quarta-feira, 30 de junho de 2021

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Professor Eduardo analisa a letra da música "Meu guri", de Chico Buarque

REDAÇÃO. Tema: "Ocultação e manipulação da informação, no Brasil, pela mídia "

    O poder da grande imprensa de ocultar ou "deformar" noticias é indício da fragilidade da democracia de uma nação. Mais que mera omissão da mídia, há neste procedimento conivência com a narrativa dos poderosos, quando não, adesão deliberada aos seus interesses.

     Embora em princípio caiba a imprensa o dever de noticiar fatos com objetividade, clareza e isenção, no Brasil, ela sempre se mostrou tendenciosa; já que comprometida com interesses políticos, econômicos, e ideológicos. Exemplo, é o modo como diversas emissoras de televisão limitaram a segundos uma série de grandes manifestações populares contra a Reforma da Previdência na Avenida Paulista. Ao ocultar o ocorrido em seus noticiários, houve, portanto, uma corrupção de seu proposito, já que deliberadamente fez com que a opinião pública nunca tivesse acesso à verdade.

     O Brasil é um país democrático, entretanto, grupos ricos e poderosos financiam continuamente candidatos para obterem benesses do Estado, com pautas e ações que prejudicam cidadãos. A imprensa não só é omissa, mas compactua com empresários corruptos, rentistas parasitários, multinacionais predatórias, destruidores do meio ambiente inescrupulosos (agronegócio) uma vez que são eles seus principais patrocinadores. Ela age, portanto, como "cabo eleitoral" ou "porta-voz" das elites, a ludibriar sua audiência com desinformação ou manipulação direta dos fatos.

     A ascensão de extremismos fascistas no mundo está ligada a revolta com a corrupção e crises econômicas que empobreceram a classe média e motivaram nela um desejo de "renovação." Contraditoriamente, elegeram nas urnas uma série de velhos políticos populistas e conservadores, posto que esses, prometeram "restaurar" velha ordem  moral e reduzir o Estado. Com um discurso mais violento, "seduziram", eleitores que se sentiam acuados e injustiçados diante de conquistas de minorias. A política do "ressentimento", com discursos agressivos, teorias conspiratórias e negação da verdade, passou a ser seu "instrumental". Reproduzido pela mídia -- adepta a tais valores ou financiada por eles, -- tais discursos têm levado à corrosão da democracia em muitos países. 

    A existência de uma mídia responsável e comprometida com a verdade é fundamental para manutenção da democracia. Portanto, ela precisa estar a serviço da sociedade como um todo e não refém do poderio político-econômico de oportunistas e mal-intencionados. Para isso, é preciso não apenas que seja instaurada uma regulamentação (a ser discutida com vários setores da sociedade), mas um fortalecimento da Educação para que o cidadão consiga ler criticamente aquilo que ela apresenta como verdade, para não ser enganado. 


[Elaborada de forma online com a turma de sábado do Maximize em junho de 2021.]

terça-feira, 15 de junho de 2021

Racismo de bicicleta


No último domingo o instrutor de surf Matheus Ribeiro relatou em suas redes uma situação de racismo da qual foi vítima no Leblon, Rio de Janeiro. Em vídeo publicado ele mostra um casal que devolvia um cadeado e pedia desculpas após terem insinuado que Matheus havia roubado a bicicleta que estava usando. Após a ampla repercussão do caso, Tomás Oliveira e Mariana Spnielli, casal que aparece no vídeo ao lado foram demitidos das empresas em que trabalham.

A Papel Craft, em que Tomás Oliveira trabalhava, respondeu as cobranças por uma atitude em relação a seu funcionário nos comentários de suas redes informando que ele foi desligado da empresa. Já o Espaco Vibre, onde e Mariana Spnielli era professora, fez um comunicado em suas redes informando que ela "foi demitida e já não faz mais parte do nosso quadro de funcionários"

Ontem Matheus registrou boletim de ocorrência contra o casal que o acusou injustamente.

