mortos, a transgressão do espaço sagrado. A ironia desta mensagem consiste a esta referência fílmica, mas também ao fato de que a colonização portuguesa assassinou diversas etnias indígenas, explorou seu trabalho e, portanto, se "construiu" sobre seus cadáveres. Daí o humor e a visão crítica astuta (que não abdica a ironia/humor) para "destacar" que a crise e disparidade do Brasil atual é profundo de sua fundação. 

IDEIAS. Uma charge de Quino sobre o poder desalienante da leitura


 A personagem Mafalda, criação genial do cartunista argentino Quino, expondo sua perspectiva sobre a importância da leitura.

IDEIAS. Heróis históricos para um game possível


Neste Gif, cientistas, filósofos e pensadores que revolucionaram o pensamento no mundo, aparecem como heróis com superpoderes de videogame. Newton com a maçã e emitindo luz de um prisma, Darwin com o poder de tornar-se "macaco", etc. Bem humorado e brilhante. 

IDEIAS. Uma brilhante análise sobre o poder da fotografia, da representação e seu sentido político



Quem acompanhou os eventos espantosos da sexta-feira passada, dia 4 de março, talvez tenha reparado no rapaz de blazer escuro, cabelo sem corte e barba preta que em momento algum se afastou de Lula. Era Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial de Lula. Na coletiva na sede do PT, não é possível vê-lo pela transmissão da TV dos Trabalhadores, emissora do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Mas ele aparece na câmera da Globo, que, ao contrário da TVT, mostrou tudo num quadro mais aberto. Stuckert está à esquerda da cena, filmando e fotografando ininterruptamente, às vezes se debruçando sobre Rui Falcão para apoiar a câmera no tampo da mesa, a menos de um metro de Lula. Às cinco da tarde, quando Lula volta para casa e sai do carro ainda na rua, Stuckert se cola a ele e os dois são engolidos pelos militantes. Minutos depois, já no playground do prédio, Lula acena para os simpatizantes enquanto Stuckert se move em todas as direções, num balé agitado. À noite, no Sindicato dos Bancários, Stuckert está na primeira fila do palanque, a um corpo de distância de Lula, câmera fixa nele.

Uma seleção das fotos que Stuckert produziu nesse dia está disponível no site do Instituto Lula. Elas variam de lugar a lugar, mas o motivo se repete: Lula sobre galhadas de braços que se estendem para tocá-lo, como nas romarias. É a retórica do herói do povo, feliz junto aos seus, nos quais busca as energias para a luta política. Sem dúvida um contraponto legítimo à narrativa visual dos veículos da grande imprensa, nos quais Lula em geral aparece isolado (eis um uso político das fotografias e, como se verá, das lentes), seja de cabeça baixa, seja de rosto crispado, a demonstrar raiva, quando não fúria.

A presença de Stuckert no dia 4 é a confirmação de que os que esperavam algum esclarecimento estavam fadados a se frustrar. Eis por que as cenas do fotógrafo colado ao grande líder são tão eloquentes. Lula quis ser fotografado naquele dia. Ora, quem quer ser fotografado quando se sente devedor? Clinton não deve ter pedido a seu fotógrafo oficial que registrasse todos os seus passos durante o processo de impeachment que sofreu. Lula, ao contrário, usou o dia 4 para reafirmar a própria imagem.

Há uma cena extraordinária em ABC da Greve, o filme de Leon Hirszman sobre a greve dos metalúrgicos de 1979. Os operários ocupam a praça à espera da fala do líder. Ele está lá, mas a massa não o vê. Surgirá, todos sabem, no terraço elevado que dá para a praça, espécie de parlatório improvisado onde outros sindicalistas já discursam.



Lula aguarda a hora. Está recuado, a uns dez passos do guarda-corpo, invisível à multidão. A câmera de Adrian Cooper o mostra de corpo inteiro. Veste uma camisa estampada de manga comprida e fuma. Tenso, porque seria irresponsável não estar, e determinado, porque o desenlace dependerá dele, parece ter plena consciência de que este é um momento histórico do qual é ele o protagonista.

Alguém lhe diz qualquer coisa ao pé do ouvido; Lula responde com duas ou três palavras. Outro vem com o braço estendido e o enlaça estreitamente; Lula inclina a cabeça e ouve uma recomendação que logo descarta com um meneio firme, afastando o braço do companheiro. Até o plano terminar, quase um minuto depois, ninguém mais lhe dirá coisa alguma.

