sábado, 30 de dezembro de 2017

REDAÇÃO. Tema: O crescente fenômeno dos "youtubers" (Redação 3)

"Youtubers": liberdade e responsabilidade

O fenômeno dos Youtubers (celebridades digitais) está diretamente relacionado com o avanço da Internet. A autonomia na produção de conteúdo, a monetização dos vídeos/produto e a conversão de “youtubers” a guias num mundo hiperconectado explicam tamanha popularidade.

O barateamento dos aparatos digitais, assim como a ampliação do acesso à rede, aceleraram a decadência do modelo televisívo tradicional. Se antes o usuário era um mero telespectador passivo, hoje ele não apenas consome audiovisuais mas também interage e pode, com um simples aparelho celular, produzir conteúdo. Assim fizeram “youtubers” como o Whindersson Nunes, Kéfera Buchmann e Pedro Resende que com pouco recursos financeiros, consoliram-se como celebridades (e influenciadores). A estratégia principal: o uso de uma linguagem espontânea e direta, já que visaram estabelecer assim maior vínculo com seus seguidores.

O sucesso incontestável de “vlogs”, “gamer plays” (como “Minecraft”), tutoriais, videoclipes e canais de humor, resenhas e criticas (de filmes, séries, livros, jogos etc)  alterou a dinâmica do mercado publicitário. Embora tais influenciadores lucrem com visualizações na própria plataforma em que atuam (YouTube), muitos foram cooptados pelo mercado publicitário (assim como pela mídia tradicional), lucrando duplamente, acumulando, assim, fama e fortuna.

Há uma necessidade, - principalmente nas novas gerações, - diante da imensidão e complexidade da “web”, de modelos e guias. Compartilhar vidas e experiências cotidianas fizeram dos “youtubers” um “elogio ao homem comum”, já que por expor sua rotina, ironias, gracejos e revezes, revela-se um igual. Talvez por isso, evocar familiaridade e um contato mais direto com o fã (ao responder seus comentários e fazer “lives”) é determinante para sua popularidade. Demasiadamente humanos, não faltam também os que fazem fama virtual com banalidades, desrespeito vulgar, discursos de ódio, propagação de calúnias, factóides políticos, desinformação.

O avanço da Internet tirou a hegemonia e controle de uma elite econômica (empresarial, política e religiosa) na difusão de imagem; tornou, portanto, mais democrático propagar informação, cultura e entretenimento. Produzida agora de muitos para muitos, os criadores digitais precisam ter consciência e responsabilidade no que divulgam. Recorrentes são às ameaças de restrição ao acesso e/ou propagação via rede. Garantir, portanto, que o Marco Civil da Internet seja respeitado é compromisso de todos, inclusive dos “youtubers”, a fim de que a rede não seja controlada, censurada ou restringida e novos guias, com inteligencia e liberdade, apontem a melhor direção.




[Produzida com os alunos na terça (26/12/2017), em sala de aula (no MAXIMIZE Paulista Tarde). Esta redação tem como tema  "O fenômeno dos Youtubers" e foi enviada gentilmente por Michelle Vargas Dubas. Revisei o texto  para torná-lo também mais preciso.] 

REDAÇÃO. Tema: "O homem nunca chegou à sua maioridade"

Os pilares do homem esclarecido

 O homem, - como ser mortal, falho e social, - apesar de haver evoluído no campo do saber e do conhecimento, ainda assim não conquistou sua plena maioridade. Liberdade com autonomia, autocontrole e integridade são os pilares do homem esclarecido.

Ter poder de tomar as próprias decisões com liberdade é uma conquista do homem moderno, ainda mais por que num mundo absolutamente desigual, muitos não gozam desse direito. Apesar de a opressão sempre encontrar resistência, a pior delas é aquela constituída por seres servis que abdicam a seu poder de decisão, concedendo-o a outrem. A sociedade ocidental capitalista estabeleceu como autônomo, o sujeito com formação profissional, economicamente ativo, bem sucedido e  possuidor não apenas patrimônios mas uma família que controla e administra. 

Num mundo cada vez mais hedonista, de ética negociável, valores em crise e moralidade “fluida”, ter autocontrole é essencial para definir um individuo emancipado. Estar consciente dos seus próprios limites e controlar desejos e anseios impedem, portanto, que ceda aos diversos estímulos irracionais que desde sempre consumiram os homens: a preguiça, a gula, o sexo, as os prazeres fúteis e viciantes e o Poder.