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domingo, 6 de junho de 2021

O impacto da automedicação na (saúde da) população brasileira

Automedicação: um vício sutil


A automedicação impacta profundamente a vida da população brasileira. Ela é motivada tanto pela comodidade (já que o acesso à Saúde é precário no país),quanto pela banalização do uso de medicamentos.

“Fármakoi” em grego é simultaneamente “remédio e veneno”. também o termo “droga” tem tanto sentido negativo quanto positivo em língua portuguesa, o que mostra a linha tênue que há entre seus benefícios e malefícios. Hoje, contudo, tornou-se trivial o uso de medicamentos, visto que o seu consumo foi naturalizado em nossa sociedade. Há, frequentemente, na casa dos brasileiros, uma caixinha de remédios, o que comprova a prática de se automedicar. Tomar remédios indicados pelo balconista da farmácia ou aceitar recomendação de terceiros não significa, para muitos, pôr em risco própria saúde.

Apesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) ser um dos mais avançados -- e democráticos do mundo, -- ele é bastante falho. Isso se deve, principalmente, à escassez de verbas (ou desvios dessas), quando não, à má-administração do sistema. Isso faz com que ocorra falta de recursos materiais e humanos, superlotação, demora no agendamento e mal atendimento profissional. Assim, automedicar-se, muitas vezes, não é só mais "conveniente e prático", mas única opção para muitos que, por falta de dinheiro, não podem custear um plano de saúde ou consultas particulares. [Embora, no Brasil, haja programas de distribuição gratuita de medicamentos, principalmente os de uso continuado, além de políticas de barateamento (programa de genéricos) e mesmo quebra de patentes (como o coquetel para soropositivos do HIV), tudo via SUS, este segue sob ameaças de desmonte de governos neoliberais. ---> o trecho negritado pode ser excluído, pois sai do tema central para focar apenas o SUS]

A indústria farmacêutica atua de forma massiva na promoção de vendas, com anúncios nas mais diversas mídias, apregoando remédios como se eles fossem só mais um produto de consumo. Ritalina para desacelerar as crianças; sibutramina para emagrecer adolescentes; esteroides para quem malha; "viagra" para os mais velhos; antidepressivos para os "meramente" infelizes e todas as tarjas para os hipocondríacos. ou seja, estar “dopado” tornou-se o novo normal. O resultado é uma sociedade dependente da química legalizada, viciados em analgésicos, anti-inflamatórios e psicotrópicos vários para a dor do existir. 

O Brasil, -- e não só ele, -- é profundamente impactado pelo uso excessivo de medicamentos sem a devida prescrição médica. Além de levar à dependência, seu uso indiscriminado ”mascara” doenças ou as agrava, podendo matar. Urge, portanto, combater a automedicação, visto que essa causa sérios danos ao indivíduo e à coletividade (pensemos a relação antibióticos e bactérias resistentes). Ampliar o investimento no SUS, agilizar consultas e atendimentos na rede, fiscalizar e punir o descumprimento de retenção de receitas médicas em farmácias são, portanto, importantes medidas a serem implementados pelo Ministério da Saúde. Coibir a propaganda farmacêutica e promover companhas de conscientização na mídia, escolas e associações serão também, ações imprescindíveis para garantir a "cura da automedicação." 

BOLSONARISTA ARREPENDIDA, de Fernando Horta

O professor historiador Fernando Horta e sua análise sobre a impactante Luana da CPI:

*Vou fazer um fio aqui para entendermos um perigoso jogo político do qual estamos sendo parte sem saber. Não é algo novo, mas que pouca gente conhece. Chame este fio de "em terra de cegos, quem tem um olho é rei".* (fio)por Fernando Horta.

Luana Araújo impactou a CPI ontem e hoje aparece em diversos meios de comunicação que tentam vender a sua "genialidade" com informações sobre sua infância. Não vou entrar nos méritos nem nas teorias, mas não quer dizer absolutamente nada se alfabetizar ou tocar piano na idade x.

