quarta-feira, 10 de junho de 2015

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IDEIAS: Ruas Maranhão - Vias de mesmo nome em Higienópolis e na periferia retratam realidades distintas





Matéria da Revista São Paulo (do jornal Folha de S.Paulo) 7 a 13 de junho de 2015.

REDAÇÕES: 4 das que obtiveram nota dez na FUVEST (tema: A importância da leitura)

Ler para compreender

Um formação profissional sólida somada à uma atualização constante são exigências para aqueles que ambicionam sucesso no mercado de trabalho. Livros são "instrumentos" que propiciam não apenas entretenimento mas também para acesso a informação. Um leitor assíduo só tem a ganham, pois quem pratica a leitura aperfeiçoa seu intelecto, melhora seu raciocínio e amplia sua visão crítica.
A leitura tem a capacidade de influenciar nosso modo de agir, pensar e falar. Com a sua prática freqüente, tais ações são transmitidas de forma clara e objetiva. Pessoas que não possuem o hábito de ler, ficam presas a gestos e formas rudimentares de comunicação.
Isso tudo é comprovado por meio de pesquisar as quais revelam que, na maioria dos casos, pessoas com ativa participação no mundo das palavras possuem um bom acervo léxico e, por isso, obtém melhores posições no mercado de trabalho ocupando cargos de diretoria.
Possuir um bom vocabulário não é, entretanto, o único modo de se “vencer na vida”. É preciso ler e compreender para poder opinar, criticar e modificar situações.
Diante de tais considerações, entendemos que a leitura é uma forma de transformar, enriquecer cultural e socialmente o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem que utilizemos a comunicação de forma correta e, portanto, torna-se indispensável a prática da leitura.



Quadro Negro

Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na marcação histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.
Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm, sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada.
A aquisição de idéias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma freqüente em nossas vidas. Outrossim, é impossível que a nossa visão do mundo ao redor não se modifique com essa capacidade adquirida.
Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante, precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e gera novas idéias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca terminamos de transformar e sermos transformados.
A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida, porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar. Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil de Monteiro Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de idéias, pensamentos, autores, repleto de transformação e de vida.




Quando o sol da cultura está baixo, até os mais ínfimos seres emitem luz

Marcel Proust, grande escritor e exemplo máximo de uma vida dedicada unicamente à leitura e à literatura, disse em seus escritos “cada leitor, quando lê, é um leitor de si mesmo”. O que Proust evidencia nessa frase deixa em aberto uma série de interpretações que podem ser realizadas a partir do hábito entusiástico e não visto como uma obrigação, pela leitura.
Estar em contato com o universo das palavras e nele encontrar uma atividade prazerosa, ao mesmo tempo que nos leva a absorver todo o conhecimento exterior, também nos conduz a uma busca de tudo que representa algo de nós mesmos nesse conhecimento que chega até nós. Em cada nova leitura, ocorre algo semelhante a uma lapidação de nossos desejos e predileções.
Os livros constituem um tipo de transporte de conhecimento diferente da televisão por exemplo, onde as informações são transmitidas a todo o momento, e para tal, só precisa de nossa permissão para a passagem de suas imagens através de nosso córtex. O nível de saber que podemos extrair de um livro possui o mesmo limite de nossa vontade de fazê-lo. E, ao contrário das informações “prontas” da televisão, temos a total liberdade de interpretação, o que confere o aperfeiçoamento de nosso senso crítico e o melhoramento de como nos posicionamos diante do mundo.
O hábito da leitura não possui caráter elitista e nem está associado ao poder aquisitivo. Em qualquer cidade, por menor que seja, há uma biblioteca, basta que tenhamos interesse em desvendar todo o mistério contido nela. Ao ler, nos tornamos mais cultos, mais seguros de nossas convicções, nos expressamos e escrevemos melhor. Medidas públicas devem ser realizadas para garantir essa acessibilidade e assim, seus respectivos países possam brilhar, iluminados pelo sol da cultura.

Benefícios da leitura

Como a leitura pode transformar nossa realidade? A leitura é extremamente importante, não apenas por ser fundamental em nossa formação intelectual, mas também por permitir a todos um acesso a um mundo de informações, idéias e sonhos. Sim, pois ler é ampliar horizontes e deixar que a imaginação desenhe situações e lugares desconhecidos e isto é um direito de todos.
A leitura permite ao homem se comunicar, aprender e até mesmo desenvolver, trabalhar suas dificuldades. Em reportagem recente, uma grande revista de circulação nacional atribuiu à leitura, a importância de agente fundamental para a transformação social do nosso país. Através do conhecimento da língua, todos tem (sic) acesso à informação e são capazes de emitir uma opinião sobre os acontecimentos. Ter opinião é cidadania e essa parte pode ser a grande transformação social do Brasil.
Os benefícios da leitura são cientificamente comprovados. Pesquisas indicam que crianças que tem (sic) o hábito da leitura incentivado durante toda a vida escolar desenvolvem seu senso crítico e mantém seu rendimento escolar em um nível alto. O analfabetismo, um dos grandes obstáculos da educação no Brasil está sendo combatido com a educação de jovens e adultos, mas a tecnologia está afastando nossas crianças dos livros.
Permitir a uma criança sonhar com uma aventura pela selva ou imaginar uma incrível viagem espacial são algumas das mágicas da leitura. Ler amplia nosso conhecimento, desenvolve a nossa criatividade e nos desperta para um mundo de palavras e com elas construímos o que gostamos, o que queremos e o que sonhamos.

Garantir a todos, portanto, o acesso à leitura deve ser uma política de Estado, mas cabe a nós dedicarmos um tempo do nosso dia a um bom livro, incentivar nossos amigos, filhos ou irmãos a se apegarem à leitura e acima de tudo utilizar nosso conhecimento para fazer de nossa cidade, estado ou país, um lugar melhor para se viver.