Há uma hierarquia intrinsecamente estabelecida em todo corpo social, já que é do homem buscar sempre a coletividade. Aristóteles funda esse pensamento (já implícito na República de Platão). Dominar e subjugar o grupo, exercendo a tirania através da ameaça e do medo, não se restringe ao passado. A integridade do súdito nunca foi tão posta à prova como nos tempos de manipulação midiática, já que sociedades seguem fundamentadas na tutela do corpo, dos afetos, da crença e das ideologias. Hoje,  a corrupção no Brasil prolifera pela falência ética e moral de homens que se apropriam da “res” (coisa) pública para benefício próprio, o que tem contribuído para ampliar ainda mais a desigualdade e a injustiça social no país.

 O homem só sai da “Caverna” quando renega o “comportamento de manada”, determinando com coragem/resiliência suas próprias escolhas: eis o homem esclarecido. Emancipar-se, portanto é recusar o pensamento mágico e irracional, já que exige um olhar crítico contra toda doutrinação, zona de conforto aparente e resistência à mudança. Tais virtudes devem, logo, ser estimuladas desde sempre nos lares, nas escolas e na esfera pública/política, a fim de que ao emanciparmos o homem, transformemos a sociedade.

[Produzida com os alunos na terça (27/12/2017), em sala de aula (no MAXIMIZE Paulista Tarde). Esta redação tem como tema  "O homem nunca chegou à sua maioridade" e foi enviada gentilmente por Michelle Vargas Dubas. Revisei o texto  para torná-lo também mais preciso.]

REDAÇÃO. Tema: "O trabalho e sua função social na modernidade: visibilidade e invisibilidade das profissões"

O outro, somos todos nós

A modernidade fez do trabalho mais do que uma mera ocupação produtiva: um valor moral. Se na Antiguidade era sinal de desprestígio, atualmente, determina o status social do indivíduo. Há, entretanto, uma crise em andamento que impõe uma transformação do modelo até então conhecido.

Etimologicamente, o termo “trabalho” relacionava-se a um instrumento de tortura (“tripalium”), já que para os antigos – gregos, romanos, egípcios – era uma função para escravos. A Revolução Industrial e a conquista dos direitos trabalhistas, somados à moral religiosa (do “ora e labora”), conferiram aos diversos ofícios não apenas prestígio e respeitabilidade, mas também valor moral.

Com a ascensão do capitalismo, as sociedades ficaram mais complexas, dinâmicas e hipercompetitivas. O sucesso se tornou uma obsessão, visto que o poder e o dinheiro suplantaram as virtudes humanas. A invisibilidade de determinadas profissões fundamentais, mas “vistas” com desprestígio (como garis, serventes, porteiros, diaristas, babás etc) comprovam como a função social determina o modo como as pessoas são tratadas (com descaso e desprezo) em países extremamente desiguais como o Brasil.

A “implosão” no mercado de trabalho de diversas profissões, devido ao avanço tecnológico, está implicando uma mudança radical de todo sistema trabalhista. Extingue-se velhas funções e cargos e o “home office” tornou-se uma prática. O empreendedorismo e a meritocracia viraram “mantras” (principalmente entre os “workaholics”), contudo isso não resultou na redução da desigualdade e em melhores condições de vida. Um trabalhador braçal tem a mesma relevância de alguém dedicado a uma área mais intelectual; porém, o grau de instrução é a medida, raramente justa, a determinar a visibilidade pública e o reconhecimento social do outro, neste país.


O valor do trabalho não pode se circunscrever à ocupação do indivíduo, posto que todas as profissões contribuem para o perfeito funcionamento da engrenagem social. A exploração análoga à escravidão é, entretanto, ainda uma realidade no mundo, e precisa ser denunciada e combatida por todos. Desvalorizar alguém, ignorando-o ou humilhando-o por seu trabalho, é uma forma de preconceito que deve, portanto, ser coibida. Para eliminá-lo, é necessária uma educação que estimule valores humanos, o senso crítico e a empatia, afinal “o outro, somos todos nós.” 



[Produzida com os alunos na terça (27/12/2017), em sala de aula (no MAXIMIZE Paulista Manhã). Esta redação tem como tema  "O trabalho e sua função social na modernidade: visibilidade e invisibilidade das profissões" e foi enviada gentilmente por Sophia Elizabete Dong. Revisei o texto  para torná-lo também mais preciso.]

