sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Respondendo um comment sobre Moby Dick

Bem creio que aos doze anos deve ter lido a versão recontada infanto-juvenil, e não as 600 páginas que compõe o original de Melville cheio de tratados, digressões complexas, ensaios teológicos e filosóficos e históricos entremeando a narrativa. Ainda que aos 12 anos lido todo o volume, será necessário reler, pois nesta idade não se tem maturidade para se compreender o largo aspecto desta obra complexa, universal, analisada por grandes pensadores, críticos, escritores e filósofos. Querer definir o que o autor quis dizer ao escreve-la é uma tolice, pois certamente, ao leitor do século xxi a experiencia de mundo é outra e se é incapaz de se "pensar" como um homem do princípio do sec XIX, quando não existia ainda nem luz elétrica. Todo leitor atualiza o que lê, ninguem lê Romeu e Julieta como uma crítica aos erros da paixão juvenil, mas hoje, como uma ode/elogio ao amor. Se ler o original, atenta ao capítulo 99 (O dobrão) em que Melville explica que nada é simples, e uma simples moeda traz toda uma simbologia religiosa, geográfica, histórica, social. Ou seja, alguém que vê tantas camadas numa moeda, nao teria feito uma baleia ser só uma baleia, já que na própria obra o narrador afirma que não há um unico sentido nos atos dos homens. 

REDAÇÃO. Tema: bolhas e muros no século XXI

Estourando bolhas, derrubando muros e construindo pontes

Os muros concretos ou simbólicos são uma das marcas das sociedades do séc. XXI. Embora a globalização “prometesse” a união entre os diversos povos, a Internet (como plataforma também de acesso), ela não se realizou de fato e se restringe, hoje, cada vez mais, a bolhas de segregação.

Se uma sociedade capitalista é marcada por mudanças aceleradas, hipercompetitividade e individualismo exacerbado, momentos de crise  radicalizam o instinto de defesa das nações resultando em xenofobia. Protecionismo econômico, controle migratório, aumento do conservadorismo/nacionalismo e crescente intolerância às minorias e aos estrangeiros são “produtos” de uma política global que só se limitou a trocas comerciais, difusão de marcas e franquias, não de integração real.

A revolução tecnológica popularizou os aparatos de comunicação, entretanto, a segregação e o afastamento sobrepuseram-se à inclusão. Assim, “bolhas” surgiram nas redes sociais com os algoritmos que relacionam, segmentam e restringem o usuário a um grupo de pensamento único; já que mercantilizam as relações humanas como um nicho de mercado. O “curtir” e o “compartilhar” não só superficializam as interações, mas também afunilam a nossa visão de mundo. 

Há um distanciamento progressivo entre as classes sociais. Apesar dos avanços político-sociais nas últimas décadas no Brasil, com inclusão dos mais pobres a espaços antes exclusivos às elites, assistimos hoje a um retrocesso desses ganhos. O geógrafo Milton Santos já alertava para a falácia da “aldeia global”, onde “as sociedades com acesso às ferramentas tecnológicas se integrariam cada vez mais, e os menos favorecidos seriam marginalizados e/ou excluídos de suas benesses.”

Característica dos nossos tempos, os muros sociais se contrapõem às liberdades individuais, visto que muitos grupos terminam rotulados e tratados como cidadãos de segunda classe. Precisamos, portanto, rever o conceito de Globalização, a fim de expandi-lo para o sentido de intercâmbio de saberes entre culturas, com respeito à diversidade, única forma de se derrubar muros e se construir pontes de valores humanistas e democráticas.


[Redigido coletivamente no Maximize Paulista, tuma do SOS/Tarde, em 26.12.2018]

INTERPRETAÇÃO. Charge sobre Educação moderna


Na aula de encerramento da turma de redação (dia 26/12) no Maximize/Paulista, fizemos uma redação com o tema Escola X Rede: a construção do sujeito do séc. XXI. Hoje, no facebook, "caiu" na minha timeline esta charge que parece ter sido feita para fomentar esse tema.

Acho bastante interessante o conflito geracional encenado nesta charge. Seu tema é de como o conhecimento se fazia para o aluno a partir da escola no passado e no presente perpassa meios tecnológicos. Se a sátira traz, contudo, em seu título uma pergunta e não uma afirmação, a sentença tanto pode ser considerada um comentário irônico do chargista, como também a abertura para uma reflexão. (já que interrogativa e aberta), cuja resposta parece encenada no contexto de comunicação entre os dois personagens.

Mas chargistas são sagazes (ou intuitivos): este pai (o vocativo ali no começo, deixa claro tratar-se do pai, assim como o cabelo similar do garoto e o fato dele estar "assentado" num sofá-trono), está posicionado parcialmente de costas para o filho. Se o garoto pergunta com certo ar ingênuo, sem qualquer malícia sobre os meios usados no passado na escola, a resposta brusca, agressiva, irônica (que nos faz rir, ao constituir conteúdo "crítico" da sátira) também nos fala da arrogância do "mais velho" em relação ao "novo". Podemos perceber certa postura, ao mesmo tempo autoritária e indiferente deste pai, também fechado em si, concentrado num jornal do qual não se desvia. Não por acaso, o jornal e seu suporte (o papel) e a leitura foram as "formas" principais de aquisição do conhecimento fora e dentro do espaço também escolar, portanto, formas "antigas". Ao responder que se usava anteriormente "a cabeça" (metáfora para dizer que a ferramenta utilizada não era mecânica/eletrônica, nem externa, mas inteligência (cabeça/cérebro), o que se depreende é uma crítica à geração atual, que não só é dependente de meios tecnológicos, mas burra. Por que não ver, também no quadrinho, para além da "educação moderna" - formalizada na escola e mediada por aparatos, - essa outra forma de "educação moderna"? Ou seja: do pai ausente e ensimesmado que já não dialoga e "ensina" olho no a olho ao filho, à maneira antiga que aparentemente defende/valoriza, mas que na prática, não aplica.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Brasil, um país do passado (matéria da alemã DW - Deutsche Welle)

No Brasil, está na moda um anti-intelectualismo que lembra a Inquisição. Seus representantes preferem Silas Malafaia a Immanuel Kant. Os ataques miram o próprio esclarecimento, escreve o colunista Philipp Lichterbeck.



É sabido que viajar educa o indivíduo, fazendo com que alguém contemple algo de perspectivas diferentes. Quem deixa o Brasil nos dias de hoje deve se preocupar. O país está caminhando rumo ao passado.

No Brasil, pode ser que isso seja algo menos perceptível, porque as pessoas estão expostas ao moinho cotidiano de informações. Mas, de fora, estas formam um mosaico assustador. Atualmente, estou em viagem pelo Caribe – e o Brasil que se vê a partir daqui é de dar medo.

Na história, já houve momentos frequentes de regresso. Jared Diamond os descreve bem em seu livro Colapso: Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Motivos que contribuem para o fracasso são, entre outros, destruição do meio ambiente, negação de fatos, fanatismo religioso. Assim como nos tempos da Inquisição, quando o conhecimento em si já era suficiente para tornar alguém suspeito de blasfêmia.

No Brasil atual, não se grita "herege!", mas "comunismo!". É a acusação com a qual se demoniza a ciência e o progresso social. A emancipação de minorias e grupos menos favorecidos: comunismo! A liberdade artística: comunismo! Direitos humanos: comunismo! Justiça social: comunismo! Educação sexual: comunismo! O pensamento crítico em si: comunismo!

Tudo isso são conquistas que não são questionadas em sociedades progressistas. O Brasil de hoje não as quer mais. 

Porém, a própria acusação de comunismo é um anacronismo. Como se hoje houvesse um forte movimento comunista no Brasil. Mas não se trata disso. O novo brasileiro não deve mais questionar, ele precisa obedecer: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". 

Está na moda um anti-intelectualismo horrendo, "alimentado pela falsa noção de que a democracia significa que a minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento", segundo dizia o escritor Isaac Asimov. Ouvi uma anedota de um pai brasileiro que tirou o filho da escola porque não queria que ele aprendesse sobre o cubismo. O pai alegou que o filho não precisa saber nada sobre Cuba, que isso era doutrinação marxista. Não sei se a historia é verdade. O pior é que bem que poderia ser.

