domingo, 27 de outubro de 2019

REDAÇÃO. TEMA: Gavidez na adolescência


PELO EXERCÍCIO PLENO DA SEXUALIDADE

Muitas adolescentes engravidam todos os anos no Brasil. Isso ocorre não só por ausência de diálogo na família, mas também por falta de informação e imaturidade de muitos jovens.
O sexo é um assunto tabu na sociedade brasileira; visto que envolve questões morais, éticas e religiosas. Embora faça parte do desenvolvimento natural do indivíduo, raramente pais e filhos têm um diálogo franco sobre o assunto. Isso faz com que vários jovens descubram/aprendam sobre sexualidade com pessoas tão ou mais inexperientes do que eles.
A escola é um espaço privilegiado para aquisição de conhecimento; entretanto, poucas são aquelas que apresentam a disciplina de Educação Sexual, já que muitos pais a consideram forma de corromper a inocência infantil e estímulo precoce à sexualidade. Desse modo, o sexo é frequentemente abordado num prisma biológico e/ou quase sempre nocivo (propagador de HPV, Sífilis, HPV e outras DSTs), nunca na perspectiva dos afetos. Se houve maior investimento em educação nas últimas décadas, isso não resultou – pelo menos nas políticas públicas – em campanhas preventivas amplas e eficientes para além do carnaval e outras datas comemorativas. Some-se a isso tudo, a erotização do corpo juvenil - explorado desde sempre pela mídia – e a internet que, se permitiu livre acesso à informação, “liberou” a pornografia a bilhões de usuários.
Os jovens tendem a ser inconsequentes e impulsivos, por conseguinte, mais vulneráveis à ação da libido. O fácil acesso ao álcool e a outros tipos de drogas, no país, favorecem a imprudência. Ainda que muitos tenham à disposição métodos contraceptivos, a imaturidade pode levar à gravidez precoce. Nem sempre, contudo, essa é “indesejada”, já que parece aos mais ingênuos uma forma de “prender” um parceiro num relacionamento, de emancipar-se dos pais ou de ingressar na fase adulta. Em contextos de miserabilidade extrema, engravidar implica aliança parental, uma estratégia de sobrevivência para carências diversas.
A gravidez na adolescência não é, portanto, uma questão individual, mas problema social a ser combatido com ações efetivas. Cabe ao Ministério da Saúde promover campanhas nacionais preventivas e garantir orientação e atendimento em suas unidades a fim de diminuir os casos. Palestras e rodas de discussão que visem a atrair e a envolver os pais nos debates escolares (a serem definidas pelo MEC) são, portanto, medidas estratégicas para sanar o problema. Finalmente, é dever do Estado expandir as perspectivas de vida dos jovens – com lazer, educação e trabalho, o que contribuirá igualmente, para que, com maturidade, estejam aptos – no tempo certo e com segurança, seja qual for sua crença - a exercerem plenamente sua sexualidade.

[Como este se trata frequentemente meu texto-base, ponto de partida para explicar o que não deve faltar num texto dissertativo, remodelei-o conforme o que é solicitado nas provas do ENEM 2019. Originalmente, esta redação coletiva foi efetuada em sala de aula, cursinho Maximize Mauá – 2014, revisada agora 08/10/19].

REDAÇÃO: Tema: Demonização da Ciência

Título: Resgatando a ciência dos demônios da ignorância.

 A Ciência sofre um crescente desprestígio na contemporaneidade, já que - num mundo cada vez mais complexo, vertiginoso e de mudanças aceleradas, - o homem se sente tanto impotente quanto ameaçado por ela.  Sua negação - e/ou busca de respostas através de crenças místicas e religiões seculares - aponta para uma reação do homem contemporâneo à tecnologia e ao "racionalismo" moderno que teme.  

Se a princípio, os avanços tecnocientíficos se mostravam como resposta a todos os problemas humanos, contraditoriamente, criaram outros impensáveis. A ameaça nuclear, o degelo polar (devido ao aumento da emissão de gases e destruição da camada de ozônio) e o desmatamento/desertificação do planeta com extinção de animais são exemplos. O surgimento de megalópoles hiper-populosas e violentas, com fábricas poluidoras e rotina de trabalho estafante, também ampliaram as angústias do homem pelo declínio da qualidade de vida. O saudosismo de um passado,  - aparentemente mais simples e puro, com contato com a natureza, tratos humanos diretos e valores universais, - fortaleceu discursos conservadores de influenciadores digitais, políticos obscurantistas e gurus oportunistas.