REDAÇÃO. Tema: O crescente fenômeno dos "youtubers"

Na rede dos “youtubers”

O fenômeno dos “youtubers” (celebridades digitais) é produto da popularização e do aperfeiçoamento tecnológico da internet. A facilidade de produção, sua diversidade potencial e a necessidade de “guias” num mundo hiperconectado são os principais fatores.

A televisão, com seus recursos audiovisuais, foi a principal influenciadora da moda, comportamento, cultura e política no século XX. Tais concessões públicas, entretanto, sempre estiveram sob o controle de uma elite econômica, já que programas exigiam um alto investimento de produção. Hoje, as emissoras de televisão estão decadentes, justamente por que o usuário, de telespectador passivo, passou a produtor de conteúdo; não apenas monetizando, mas fazendo da sua fama e influência um negócio.

Pesquisa recente nos EUA revelou que a população entre 18 e 34 anos consome mais programação “online” do que quaisquer outras mídias. Isto decorre da multiplicidade de assuntos e estilos com que a informação e o entretenimento são disseminados na “web”. Se artistas renomados/consagrados foram idolatrados - seja pela beleza, talento ou originalidade – por fãs apaixonados na indústria cultural, - atualmente, o sujeito comum, de linguagem espontânea, mais do que uma celebridade, mostrou-se um amigo virtual acessível para contatos e respostas.

Embora a internet tenha expandido e democratizado o acesso à informação, nunca foi tão necessária a presença de guias e modelos para “geração net”. Hoje, há canais de vídeo de todo tipo: culinária, maquiagem, jogos, crítica de artes e política, opinativos etc. “YouTubers”, contudo, que produzem conteúdo fútil, como “pegadinhas” ofensivas, abertura de caixas e/ou que reagem de maneiro idiota a vídeos são campeões em visualizações, compartilhamento e “engajamento” do seu público.

A velocidade da rede e a sua proliferação em telas diversas – celulares, “tablets”, “SmartTvs” – deu fama repentina a muitos para muitos, já que o compartilhamento de experiências comuns se tornou a chave do sucesso. Apesar de os “youtubers” terem um ciclo efêmero, acreditamos que os mais versáteis e consistentes quanto ao conteúdo se consolidarão; o que limitará ainda mais o controle de grupos hegemônicos de mídia com interesses para além daqueles realmente úteis aos internautas. A seleção realizada pelo público deve vir, entretanto, de uma visão crítica a ser estimulada nos lares, escolas e associações, só assim permitirá, portanto a depuração do conteúdo da rede, tornando-a ainda mais democrática e plural.

[Produzida com os alunos na terça (26/12/2017), em sala de aula (no MAXIMIZE Paulista Manhã). Esta redação tem como tema "O fenômeno dos Youtubers" e foi enviada gentilmente por Sophia Elizabete Dong. Revisei o texto  para torná-lo mais preciso.]

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

REDAÇÃO. Tema: O crescente fenômeno dos "youtubers"

Youtubers”: libertários ou oportunistas?

O fenômeno dos "youtubers" (celebridades digitais produtoras de vídeos para o YouTube) está diretamente ligado à ascensão da internet. A fixação do público em alguns canais, a restrição do foco a determinados conteúdos e a influência em hábitos comportamentais e de consumo são pontos a serem considerados.
A televisão tradicional se consagrou no século XX como a principal propagadora de entretenimento, informação, cultura e educação, no mundo. Dominada por empresas, políticos e igrejas, ela se tornou, não só um instrumento de manipulação e controle mas também de doutrinação consumista, já que sustentada por anúncios publicitários. Sua decadência, entretanto, tem como ponto de partida o surgimento da internet. A popularização dos aparatos virtuais e da banda larga possibilitou ao usuário tanto interagir como produzir seu próprio conteúdo. "Tablets", "Smart-tvs" e celulares, não importa a tela, "youtubers" se tornaram porta-vozes e agentes dessa mudança, devido também ao barateamento do sistema de gravação e veiculação de vídeos.
Embora diversidade e multiplicidade sejam características da rede, não raramente a atenção do usuário é capturada por celebridades narcisistas e superficiais. Se "youtubers" são guias e modelos para jovens num mundo hiperconectado, hoje muitos optam por propagar conteúdos banais, de humor fácil ou vulgar, quando não se reduzem a comentaristas tolos de vídeos ("reaction") ou a “abridores” de caixas ("unboxers"). Consagrados na "web", vários destes formadores de opinião só estão à cata de visualizações, já que monetizam/lucram com “curtidas” na plataforma de vídeos, logo sendo cooptados pela publicidade ou pela mídia convencional.
Linguagem direta, espontânea e pessoal permite aos "youtubers" uma conexão com o usuário por meio da identificação. A experiência comum, cotidiana e prosaica confere a eles credibilidade, entretanto, oculta interesses mercadológicos, nada distinto, portanto, do feito pelos antigos veículos de massa. A propagação do ódio, a alienação, a polarização e o consumismo não são raras entre "youtubers", devido à grande influência exercida em jovens em formação sem  olhar crítico para tais conteúdos.
O crescimento da rede é incontornável, um espaço propício para aflorar guias libertários e mercenários oportunistas. Fundamental é, portanto, estimular um consumo mais comedido e responsável da rede. O barateamento da produção de conteúdo, em que muitos produzem para muitos, entretanto, é um aspecto positivo a ser defendido contra censores e manipuladores da informação. Devemos, portanto, estimular o conteúdo de qualidade, a fim de garantir que a influência e repercussão de produtores responsáveis contribuam para a democratização e aprimoramento da sociedade para além da rede.



