“Youtubers”:
libertários ou oportunistas?
O fenômeno dos "youtubers" (celebridades
digitais produtoras de vídeos para o YouTube) está diretamente
ligado à ascensão da internet. A fixação do público em alguns
canais, a restrição do foco a determinados conteúdos e a
influência em hábitos comportamentais e de consumo são pontos a
serem considerados.
A televisão tradicional se consagrou no século XX como
a principal propagadora de entretenimento, informação, cultura e educação, no mundo. Dominada por empresas, políticos e
igrejas, ela se tornou, não só um instrumento de manipulação e
controle mas também de doutrinação consumista, já que sustentada
por anúncios publicitários. Sua decadência, entretanto, tem como
ponto de partida o surgimento da internet. A popularização dos
aparatos virtuais e da banda larga possibilitou ao usuário tanto
interagir como produzir seu próprio conteúdo. "Tablets",
"Smart-tvs" e celulares, não importa a tela, "youtubers" se tornaram porta-vozes e agentes dessa mudança, devido também ao barateamento do sistema de gravação e veiculação de vídeos.
Embora diversidade e multiplicidade sejam
características da rede, não raramente a atenção do usuário é
capturada por celebridades narcisistas e superficiais. Se
"youtubers" são guias e modelos para jovens num mundo
hiperconectado, hoje muitos optam por propagar conteúdos banais, de
humor fácil ou vulgar, quando não se reduzem a comentaristas tolos
de vídeos ("reaction") ou a “abridores” de caixas
("unboxers"). Consagrados na "web", vários destes formadores
de opinião só estão à cata de visualizações, já que
monetizam/lucram com “curtidas” na plataforma de vídeos, logo
sendo cooptados pela publicidade ou pela mídia convencional.
Linguagem direta, espontânea e pessoal permite aos
"youtubers" uma conexão com o usuário por meio da
identificação. A experiência comum, cotidiana e prosaica confere a eles credibilidade, entretanto, oculta interesses mercadológicos, nada distinto, portanto, do feito pelos antigos veículos de massa. A propagação
do ódio, a alienação, a polarização e o consumismo não são
raras entre "youtubers", devido à grande influência
exercida em jovens em formação sem olhar crítico para tais
conteúdos.
O crescimento da rede é incontornável, um espaço
propício para aflorar guias libertários e mercenários
oportunistas. Fundamental é, portanto, estimular um consumo mais
comedido e responsável da rede. O barateamento da produção de
conteúdo, em que muitos produzem para muitos, entretanto, é um
aspecto positivo a ser defendido contra censores e manipuladores da
informação. Devemos, portanto, estimular o conteúdo de qualidade,
a fim de garantir que a influência e repercussão de produtores
responsáveis contribuam para a democratização e aprimoramento da
sociedade para além da rede.
[Produzida
com os alunos na terça (26/12/20170, em sala de aula (no MAXIMIZE Paulista
Noturno), esta redação tem como tema "O fenômeno dos
Youtubers" e foi enviada pelo Alison Silva.
Fica desde já meu agradecimento a ele. Revisei o texto e dei "um
tapa" para ficar mais preciso.]
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