Aos 34 anos, Lula exala autoridade, não hierarquia. Num gesto que só pode existir entre iguais, alguém puxa sua mão e acende um cigarro no dele. Lula nem olha. Mantém os olhos fixos na direção de onde chega o rumor da multidão. Todos se agitam à volta dele, satélites sob efeito de seu campo gravitacional. Lula, ele próprio, não sai do lugar. Embora cercado de companheiros, nessa hora grave é um homem sozinho. Nada chama mais atenção do que isso.

A solidão do poder é um lugar-comum. Poucos são os fotógrafos dos poderosos que não se rendem ao cacoete visual da figura solitária encerrada pelo mármore inóspito dos palácios, ou da silhueta de costas que contempla o horizonte pela janela do gabinete presidencial vazio. Mas essa nunca foi a iconografia de Lula. O mundo dele sempre foi gregário e ruidoso, mais arquibancada do que biblioteca, mais churrascaria do que casa de chá. Durante a campanha de 2002, que segui de perto para o documentário Entreatos, Lula nunca esteve só, nem mesmo no sentido da cena de ABC da Greve, de isolamento introspectivo. Por isso a cena sobressai. Ao menos na minha memória, ela é o último registro público que se tem de um Lula apartado dos outros e fechado em si mesmo. Lula forma os seus juízos não em silêncio, mas na conversa, quando talvez fale mais do que ouça, um pouco à moda dos tenistas que aprimoram o jogo batendo bola contra uma parede.

Acima de tudo, Lula se revigora no encontro com a multidão, da qual precisa como uma planta de luz. Stuckert sabe disso. Fiel ao personagem retratado, ele produziu um conjunto de imagens públicas de Lula em que o líder está quase sempre cercado pelo povo. O fotógrafo húngaro Robert Capa dizia que é preciso estar próximo do objeto fotografado. Stuckert parece ter aprendido a lição. Ele não usa a teleobjetiva, essa lente que isola o personagem, própria para capturar a solidão, mas a grande-angular, que em termos de efeito ótico opera como um abraço coletivo, a envolver todos os que entram no campo. Tudo que se aproxima de uma grande-angular cresce, e assim também, nas mãos de Stuckert, o ex-presidente. Há política na escolha das lentes. A disciplina exige colar a grande-angular em Lula, para que ele não suma no bolo, e fechar o diafragma, para não negar foco a ninguém. “Aí vem tudo”, no jargão dos fotógrafos – vêm os olhos dos emocionados, o rosto marcado dos que trabalham ao sol, os calos de quem estende a mão, os dentes dos que gritam ou sorriem.

Ojuiz Sergio Moro justificou a condução coercitiva aplicada a Lula dizendo que a medida servia para preservar a ordem pública. Diante da reação que se viu, defendeu-se no dia seguinte: “Cuidados foram tomados para preservar, durante a diligência, a imagem do ex-Presidente”. É uma afirmação na melhor das hipóteses ingênua; na pior delas, cínica. Ainda se decidirá se Moro atropelou a lei, mas, no mínimo, ele cometeu um erro tático. É difícil dissociar o elemento político de um mandado contra Lula. A política é feita de símbolos, e no Brasil ninguém os domina melhor do que Lula. Ao se dirigir ao país na sede do PT, Lula atualizou vários deles.

Em tom, espírito e decibéis a fala de Lula no dia 4 foi em tudo diferente do discurso do mensalão de 2005, quando o então presidente se disse traído e pediu desculpas à nação. É provável que nessa fase Stuckert tenha trabalhado menos. Lá atrás, Lula estava constrangido; agora se disse indignado. A diferença entre os dois discursos é a que existe entre uma coisa e outra. O tom de 2005 era formal e domesticado; o de agora foi improvisado e combativo. Lá o espírito era de recomposição; agora foi de ruptura. Lula falou baixo em 2005 e trovejou em 2016.