[Produzida com os alunos na terça (26/12/20170, em sala de aula (no MAXIMIZE Paulista Noturno), esta redação tem como tema "O fenômeno dos Youtubers" e foi enviada pelo Alison Silva. Fica desde já meu agradecimento a ele. Revisei o texto e dei "um tapa" para ficar mais preciso.]

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Mano Brown e Francisco Bosco discutem lugar de fala e apropriação cultural





O cantor Mano Brown, que fez a voz da periferia ecoar no Brasil  e o escritor Francisico Bosco, autor do polêmico livro "A vítima tem sempre razão?" discutem o crescimento dos movimentos identitários, como o movimento negro, LGBT e feminista, no cenário brasileiro atual e a necessidade de que seus debates sejam públicos e irrestritos para fazer avançar as lutas sobre os direitos humanos no país.

REDAÇÃO. Sobre Anitta, carreira internacional, funk e capital cultural



Ben-Hur Bernard


Na crise, a inteligência criativa de Anitta se chama malandragem

O meme é hoje uma linguagem quase tão universal quanto a música e um dos memes criados esse ano, no meio do completo caos que se encontra o país, diz “A única coisa que tem dado certo no Brasil é a Anitta”. E é mesmo!

Quando se constata uma crise, a postura mais inteligente é ser pragmático. Enquanto a gente vive uma crise de identidade política, onde todos os nossos heróis estão mortos e estamos todos correndo como baratas tontas, Anitta foi estudar. Com um know how absurdo, a funkeira decifrou como o brasileiro consome música e nos usou como base de apoio (incondicional) e começou a se lançar ao mercado internacional. Anitta disse em entrevistas recentes que não há como comparar o mercado fonográfico brasileiro ao já manjado (ou, por que não dizer, viciado?) estadunidense. Nós somos muito complexos, aparentemente. E é nessa complexidade que Anitta se fez e se faz, mostrando uma versatilidade que só grandes e pouquíssimos nomes da música mundial consegue sustentar.

Assim surgiu o projeto “Check Mate”, onde ela lançou quatro músicas e seus respectivos vídeos, um por mês. Anitta abriu mão de lançar um álbum coeso e fechado, que demandaria muito mais trabalho logístico e artístico, para trabalhar minimamente música por música, separadamente, visando públicos e objetivos completamente diferentes e disponibilizando material novo. Uma estratégia de guerra, literalmente, uma guerra de números, engajamento e streaming, que nunca se viu sendo realizada no cenário musical brasileiro. E nunca vimos isso não só porque nunca tivemos uma artista pop – no sentido literal da palavra – tão grande, mas porque o Brasil de 2017 é um país estrangeiro até mesmo para os brasileiros. Mas Anitta decodificou esse ambiente, ela tinha um visto no passaporte para esse novo Brasil.

Ela começou o projeto pelo fim, dando pistas e deixando vazar, deliberadamente, informações sobre a última música do projeto, “Vai Malandra”. E enquanto o público já cativo da cantora roía as unhas esperando por essa música, Anitta seguiu desbravando os públicos e metas que, até então, eram inéditos para ela.