A essência da ciência é o discernimento. Mas os novos inquisidores amam vídeos com títulos como "Feliciano destrói argumentos e bancada LGBT". Destruir, acabar, detonar, desmoralizar – são seus conceitos fundamentais. E, para que ninguém se engane, o ataque vale para o próprio esclarecimento.

Os inquisidores não querem mais Immanuel Kant, querem Silas Malafaia. Não querem mais Paulo Freire, querem Alexandre Frota. Não querem mais Jean-Jacques Rousseau, querem Olavo de Carvalho. Não querem Chico Mendes, querem a "musa do veneno" (imagino que seja para ingerir ainda mais agrotóxicos). 

Dá para imaginar para onde vai uma sociedade que tem esse tipo de fanático como exemplo: para o nada. Os sinais de alerta estão acesos em toda parte.

O desmatamento da Floresta Amazônica teve neste ano o seu maior aumento em uma década: 8 mil quilômetros quadrados foram destruídos entre 2017 e 2018. Mas consórcios de mineradoras e o agronegócio pressionam por uma maior abertura da floresta.

Jair Bolsonaro quer realizar seus desejos. O próximo presidente não acredita que a seca crescente no Sudeste do Brasil poderia ter algo a ver com a ausência de formação de nuvens sobre as áreas desmatadas. E ele não acredita nas mudanças climáticas. Para ele, ambientalistas são subversivos.

Existe um consenso entre os cientistas conhecedores do assunto no mundo inteiro: dizem que a Terra está se aquecendo drasticamente por causa das emissões de dióxido de carbono do ser humano e que isso terá consequências catastróficas. Mas Bolsonaro, igual a Trump, prefere não ouvi-los. Prefere ignorar o problema.

Para o próximo ministro brasileiro do Exterior, Ernesto Araújo, o aquecimento global é até um complô marxista internacional. Ele age como se tivesse alguma noção de pesquisas sobre o clima. É exatamente esse o problema: a ignorância no Brasil de hoje conta mais do que o conhecimento. O Brasil prefere acreditar num diplomata de terceira categoria do que no Instituto Potsdam de Pesquisa sobre o Impacto Climático, que estuda seriamente o tema há trinta anos.

Araújo, aliás, também diz que o sexo entre heterossexuais ou comer carne vermelha são comportamentos que estão sendo "criminalizados". Ele fala sério. Ao mesmo tempo, o Tinder bomba no Brasil. E, segundo o IBGE, há 220 milhões de cabeças de gado nos pastos do país. Mas não importa. O extremista Araújo não se interessa por fatos, mas pela disseminação de crenças. Para Jared Diamond, isso é um comportamento caraterístico de sociedades que fracassam. 

Obviamente, está claríssimo que a restrição do pensamento começa na escola. Por isso, os novos inquisidores se concentram especialmente nela. A "Escola Sem Partido" tenta fazer exatamente isso. Leandro Karnal, uma das cabeças mais inteligentes do Brasil, com razão descreve a ideia como "asneira sem tamanho".

A Escola Sem Partido foi idealizada por pessoas sem noção de pedagogia, formação e educação. Eles querem reprimir o conhecimento e a discussão. 

Karl Marx é ensinado em qualquer faculdade de economia séria do mundo, porque ele foi um dos primeiros a descrever o funcionamento do capitalismo. E o fez de uma forma genial. Mas os novos inquisidores do Brasil não querem Marx. Acham que o contato com a obra dele transformaria qualquer estudante em marxista convicto. Acreditam que o próprio saber é nocivo – igual aos inquisidores. E, como bons inquisidores, exortam à denúncia de mestres e professores. A obra 1984, de George Orwell, está se tornando realidade no Brasil em 2018.

É possível estender longamente a lista com exemplos do regresso do país: a influência cada vez maior das igrejas evangélicas, que fazem negócios com a credulidade e a esperança de pessoas pobres. A demonização das artes (exposições nunca abrem por medo dos extremistas, e artistas como Wagner Schwartz são ameaçados de morte por uma performance que foi um sucesso na Europa). Há uma negação paranoica de modelos alternativos de família. Existe a tentativa de reescrever a história e transformar torturadores em heróis. Há a tentativa de introduzir o criacionismo. Tomás de Torquemada em vez de Charles Darwin.

E, como se fosse uma sátira, no Brasil de 2018 há a homenagem a um pseudocientista na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que defende a teoria de que a Terra seria plana, ou "convexa", e não redonda. A moção de congratulação concedida ao pesquisador foi proposta pelo presidente da AL e aprovada por unanimidade pelos parlamentares.

Brasil, um país do passado. 




Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, ele colabora com reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para os jornais Tagesspiegel (Berlim), Wochenzeitung (Zurique) e Wiener Zeitung. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

ESTRUTURA. Forma e organização paragrafal do texto dissertativo

ESTRUTURA. Forma e organização paragrafal do texto dissertativo





TÍTULO CENTRALIZADO
[Sem aspas, sem traço embaixo, com inicial maiúscula.
Lembrando que título é “o nome do texto que você compôs”,
e que tema é “o assunto proposto para que você disserte]


1o. parágrafo: é o Tópico frasal, deve ser composto de duas partes escritas em até quatro linhas. A (parte A) é a apresentação do tema proposto. Deve corresponder a resposta da pergunta: “sobre o que você irá dissertar?”(Ela deve ser apresentada em ordem direta: sujeito + verbo + complemento). A esta segue (com ponto final e letra maiúscula, e continuar na mesma linha) uma oração composta de três questões relacionadas ao tema. Normalmente, trata-se de três problemas/motivos/razões/consequências. Exemplo:

Muitas adolescentes engravidam todos os anos no Brasil. Isto ocorre por ausência de diálogo na família (ideia1), falta de informação (ideia1) e, até mesmo, por imaturidade de muitas jovens (ideia3)
2o. parágrafo: é o de desenvolvimento da ideia1 (no caso: “a ausência de diálogo na família). Neste ponto, serão seis linhas (cada uma das ideias deve ser desenvolvida dentro desse limite de linhas) onde você deve escrever/dissertar sobre a relação entre “gravidez precoce” e “ausência de diálogo na família”. O texto deve ser dissertativo-argumentativo, escrito numa linguagem formal e, portanto, deve apresentar exposição e questionamento entre esses dois pontos.

3o. parágrafo: é o de desenvolvimento da ideia2 (no caso: “falta de informação”). Neste ponto, serão igualmente seis linhas. Você deve escrever/dissertar sobre a relação entre “gravidez precoce” gerada pela “falta de informação”. Podemos pensar num crescendo: são raras as escolas que tem a disciplina de Educação Sexual; o governo é omisso em relação a campanhas de prevenção à gravidez precoce, restringindo-se a campanhas em período do carnaval e outras festas; as diversas mídias pouco tratam do assunto, pelo contrário, estimulam a sexualidade precoce do jovem. São pontos a ser postos e debatidos. Aqui também o texto deve ser argumentativo, com exposição e questionamento entre esses dois pontos.

4o. parágrafo: é o de desenvolvimento da ideia3 (no caso: “imaturidade dos jovens”). Nestas seis linhas, os argumentos deverão mostrar que apesar do diálogo no lar e do acesso à informação engravida-se na adolescência intencionalmente, mas por imaturidade: com o proposito de “emancipar-se e adentrar de vez na vida adulta constituindo nova família”, ou com o intuito de fortalecer o vínculo com determinado parceiro; até mesmo pelo pensamento mágico de que tal fator não sucederia. Aqui o papel do jovem (a recusar o uso de preservativo etc) pode ser acrescentado.

5o. parágrafo: é o da Conclusão. Ele consiste no resumo ou recapitulação do que você afirmou no seu texto (isso brevemente, no máximo em duas linhas) e na sequência, uma “proposta de solução positiva (isso é fundamental) para os problemas apresentados”. Neste caso, os problemas a serem solucionados, dizem respeito a estimular o diálogo na família, exigir campanhas e programas de prevenção à gestação precoce, implementação de Educação Sexual nas escolas seria outra medida interessante; assim como exigir do governo atenção para o problema (também preparando profissionais e aparelhando postos e hospital com material contraceptivo para jovens, como pílula anticoncepcional, camisinha masculina e feminina, etc). O parágrafo de conclusão deve ser redigido em até 8 linhas (para o ENEM).