Luana impactou a CPI por ser racional e conhecer aquilo que a sociedade pagou a ela para conhecer. Muito diferente da Nise Yamaguchi, por exemplo. Mas temos algumas centenas de homens e mulheres, biólogos, biomédicos, infectologistas e etc. no Brasil que fariam igual ou melhor.

A verdade é que Luana é (ou era) bolsonarista. Eu mesmo tive discussões com ela quando defendeu a reabertura das escolas em SP. Foi escolhida por ser bolsonarista. Bolsonarista, lavajatista que comemorou a prisão ilegal de lula e deve ter uma posição semelhante a da Juliana Paes.

Daí quando o senado perguntou porque ela tinha sido selecionada é porque os senadores sabiam que ela era bolsonarista. E que ela se desencantou quando o mesmo conteúdo ideológico que ela defendia (e achava correto) jogou contra ela.

Ela apagou o perfil exatamente para que não pudesse ser rastreada, mas a internet tem memória e não é difícil encontrar a Luana daquela época printada por aí. Mas o que isso tem a ver com política e com o Brasil?

Aí vem o objetivo deste fio. Há muito tempo as potências do mundo tentam conservar um domínio sobre os outros povos que não seja pelas armas. O domínio pela força é caro e frequentemente colhe insucessos. O domínio pelo consentimento é barato e duradouro.

A principal técnica para isso é a "cooptação das elites". Existem muitos trabalhos de sociologia sobre isso e muitos projetos assim hoje no mundo. Vou dar três exemplos históricos.

No final da segunda guerra os EUA criaram no Panamá a chamada "escola das américas". Supostamente uma academia militar para "cooperação e troca" de conhecimento, mas que era na verdade uma forma de moldar ideologia.

Os militares selecionados iam para lá e "aprendiam" a odiar povo e esquerda. Aos poucos, os militares que voltavam desta experiência foram reputados como "mais capazes" e tinham suas promoções aceleradas e eram colocados em postos de comando por supostamente serem mais capazes.

A escola das américas garantia o selo de "capacidade" distintivo nas forças armadas e foi de lá que saíram todos os planejadores do golpe de 64. Cooptação das elites.

O mesmo aconteceu com a chamada "escola de Chicago" e o neoliberalismo. Os EUA criaram um "programa" para receber jovens economistas recém formados para fazer "mestrado e doutorado" em Chicago. Com tudo pago.

Estes estudantes não eram os mais inteligentes, ou os mais capazes, mas estavam entre aqueles com um vazio interior grande, capazes de assimilar o que quer que os seus financiadores quisessem. Surgiram os "Chicago boys".

Jovens com pouca ou nenhuma retidão ética ou moral e sem nenhum compromisso coletivo que eram alçados a categoria de "gênios" e quando voltavam aos seus países ocupavam cargos decisórios importantes e colocavam o plano dos seus financiadores em prática.

Quem tiver dúvida sobre a não distinção, em termos de inteligência ou competência, entre os "Chicago boys" e seus colegas que ficaram em solo pátrio, basta saber que a anta do Paulo Guedes foi um "Chicago boy". Cooptação das elites.

O mesmo faz hoje as fundações do Lehmann e outros milionários brasileiros com gente como a Tabatha Amaral. Todos sabem que há toda uma politicagem que envolve doações para a universidade e interesses para abertura de "programas" que recebem estudantes da américa do sul, África ...

Essas pessoas não podem ser incapazes, mas estão longe de serem as melhores dos seus países. São escolhidas pelo vazio ético e a falta de compromisso nacional e social. A partir daí saem da experiência no exterior com o selo de "diferenciadas" para a população do seu país.

Em realidade, elas são diferenciadas em favor dos financiadores e não para os povos que as recebem de volta. elas são "diferenciadas" porque trazem ideologias diferentes e são dóceis à figura das potências dominantes. E isso é uma forma barata de colonialismo cultural.

A fala de Luana enfatizando que foi a "única" que recebeu determinada honraria da John Hopkins tem pouca importância nos meios acadêmicos, mas dita por ela é parte da construção da aura de "diferenciada". Ela foi escolhida por ser bolsonarista. E se desiludiu.