terça-feira, 2 de junho de 2015

LINGUAGEM: Resposta para as expressões conotativas

Qual é o sentido das seguintes expressões
1. Cara-de-pau: cínico, mau caráter
2. Miolo-mole: mentalmente débil, tolo.
3. Menina desligada: distraída, desatenta, alheia à realidade
4. Quatro-olhos: usuário de óculos
5. Linguarudo: falastrão, mexeriqueiro, indiscreto, maledicente.
6. Olho gordo: invejoso
7. Língua de trapo: falastrão, indiscreto
8. Ficar para titia: permanecer solteira, não se casar.
9. Rodar a baiana: fazer escândalo, agir histericamente
10. Perder a cabeça: agir de modo intempestivo, agir impulsivamente e de modo insensato.
11. Pisar na bola: falhar.
12. Dar mancada: cometer um erro, uma gafe.
13. Viver no mundo da lua: ser distraído, alienado, alheio à realidade.
14. Comer o pão que o diabo amassou: sofrer demasiadamente
15. Engolir sapo: submeter-se a algo, suportar.
16. Encher o saco: aborrecer, irritar, incomodar, ser incoveniente
17. Trocar as bolas: confundir algo ou confundir-se
18. Acertar na mosca: acertar com exatidão
19. Quebrar a cara: decepcionar-se; ferir alguém fisicamente; agredir a outrem.
20. Bater papo: conversar, dialogar.
21. Sumir do mapa: ausentar-se, não ser facilmente localizado.
22. Conversa fiada: conversa gratuita, fútil ou desnecessária. Desculpa que não merece crédito.
23. Perder tempo: dedicar-se a algo desnecesário, inútil. Investimento sem retorno.
24. Entrar em parafuso: sofrer um colapso mental, desestabilizar-se
25. Careca de saber: ter conhecimento prévio, estar informado do assunto, saber bastante do tema
26. Lavar a alma: aliviar-se, gozar plenamente, sentir-se recompensada.
27. Botar as barbas de molho: ser precavido, cauteloso
28. Pendurar as chuteiras: aposentar-se, abandonar velho ofício ou hábito
29. Ficar babando: desejar, invejar
30. botar os pingos nos is: esclarecer uma situação, resolver um problema
31. botar a carroça na frente dos bois: precipitar-se, antecipar-se a uma decisão
32. pintar o sete: bagunçar, badernar
33. jogar pedra na cruz: transgredir um tabu, agir inadequadamente
34. conversa para boi dormir: falácia, mentira, desculpa injustificada
35. subir pelas paredes: estar ansioso, escitado, tenso.
36. jogar pérolas aos porcos: investir em algo desnecessário
37. dedo-duro: delator
38. mão-de-vaca: avaro, avarento, mesquinho, agir com usura.
39. pão-duro: avarento, egoísta
40. onde Judas perdeu as botas: bastante longe, de difícil alcance
41. amigo da onça: amigo deslegal, interesseiro ou hipócrita
42. na idade da pedra: antigo, anacrônico.
43. gastar saliva: discursar em vão, desistir de contra-argumentar
44. chutar o pau da barraca: expôr algo sem comedimento, radicalizar, exceder
45. fazer uma vaquinha: arregadar dinheiro com um objetivo imediato
46. sentar na graxa: prejudicar-se por algo que não fez; ter prejuízo em algo
47. pular a cerca: trair sexualmente o parceiro
48. ficar em cima do muro: permancer indeciso, omitir-se, não querer se comprometer
49. esquentar a cabeça: aborrecer-se, irritar-se
50. a vaca ir para o brejo: fracassar, falhar.
51. tirar o cavalinho da chuva: desistir, mudar de opinião/atitude
52. ficar de cabelos em pé: assustar-se, chocar-se com algo, estar temeroso/amedrontado por algo
53. meter a mão na cumbuca: roubar, furtar dinheiro
54. viver no fio da navalha: arriscar-se continuamente, estar prementemente sob ameaça
55. curtir a vida numa boa: aproveitar plenamente, gozar
56. meter o dedo na ferida: espezinhar, agredir emocionalmente, provocar desconforto
57. fingir que não vê: omitir-se, não se comprometer
58. pagar o pato: assumir a culpa
59. fazer-se de bobo: dissimular desconhecimento, fingir inocência, dissimular
60. servir de bode expiatório: assumir a culpa de um crime, um delito,
61. ser vaquinha de presépio: ser inóculo, irrelevante,
62. dar com a língua nos dentes: denunciar, delatar
63. chutar o balde: extravazar, agir agressivamente ou intempestivamente
64. cair das nuvens: desiludir-se, decepcionar-se.
65. falar pelos cotovelos: falar demasiadamente, tagarelar
66. chorar as pitangas: lamentar, confessar
67. torrar a paciência: irritar, aborrecer, incomodar
68. remar contra a maré: subverter as regras, ousar, destoar dos demais, desafiar às regras/leis, transgredir
69. chegar ao fundo do poço: degradar-se ao extremo, falir, fracassar por completo
70. ver o sol nascer quadrado: ser preso, ser encarceirado por crime/delito
71. passar a mão na grana: roubar, furtar, desviar via corrupção
72. cruzar os braços: fazer greve, descumprir
73. dançar conforme a música: acatar, submeter-se, resignar-se
74. correr feito doido: apressar-se, acelerar a execução de algo, fugir
75. partir o coração: decepcionar, romper uma relação
76. mãos atadas: estar impotente, impossibilitado de agir, inoperante
77. pé na tábua: acelerar
78. pagar o preço: arcar com os efeitos de uma decisão, assumir os ricos
79. pagar muito caro: arcar/responsabilizar-se por uma decisão e terminar prejudicado
80. receber tudo de mão beijada: obter algo sem esforço, ser um privilegiado, não ter mérito
81. sair com as mãos abanando: perder os direitos, não obter qualquer valor/restituição
82. se meter numa arapuca: arranjar um problema, meter-se em confusão, enrascar-se
83. ter o rabo preso: estar comprometido, corromper-se eticamente
84. fazer as coisas por debaixo dos panos: ocultar ação, tramar, transgredir, ludibriar
85. bater as botas: falecer
86. jogar dinheiro fora: investir em algo desnecessário, sem garantias/retorno financeiro
87. lavar as mãos: abster-se de algo, omitir-se
88. achar uma agulha num palheiro: obter sucesso numa ação improvável
89. meter o pau: criticar, ofender. Caluniar.
90. acertar as contas: entrar num acordo, esclarecer uma situação de conflito
91. gozar na cara: zombar, satirizar, escarnecer, tripudiar, ironizar, ofender