Importante entender que a oração que abre a conclusão corresponde a mesma frase que abre o tópico frasal, levemente modificada, acrescentado o ", PORTANTO," (entre vírgulas). Seguido a ele deve vir a PROPOSTA DE SOLUÇÃO PARA O PROBLEMAS, ou INTERVENÇÃO. Ela tem que responder em sequencia as seguinte questões: QUEM deve tomar as medidas? (esse quem é um órgão concreto Um Ministéria/MINC/ONU etc), O QUE irá fazer? (que medidas irá tomar: garantir/defender/proteger etc) COMO ira fazer? (o processo concreto: palestra, campanhas, atendimento, criando leis etc) e PARA QUE vai fazer? (com que finalidade, para minimizar, sanar, resolver, solucionar, defender etc]





Observações

a) O vestibular solicita que você redija um texto em prosa; portanto, é necessário que o texto seja organizado em parágrafos bem demarcados, e que haja separação de sílabas caso a palavra não caiba no final das margens.

b) A linguagem da redação é formal, logo, é necessário eliminar expressões conotativas no seu texto. Ou seja, procure usar uma linguagem clara, objetiva, concisa, próxima, portanto, ao uso denotativo das palavras.

c) Seu texto precisa ter coesão. As partes sucedem numa ordem lógica, que se liga por contiguidade de sentido e avança ao longo da leitura para uma síntese, uma conclusão. Isto é importante para evitar que se fuja ao tema, a estrutura apresentada em cinco parágrafos ajuda a evitar o texto “blocão”, aquele constituído de um só parágrafo e com poucos ou quase nenhum ponto final no corpo do texto, um erro muito frequente aos candidatos do vestibular.

d) O número de linhas dadas corresponde a uma redação de 30 linhas totais, sem contar o título do texto. Esse número foi determinado, pois a maior parte dos vestibulares pede esse tamanho. Você pode fazer três linhas a menos ou três linhas a mais, sem o risco de sua redação ser desclassificada.

e) Ao apresentar seu ponto de vista, prefira impessoalizar seu texto usando duas estratégias discursivas: o emprego dos verbos ou na 3a pessoa do singular +se (Observa-se, nota-se, entende-se...) ou verbos na 1a pessoa do plural, com os quais você se inclui e se expressa numa voz coletiva (Observamos que, notamos que, entendemos que...).


f) É fundamental para que a redação apresente uma carga argumentativa, o uso de conjunções complexas. As adversativas (mas, porém, entretanto, contudo, todavia, no entanto, não obstante); conclusivas (portanto, logo, assim), causais (já que, visto que, posto que, devido à, graças à), concessivas (embora, ainda que, se bem que), condicionais (se, caso), conformativas (conforme, segundo, como), finais (a fim de que, para que) e tantas outras conjunções adverbiais, que são as mais complexas e interessantes da língua portuguesa. Essas, entretanto, devem ser usadas de forma correta, bem articuladas, coerentes com o sentido e as ideias que deseja expressar, e jamais inseridas aleatoriamente no texto. 

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

REDAÇÃO. Tema: a influência dos aparelhos celulares no comportamento dos jovens


CELULARES: DESCONECTANDO VIDAS

A popularização dos aparelhos celulares tem influenciado profundamente o comportamento dos jovens do séc. XXI. Se para alguns é um mero símbolo de status, para outros, trata-se um acessório indispensável capaz, contudo, de induzir usuários à dependência.
Embora a primeira função dos celulares fosse as chamadas telefônicas, o advento dos “smart fones” os aproximaram da multifuncionalidade dos computadores. Inicialmente caríssimos, hoje são acessíveis às mais variadas classes sociais. Diferente dos telefones fixos, entretanto, tornaram-se aparelhos pessoais, íntimos como os antigos diários. A privacidade, contudo, nunca esteve tão ameaçada por invasões virtuais, furtos de dados e/ou aparelhos e divulgação de informações e vídeos íntimos por terceiros.
Os jovens, cada vez mais dependentes dos dispositivos,” terceirizaram” o conhecimento e a memória, já que pouco se preocupam em decorar informações ou números de familiares. Há hoje uma série de aplicativos exclusivos para celulares, dos quais a maioria dos usuários se utilizam frequentemente, como WhatsApp, GPS (Waze), Uber e Snapchat. Nunca se produziu tantas imagens no mundo, já que a mania de “selfies” (autorretrato) é marca de uma geração narcisista, extremamente individualista, autocentrada; se não, alienada.
As redes sociais mais que plataformas de encontros e trocas, tornou-se numa “vitrine de vaidade” onde a popularidade é medida por números de “likes” e “amigos” que raramente interagem de fato. Contraditoriamente, tais perfis escondem não só solidões, carências, infelicidades, mas também distúrbios. Os viciados em Facebook, Youtube e Instagram se exibissem ora com faces felizes ora com mensagens de desespero. Assim, celulares têm se revelado instrumentos de distração para vidas vazias e, contraditoriamente, desconectadas do mundo real, das relações reais e dos sentimentos reais.
A influência do celular no comportamento dos jovens é um fenômeno irreversível. Devemos, portanto, em vez de demonizar tal tecnologia, desestimular seu uso compulsivo, a fim de minimizar sua influência. Se a orientação familiar e debates em escolas são necessários, os ministérios da Educação e do Esporte devem, igualmente, investir em espaços de convivência e interação como centros culturais e parques. Promover – via SUS – tratamento médico aos dependentes/viciados (com suporte à família) é medida fundamental para que o usuário não se torne um mero acessório de seu dispositivo.

[REDAÇÃO COLETIVA REALIZADA EM SALA DE AULA NO CURSINHO MAXIMIZE MAUÁ, orientação do Prof. Eduardo (Tema possível para o ENEM). Outubro de 2018.]


REDAÇÃO. Tema: O aumento de casos de DST's e HPV entre jovens e a demonização das vacinas

DST’s, HPV e o vírus da ignorância

O aumento de casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST's), e em particular do Papiloma Vírus Humano (HPV), tem alarmado os profissionais da Saúde. Informar, conscientizar e efetuar medidas de prevenção e combate mostram-se mais do que nunca necessárias.
Raras são as campanhas de prevenção à gravidez precoce ou às DST’s no país, já que o sexo permanece um assunto tabu na sociedade brasileira. Embora a sexualidade seja um fator natural do desenvolvimento humano, os pais não só se omitem sobre o assunto com os filhos, mas também impedem que esse seja abordado em sala de aula. A disciplina de Educação Sexual, por exemplo, inexiste na maior parte das escolas públicas, visto que, a moral religiosa reprime o que julga “pecado”.
Se o Brasil se define como Estado laico, como entender que dogmas e valores religiosos determinem políticas que interferem na saúde de toda uma população? Conscientizar torna-se, portanto, imprescindível. Dos quarenta tipos de HPV que atacam as mucosas genitais e anais e comprometem a saúde (já que geram verrugas e tumores), muitos podem ser prevenidos com a vacina. Apesar dessa estar disponível na rede pública, ele tem proliferado entre uma população jovem, já que pais recusam a imunização, por a considerarem um estímulo à liberação sexual dos filhos. O HPV, contudo, não distingue credo, grupo social, nem cor.
Um perigoso movimento anti-vacinação “viralizou” nas redes e nos grupos de WhatsApp. Ele difunde factoides sobre a eficiência do tratamento e insinua complôs de empresas farmacêuticos. Tal ataque dos ignorantes contra ciências não é novo, a Revolta da Vacina enfrentada pelo sanitarista Oswaldo Cruz no começo do séc. XX já o comprova. A saúde da população, entretanto, não pode estar à merce da desinformação, já que põe vidas em risco.
O combate ao HPV e a outras doenças deve ser efetuado com objetividade e segurança; ainda que contrarie obscurantismos religiosos, insensatez e preconceitos. Vencer a desinformação conscientizando, é ação importante contra retrocessos. O Ministério da Saúde deve promover, portanto, campanhas nacionais frequentes (via mídia, escolas e associações), além de fornecer vacinação gratuita no SUS, a fim de que os jovens possam exercer sua sexualidade sem ameaça também do “vírus” da ignorância.