Durante a campanha de 2002 e, principalmente, nos anos do primeiro mandato, Lula não se furtava a dizer, sempre em tom galhofeiro, que, ao se tornar um homem influente, os luxos que até então lhe haviam sido negados agora lhe eram oferecidos. Gostava de insistir em como esses privilégios agora eram seus também, e o fazia não por empáfia, mas como sinal de que a classe operária tinha o direito de reivindicar para si os bens da burguesia. Era um velho tema seu que muitos não compreenderam. Havia o elogio dos ternos (“Só gosta de macacão quem nunca usou”) e a frustração que dizia sentir toda vez que o recenseador do IBGE batia à sua porta e não se interessava em registrar que ele tinha “um ventilador, uma tevê e um TL azul-turquesa”. Foi o período em que pretensamente as classes podiam se sentar todas à mesma mesa. Não mais. “Romanée-Conti” e “decantador” foram palavras que saíram de sua boca com desprezo, símbolos do que já não quer, do que será sempre negado a ele e a seus pares. Pobre Marco Aurélio Garcia, que o presenteou com o desgraçado decantador.

Do mesmo modo, quem o acompanhou nos anos de poder testemunhou as incontáveis vezes em que Lula incorporou palavras eruditas e expressões afetadas (chamava-as, com graça, de “chiques”) a seu vocabulário. Por exemplo, em 2009, depois que Caetano Veloso criticou nele um certo desapreço pelo idioma, Lula passou a encaixar sine qua non nos seus discursos, acrescentando sempre, de improviso, uma variante de “Viu, companheiros? Agora eu tô até usando expressões chiques como sine qua non”. Havia zombaria nisso, mas também um tanto de orgulho. Palavras raras, assim como vinhos, deviam e podiam ser experimentadas por todos. Na sexta foi diferente. Mais do que de hábito, Lula carregou na origem popular. Fez questão de demonstrar dificuldade com a expressão “condução coercitiva”, que agora, entenda-se, ele devolvia às elites.

E quando ele rugiu na sede do PT o que se ouviu foi uma voz já parcialmente esquecida, a do Lula pré-2002. No discurso de vitória daquele ano, diante de milhares de pessoas na avenida Paulista, o presidente eleito envolveu seus erres guturais no veludo da conciliação. Foi um discurso tão comovente quanto suave, próprio ao Lulinha Paz & Amor daquela campanha. A cena bonita de ABC da Greve termina com Lula avançando em direção à massa. Ele começa manso e aos poucos se inflama. É quando o espectador de hoje reconhece o orador de ontem. Os erres de 1979 e os de 2016 são os mesmos, rascantes e cheios de pontas; ferem os ouvidos dos adversários e galvanizam os militantes. Lula repôs sua mitologia em circulação.

Acontece que o rio correu. A água, antes cristalina, se turvou com as impurezas dos últimos anos. Resta saber, então, se quando ele avançar a praça estará cheia.


JOÃO MOREIRA SALLES
João Moreira Salles é documentarista e editor da piauí. Dirigiu Santiago, Entreatos e Nelson Freire, entre outros


http://revistapiaui.estadao.com.br/questoes-da-politica/lula-volta-a-lula/





Fonte: REVISTA PIAUÍ. AQUI

IDEIAS. Lendo uma foto


Postada num jornal americano, mostra um grupo de eleitores que se manifestam pela candidatura de Donald Trump, empresário com um posicionamento ultra-conservador, com pendores racista, anti-imigração e economicamente liberais. Na imagem, a posição das cinco mulheres louras, em idades variadas, óculos escuros, sorridentes e algo sexy, apresentam  palavras que na sequencia de suas camisetas brancas mostram uma mensagem racista bastante explícita: MAKE AMERICA WHITE AGAIN TRUMP. Tal mensagem reforçam em seu conteúdo não só uma reação contrária ao governo que o país teve nas últimas décadas (a cargo do presidente Barack Obama, um homem negro), mas um desejo de retorno da massa branco/conservadora e elitista estadunidense que seria obtida pelo milionário branco WASP, Donald Trump. 

IDEIAS. As charges de Odyr




Nas três charges selecionadas do cartunista Odyr existe uma temática comum. Uma crítica ao sistema Capitalista, à exploração do homem, coisificado, explorado pelo sistema patronal e que tem que se resignar fundamentalmente para o seu sustento. 

IDEIAS. Comentário jocoso sobre o modo que o brasileiro exerce a "democraticamente" e se posiciona politicamente


O texto crítico bastante sintético, têm um que de irônico e humorístico, e faz uso de uma imagem/metáfora (o futebol) para definir o modo como o brasileiro exerce democraticamente seu posicionamento político atual, ou seja, maniqueísta e polarizado, além de fundamentado na emoção/paixão e não na racionalidade. 