92. mentira cabeluda: grande mentira, calúnia
93. quietar o facho: sossegar, acalmar-se, conter-se, descansar.
94. dar nó em pingo dágua: ludibriar, enganar.
95. ser os olhos da cara: ser caríssimo, custoso
96. colocar a mãos no fogo: arriscar-se
97. fazer vista grossa: omitir-se, não denunciar.
98. ser boca-suja: ser vulgar, escandaloso, verbalmente agressivo ou despudorado.
99. armar um barraco: fazer escândalo
100. segurar vela: ser inconveniente junto a um casal
101. trocar ideias: dialogar, debater assuntos
102. duas-caras: ser dissimulado, não confiável, hipócrita
103. matar a charada: resolver o problema, achar a resposta
104. se ligar: ficar atento, alerta; esperto, buscar compreender ou se interar de um assunto
105. quebra-galho: substituto, paliativo
106. dar uma mãozinha: auxiliar, ajudar
107. viver de sombra e água fresca: ser desocupado, desfrutar das benesses sem foco no trabalho, ser preguiçoso
108. lavar a roupa suja: resolver um problema pendente
109. fazer um pé-de-meia: economizar
110. tirar a barriga da miséria: comer bastante, empanzinar-se, empanturrar-se, abarrotar-se
111. afogar o ganso: fazer sexo
112. ter o nariz empinado: ser arrogante, pretensioso, esnobe, soberbo
113. queimar o filme: depreciar-se
114. ser nota dez: ser excelente, hábil, notório, experto
115. explodir: agir com ira, agir intempestivamente, vociferar
116. ter um cantinho só seu: adquirir uma propriedade, casa própria, moradia
117. memória de elefante: ter uma memória excelente
118. ferrar-se: prejudicar-se, ter prejuízo, dano
119. ficar no vácuo: permancer sem resposta
120. dar o fora: sair, partir, fugir
121. dar fora: cometer gafe ou romper relacionamento
122. gente fina: notório, famoso, destacado
123. passar alguém para traz: trapacear
124. subir na vida: ascender, prosperar, progredir
125. estômago de avestruz:
126. coração de manteiga: sentimental, sensível, frágil
127. falar pelos cotovelos: tagarelar, falar excessivamente
128. dar o braço a torcer: ceder, resignar-se, aceitar
129. enfiar a cara nos livros: dedicar-se aos estudos, empenhar-se
130. mergulhado em problemas: sobrecarregado, assoberbado
131. estar preso na repartição: extremamente ocupado
132. passar algo para frente: vender, negociar, trocar
133. ser um crânio: ser inteligente, experiente, experto.
134. comer com os olhos: deliciar-se, invejar.
135. ser uma ameba: ser tolo, estúpido, néscio.
136. cair do cavalo: decepcionar-se, enganar-se
137. papo-cabeça: conversa intelectual, sofisticada
138. cair de pára-quedas: intrometer-se;
139. tirar um barato da cara: zombar, escarnecer
140. tapar o sol com a peneira:
141. dar bolo: faltar
142. entrar numa fria: prejudicar-se
143. tirar água do joelho: urinar
144. comida de rabo: ser criticado,
145. pegar o bonde andando: agir sem se inteirar por completo de uma situação
146. ficar de queixo caído: surpreender-se
147. pagar mico: passar vergonha, vexame
148. puxar o saco: bajular
149. pagar pau: interessar-se, desejar, “bajular”
150. mato sem cachorro: estar sem saída, encurralado.
151. entrar numa fria: estar sob ameaça, em perigo
152. bicho-do-mato: ingênuo, antissocial.
153. grudento: inconveniente.
154. marmelada: mentira, inverdade.
155. entrar numa furada: adquirir um problema
156. balde de água fria: decepcionar-se
157. levar nas costas: sustentar, suportar
158. cair na vida: prostituir-se.
159. se perder: decair, indecisa
160. estado interessante: estar grávida
161. levar fora: romper relacionamento, ser preterido numa relação
162. lavar as mãos: omitir-se, abster-se
163. cuspir no prato que comeu: ser ingrato
164. dar no pé: fugir, partir, deixar
165. dar um cano: faltar, ausentar-se
166. pegar no pé: pressionar, cobrar, exigir, intimar.
167. explodir: enraivecer-se, fazer escândalo
168. dor-de-cotovelo: estar magoado, invejar
169. dar dor de cabeça: causar preocupação
170. furar: faltar, não comparecer a um compromisso.
171. entregar para Deus: resignar-se, desistir de algo
172. ser durão: inflexível, forte, viril, que não se permite persuadir
173. duro na queda: resistente, inabalável
174. memória de elefante: excelente memória,
175. sangue de barata: fraca, covarde, medrosa, sem brio, pessoas que não reagem.
176. rei na barriga: arrogante, esnobe
177. descontar em alguém: vingar-se, revidar
178. dedurar: denunciar, delatar
179. levantar as mãos para os céus: agradecer, louvar, festejar, ser grato por
180. torrar a paciência: irritar, aborrecer
181. dar corda: incentivar, estimular
182. ideia furada: mau negócio, erro
183. abafar o caso: desconsidere, ignore, releve
184. passar para frente: ceder, entregar, aceitar
185. metido à besta: esnobe, pretensioso, arrogante
186. soltar a franga: exceder, exagerar, agir sem pudor
187. tirar a barriga da miséria: empanturrar-se, exceder
188. botar o rabo entre as pernas: conformar-se, resignar-se, submeter-se
189. dar sumiço: ocultar, esonder
190. viver na corda bamba: arriscar-se, sem precaver-se
191. cutucar a onça com vara curta: arriscar-se
192. mexer os pauzinhos: negociar de modo escuso, manipular sem levantar suspeita
193. tomar partido: desfender, ser parcial
194. fechar a cara: enfurecer-se,
195. abrir a guarda: sair da defensiva, permitir-se, fragilizar-se
196. perder as estribeiras: exceder, ultrapassar os limites do comportamento
197. empacar: intransigente, estacado, ficar irredutível, insubordina-se, não ceder
198. emburrar: ficar mal-humorado, aborrecido
199. passar a mão na cabeça: consolar
200. tirar uma casquinha: aproveitar-se
201. dar a cara para bater: enfrentar, assumir uma posição
202. dar a mão à palmatória: arriscar-se, enfrentar, assumir o risco
203. ser o queridinho da mamãe: protegido, manhoso,
204. a ovelha-negra da família: rebelde, transgressor
205: ser o dono de si: ser autoconfiante, corajoso.