[REDAÇÃO COLETIVA REALIZADA EM SALA DE AULA NO CURSINHO MAXIMIZE MAUÁ EM 2018, sob orientação do Prof. Eduardo (Tema possível para o ENEM)]

domingo, 15 de julho de 2018

TEMA. Uberização do trabalho (Matéria jornalística)

A uberização da Uber,  


por Rodrigo Firmino e Bruno Cardoso

Daniele era motorista profissional, contratada por Michel para servir sua família. Seu trabalho seguia todas as regras trabalhistas, como jornada de oito horas diárias e registro em carteira. Entretanto, nas horas em que estava a trabalho e sem atividades específicas com a família de Michel, Daniele era obrigada a realizar corridas como motorista de Uber…

Desde a década de 1980, a crise que assola o mundo do trabalho e a sociedade salarial vem sendo documentada e pensada pelo trabalho acadêmico e amplamente debatida nas arenas políticas dos mais diversos países. Essa crise implica o abalo do modelo que prevaleceu em parte considerável do século XX, caracterizado pelo predomínio do emprego formal, pela força da representação sindical e pelas negociações setoriais, além da associação entre a identidade dos cidadãos e sua ocupação profissional e um perfil de gênero majoritariamente masculino. Muitas dessas transformações se consolidaram ou se radicalizaram com a popularização e a conexão constante de dispositivos comunicacionais digitais e a internet, assunto que vem sendo tratado de forma exaustiva pela sociologia.1 Como efeitos, temos ao mesmo tempo o lento fim dos empregos e o esvaecimento das fronteiras entre o trabalho e o não trabalho. Além disso, os dispositivos tecnológicos e a rede vêm propiciando o surgimento de novos modelos de trabalho e de exploração de serviços, entre os quais nos interessa aqui diretamente o da sharing economy.

Tendo como protagonistas empresas que rapidamente se tornaram gigantes do ramo, como Airbnb e Uber, o fenômeno se espalha para vários tipos de serviço, acompanhados pela grande quantidade de empresas que apostam no que ficou conhecido como uberização. Esse fenômeno é marcado, entre outras coisas, pela precarização das relações de trabalho, já que as empresas se apresentam apenas como fornecedoras da tecnologia de intermediação de serviços, não assumindo com isso nenhuma responsabilidade trabalhista em relação a seus usuários-parceiros. Exemplos são os mais variados e assustadores, como o caso da prefeitura de Ribeirão Preto (SP), que chegou a elaborar um projeto, popularmente conhecido como professor Uber, para a contratação de aulas avulsas para a rede municipal de educação.2 Se para a Uber a consequência mais imediata parece ser a precarização das relações de trabalho e a extinção do vínculo formal, no caso do Airbnb os impactos se sentem mais, para além do setor hoteleiro, no processo de gentrificação das vizinhanças e da expulsão dos locatários tradicionais, com contratos longos e valores (bem menores) mensais, e não diários. Ambos, Airbnb e Uber, colaboram para a produção da cidade contemporânea, bastante diferente das cidades que viram o encerramento do século XX.

A rapidez da disseminação e o impacto da economia colaborativa não podem ser explicados apenas em razão do encolhimento do mercado de trabalho formal e da precarização das relações de trabalho, nem por conta do desenvolvimento e popularização dos dispositivos tecnológicos conectados pela internet. O modelo Uber-Airbnb obteve sucesso, diante de várias tentativas diferentes de start-ups na fervilhante economia dos aplicativos, também por ter “afinidade eletiva”, como diria Max Weber, com aquilo que é chamado de self empreendedor,3 característico da racionalidade neoliberal4 contemporânea e dos modos de subjetivação que a produzem. Em outras palavras, trata-se da sedução do empreendedorismo, da autoconcepção dos indivíduos como “empresas de si”, constituídas primordialmente por capital humano e concorrendo com inúmeros outros indivíduos-empresa pela prestação de serviços ou por oportunidades de mercado. De proprietários imobiliários com vários imóveis no Airbnb a motoristas de Uber que trabalham até catorze horas por dia, seja como forma de aumentar seu capital econômico ou de sobreviver em um contexto de crise e queda nos índices de vagas de trabalho formal e de encolhimento do valor real do salário mínimo, cada vez mais pessoas se envolvem com o modelo da sharing economy.

Dani e o “comandante”: a precarização da liberdade

A uberização ganha contornos curiosos a cada dia, mas recentemente presenciamos o que parece ser uma tentativa de elevar ao máximo o aproveitamento desse tipo de precarização do ponto de vista da exploração do trabalho. Os detalhes do esquema impressionam pela engenhosidade das relações propostas para maximizar a exploração das horas contratadas de um trabalhador, a ponto de o contratado realizar atividades adicionais em suas horas de trabalho para, indiretamente, pagar por seu próprio salário.

Após um encontro da Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits), em São Paulo, tomamos um UberX conduzido por uma jovem motorista chamada Daniele,5 muito simpática e alegre. Daniele seguia o caminho sugerido pelo aplicativo e conduzia com eficiência. Animados com as possibilidades de novos projetos de pesquisa sobre vigilância da Lavits, conversávamos sobre Big Data e as possibilidades de uso da coleta e manipulação de dados por governos, empresas e cidadãos. Debatíamos projetos para, por exemplo, modificar a precificação de apólices de seguro baseada na análise de dados individualizados e em tempo real de clientes, personificando de maneiras cada vez mais precisas os cálculos de risco.

Daniele manipulava seu celular enquanto conduzia, recebendo e respondendo mensagens de um interlocutor chamado “comandante”, mas parecia atenta à nossa conversa. Foi quando nos ocorreu envolvê-la na discussão, questionando-a sobre as condições do seguro de seu veículo pelo fato de usá-lo como instrumento de trabalho informal. Daniele respondeu dizendo que no seguro não havia informações sobre o uso da Uber, mas disse que o veículo, na verdade, pertencia a outra pessoa, seu “chefe”. Esse fato não passou despercebido, e queríamos saber mais sobre o que parecia ser um exemplo de terceirização de frota Uber, o que não seria o primeiro caso.

No entanto, estávamos equivocados. Daniele era motorista profissional, contratada por Michel para servir sua família. Seu trabalho seguia todas as regras trabalhistas, como jornada de oito horas diárias e registro em carteira. Entretanto, nas horas em que estava a trabalho e sem atividades específicas com a família de Michel, Daniele era obrigada a realizar corridas como motorista Uber, com as seguintes condições: todo valor repassado pela Uber iria diretamente para a conta do chefe; o e-mail cadastrado no serviço era o de Michel, que monitorava valores e trajetos conforme estes aconteciam; em caso de acidentes, a responsabilidade recairia sobre Daniele; celular e veículo eram de propriedade de Michel; e não havia a possibilidade de trabalhar sem aceitar essas condições.

Muito constrangidos e preocupados, começamos a fazer cada vez mais perguntas e a tecer comentários, sugerindo cuidados e o registro de todo o processo em caso de problemas futuros com a justiça trabalhista. Daniele então nos revelou outro detalhe assustador: o “comandante” com quem ela trocara mensagens pouco antes era o próprio Michel, que reclamava da quantidade pequena e do preço baixo das corridas. Afinal, ele recebia relatos de todas as corridas em tempo real. Já nos preocupávamos se nossas conversas também não estariam sendo monitoradas pelo “comandante”. Daniele se sentia pressionada e tinha de cumprir todos os requisitos, pois, como ela própria disse, “desse jeito sou eu que pago meu próprio salário”. A lucidez de sua análise ressaltava que o pagamento que recebia era composto por parte do que ela mesma arrecadava com o serviço de Uber durante sua jornada de trabalho, desempenhando uma função que se desviava de sua atividade-fim – conduzir a família de Michel ao shopping, à escola, ao clube etc.