Que bom que ela acordou ética e moralmente (será?) mas o caso dela não pode esconder toda uma política social de cooptação das elites que acontece neste exato momento e que tem como representantes pessoas do quilate de Tabata e Kim Kataguri.

Aprendi uma regra no meio acadêmico: se o Dr. vier antes do nome ele serve para nos mostrar que o ego vem antes do coletivo e não raro demonstra muito mais um artifício para esconder falhas de formação do que uma condecoração por mérito e esforço.

Quem é doutor de fato, não gosta de ser assim chamado e fica envergonhado que lhe chamem por uma coisa que a imensa maioria passa a vida discutindo consigo mesmo se está à altura do título.

Uma segunda coisa que aprendi neste mundo da "torre de marfim" é que se os livros da pessoa chegaram antes dela no exterior, ela tem valor pelo que produziu. Se ela chegou lá antes dos livros, desconfie. Lembre-se da antiga e bem sucedida estratégia da "cooptação das elites"

E lembra também que isso não acontece só na academia. Acontece na arte, na política e etc. Em toda atividade cujo ego e a vaidade estejam intrinsicamente ligadas ao sucesso, esta estratégia internacional funciona com efetividade. Não criemos heróis que lutam pelos outros.

https://twitter.com/Fernand.../status/1400508120389107719...

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Pornografia e amadurecimento sexual dos jovens no século 21.

Os jovens do século XXI têm sua sexualidade profundamente impactada por um acesso -- sem precedentes -- à pornografia. Se o impulso sexual é inerente ao ser humano, a mercantilização do corpo e sua exploração nas redes podem causar danos profundos à saúde sexual (e mental) dos jovens.

Há um enorme tabu sobre o despertar e a iniciação sexual dos jovens no Brasil, o que se reflete na ausência da disciplina de Educação Sexual nas escolas. Isso se deve à formação cristã do país, que entende sexo/prazer como pecado. Pornografia não é uma novidade do século XXI, já que a humanidade sempre a produziu, todavia, diferente do passado, nunca houve tanta disponibilidade e baixo custo para acessá-la. Se antes era difundida na surdina e restrita a adultos, hoje, até buscadores como o Google, listam conteúdo pornô, mesmo para crianças.

A pornografia é um dos "braços" da prostituição, em decorrência disso é, muitas vezes, uma prática criminosa que envolve exploração, escravização, chantagem, drogas, abusos diversos, violência e morte. Expor o corpo e o ato sexual são formas convertê-lo em produto para venda e consumo. Pior, crianças e adolescentes "aprendem" sobre sexualidade nas redes. Tal precocidade é perigosa, visto que, imaturos, crescem com uma visão distorcida e estereotipada tanto dos corpos quanto da vida sexual.

Embora haja formas de controle pelos pais, muitos são negligentes, não bloqueiam nem monitoram sites "adultos"; já que ignoram o impacto físico e psicológico de tal exploração nos filhos. O resultado é que jovens crescem inseguros com seus corpos, visto como fora dos "padrões", já que destoam daqueles difundidos pela indústria erótica. Isso afeta a sua autoestima (pois muitos se sentem inadequados e defeituosos), causa problemas psicológicos (vício em pornografia, ninfomanias etc.). e comportamentais inapropriados e até violentos. 

A pornografia converte um ato íntimo - que envolve desejo real, intimidade, afinidade e/ou afeto - numa performance mecânica, em que corpos objetificados se friccionam não pelo prazer, mais pelo lucro. É necessário, portanto, impedir seu acesso fácil aos mais jovens, com implementação -- pelo Ministério da Educação -- de campanhas elucidativas antipornografia e disciplinas sobre sexualidade. Tais medidas estimularão um debate mais honesto e franco entre pais/responsáveis e filhos sobre sexualidade, para que esses venham a exercê-la no tempo adequado e com maior segurança. 

Sobre a necessidade de guias num mundo sem coordenadas.

INT

  Ambiente/Cenário/Contexto: máquina automática de reposição automática de profissionais coisificados Foco: personagem: profissionais à vend...