REDAÇÃO. Tema censura/liberdade de expressão

A imposição do silêncio


A censura é uma estratégia usada por quem detém o poder para cercear a liberdade a outros, impor suas próprias regras e manter-se soberano.
O silêncio nos é imposto desde a mais remota idade. Submetidos à vontade dos pais, crianças e jovens, quase sempre, têm suas opiniões ignoradas, quando não menosprezadas pelos adultos. Tal condição irá se repetir na escola. A relação professor-aluno é, frequentemente, assimétrica, pois o mestre impõe sua palavra e, na maior parte das vezes, não aceita discordância, questionamento ou crítica. Isto, comprova, portanto, que não somos educados para a prática do debate e da democracia.
Há censuras de várias naturezas: religiosa, cultural, político-ideológica e até econômica. Embora tenha conquistado diversos direitos, a mulher, por exemplo, é silenciada pelo homem nas sociedades patriarcais, impedida de crescer intelectualmente e/ou votar, fato corrente em alguns países árabes. A livre expressão individual (ou coletiva) é sempre uma ameaça ao poder opressor, arrogante e reacionário que não admite vozes dissonantes.
As ditaduras militares sempre começam pela censura. A perseguição à classe dos artistas, intelectuais e, principalmente, à imprensa é o primeiro ataque à Democracia. No Brasil, o governo atual tem reiterado sua aversão à imprensa, visto que esta denuncia atos de corrupção, nepotismo, jogo de interesses, desvio de verbas, enriquecimento ilícito de políticos petistas e aliados. Embora não seja um fato novo a corrupção política no país, o fortalecimento do sistema democrático garante hoje a liberdade de imprensa, cuja função é informar, alertar e conscientizar o cidadão. Infelizmente, ela nem sempre está comprometida com a verdade dos fatos, muitas vezes servindo a interesses escusos
A liberdade de expressão é um direito que assiste a todos nós, homens, mulheres e crianças. Quem é privado desse direito é destituído de sua própria individualidade, posto à margem e/ou excluído do poder de decisão. Precisamos, portanto, estimular o diálogo desde a infância, respeitando a opinião de cada um, seja na família ou na sociedade.


[Redação realizada em sala de aula (Mauá/turma manhã) em 23.09.2009. Tema "Censura e Poder" (Revista em 2.12.09 e novamente em 11.05.15, pelo Prof. Eduardo)

OBSERVAÇÕES

O tema da redação era "Censura"
Tipo de texto: dissertativo argumentativo
Estrutura: texto composto em cinco parágrafos
Linhas: 30 linhas
Linguagem: formal
Abordagem: uso da primeira pessoa do plural (nós) no último parágrafo para reafirmar a perspectiva crítica do estudante sem favorecer subjetivismo ou emotividade excessiva.








REDAÇÃO. Tema: Manifestações e Movimento Passe Livre, no Brasil

O cidadão pede passagem

     As manifestações populares ocorridas recentemente no Brasil são resultantes de um profundo desencanto do cidadão com os rumos do país. A mobilização contra o aumento da passagem, a indignação ante a repressão do Estado e a ampliação das pautas foram as três grandes fases deste movimento.
     Convocados inicialmente pelo "Movimento Passe Livre" (MPL), o foco inicial do protesto era a redução de vinte centavos na tarifa de transporte público. A reação despropositada do governo e a manipulação dos fatos pela mídia acirraram, contudo, os ânimos dos manifestantes. Chamados pela mídia de "baderneiros", "vândalos" e "militantes anacrônicos", como se não fossem "cidadãos" no exercício democrático de seu direito de expressão, muitos foram perseguidos, censurados e agredidos.
    O uso da força pela PM e Tropa de Choque no combate violento a cidadãos desarmados, conforme as ordens do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, só tiveram repercussão graças a divulgação de imagens pela internet. Já a grande imprensa, reacionária e tendenciosa, somente alterou seu discurso  diante do número crescente de manifestantes que foram às ruas em protesto. Não foi o repúdio da população jovem à cobertura televisiva reacionária e tendenciosa que a "reorientou", mas o fato de que muitos de seus jornalistas foram alvejados pela polícia e impedidos de noticiar a ação repressiva do Estado. 
     As manifestações, inicialmente tímidas, alastraram-se nas principais capitais do país, e atingiram regiões distantes (e normalmente esquecidas), como o Acre e Ceará. Ao se tornar nacional, as pautas se ampliaram em reivindicação de melhorias da Saúde e da Educação; em repúdio à PEC-37 (Proposta de Emenda Constitucional, por ser votada) e até contra a corrupção e os gastos abusivos na Copa mundial. Houve, portanto, em todo o país, a expressão de um descontentamento em relação ao crescimento econômico sem reflexo na melhoria da condição de vida dos cidadãos.
     Ao contrário da invisibilidade dos atos políticos (e apartidários) na mídia tradicional, a internet foi o espaço de mobilização, difusão de ideias e vitrine do que ocorria nas ruas. Não foi o gigante nacionalista e cego que acordou, mas, possivelmente, uma juventude mais questionadora e atuante, desejosa de ser ouvida e que faz da força coletiva um instrumento de transformação do país.



Redação de 2013.

















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REDAÇÃO. Tema específico: A imprensa caluniadora do presidente Lula (redação de 2004)

QUANDO O CONTRA-SENSO ÉTICO ENCONTRA O ETÍLICO


     Um artigo do “The New York Times” (NYT), a insinuar uma prossível dependência etílica do presidente Luís Inácio Lula da Silva, causou grande indignação no país, também pela reação intempestiva do presidente. O ato e seu desdobramento fomentaram discussões diversas sobre ética jornalística e arbitrariedade política.
     A matéria do NYT comunicava aos EUA e ao mundo, que nós brasileiros estaríamos preocupados com o abuso de álcool pelo presidente; o que não correspondia à realidade. Contrariando a lógica na qual fato precede à notícia, foi sua tradução, logo difundida com alarde pela imprensa do país, a nos "informar" do pretenso "problema nacional". Especulativo, mal-redigido e parcial, o texto trazia a imagem descontextualizada de Lula, rubro e sorridente, ostentando uma grande taça borbulhante (a abrir a "Oktoberfest"); e os “depoimentos” infames de opositores notórios do governo e seu partido (PT). Mais que perversa, era o paradigma máximo da falta de ética jornalística, pela deturpação dos fatos, difusão de preconceito e manipulação ideológica.
     A reação do presidente foi a pior possível. Após ver negada a retratação formal pelo NYT; articulou o cancelamento do visto do autor da matéria. A medida se justificava, pois, mais que uma afronta pessoal, a matéria representava um ataque a uma instituição do país, ¾ seu representante máximo, ¾ e estava permeada por interesses de desacreditá-lo internacionalmente. A imprensa brasileira reagiu, aludindo aos abusos da Ditadura, acusando de autoritária e anti-democrática tal decisão.
     Sem defender tal ato, e menos ainda o jornalista ¾ que de vilão passou a mártir, ¾ pensamos que a falha é dupla: do governo e da imprensa. Ambos deram amplidão a um fato que deveria ser conduzido racionalmente, sem reações emocionais contraproducentes e infantis, sem ser “espetacularizado”, a ponto de desestabilizar um governo, e conseqüentemente um país, já fragilizado sócio, político e economicamente.
     Se irresponsáveis foram o jornalista e o NYT, seriam, por meios diplomáticos, e não pelo tolhimento de “liberdades e direitos” (matrizes de um Estado democrático), obtidas as possíveis soluções para o problema. Do mesmo modo, a imprensa ¾ mais que marrom, negra, ¾ deveria abdicar ao papel de juiz (ou de “Quarto Poder”), que não lhe cabe; e assim, reportar a realidade, tornar visíveis as questões de relevância nacional, fomentar debates, com imparcialidade e comedimento ético. Isto não é pouco, ainda mais num mundo que tem o NYT como porta-voz, motivo melhor para permanecermos sóbrios e atentos.