A exploração se revelou complexa, astuta e eticamente questionável, de uma trabalhadora “semiprecarizada”, em uma situação construída sobre ambiguidades, por um patrão que se identificava no celular como “comandante”. Tratava-se de uma maximização da exploração de sua força de trabalho. Era curioso e surpreendente que, numa atividade tão característica da sharing economy e do self empreendedor, os velhos conceitos de mais-valia e de propriedade dos “meios de produção” pudessem fazer tanto sentido.

A história ganhou contornos de assédio moral quando Daniele relatou ter pedido para ser bloqueada pela própria Uber. Bloqueios de usuários/parceiros da Uber são comuns em casos de desobediência das regras de uso do serviço, mas nunca ou raramente a pedido do próprio usuário/parceiro. Isso mostra uma tentativa de Daniele de se desvencilhar da atividade adicional sem perder o emprego. Funcionou por alguns dias, apesar dos pedidos insistentes do “comandante” para que ela resolvesse a situação junto à Uber. A pressão se dava por meio de constantes comentários de que ele não conseguiria manter a motorista e que seria “obrigado a demiti-la”. Impaciente, ele mesmo criou uma nova conta para Daniele, que precisou voltar a fazer as corridas, já que dependia do dinheiro para se manter. Ela contou que, no auge da pressão, foi no escritório da Uber e explicou a história, sendo informada de que aquela situação era irregular e que não seria possível reativar sua conta. Já buscando abandonar definitivamente essa situação de “uberização da Uber”, Daniele contou que estava completando um curso para motorista de ônibus e que já tinha trabalhado como motorista de van escolar, função que não se importaria de desempenhar novamente.

Pouco antes de nos deixar em nosso destino, ainda houve tempo de sabermos outra faceta do caso: Daniele mencionou haver outra motorista trabalhando para a família nas mesmas circunstâncias. Chamou-nos a atenção o fato de serem ambas motoristas mulheres, o que foi justificado por Daniele como ciúme do “comandante” pelo fato de as motoristas estarem à disposição de sua esposa. Para além do ciúme da esposa, outros atravessamentos por relações de gênero (e poder) podem ser percebidos nessa situação, já que o “comandante” parecia inspirar medo em sua motorista e alimentava a relação patronal com constantes ameaças, certamente aproveitando-se do fato de sua funcionária ser mulher. A razão de empregar apenas mulheres possivelmente o fazia exercer outras formas de dominação e poder mais ou menos sutis e já extensamente pensadas e apontadas como características das relações de gênero no mundo do trabalho.

Antes que deixássemos Daniele e ela se fosse com outro passageiro, perguntamos se ela gostaria que a avaliássemos com a nota máxima (cinco estrelas) ou se preferia uma nota baixa, para ser bloqueada novamente pelo aplicativo. “Nota alta, né, porque a gente tem nosso orgulho.” A nota que demos, cinco estrelas, não era de forma alguma injusta. Longe disso, a viagem acabou sendo perturbadoramente agradável, apesar da história de precarização disfarçada, muito pela simpatia e abertura da própria Daniele, duplamente uberizada e sob vigilância de seu “comandante”.

Uberizações

O caso de Daniele nos mostra aspectos sombrios daquilo que vem sendo chamado de sharing economy. No lugar da maior liberdade e autonomia prometidas pelas formas de empreendedorismo criativo, o que pudemos ver foi um trabalho ainda mais intenso, controlado e hierarquizado. Se é verdade que o modelo de trabalho que constituiu o capitalismo industrial fordista vem se enfraquecendo desde a década de 1980, pelo menos não foi para nos dirigirmos a um mundo no qual o próprio trabalho e sua importância na constituição disciplinar da sociologia perderiam a cada dia mais sua centralidade.6 De modo quase oposto, o trabalho vai se tornando onipresente, distribuído por dispositivos tecnológicos que nos acompanham a todo momento, nos alertam, nos conectam, nos rastreiam e, até certo ponto, nos aprisionam na mais plena mobilidade.

O “comandante”, sem dúvida, foi empreendedor ao ter a ideia de colocar suas duas funcionárias para trabalhar, nas “horas vagas de trabalho” como motoristas de sua família, também como motoristas potenciais de qualquer usuário da Uber em São Paulo. Ao ter a ideia de transformar seu veículo particular em meio de produção e, por meio de um contrato formal ambíguo, apropriar-se da mais-valia produzida por suas duas trabalhadoras, o “comandante” não faz algo muito diferente daquilo que Marx observou na aurora do capitalismo industrial, ainda no século XIX.

Não pretendemos com isso afirmar que a economia compartilhada e suas variações de capitalismo criativo empreendedor possam ser reduzidas ao caso que apresentamos, ou mesmo que este seja significativo das relações econômicas e sociais que emergem da sharing economy e a sustentam. Muito menos defendemos que a perspectiva marxista, elaborada 150 anos antes do surgimento de empresas como Uber e Airbnb e do modelo econômico que proporcionam, seja a principal chave de explicação para as transformações contemporâneas do mundo do trabalho. Contudo, ao destacarmos as especificidades desse caso, levando em consideração o contexto político do Brasil do pós-golpe de 2016 e o avanço das políticas neoliberais de desregulamentação do trabalho, não há como não pensarmos nas crescentes possibilidades de radicalização da exploração capitalista e da precarização das relações de trabalho. Gradualmente, um pouco sem sentirmos, um tanto sem reagirmos, vamos nos acostumando com formas cada vez mais criativas, empreendedoras e autônomas de explorar os mais pobres, mais fracos e mais precários. Um mundo de uberexploração de um trabalho cada vez mais uberificado.

LE MONDE DIPLOMATIQUE. EDIÇÃO - 130 | BRASIL

fonte


*Rodrigo Firmino é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), editor-chefe da revista urbe (www.scielo.br/urbe) e membro fundador da Rede Latino-Americana de Estudos em Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits – www.lavits.org). E-mail: rodrigo.firmino@pucpr.br. Bruno Cardoso é professor adjunto do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro fundador da Lavits. E-mail: brunovcardoso@hotmail.com.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Alunos Maximize - Tatuapé 2018









TEMA: Abuso de youtubers e questionamento sobre regulamentação 2

Post de Cocielo abre debate sobre regulação de vídeos na internet
Diferentemente do cinema e da TV, conteúdo do Youtube não sofre controle de agência
   
POR JAN NIKLAS / LEONARDO LICHOTE 08/07/2018 4:30

RIO - O caso do post racista publicado pelo youtuber Júlio Cocielo provocou reações no país inteiro e chamou a atenção para a necessidade de uma resposta que vá além do calor e da velocidade das polêmicas digitais. Ou seja, um debate sobre como a sociedade pode se postar frente a um conteúdo que hoje não se submete a regulação nenhuma, diferentemente do material audiovisual veiculado em cinemas ou na televisão. Mais do que isso, um conteúdo dirigido a uma audiência em sua maioria de crianças e adolescentes.

— As crianças, que no passado sonhavam em ser jogadores de futebol, hoje querem ser youtubers. Eles são a Xuxa e a Angélica de hoje, sem dúvida — diz Bruna Castanheira, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV. — Mas a forma de consumir mudou bastante. Na TV aberta a configuração era muito diferente. Normalmente havia uma TV na sala, que a família assistia junto. Hoje a criança pega o celular ou o tablet da mãe, do pai ou dela mesma e entra num universo que vai ter uma produção feita por qualquer pessoa. É um consumo bem mais amplo e individualizado.

As crianças, hoje, assistem a youtubers como Cocielo. Com 16 milhões de assinantes em seu canal, Cocielo é apontado pelo YouTube como a oitava celebridade mais influente do Brasil em 2017, entre atores e apresentadores de TV. Por isso, seu post sobre um jogador francês (“Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein”) gerou ondas de repúdio. Patrocinadores tiraram do ar campanhas com ele e romperam contratos; manifestações do Brasil todo, de nomes como Mano Brown, repudiaram a “piada”; Cocielo apagou de sua conta no Twitter cerca de 50 mil posts antigos (igualmente racistas, homofóbicos ou misóginos); outros youtubers fizeram seus “mea culpa”, em efeito cascata.