Antes mesmo do projeto começar, Anitta lançou “Paradinha”, em espanhol, se lançando solo ao mercado latino, que se encontra em altíssima expansão no mundo, muito propiciado também pela crise do pop feminino estadunidense desde 2013. O 'Check Mate' se inicia com “Will I See You”, quando Anitta esfrega na cara de uma pretensa elite boboca brasileira que ela sabe cantar e que tem capacidade de entreter um público mais “adulto”, deslizando com muita facilidade na bossa nova. Depois veio “Is That For me”, uma música eletrônica para consumo rápido, atingindo um público internacional que consome música nova como quem respira. No mês seguinte veio “Downtown”, em espanhol, parceria com J. Balvin, que hoje é o cantor latino mais influente no mundo. Até aqui, Anitta foi do papagaio ao vovô e vovó, do norte ao sul, e conseguiu nada mais, nada menos, que 10 milhões de novos ouvintes na plataforma de streaming mais popular do planeta, o Spotify.

No dia 18 de dezembro chegou ao fim o projeto em que Anitta deu um cheque mate e encerrou da melhor maneira a incursão mais bem sucedida de uma brasileira no mundo da música. Segundo a Billboard, uma das mais importantes publicações sobre música do mundo, a carioca é uma das 50 artistas mais influentes nas redes sociais no planeta, sendo ela a única pessoa brasileira na lista. Conquistou também o top 100 do Spotify como uma das artistas mais ouvidas no mundo, sendo também a única brasileira/o.

Mas ainda não falamos de “Vai Malandra”...

Com “Vai Malandra”, Anitta volta ao morro, ao funk e ao Rio para agradecer e para ostentar, com muita pompa, que aquela menina que todos diziam que não ia passar de uma música, hoje é o maior nome brasileiro na boca do mundo. E se não havia ficado claro que Anitta estudou bastante para realizar o projeto ‘Check Mate’, com essa última música, tudo se esclarece. Embora o talento e a versatilidade inegáveis de Anitta a lancem como um dos nomes mais promissores do novo pop glocal (global e local), embora fique evidente pra gringo ver que ela pode entregar um material que se compara, em nível de qualidade e possibilidade de engajamento, com os artistas internacionais, Anitta ainda assim não seria novidade. A novidade vem do Produto Interno Bruto e o nosso PIB mais glocal que existe é o funk.

Sim, o funk!
E por que?

Porque o funk é um dos primeiros gêneros musicais nacionais que nasce a partir do sample, a partir da apropriação, da mixagem e, principalmente, da estética eletrônica e desterritorializada das mídias. Ou seja, o funk tem identidade, mas tem potencialidade de fazer frente aos ritmos colonizadores dos EUA e do Reino Unido. Não é a toa que desde meados dos anos 2000, mais precisamente em 2005 com a britânica M.I.A., o funk carioca despontou como um dos ritmos mais promissores, como novidade e alternativa ao cansaço já evidente, naquela época, do pop do norte. O funk tem em sua gênese a força da gambiarra brasileira, a flexibilidade de adentrar ou invadir os cenários musicais globais.

É isso que alguém inteligente, no meio de uma crise, faz: se compreende, compreende seu ambiente, sua possibilidade e potencialidade e, por fim, explora. O meme que brinca com a sagacidade de Anitta em meio a uma crise política, econômica, institucional... pode fazer rir, mas é sério. E que não se engane, é Anitta quem se administra, quem se empresaria, quem se dirige artisticamente e trabalha o marketing como alguém que tem anos de experiência.

O vídeo de “Vai Malandra”, por sua vez, gravado no Morro do Vidigal, com pessoas reais da comunidade, sendo inclusive algumas delas influencers digitais, não mascara ou romantiza a favela, mas faz o oposto. Anitta explora desde as suas celulites na bunda, passando pelos biquínis de fita isolante, até as fiações tortas das ruas estreitas da favela. Um marqueteiro ou um ministro da Economia do vampiro Michel Temer faria o oposto, esconderia, maquiaria. Claro, a ideia aqui é mostrar o quanto nós podemos ser iguais aos do norte. Anitta tem uma ideia diferente, no meio dessa muvuca de chão tremulante: o melhor é mostrar o quanto somos diferentes, não só nós em relação a eles lá no norte, mas também entre nós mesmos. Anitta entendeu a complexidade do brasileiro contemporâneo por meio do consumo e entendeu como explorar isso. Agora colhe os frutos. Anitta decretou K.O. ao viralatismo brasileiro, descendo, rebolando e quicando. Enquanto estamos todos buscando lá fora (como sempre foi há mais de 500 anos) os remédios de nossas dores de cabeça, Anitta extraiu da esquina da sua casa uma pomadinha milagrosa que funciona: a malandragem.