REDAÇÃO. Tema: Consumismo (em formato imagem e detalhamento das partes)

NA CATARATA DOS PRODUTOS


O consumismo é um mal que aflige a sociedade contemporânea. Estimulado pela mídia (e Publicidade), envolvido no jogo de aparência e viciado na compra sem sentido, o homem moderno tornou-se escravo dos objetos que produz.
O mercado publicitário movimenta milhões pois estimula o desejo voraz do consumidor, muitas vezes por produtos desnecessários. Habilidosamente, o profissional do marketing estuda estratégias para atrair a atenção do consumidor. Televisão, rádio, cinema, revistas e tantas outras mídias são vitrines do mercado, formas envolventes de encarcerar o cidadão, entorpecê-los com desejos fúteis.
Algumas vezes o indivíduo é impelido a comprar para ser socialmente aceito. Um aluno carente que tenha obtido uma bolsa de estudo e esteja inserido num espaço diferente da sua realidade sócio-econômica sofre a angústia de não poder ostentar a riqueza dos demais. Isto revela, portanto, o quanto nossa sociedade é movida pelas aparências.
Consumir não é um erro em si, entretanto, quando se torna compulsivo (instrumento para sublimar angústias), o consumo converte-se em doença. As facilidades de crédito produziram “criminosos inocentes”, pois muitas pessoas se endividam e se degradam ao extremo por completa falta de controle. Na catarata dos produtos, muitos perdem seus bens, comprometem carreira, emprego, negócios, chegam ao extremo de destruírem relacionamentos e família.
Se o consumismo excessivo é um mal, podemos combatê-lo reforçando valores humanos. Precisamos ensinar aos nossos filhos que os objetos não têm valor em si, mas aquele que lhes atribuímos. O limite está nas necessidades reais. Ter um olhar crítico sobre a mídia e reconhecer quando somos manipulados são, portanto, armas contra o consumo indiscriminado.



Mauá, 23 de setembro de 2009. (Revista em 2015)






Na catarata dos produtos

[TÍTULO CENTRALIZADO SEM ASPAS OU SEM SUBLINHAR]

[TÓPICO FRASAL]
O consumismo é um mal que aflige a sociedade contemporânea. <--Apresentação do tema em ordem direta.] Estimulado pela mídia (e Publicidade), <-- apresentação da idéia1] envolvido no jogo de aparência <-- apresentação da idéia2] e viciado na compra sem sentido, <-- apresentação da idéia3] o homem moderno tornou-se escravo dos objetos que produz.

[DESENVOLVIMENTO DA IDÉIA1]
O mercado publicitário movimenta milhões pois estimula o desejo voraz do consumidor, muitas vezes por produtos desnecessários. <-- A situação é essa] Habilidosamente, o profissional do marketing estuda estratégias para atrair a atenção do consumidor. [<-- É assim por causa disso] Televisão, rádio, cinema, revistas e tantas outras mídias são vitrines do mercado <-- Exemplificação/lista], formas envolventes de encarcerar o cidadão, entorpecê-los com desejos fúteis. <-- conclusão/impressão pessoal.

[DESENVOLVIMENTO DA IDÉIA2]
Algumas vezes o indivíduo é compelido a comprar para ser socialmente aceito. <-- A situação é essa] Um aluno carente que tenha obtido uma bolsa de estudo e esteja inserido num espaço diferente da sua realidade sócio-econômica sofre a angústia de não poder ostentar a riqueza dos demais. <-- Exemplificação/lista] Isto revela, portanto, o quanto nossa sociedade é movida pelas aparências. <-- conclusão/impressão pessoal.


[DESENVOLVIMENTO DA IDÉIA3]
Consumir não é um erro em si, entretanto, quando se torna compulsivo (instrumento para sublimar angústias), o consumo converte-se em doença. <-- conclusão/impressão pessoal. As facilidades de crédito produziram “criminosos inocentes”, pois muitas pessoas se endividam e degradam-se ao extremo por completa falta de controle. <-- A situação é essa] Na catarata dos produtos, muitos perdem seus bens, comprometem carreira, emprego, negócios, chegam ao extremo de destruírem relacionamentos e família. <-- Exemplificação/lista]

[CONCLUSÃO]
Se o consumismo excessivo é um mal, podemos combatê-lo reforçando valores humanos. <-- Retoma tópico frasal e sugere solução para o problema apresentado] Precisamos [<-- impressão pessoal indicada em 1a. pessoa do plural] ensinar aos nossos filhos que os objetos não têm valor em si, mas aquele que lhes atribuímos. <-- solução possível para o problema do consumismo] O limite está nas necessidades reais. <-- impressão pessoal dada de forma indireta] Ter um olhar crítico sobre a mídia e reconhecer quando somos manipulados são, portanto, armas contra o consumo indiscriminado. <-- mais propostas de solução para o problema e finaliza retomando o tema.






LINGUAGEM/IDEIAS. 24 falácias lógicas

O filósofo, matemático e cientista americano Charles Sanders Peirce fala que as lógicas são "ferramentas para o raciocínio correto".

Não sou nenhum grande entendido sobre o assunto, mas acho lógica um assunto fascinante. O pouco que conheço e observo já acaba sempre sendo muito útil em conversas, diálogos, em qualquer ocasião que peça algum tipo de análise, construção e exposição de raciocínio ou argumentação.

Agora, quando falamos "construção e exposição de raciocínio ou argumentação", isso pode ficar parecendo uma coisa meio séria, sisuda, de professor de filosofia ou discussões inflamadas entre ateus e crentes na internet. Mas a verdade é que fazemos isso o tempo todo. As lógicas são o próprio esqueleto que torna as linguagens (dos idiomas à matemática, passando, e muito, por tecnologia da informação) possíveis.

Como de fato dependemos disso pra nos relacionarmos uns com os outros, para nos fazer entender claramente, melhorar nossa forma de pensar e para resolvermos as coisas práticas da vida, pode ser bem útil conhecer e entender estes processos, ainda que superficialmente.

Já demos algumas pinceladas sobre o tema aqui no Papo de Homem, mencionando algumas das famosas falácias de lógica argumentativa -- que são um capítulo específico dentro do tema, mas que tem aplicações bem práticas. E estamos também preparando um novo material, bem completo, tratando não só de lógica, mas das noções de debate, diálogo e conversação, que são temas relacionados, igualmente ricos, complexos e comumente pouco explorados.