'AMADURECI', DIZ FELIPE NETO

O Ministério da Justiça estuda ampliar para o material audiovisual veiculado na internet a classificação indicativa que já vigora para o cinema e a televisão — ou mesmo para os games. A medida enfrenta a dificuldade tecnológica de lidar com uma produção gigantesca e descentralizada, como nota o youtuber Felipe Neto, um dos mais populares do país e que também já sofreu críticas pelo conteúdo de seu canal. Ele chama a atenção para o fato de muitos youtubers brasileiros morarem fora do país e transmitirem de lá. Mas vê alternativas:

— Eu aplico a classificação indicativa no meu canal e todos os meus vídeos que possuem palavrões recebem a classificação +13 no título. É uma iniciativa minha, que adoto para ajudar os pais que não querem que seus filhos tenham acesso a este tipo de linguagem.

Para a professora e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes, uma classificação indicativa seria bem-vinda, sobretudo uma regulação para a publicidade nas novas mídias:

— Se um youtuber fala e tem audiência infantil, ele não pode dizer qualquer coisa.

Ivana acredita, porém, que a maior regulação — e que já se aplica — é a social. Ou seja, aquela apontada espontaneamente pela própria sociedade a partir de seu amadurecimento e da manifestação clara do que ela não admite. A partir daí, defende ela, o debate em torno da regulação das novas mídias deve se desenvolver para responder a esse novo patamar de valores.

— A principal questão no caso da declaração racista de Cocielo é que o que era considerado piada, brincadeira, deslize se tornou inadmissível socialmente. É um enorme avanço. A sociedade brasileira, as empresas, os seguidores do youtuber e pessoas comuns estão reagindo ao racismo velado e ao racismo institucional que criam desigualdades extremas no Brasil. Essa é a primeira e mais importante regulação, a social.

Felipe Neto diz que reformulou seu canal a partir das críticas que recebeu, no que seria um reflexo direto desse caminho de amadurecimento da sociedade:

— Não reproduzir discurso misógino, racista ou homofóbico é o mínimo, não importa a idade do público que consome seu conteúdo. Aprendi isso na prática. Já são oito anos produzindo para o YouTube e, quando comecei, todo esse debate não existia. Utilizei as críticas para amadurecer, aprender, estudar o assunto e compreender como eu replicava ideias pré-concebidas sem nem sequer perceber.

Espaço por excelência da produção audiovisual veiculada na internet, o YouTube se exime de responsabilidades com relação ao controle do teor de seu conteúdo ou qualquer tipo de classificação indicativa. Em nota enviada para esta reportagem, a empresa diz que suas diretrizes explicam que a plataforma foi projetada para pessoas maiores de 18 anos. Além disso, ela oferece recursos como ferramentas e conselhos aos usuários — como o Modo Restrito, que impede a exibição de vídeos potencialmente adultos, ou a possibilidade de se denunciar conteúdos impróprios:

“Quando somos informados de uma conta que pertence a alguém que é menor de idade, encerramos a conta de acordo com nossas Diretrizes”, diz a nota. E continua: “Para famílias com crianças mais novas, oferecemos um aplicativo gratuito, o YouTube Kids, desenvolvido especialmente para atender ao público infantil, com filtros de conteúdo e curadoria para que somente o conteúdo ideal às famílias chegue aos usuários.”

A advogada Sandra Rogenfisch, da área de Telecomunicações, Mídia e Tecnologia do escritório Vinhas e Redenschi Advogados, contesta a percepção de que o YouTube não tenha responsabilidades sobre o que veicula:

— Podemos lembrar o que aconteceu no Facebook com o caso da eleição de Trump (notícias falsas veiculadas pelo Facebook sem nenhum controle teriam tido influência no resultado). Inicialmente (Mark) Zuckerberg declarava que não respondia pelo que estava ali, que só oferecia a plataforma, mas depois teve que mudar sua postura.

MARCAS TERÃO MAIS CAUTELA

Sandra reconhece a dificuldade de o YouTube fiscalizar esse volume de imagens. Porém, acredita que a inteligência artificial de reconhecimento de imagens da plataforma possa ser usada para ajudar nesse controle:

— Não que o YouTube vá classificar vídeo por vídeo, mas sabemos que eles têm tecnologia pra verificar o material impróprio. Mas não seria para fazer censura ou proibir, mas sim para atuar junto às pessoas que estão postando esses vídeos, num processo de educação — diz ela. — O discurso de que é uma mera plataforma é um pouco antiquado e desgastado. O YouTube devia ter a percepção de que a sociedade já entendeu que qualquer regulação de conteúdo sem que eles se comprometam é enxugar gelo.

O Brasil é especialmente sensível à questão. Segundo pesquisa realizada pelo Google (que é dona da plataforma de vídeo), com o Instituto Provokers, 95% dos brasileiros conectados acessam o YouTube ao menos uma vez por mês, e a média de tempo de consumo de vídeo do Brasil é a terceira maior do mundo. O levantamento aponta que a quantidade média de horas por semana assistidas de vídeos online pelos brasileiros passou de 8,1 em 2014 para 15,4 em 2017, um crescimento de 90,1% em três anos.

Outra pesquisa do Google revelou como tem aumentado a presença dos youtubers na lista de personalidades consideradas influenciadores. Na lista final cinco eram youtubers: Whindersson Nunes ficou em 1º lugar e Júlio Cocielo ficou em 8º, atrás de nomes como Lázaro Ramos e Taís Araújo.

O apelo desses nomes junto às marcas, portanto, é enorme. Segundo uma fonte do setor, a menção “natural” que um youtuber faça de um produto num vídeo varia entre R$ 60 mil e R$ 350 mil, dependendo do número de seguidores e de interação. Mas o episódio de Cocielo parece anunciar um cuidado maior das empresas em se associar a esses personagens.

— Certamente haverá mais cautela. Quando um escândalo envolvendo a celebridade acontece, acaba refletindo na reputação da marca — diz Ana Erthal, da ESPM Rio, responsável pela pesquisa de Digital Brand Experience. — Mas esse modelo de influenciadores digitais e youtubers é recente e ainda válido. Hoje, as agências de publicidade ficam minerando os perfis, e acompanhando, para encontrar pessoas que possam representar a identidade de uma marca. E mesmo que a marca não esteja envolvida com o problema dos personagens, ela vem a público dar explicações, a exemplo das marcas ligadas ao Cocielo.

'UMA DISCUSSÃO DE EDUCAÇÃO'

A ideia, portanto, de que a sociedade — mais do que o Estado, o YouTube ou as grandes marcas — assuma a frente desse debate é reforçada por Beth Carmona, consultora na área de produção e mídia infantil e diretora geral do Comkids (produtora de conteúdo para crianças e adolescentes):

— É muito difícil regular essa produção. O debate no setor tem sido muito em cima da media literacy, ou seja, a leitura crítica da mídia, o exercício com as crianças desse olhar crítico, inclusive ter isso como disciplina dentro das escolas. É uma discussão de educação, sobretudo.

Colaborou Bruno Rosa

TEMA: Abuso de youtubers e questionamento sobre regulamentação



quinta-feira, 31 de maio de 2018

Uma reflexão inteligente sobre o cidadão evangélico

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quarta-feira, 16 de maio de 2018

UM ELOGIO AO TRABALHO ESCRAVO

[O "artigo de opinião" foi publicado na Folha de São Paulo, a autoria é de Leandro Narloch (cuja obra é O guia politicamente incorreto da História) e traz uma crítica ao combate que o Ministério Público do Trabalho fez ao trabalho análogo à escravidão. Ao ler o artigo, entendemos a que ponto de mediocridade chegou os colunistas do jornal, o mal caratismo, o cinismo da elite branca e racista formadora de opinião. A deformação do real para caber nas exigências da mais extrema exploração capitalista. O Brasil escravocrata berra a cada dia das páginas do jornal, não me espanta se em breve não anunciarem promoção na venda de escravos no país, ou contratação (sem carteira assinada) de capitães do mato. ]




Deveríamos proibir os pobres de ter trabalhos degradantes?
Boa intenção do Ministério Público do Trabalho resulta em menos alternativas para quem já tem poucas [16.mai.2018 às 8h01]


Há duas semanas, o Ministério Público do Trabalho (MPT) fechou casas de farinha de Alagoas e autuou os proprietários por manter 87 pessoas em situação análoga à escravidão. Segundo a denúncia, os trabalhadores ganhavam apenas 4 reais para ralar 200 quilos de mandioca.