IDEIAS: Um exemplo de manipulação da mídia


O mesmo anúncio postado na internet e, na sequência, reeditado e repostado. Observam-se mudanças na manchete, a primeira apresentando o nome de dois políticos notórios, a segunda, escamoteando a informação dos nomes dos denunciados. O objetivo claro é proteger "Renan Calheiros" e principalmente "Aécio Neves", o candidato "amparado e protegido" pelo jornal em questão. 

IDEIAS: Uma imagem que traduz textualmente um pedido


A moça a quem é endereçada a resposta, com grande humor/ironia, cumpre o pedido do sujeito de forma literal, expondo o seu sutiã com uma foto 3x4 sobreposta. Aqui, o que provoca o humor é a tradução ipsis litteris (literal) do pedido.

IDEIAS: Anúncio publicitário. "Ter uma Bic faz toda a diferença."


[Propaganda brilhante da caneta Bic, dois discos históricos dos Beatles, a diferença de valor está na existência da assinatura dos artistas (produzido aparentemente por uma caneta Bic)  na capa de um dos LPs, determinando o valor astronômico alcançado pelo segundo. 

LISTA DE OBRAS DE LEITURA OBRIGATÓRIA PARA O FUVEST 2017 / 2018 / 2019

LISTA DE OBRAS DE LEITURA OBRIGATÓRIA PARA O FUVEST 2017 / 2018 / 2019

A Pró-Reitoria de Graduação da USP, em decisão do dia 09.03.2016, aprovou, ad referendum do Conselho de Graduação, a lista de obras de leitura obrigatória para os Vestibulares FUVEST 2017 / 2018 / 2019. Houve alteração em relação ao Vestibular FUVEST 2016.

FUVEST 2017

• Iracema - José de Alencar;
• Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis;
• O cortiço - Aluísio Azevedo;
• A cidade e as serras - Eça de Queirós;
• Capitães da Areia - Jorge Amado;
• Vidas secas - Graciliano Ramos;
• Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade;
• Sagarana - João Guimarães Rosa;
• Mayombe - Pepetela.

FUVEST 2018
• Iracema - José de Alencar;
• Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis;
• O cortiço - Aluísio Azevedo;
• A cidade e as serras - Eça de Queirós;
• Vidas secas - Graciliano Ramos;
• Minha vida de menina - Helena Morley;
• Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade;
• Sagarana - João Guimarães Rosa;
• Mayombe - Pepetela.

FUVEST 2019
• Iracema - José de Alencar;
• Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis;
• A relíquia - Eça de Queirós;
• O cortiço - Aluísio Azevedo;
• Vidas secas - Graciliano Ramos;
• Minha vida de menina - Helena Morley;
• Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade;
• Sagarana - João Guimarães Rosa;
• Mayombe - Pepetela.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

TEXTO: O jornalismo cínico e o ponto de não-retorno



11/02/2016 - Copyleft

O jornalismo cínico e o ponto de não-retorno

O Jornalismo tentou se afirmar como espaço de informação e conhecimento, mas passou a ser um subproduto dentro dos conglomerados midiáticos.


Francisco José Castilhos Karam - Observatório da Imprensa
Em 1988, o psicanalista Jurandir Freire Costa alertava que a sociedade brasileira poderia estar chegando a um perigoso ponto de não-retorno. Ela estaria incorporando quatro valores: cinismonarcisismoviolência e delinquência. À época, seus estudos tinham como referência, entre outros, as ideias de Peter Sloterdijk. O filósofo alemão havia escrito, desde a década de 1970, artigos sobre o cinismo. Suas ideias culminariam no clássico livro “Crítica da razão cínica”, publicado na Alemanha no início dos anos 80, com grande repercussão naquele País e Europa em geral. Mais tarde, além de outros idiomas, foi traduzido para o espanhol (1989) e para o português (2012). Nele, o autor aborda o crescimento do cinismo em escala institucional e pessoal na contemporaneidade. Para Sloterdijk, sob a capa das instituições e grupos, e em contrapartida com discursos de interesse público, crescem os componentes cínicos que se amparam em interesses privados.
 