Agora achei o site Thou Shalt Not Commit Logical Fallacies, o mais simpático que já vi sobre o assunto. Ele lista as 24 falácias mais comuns, em linguagem simples, com exemplos engraçadinhos, e tem até um pôster para você baixar em PDF, mandar imprimir na gráfica e colar na parede. Tudo de graça.

Como em português o material sobre isso é escasso, e esse é um conhecimento bem importante quando se quer travar diálogos e debates saudáveis, resolvemos fazer um esforço extra e traduzir todo o conteúdo do Thou Shalt Not... para disponibilizar aqui.

Abaixo, 24 das mais comuns falácias lógicas argumentativas. A numeração não indica nenhum tipo de hierarquia entre elas, é apenas para facilitar futuras referencias a exemplos específicos.

Leia, entenda e não as use.




1. Espantalho

Você desvirtuou um argumento para torná-lo mais fácil de atacar.

Ao exagerar, desvirtuar ou simplesmente inventar um argumento de alguém, fica bem mais fácil apresentar a sua posição como razoável ou válida. Este tipo de desonestidade não apenas prejudica o discurso racional, como também prejudica a própria posição de alguém que o usa, por colocar em questão a sua credibilidade – se você está disposto a desvirtuar negativamente o argumento do seu oponente, será que você também não desvirtuaria os seus positivamente?

Exemplo: Depois de Felipe dizer que o governo deveria investir mais em saúde e educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso que Felipe odeie tanto o Brasil, a ponto de querer deixar o nosso país completamente indefeso, sem verba militar.

***

2. Causa Falsa

Você supôs que uma relação real ou percebida entre duas coisas significa que uma é a causa da outra.

Uma variação dessa falácia é a "cum hoc ergo propter hoc" (com isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe que, pelo fato de duas coisas estarem acontecendo juntas, uma é a causa da outra. Este erro consiste em ignorar a possibilidade de que possa haver uma causa em comum para ambas, ou, como mostrado no exemplo abaixo, que as duas coisas em questão não tenham absolutamente nenhuma relação de causa, e a sua aparente conexão é só uma coincidência.

Outra variação comum é a falácia "post hoc ergo propter hoc" (depois disto, logo por causa disto), na qual uma relação causal é presumida porque uma coisa acontece antes de outra coisa, logo, a segunda coisa só pode ter sido causada pela primeira.

Exemplo: Apontando para um gráfico metido a besta, Rogério mostra como as temperaturas têm aumentado nos últimos séculos, ao mesmo tempo em que o número de piratas têm caído; sendo assim, obviamente, os piratas é que ajudavam a resfriar as águas, e o aquecimento global é uma farsa.

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3. Apelo à emoção

Você tentou manipular uma resposta emocional no lugar de um argumento válido ou convincente.

Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre outros.

É importante dizer que às vezes um argumento logicamente coerente pode inspirar emoção, ou ter um aspecto emocional, mas o problema e a falácia acontecem quando a emoção é usada no lugar de um argumento lógico. Ou, para tornar menos claro o fato de que não existe nenhuma relação racional e convincente para justificar a posição de alguém.

Exceto os sociopatas, todos são afetados pela emoção, por isso apelos à emoção são uma tática de argumentação muito comum e eficiente. Mas eles são falhos e desonestos, com tendência a deixar o oponente de alguém justificadamente emocional.

Exemplo: Lucas não queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas seu pai o lembrou de todas as crianças famintas de algum país de terceiro mundo que não tinham a sorte de ter qualquer tipo de comida.

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4. A falácia da falácia

Supor que uma afirmação está necessariamente errada só porque ela não foi bem construída ou porque uma falácia foi cometida.

Há poucas coisas mais frustrantes do que ver alguém argumentar de maneira fraca alguma posição. Na maioria dos casos um debate é vencido pelo melhor debatedor, e não necessariamente pela pessoa com a posição mais correta. Se formos ser honestos e racionais, temos que ter em mente que só porque alguém cometeu um erro na sua defesa do argumento, isso não necessariamente significa que o argumento em si esteja errado.

Exemplo: Percebendo que Amanda cometeu uma falácia ao defender que devemos comer alimentos saudáveis porque eles são populares, Alice resolveu ignorar a posição de Amanda por completo e comer Whopper Duplo com Queijo no Burger King todos os dias.

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5. Ladeira Escorregadia

Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça A fará com que aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.

O problema com essa linha de raciocínio é que ela evita que se lide com a questão real, jogando a atenção em hipóteses extremas. Como não se apresenta nenhuma prova de que tais hipóteses extremas realmente ocorrerão, esta falácia toma a forma de um apelo à emoção do medo.

Exemplo: Armando afirma que, se permitirmos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, logo veremos pessoas se casando com seus pais, seus carros e seus macacos Bonobo de estimação.

Exemplo 2: a explicação feita após o terceiro subtítulo - "O voto divergente do ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira escorregadia" - deste texto sobre aborto. Vale a leitura.

***

6. Ad hominem

Você ataca o caráter ou traços pessoais do seu oponente em vez de refutar o argumento dele.

Ataques ad hominem podem assumir a forma de golpes pessoais e diretos contra alguém, ou mais sutilmente jogar dúvida no seu caráter ou atributos pessoais. O resultado desejado de um ataque ad hominem é prejudicar o oponente de alguém sem precisar de fato se engajar no argumento dele ou apresentar um próprio.

Exemplo: Depois de Salma apresentar de maneira eloquente e convincente uma possível reforma do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já foi presa e, pra ser sincero, tem um cheiro meio estranho.

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7. Tu quoque (você também)

Você evitar ter que se engajar em críticas virando as próprias críticas contra o acusador – você responde críticas com críticas.

Esta falácia, cuja tradução do latim é literalmente “você também”, é geralmente empregada como um mecanismo de defesa, por tirar a atenção do acusado ter que se defender e mudar o foco para o acusador.

A implicação é que, se o oponente de alguém também faz aquilo de que acusa o outro, ele é um hipócrita. Independente da veracidade da contra-acusação, o fato é que esta é efetivamente uma tática para evitar ter que reconhecer e responder a uma acusação contida em um argumento – ao devolver ao acusador, o acusado não precisa responder à acusação.

Exemplo: Nicole identificou que Ana cometeu uma falácia lógica, mas, em vez de retificar o seu argumento, Ana acusou Nicole de ter cometido uma falácia anteriormente no debate.