Dias depois, houve um protesto dos funcionários — não contra os patrões, mas contra o MPT. Os “resgatados da escravidão” reclamavam do fechamento das empresas. “Queremos nosso emprego de volta!”, diziam cartazes em frente ao MPT de Arapiraca.

O protesto lembra uma afirmação do economista americano Benjamin Powell, um defensor radical do subemprego como um dos fenômenos que mais tiraram gente da miséria nas últimas décadas. No livro “In Defense of Sweatshops”, Powell diz que os ricos, ao se deixarem seduzir por boas intenções e combaterem o trabalho degradante, acabam impondo suas preferências sobre os pobres.

Pensam que ajudam; na prática proíbem os pobres de trabalhar. O leitor deve argumentar que a intenção do MPT não é proibir o trabalho das raladeiras alagoanas, mas obrigar os patrões a oferecer salários melhores. O problema é que, se o custo sobe, a quantidade de contratações caem. Além disso, condições melhores atraem gente mais qualificada para a atividade. Mais concorrentes aparecem para a vaga, excluindo os menos produtivos. Com o tempo, a boa intenção do MPT resulta em menos alternativas para quem já tem poucas.   

Se uma lei impõe uma remuneração maior a uma categoria, o empregador vai escolher o melhor candidato disposto a preencher aquela vaga. Os menos qualificados ficam de fora. Por isso Milton Friedman considerava o salário mínimo “the most anti-Negro law”, a mais racista de todas as leis.

Trabalhadores de casas de farinha reivindicam emprego durante audiência do MPT. Pisos salariais e outras exigências trabalhistas funcionam como o muro que Trump quer construir na fronteira com o México. Barram os pobres, os imigrantes e os discriminados, que em geral têm menos estudo e qualificação.

Isso já aconteceu nas oficinas que fornecem roupas para as principais lojas do Brasil. A ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) monitora desde 2010 toda a cadeia produtiva de suas filiadas, que engloba quase 4 mil oficinas, com o objetivo de erradicar o trabalho escravo. Uma consequência imprevista dessa atitude, como me contou o diretor executivo da associação, foi a saída dos bolivianos dessas fornecedoras. 

Com o plano de juntar dinheiro rápido e voltar para casa, os bolivianos não queriam trabalhar só 8 horas por dia nem pagar INSS e FGTS. Com a regularização das oficinas, também passaram a enfrentar mais concorrência de candidatos brasileiros. O ativismo contra o “trabalho análogo à escravidão” fechou uma porta para os imigrantes.

O economista Walter Williams, negro que na juventude foi ativista do grupo Panteras Negras, encontrou casos na África do Sul e nos EUA em que criação da lei do salário mínimo foi uma tática deliberada dos brancos para impedir a entrada de negros no corpo de funcionários. Tendo que pagar o mínimo exigido pelo sindicato, o empregador contratava os mais qualificados (em geral, os brancos).  

Quem quer ajudar os trabalhadores pobres precisa aumentar suas alternativas de emprego, e não proibi-las. As raladeiras das casas de farinha de Alagoas sabem disso muito bem —ao contrário dos promotores do Ministério Público do Trabalho.

Leandro Narloch: Jornalista, mestre em filosofia e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outro

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/12/1946819-governo-recua-e-edita-regras-maisduras-sobre-trabalho-escravo.shtml

quinta-feira, 10 de maio de 2018

A memória dos nossos vídeo-games


O Brasil que não muda


TEMA: Crianças sem religião, mais altruistas?


TEXTO MOTIVADOR


Crianças sem religião são mais altruístas, diz pesquisa
Por Carol Castro access_time 22 dez 2017, 11h02 - Publicado em 6 nov 2015, 16h03

Batismo nos primeiros meses de vida, igreja aos domingos e uma crença: passar ensinamentos religiosos aos filhos desde cedo vai transformá-los em pessoas melhores. Mas não funciona bem assim, segundo um estudo americano que mostra que pais sem religiões definidas criam filhos menos egoístas.

Jean Decety, neurocientista da Universidade de Chicago, e sua equipe distribuíram 30 adesivos a mais de mil crianças, de 5 a 12 anos, de seis países diferentes (Estados Unidos, Canadá, China, Jordânia, Turquia e África do Sul). Elas foram orientadas a distribuir quantas figurinhas quisessem a outras crianças da mesma escola ou do mesmo grupo étnico.

Os filhos de pais sem religião definida foram os mais generosos: compartilharam mais adesivos do que as crianças católicas ou muçulmanas. E descobriram ainda que quanto mais velhas, mais egoístas as pessoas ficam.

Os pesquisadores, então, entrevistaram os pais dessas crianças. Queriam ver quanto acreditavam que seus filhos colocavam em prática os princípios morais ensinados. Os religiosos tendiam a apostar mais na generosidade dos pequenos do que os outros – enquanto os testes haviam mostrado justamente o contrário.

Uma das explicações, segundo a pesquisa, é a “licença moral”. Por acreditarem que já fazem coisas boas, do tipo rezar toda noite, as pessoas se permitem cometer alguns “erros”, como ser um pouco egoísta. “É um padrão inconsciente. Eles não percebem que aquilo não é compatível com os ensinamentos da igreja”, explica Decety.

O que vale mesmo é como você usa o que aprendeu – e não quantos livros sobre espiritualidade devorou ou a quantas missas foi no último mês.

FONTE Revista Superinteressante



UM COMENTÁRIO MEU SOBRE O ASSUNTO NO FACEBOOK

Eduardo Arau Acho relativo, prefiro ver o reflexo posterior disto, nos jovens e adultos. Percebo muita angústia existencial em jovens sem religião. Muita. E um sem sentido da vida. Não tem aquela culpa cristã, mas são duros no quesito empatia, no respeito à religião (e opinião dos demais), são muito autocentrados, reduzindo a vida ao ganho material e sucesso. Acham que o mundo lhes deve, e são bem intolerantes à frustração. O índice de ansiedade, depressão, doenças emocionais, tudo desembocando em suicidio subiu bastante neste grupo. Vejam o que está se passando em faculdades públicas e até em escolas de classe media. Muitos suicidas. Especulo que não seja exatamente o fator religião, mas o que tem religião traz em seu bojo. Penso no convívio entre jovens, peno naquele dia para estar com pais num ambiente não de consumo mas de reflexão/comedimento (lembro da missa de domingo), bem como os "encontros de jovens" (dos cursinhos a grupos de jovens). Embora não pensasse assim, hoje vejo que era um momento de reflexão e fortalecimento do sentimento de pertencer a um grupo sem foco escolar/profissionalizante, sem ser para consumo, com base em princípios muito bons. Especulo. Claro que eu acho o espaço do sagrado interessantissimo para o sujeito, mas sei como depois isso pode/foi também subvertido pelos "homens" e seus interesses, tornando o credo bastante utilitário na tal teologia da prosperidade, no aprisionamento em dogmas petrificados, repressão e culpa, mas não sei para vocês, mas não foi isso que me ficou. Entao, sempre que leio "pesquisa diz" boto meu olhar crítico no entorno e reavalio os discursos. abço.

TEMA: A nudez feminina é permitida quando é pra ser consumida por homens.


TEMA: A nudez feminina é permitida quando é pra ser consumida por homens.