Vídeo de "Vai Malandra": https://www.youtube.com/watch?v=kDhptBT_-VI


Baixar legenda do youtube



https://www.downsub.com

O caso dos irmãos Naves



Série: "Crimes famosos que marcaram a história"

O Caso dos Irmãos Naves:

É Considerado o maior caso de injustiça da história do Brasil.

Joaquim e Sebastião, os irmãos Naves, moravam na cidade de Araguari em Minas Gerais, eram agricultores, trabalhavam com cultivo e venda de cereais, em sociedade com um primo, Benedito Pereira Caetano. 
A sinistra história começa com um negócio realizado pelo primo dos irmãos. Benedito comprou muitas sacas de arroz, o preço caiu, e ele as vendeu, recebendo todo dinheiro em um cheque, ao realizar o saque, guardou o dinheiro e despareceu misteriosamente. Joaquim e Sebastião foram prestar queixa e o delegado responsável desconfiou dos irmãos. 
O Brasil vivia o período ditatorial do Estado Novo, era uma ditadura civil-militar, que possuía Getúlio como líder totalitário. O delegado(tenente) militar Francisco Vieira dos Santos, foi designado para o caso. Precisando dar respostas rápidas ao suposto crime cometido, inicia um inferno na vida dos irmãos Naves. Através da aplicação de métodos de tortura, como, extrações de dentes, estupro da mãe na frente dos irmãos, pau de arara, frequentes espancamentos, Joaquim e Sebastião são obrigados a confessar o assassinato e sumiço do primo Benedito.
A denuncia é aceita pelo Ministério Público e os irmãos passam por vários juris e apelações. Foram mais de 10 anos entre julgamentos e apelações, e nada de comprovação da inocência. Mesmo os réus absolvidos por juri popular, a sentença nunca era unânime.

Em 1952, o primo Benedito reaparece em Araguari, os irmãos são inocentados, Joaquim já havia morrido.

Principais Referências:

ALAMY, João Filho. O Caso dos Irmãos Naves – Um erro judiciário. 3ª Edição. Belo Horizonte. Editora Del Rey : 1993.

http://errosdojudiciario.blogspot.com.br/

Filme:

Link no youtube para o filme de Luiz Sérgio Person de 1967

https://www.youtube.com/watch?v=aMrZu0P9ikc

Link do youtube para o episódio do Linha Direta Justiça.

https://www.youtube.com/watch?v=MXxq4P-oQSg

IDEIAS. As Fakenews, a injustiça e o comportamento irresponsável da mídia


O caso da Escola Base é considerado o maior erro de imprensa da história do Brasil. 

Acima manchete do jornal Noticias Populares, abaixo frente da Escola Base pichada por civis.

Escola Base foi um colégio particular localizado no bairro da Aclimação, no município de São Paulo. Em março de 1994, seus proprietários,o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, a professora Paula Milhim Alvarenga e seu esposo Maurício Monteiro de Alvarenga foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos da escola. 

A acusação foi realizada por algumas mães, depois que um dos alunos disse em casa que sabia como um homem fazia sexo com uma mulher, pois ele já havia visto. As mães consideraram que os filhos só poderiam terem visto essas coisas dentro da escola. Entraram com queixa crime contra os donos da escola. O assunto caiu nas redações da imprensa como uma bomba.

Foi aberto inquérito investigativo e judicialmente os proprietários foram absolvidos de todos os crimes a que foram acusados, não havia evidências nem provas de delito praticado, inclusive o comportamento do aluno foi decorrente de um vídeo pornográfico que havia visto na casa de um colega. 

A imprensa realizou o julgamento antes da justiça. Os proprietários da escola foram caçados por justiceiros e tiveram suas vidas destruídas em consequência das falsas condenações publicadas nos principais jornais do país. 

Os direitos de respostas, concedidos pela justiça, pararam nos rodapés das páginas dos jornais, e a imprensa não deu a mesma atenção para a absolvição dos acusados. 

O caso, até hoje, é estudado nas faculdades de jornalismo do país, e ainda transitam na justiça os devidos processos indenizatórios.

INT

  Ambiente/Cenário/Contexto: máquina automática de reposição automática de profissionais coisificados Foco: personagem: profissionais à vend...