Exemplo 2: O político Aníbal Zé das Couves foi acusado pelo seu oponente de ter desviado dinheiro público na construção de um hospital. Aníbal não responde a acusação diretamente e devolve insinuando que seu oponente também já aprovou licitações irregulares em seu mandato.

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8. Incredulidade pessoal

Você considera algo difícil de entender, ou não sabe como funciona, por isso você dá a entender que não seja verdade.

Assuntos complexos como evolução biológica através de seleção natural exigem alguma medida de entendimento sobre como elas funcionam antes que alguém possa entendê-los adequadamente; esta falácia é geralmente usada no lugar desse entendimento.

Exemplo: Henrique desenhou um peixe e um humano em um papel e, com desdém efusivo, perguntou a Ricardo se ele realmente pensava que nós somos babacas o bastante para acreditar que um peixe acabou evoluindo até a forma humana através de, sei lá, um monte de coisas aleatórias acontecendo com o passar dos tempos.

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9. Alegação especial

Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa.

Humanos são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a estarem errados.

Em vez de aproveitar os benefícios de poder mudar de ideia graças a um novo entendimento, muitos inventarão modos de se agarrar a velhas crenças. Uma das maneiras mais comuns que as pessoas fazem isso é pós-racionalizar um motivo explicando o porque aquilo no qual elas acreditavam ser verdade deve continuar sendo verdade.

É geralmente bem fácil encontrar um motivo para acreditar em algo que nos favorece, e é necessária uma boa dose de integridade e honestidade genuína consigo mesmo para examinar nossas próprias crenças e motivações sem cair na armadilha da auto-justificação.

Exemplo: Eduardo afirma ser vidente, mas quando as suas “habilidades” foram testadas em condições científicas apropriadas, elas magicamente desapareceram. Ele explicou, então, que elas só funcionam para quem tem fé nelas.

***

10. Pergunta carregada

Você faz uma pergunta que tem uma afirmação embutida, de modo que ela não pode ser respondida sem uma certa admissão de culpa.

Falácias desse tipo são particularmente eficientes em descarrilar discussões racionais, graças à sua natureza inflamatória – o receptor da pergunta carregada é compelido a se justificar e pode parecer abalado ou na defensiva. Esta falácia não apenas é um apelo à emoção, mas também reformata a discussão de forma enganosa.

Exemplo: Graça e Helena estavam interessadas no mesmo homem. Um dia, enquanto ele estava sentado próximo suficiente a elas para ouvir, Graça pergunta em tom de acusação: “como anda a sua rehabilitação das drogas, Helena?”

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11. Ônus da prova

Você espera que outra pessoa prove que você está errado, em vez de você mesmo provar que está certo.

O ônus (obrigação) da prova está sempre com quem faz uma afirmação, nunca com quem refuta a afirmação. A impossibilidade, ou falta de intenção, de provar errada uma afirmação não a torna válida, nem dá a ela nenhuma credibilidade.

No entanto, é importante estabelecer que nunca podemos ter certeza de qualquer coisa, portanto devemos valorizar cada afirmação de acordo com as provas disponíveis. Tirar a importância de um argumento só porque ele apresenta um fato que não foi provado sem sombra de dúvidas também é um argumento falacioso.

Exemplo: Beltrano declara que uma chaleira está, nesse exato momento, orbitando o Sol entre a Terra e Marte e que, como ninguém pode provar que ele está errado, a sua afirmação é verdadeira.

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12. Ambiguidade

Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade de modo enganoso.

Políticos frequentemente são culpados de usar ambiguidade em seus discursos, para depois, se forem questionados, poderem dizer que não estavam tecnicamente mentindo. Isso é qualificado como uma falácia, pois é intrinsecamente enganoso.

Exemplo: Em um julgamento, o advogado concorda que o crime foi desumano. Logo, tenta convencer o júri de que o seu cliente não é humano por ter cometido tal crime, e não deve ser julgado como um humano normal.

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13. Falácia do apostador

Você diz que “sequências” acontecem em fenômenos estatisticamente independentes, como rolagem de dados ou números que caem em uma roleta.

Esta falácia de aceitação comum é provavelmente o motivo da criação da grande e luminosa cidade no meio de um deserto americano chamada Las Vegas.

Apesar da probabilidade geral de uma grande sequência do resultado desejado ser realmente baixa, cada lance do dado é, em si mesmo, inteiramente independente do anterior. Apesar de haver uma chance baixíssima de um cara-ou-coroa dar cara 20 vezes seguidas, a chance de dar cara em cada uma das vezes é e sempre será de 50%, independente de todos os lances anteriores ou futuros.

Exemplo: Uma roleta deu número vermelho seis vezes em sequência, então Gregório teve quase certeza que o próximo número seria preto. Sofrendo uma forma econômica de seleção natural, ele logo foi separado de suas economias.

***

14. Ad populum

Você apela para a popularidade de um fato, no sentido de que muitas pessoas fazem/concordam com aquilo, como uma tentativa de validação dele.

A falha nesse argumento é que a popularidade de uma ideia não tem absolutamente nenhuma relação com a sua validade. Se houvesse, a Terra teria se feito plana por muitos séculos, pelo simples fato de que todos acreditavam que ela era assim.

Exemplo: Luciano, bêbado, apontou um dedo para Jão e perguntou como é que tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba. Jão, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato existirem é grande.

***

15. Apelo à autoridade

Você usa a sua posição como figura ou instituição de autoridade no lugar de um argumento válido. (A popular "carteirada".)

É importante mencionar que, no que diz respeito a esta falácia, as autoridades de cada campo podem muito bem ter argumentos válidos, e que não se deve desconsiderar a experiência e expertise do outro.

Para formar um argumento, no entanto, deve-se defender seus próprios méritos, ou seja, deve-se saber por que a pessoa em posição de autoridade tem aquela posição. No entanto, é claro, é perfeitamente possível que a opinião de uma pessoa ou instituição de autoridade esteja errada; assim sendo, a autoridade de que tal pessoa ou instituição goza não tem nenhuma relação intrínseca com a veracidade e validade das suas colocações.

Exemplo: Impossibilitado de defender a sua posição de que a teoria evolutiva "não é real", Roberto diz que ele conhece pessoalmente um cientista que também questiona a Evolução e cita uma de suas famosas falas.

Exemplo 2: Um professor de matemática se vê questionado de maneira insistente por um aluno especialmente chato. Lá pelas tantas, irritado após cometer um deslize em sua fala, o professor argumenta que tem mestrado pós-doutorado e isso é mais do que suficiente para o aluno confiar nele.

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16. Composição/Divisão

Você implica que uma parte de algo deve ser aplicada a todas, ou outras, partes daquilo.