TEMA: Sobre os usos do facebook

Texto motivador tirado do facebook de Daniela Bueno:


Já expus à exaustão minha opinião sobre o facebook, que carinhosamente chamo de " facetruque", pois tem cada mágica por aqui, tanto ilusionismo que até Deus duvida! Kkkk

A função do facebook (na minha modesta opinião) é fazer amigos, manter contato com os antigos, formar redes de interesse coletivo, aprender algo, mesmo q superficialmente, dar boas risadas, dar vazão ao nosso lado cientista político #sqn,nosso lado frases de efeito, nosso lado politicamente correto#sqn, nosso lado fotógrafo profissional (já vi várias selfies massa por aqui), quem é feio fica bonito, quem é bonito fica feio-kkkk- brincadeiraaaa- enfim, são muitas as ferramentas para alimentar nosso ego.

Já sai e voltei incontáveis vezes, já deleitei mais de mil "amigos" e agora decidi deixar este perfil apenas para postar assuntos referentes a psicanálise e literatura.

Oportunamente, quando o desejo bater a minha porta farei outro perfil para dar vazão a minha poção maior que significa, "tudo que sou além do ser um ser profission@". Quem me conhece de fato, sabe que habita um alien 👽 dentro de mim, cheio de ideias e mais ideias, todas circulantes, urgentes , velozes , algumas abirutadas, outras bem centradas e articuladas. Sendo assim, espero q sigamos encurtando nossos laços de amizade e q esta ferramenta não sirva apenas para bisbilhotar a vida alheia, que consigamos ser bem mais generosos e criativos do q isso!
Um super 😘... seguirei postando, mas com menos frequência , me ocupo de outros temas por hora. Fui!! ❤️

terça-feira, 10 de abril de 2018

Tema: Liberação de armas no Brasil questões a se considerar



1- Presidente nenhum pode legalizar a venda de armas, ela passa pelo congresso e pelos senadores e nenhuma dessas casas sequer está acenando pra isso.

2- O preço médio de um revolver Taurus 38 (um dos mais baratos no mercado) está por volta de 3 mil reais. 
Uma única bala custa entre R$ 5 (na promoção) e R$10,00
3- Aulas de tiro mais aluguel de horário de stand de tiro, 6 mil reais. 
4- Documentação, consulta pra avaliação psicológica, documento de porte de arma, etc. 3 mil reais.

5- Você vai gastar uma média de DOZE MIL REAIS só pra ter uma arma e seis projéteis em casa e achar que está "seguro". 

Sabe quem vai poder ter arma? Se você não é rico, então é daqueles pobres que defendem o direito dos ricos, porque a maioria aqui não tem dinheiro pra ter uma arma. Mas pros bandidos sim, vai ser bem mais fácil terem armas.

6- Sabe DE QUEM os bandidos roubaram uma arma, que agora serve ao crime? Roubaram do deputado Jair Bolsonaro, em 1995, na zona leste do Rio, o mesmo que promete isto aos eleitores, caso seja eleito.

7- "Mesmo armado, me senti indefeso" disse o próprio armamentista.

8- É claro que sim. Porque armas não aumentam a proteção, apenas aumentam a quantidade de crimes passionais. O que aumenta a segurança de um povo é a EDUCAÇÃO e a DISTRIBUIÇÃO DE RENDA. Talvez se as pessoas lessem um pouco mais, se informassem mais, não estariam tratando o assunto de modo tão simplista e ingênuo.

[Retirado de postagem no FACEBOOK]

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

INTERPRETAÇÃO. Quadrinho

Interessante, que sobre a fala do primeiro, o outro permanece em silêncio. Seu cérebro se abre, e "neurônios" respondem a afirmação do primeiro de que "Há três coisas que não se discutem... he... he..." (o que completaria a sentença seria: religião, política e futebol). A resposta, na verdade, contradiz a opinião do primeiro, já que para o segundo (que permanece em silêncio), não se pode discutir é com algumas pessoas, já que não são abertas a diálogo. O silêncio do segundo mostra que este é um caso. 

INTERPRETAÇÃO. Charge.


Os paradoxos do discurso cristão frente a comunidade indígena.

INTERPRETAÇÃO. Quadrinho


O quadrinho é uma narrativa literal, há algo de ironia no seu desfecho. O comentário a que se propões o quadrinho é de que não há limite para os praticantes de selfie, nenhuma trava moral. O primeiro quadrinho mostra isto, um sujeito fotografando-se tendo ao fundo um enforcado. Perseguido e apedrejado por sua atitude, ele é levado ao pé de uma árvore com uma forca, para se enforcar por sua atitude. 

sábado, 20 de janeiro de 2018

RESULTADO DA REDAÇÃO DO ENEM 2017 (mandada por Facebook por alunos)


Antonio Anderson mais ou menos, 780
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Viny Almeida 730 - 😭😭😭😭
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Eduardo Arau Lembre-se que a média nacional é abaixo de 500, a partir de 600 já é vitória.
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Gabriel Tarrao Vitória então
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Wesley Júnior Vocês foram bem. A média nacional é sempre abaixo de 500 pontos. Vocês foram bem. Parabéns!
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Gabriela Vigo 800! Aumentei quase 200 pontos, muito obrigada por cada aula e ajuda! ❤️
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Eduardo Arau Ô glória!!!
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Juliane Assis 820, obrigada por tudo!
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Eduardo Arau Ô glória!!!
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Alex Aragão Eu evolui de 480 para 660, estou me sentindo um Pokémon 😁
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Eduardo Arau Muito bom.
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Kryzian Sousa 680 😒 melhorei mas preciso de mais kkkkk
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Eduardo Arau Ô glória!!!
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Eduardo Arau Ô glória!!! Ta entre os 5% do Brasil.
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Ana Paula Gomes Amém 👐 kkkk
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Gisele Ribeiro Anulada 😢
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Felipe Souza Tirei 720 por um milagre divino kkkkkk
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Ana Beatriz Feitosa Silva De 440 para 640, obrigada Edu continuarei tentando, suas aulas ajudaram muito ♡
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Efraim Marques Vc é maravilhoso!!!
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Erick Ferrari 700 MUITO OBRIGADO 👏👏
As aulas, as dicas ajudaram muito!!!
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Jéssica Coelho 800 e até agora não tô entendendo o porquê
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Eduardo Arau Ô Glória!!!
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Wilson Carvalho eu consegui ir melhor esse ano do em 2016
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Eduardo Arau Exatamente. Pra se avaliar a gente tem q ver o avanço.
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Adriano Santos 740
( Perdi muito tempo na prova e deixei ela de lado) #bolado
Mas gostaria de agradecer pelas suas dicas geniais e pelas aulas🥂🔥 me ajudaram muito...
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Eduardo Arau e vc acha pouco? 240 acima da média?
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Adriano Santos Sempre queremos um pouco mais, mas, estou feliz com a minha nota
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Vivian Barboza Tirei 820 graças a vc!!
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Eduardo Arau Ô glória!!! o mérito é seu, amore. Parabéns
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Vivian Barboza Uso sua receita de bolo até hoje! Muito mas muito obrigada mesmoo
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João Vitor Batista 720,só relembrando os seus bons ensinamentos de 2016.
Vc faz diferença no resto da vida dos seus alunos,continue assim Edu.
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Evellyn Sallo · 39 amigos em comum
800( não estou satisfeita kk ) 
Mas tudo isso graças a você, obrigada pelos ensinamentos prof ❤️
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Eduardo Arau Arrasou. Amore, vc deve estar entre os 10% da populacao brasileira.
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Wallyson Lima Pra odontologia tá suave. Kkkk
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Wallyson Lima Ano passado: 540
Hoje: 760
Obrigaduu!
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Kel Graffiti Mpv Crew Suas explicações durante o cursinho foram valiosas, tirei 820. Vc é um excelente professor!!!
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Eduardo Arau Excelente nota!!! Parabéns!
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Naay Gabriela 860 obrigada pro! Suas aulas me ajudaram muito,levarei para sempre as suas dicas
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Eduardo Arau Que sucesso!!
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Eduardo Arau Ô Glória!!! O que foi q eu falei...
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Fernando Sampaio q aluno do Prof. Eduardo não tira menos que 800
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Rafaela Cruz de Sousa 920! + Adivinhação do Eduardo Trindade 💛
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Paloma Carvalho De 460 para 750 obrigada prof 💓
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Bianca Garolla 800 mas poderia ser mais hauaha
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