Sloterdijk era cético com o destino das instituições. Em relação à mídia, considera viver num mundo aparentemente “superinformado” e, no entanto, de notícias “hipertrofiadas”. Estudioso do cinismo que se agigantava, o autor alemão era descrente em relação às potencialidades midiáticas tradicionais para a democracia. E, por extensão, do jornalismo com sua volumosa informação, que para ele era cada vez mais um espaço de mediação pública de interesses privados. E com a colaboração crescente de jornalistas que incorporam tal “valor”, de forma ingênua ou não, conscientemente ou não…
 
Já o ponto de não-retorno de Freire Costa atingiria diversas instituições e o comportamento individual. Segundo o psicanalista, a cultura do cinismo deriva da cultura narcísica e “se não há como recorrer a regras supraindividuais, historicamente estabelecidas pela negociação e pelo consenso, para dirimir direitos e deveres privados, tudo passa a ser uma questão de força, de deliberação ou de decisão, em função de interesses particulares. Donde o recurso sistemático à violência, à delinquência, à mentira, à escroqueria, ao banditismo ‘legalizado’ e à demissão de responsabilidade, que caracterizam a ‘cultura cíniconarcísica’ dos dias de hoje” (Costa: 1989, p. 30-31).
 
O que o Jornalismo tem a ver com isso?


 
O Jornalismo tentou se afirmar, nos últimos 300 anos, como espaço de informação, conhecimento e esclarecimento sociais, baseado na crença de que tem legitimidade social para isso e fundamentado na credibilidade das informações que por ele circulam.  Desde a década de 1970 passou a ser quase um subproduto dentro dos conglomerados midiáticos, em que cada vez mais sócios de empresas de fora da mídia atuam dentro dele, a ponto de não se saber quem investe em quem: se acionistas investem na produção informativa e interferem na adequação a seus interesses; se empresários da mídia e do jornalismo investem em empresas de fora da área para fortalecer interesses particulares que não estão mais no próprio modelo de negócios;  ou, afinal, se são um só faz muito tempo e hoje as coisas ficaram apenas mais claras, mais descaradas…
 
O que vem acontecendo, de forma reiterada, é de uma desfaçatez enorme diante da ideia de esclarecimento público e da defesa de que o jornalismo é o porta-voz da controvérsia e, portanto, a liberdade de expressão é sagrada, bandeira não só dos profissionais – a maioria honestos -, mas também de empresários – a maioria envolvida em sonegação de impostos, achaque dos cofres públicos e política de demissões e rotatividade sem qualquer piedade, embora sempre defendam o jornalismo, em quaisquer circunstâncias oficiais, como vinculado ao interesse público, à informação de qualidade, à fidelidade sobre a história do cotidiano.
 
Talvez por isso que Sloterdijk tenha escrito que “cinicamente dispostas estão estas épocas de gestos vazios e de fraseologia refinadamente tramada, em que sob cada palavra oficial se ocultam reservas privadas” (1989: v. II, p. 209);
 
O cinismo e o narcisismo tem se configurado em diversas coberturas, opiniões, comentários e tratamentos dos fatos, apesar de vários profissionais darem o melhor de si para a profissão e a sociedade em muitas matérias, em variadas notícias e reportagens. E sejam honestos em comentários. No entanto, isso parece ser cada vez mais exceção na grande empresa jornalística. O processo que engole e ameaça jornalistas é dilacerante para a profissão e presume que o jornalismo, para sobreviver com o melhor que conseguiu nos últimos séculos, estaria fora do modelo de negócios tradicional, este hoje e de forma inexorável muito mais pautado pelos critérios de audiência do que por relevância temática social. E acentua de forma descarada esta vertente a cada dia…
 
Rapidamente, três exemplos:


  1. Na semana de 25 a 29 de janeiro, o Jornal Nacional exibiu série de reportagens sobre os problemas da saúde no Brasil, focando, claro, no setor público, tratando do SUS, dos hospitais públicos… O JN esmerou-se em retratar as mazelas pelas quais passa o povo brasileiro em atendimento médico e em tratamento de doenças como câncer e várias outras: filas, espera, mau atendimento, falta de estrutura e tantos outros problemas foram apontados. Isso para o tratamento público e gratuito. Situações reais. Mas durante muito tempo, e hoje, todo o jornalismo da Rede Globo, e especialmente o JN, fez campanha aberta pela redução dos gastos públicos, pelo enxugamento da máquina pública. Depois de intensa e sistemática campanha ao longo de anos, mobilizando a sociedade para cortes em todas as áreas do Estado, há um claro cinismo – e responsabilidade – quando falta dinheiro para qualquer área social, incluindo a saúde. Além disso, o JN esquece de dizer que uma parte da estrutura e do dinheiro que falta é responsabilidade da própria emissora e do grupo que representa, sonegador de impostos e com dívidas que ultrapassam a casa do bilhão de reais com a União. Se a dívida fosse paga, certamente seria de muita valia para o uso na área da saúde, como de resto tem sido o atendimento feito, se não perfeito, em geral bem razoável, por exemplo, pelos postos de saúde, hospitais públicos e o setor em geral e que tem logrado salvar muita gente. E ainda mais quando o próprio grupo do qual faz parte o JN esperneia quando o governo ameaça cortar gastos de publicidade, bilionário ao longo dos anos. É o cinismo que beira à delinquência jornalística, à escroqueria: o grupo Globo recebeu do Estado brasileiro – ou seja, “saiu do meu bolso, do seu bolso, da saúde” – mais de seis bilhões de reais nos últimos 12 anos;



  2. Na edição de 30/01/2016, a Folha de S. Paulo traz matéria, quase humorística, assinada por Flávio Ferreira. Em editoria específica de “brasil em crise” (em minúsculo mesmo), o critério de noticiabilidade utilizado pela Folha colocou, no primeiro plano e em tom acusatório, a sensacional informação de que “Mulher de Lula adquiriu barco para sítio”. Um barco que não chega a cinco mil reais; uma propriedade que não se compara em valor às de Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso e a de tantos outros ex-presidentes, parlamentares, mulheres de parlamentares e de presidentes. E que jamais foi notícia. Trata-se de uma peça jornalística que beira à delinquência e ao cinismo, feita a mando talvez para tentar corrigir os continuados dados equivocados sobre o triplex de Lula, sobre os imóveis e negócios comprados sem prova alguma por filho de Lula (Havan, entre eles), pelos “ilícitos” nunca provados feitos pelo ex-presidente, que além de não serem ilegais, muitas vezes foram feitos à luz do dia e em função de parcerias de governo, seja com Estados Unidos ou Cuba, conforme deve ser em qualquer relação comercial entre dois países. Suspeitas, sempre suspeitas, e mais suspeitas… Se houvesse provas já haveria faz muito tempo. O mesmo ocorreu quando parte do jornalismo brasileiro insistia em atacar Leonel Brizola sem nunca provar nada;



  3. É quase autoexplicativa a seleção feita pelo site/blog Mídia Independente Coletiva, feita a partir do site do G1 (Rede Globo) e como este trata determinados assuntos. É exemplar e pedagógica. O cinismo bate à porta e ocupa o posto do jornalismo:



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O crescente número de agressões e processos contra profissionais e empresas está num quadro de perda de legitimidade e de credibilidade, valores que precisam ser arduamente recuperados. No entanto, na lógica empresarial em que se move o jornalismo tradicional, e na submissão de grande parte de seus profissionais em questões-chave de economia e de política, está cada vez mais distante o reconhecimento público à atividade e o respeito a uma profissão que lutou muito, por suas entidades, para adquirir um estatuto profissional específico e uma moral ancorada no interesse público, coisa que ainda as escolas estão a propor e a realizar. Mas que encontra cada vez mais espaço fora do jornalismo de referência histórica e encontra mais possibilidades dentro de modelos alternativos que surgem, dentro ou fora das redes sociais. Parece ser um caminho para continuar chamando Jornalismo de Jornalismo, driblando os quatro vértices elencados por Freire Costa: cinismo, narcisismo, violência e delinquência. Quem sabe assim o jornalismo, sobretudo o tradicional, escape do que inevitavelmente tem sido a sua marca atual: o perigoso ponto de não-retorno. Ali onde o pêndulo da dialética que sempre marcou a sua história – entre o capital/interesse privado versus interesse público – tem pendido sempre para o lado do primeiro. Pelo menos corresponderia em parte ao que se propôs historicamente.
 
Referências
 
COSTA, Jurandir Freire. Psicanálise e Moral. São Paulo: Educ, 1989.
 
SLOTERDIJK, Peter. Crítica de la razón cínica. Madrid: Taurus, 1989, 2v.

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  Ambiente/Cenário/Contexto: máquina automática de reposição automática de profissionais coisificados Foco: personagem: profissionais à vend...