Muitas vezes, quando algo é verdadeiro em parte, isso também se aplica ao todo, mas é crucial saber se existe evidência de que este é mesmo o caso.

Já que observamos consistência nas coisas, o nosso pensamento pode se tornar enviesado de modo que presumimos consistência e padrões onde eles não existem.

Exemplo: Daniel era uma criança precoce com uma predileção por pensamento lógico. Ele sabia que átomos são invisíveis, então logo concluiu que ele, por ser feito de átomos, também era invisível. Nunca foi vitorioso em uma partida de esconde-esconde.

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17. Nenhum escocês de verdade...

Você faz o que pode ser chamado de apelo à pureza como forma de rejeitar críticas relevantes ou falhas no seu argumento.

Nesta forma de argumentação falha, a crença de alguém é tornada infalsificável porque, independente de quão convincente seja a evidência apresentada, a pessoa simplesmente move a situação de modo que a evidência supostamente não se aplique a um suposto "verdadeiro" exemplo. Esse tipo de pós-racionalização é um modo de evitar críticas válidas ao argumento de alguém.

Exemplo: Angus declara que escoceses não colocam açúcar no mingau, ao que Lachlan aponta que ele é um escocês e põe açúcar no mingau. Furioso, como um "escocês de verdade", Angus berra que nenhum escocês de verdade põe açúcar no seu mingau.

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18. Genética

Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua origem.

Esta falácia evita o argumento ao levar o foco às origens de algo ou alguém. É similar à falácia ad hominem no sentido de que ela usa percepções negativas já existentes para fazer com que o argumento de alguém pareça ruim, sem de fato dissecar a falta de mérito do argumento em si.

Exemplo: Acusado no Jornal Nacional de corrupção e aceitação de propina, o senador disse que devemos ter muito cuidado com o que ouvimos na mídia, já que todos sabemos como ela pode não ser confiável.

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19. Preto-ou-branco

Você apresenta dois estados alternativos como sendo as únicas possibilidades, quando de fato existem outras.

Também conhecida como falso dilema, esta tática aparenta estar formando um argumento lógico, mas sob análise mais cuidadosa fica evidente que há mais possibilidades além das duas apresentadas.

O pensamento binário da falácia preto-ou-branco não leva em conta as múltiplas variáveis, condições e contextos em que existiriam mais do que as duas possibilidades apresentadas. Ele molda o argumento de forma enganosa e obscurece o debate racional e honesto.

Exemplo: Ao discursar sobre o seu plano para fundamentalmente prejudicar os direitos do cidadão, o Líder Supremo falou ao povo que ou eles estão do lado dos direitos do cidadão ou contra os direitos.

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20. Tornando a questão supostamente óbvia

Você apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi incluída na premissa.

Este argumento logicamente incoerente geralmente surge em situações onde as pessoas têm crenças bastante enraizadas, e por isso consideradas verdades absolutas em suas mentes. Racionalizações circulares são ruins principalmente porque não são muito boas.

Exemplo: A Palavra do Grande Zorbo é perfeita e infalível. Nós sabemos disso porque diz aqui no Grande e Infalível Livro das Melhores e Mais Infalíveis Coisas do Zorbo Que São Definitivamente Verdadeiras e Não Devem Nunca Serem Questionadas.

Exemplo 2: O plano estratégico de marketing é o melhor possível, foi assinado pelo Diretor Bam-bam-bam.

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21. Apelo à natureza

Você argumenta que só porque algo é "natural", aquilo é válido, justificado, inevitável ou ideal.

Só porque algo é natural, não significa que é bom. Assassinato, por exemplo, é bem natural, e mesmo assim a maioria de nós concorda que não é lá uma coisa muito legal de você sair fazendo por aí. A sua "naturalidade" não constitui nenhum tipo de justificativa.

Exemplo: O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua carroça cheia de remédios completamente naturais, incluindo garrafas de água pura muito especial. Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e desconfiarem de remédios "artificiais", como antibióticos.

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22. Anedótica

Você usa uma experiência pessoal ou um exemplo isolado em vez de um argumento sólido ou prova convincente.

Geralmente é bem mais fácil para as pessoas simplesmente acreditarem no testemunho de alguém do que entender dados complexos e variações dentro de um continuum.

Medidas quantitativas científicas são quase sempre mais precisas do que percepções e experiências pessoais, mas a nossa inclinação é acreditar naquilo que nos é tangível, e/ou na palavra de alguém em quem confiamos, em vez de em uma realidade estatística mais "abstrata".

Exemplo: José disse que o seu avô fumava, tipo, 30 cigarros por dia e viveu até os 97 anos -- então não acredite nessas meta análises que você lê sobre estudos metodicamente corretos provando relações causais entre cigarros e expectativa de vida.

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23. O atirador do Texas

Você escolhe muito bem um padrão ou grupo específico de dados que sirva para provar o seu argumento sem ser representativo do todo.

Esta falácia de "falsa causa" ganha seu nome partindo do exemplo de um atirador disparando aleatoriamente contra a parede de um galpão, e, na sequência, pintando um alvo ao redor da área com o maior número de buracos, fazendo parecer que ele tem ótima pontaria.

Grupos específicos de dados como esse aparecem naturalmente, e de maneira imprevisível, mas não necessariamente indicam que há uma relação causal.

Exemplo: Os fabricantes do bebida gaseificada Cocaçúcar apontam pesquisas que mostram que, dos cinco países onde a Cocaçúcar é mais vendida, três estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo, logo, Cocaçúcar é saudável.

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24. Meio-termo

Você declara que uma posição central entre duas extremas deve ser a verdadeira.

Em muitos casos, a verdade realmente se encontra entre dois pontos extremos, mas isso pode enviesar nosso pensamento: às vezes uma coisa simplesmente não é verdadeira, e um meio termo dela também não é verdadeiro. O meio do caminho entre uma verdade e uma mentira continua sendo uma mentira.

Exemplo: Mariana disse que a vacinação causou autismo em algumas crianças, mas o seu estudado amigo Calebe disse que essa afirmação já foi derrubada como falsa, com provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu um meio-termo: talvez as vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.

***



Espero que essa lista seja útil.

Por fim, questiono: onde já identificaram falácias lógicas em seu dia-a-dia? Compartilhem suas dúvidas e percepções sobre o tema.



[Esse artigo fantástico é da autoria e tradução de Fábio Rodrigues, e é uma transcrição do que está no site Papo de homem, [ http://www.papodehomem.com.br/falacias-logicas/ ] Acho de extrema importância para que todos compreendam o que significa um debate bem articulado com a exposição de argumento corretos e honestos].


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