A ignorância, a superstição e o fanatismo, contudo, alienou a muitos que, saudosos de uma divina providência mediadora das injustiças mundanas, de um deus protetor ou de um líder político messiânico, passaram a distorcer a realidade e perseguir a todos contrários a valores e dogmas. Terminaram por culpar, portanto, a Ciência, já que a essa cabia amparar e promover o bem-estar social, o que de fato ela não cumpriu não só por estar distante do homem comum, mas por ser dirigida/financiada por grandes grupos econômicos. Assim, ela se tornou a  "inimiga" a ser combatida, materializada na figura de pesquisadores, cientistas, professores, laboratórios e instituições universitárias; quando o correto seria garantir sua ampla democratização, a fim que não se tornasse mero mecanismo de obtenção de lucro para alguns privilegiados.  

A internet propiciou um acesso à informação jamais visto na História. A propagação de desinformação em larga escala (em "fake news" e teorias conspiratórias), contudo, foi amplificada justamente em redes virtuais, tomada por negacionistas de pesquisas, estatísticas e dados científicos até então incontestáveis. Hoje, a negação do Aquecimento global, os movimentos antivacinação e a crença na Terra plana revelam a desconfiança e a descrença da Ciência. Tal retrocesso, impede medidas objetivas de combates a problemas reais do planeta, da medicina, da sociedade.   

O desprestígio da Ciência e da Tecnologia, portanto, reflete o desconforto e as angústias geradas por mudanças radicais e abruptas da contemporaneidade, de um mundo cada vez mais violento onde todas as verdades parecem contestáveis. O Ministério da Educação deve fortalecer o sistema educacional para garantir a formação de um cidadão mais crítico com a realidade. Além disso, abrir espaços para visitação à museus e à universidade ao público geral, com palestras e divulgação (via mídia) do que se produz em ciência e tecnologia são medidas estratégicas para combater a "lavagem cerebral" das comunidades mistificadoras, guiadas por influenciadores digitais desqualificados, falsos "filósofos" e profetas apocalíticos. Há, mais do que nunca, a necessidade de se proteger o conhecimento obtido por séculos da ignorância e do anti-intelectualismo acéfalo que ameaça - com seu obscurantismo - o futuro da humanidade. 


Redação coletiva realizada com turma do Tatuapé - Tarde.

Frases compostas em sala de aula em torno do tema ESTADO LAICO

O Estado Laico é caracterizado por ser separado da religião, já que essa não influencia as decisões político-sociais do país; entretanto, isso não significa a ausência dela, visto que tanto a fé quanto o agnosticismo gozam de um mesmo valor. 

Se a submissão à fé leva ao fanatismo, é preciso valorizar a laicidade, a fim de garantir a democracia. 

Há uma crescente perseguição às religiões de matriz africana (como Candomblé, Umbanda), posto que, no contexto do Brasil atual, muitos líderes evangélicos tem propagado um discurso intolerante a elas. 

A entrada na política de padres, pastores e outros representantes religiosos não é algo negativo, visto que democraticamente "falam" em nome de seus grupos; contudo, se seus dogmas pautarem decisões governamentais que privilegiem tais instituições religiosas, estão corrompendo o princípio da isenção/parcialidade do Estado Laico.

O direito à liberdade religiosa assiste a todo cidadão, no entanto, querer impor práticas, normas e dogmas a outrem viola esse mesmo princípio.

A presença de emblemas e artefatos cristãos em órgãos públicos contradiz a noção de laicidade no Estado brasileiro, visto que, na maioria das vezes, evidencia-se o modo como privilegia o catolicismo em detrimento de outras instituições religiosas. 


sexta-feira, 25 de outubro de 2019

REDAÇÃO. TEMA: O aumento de suicídio entre os jovens

O suicídio como doença social

O suicídio entre jovens é um fenômeno crescente na sociedade contemporânea. Problemas psicológicos/emocionais, fatores externos (como fracasso e “bullying”) e desarranjos bioquímicos, podem influenciar no desejo de por fim à própria vida.

A sociedade capitalista é caracterizada por mudanças frenéticas, competitividade excessiva e individualismo exacerbado. Relações mais superficiais e efêmeras isolam o indivíduo e favorecem o surgimento de distúrbios/transtornos como estresse, ansiedade, depressão, bipolaridade e comportamentos psicóticos. Embora o suicídio de jovens entre 15 e 29 anos seja a segunda causa de morte no Brasil, as campanhas para prevenir este mal não são suficientemente divulgadas.

Desigualdade social e crises econômicas colaboram para o aumento dos casos, já que o desemprego e a falta de perspectivas afetam a autoestima das vítimas. As pressões sociais ocorrem, contudo, bem mais cedo. Nas escolas, o poder aquisitivo espelhado nos tipos de bens pertencentes aos estudantes acirram as diferenças geradoras de conflitos. Além disso, a prática do “bullying” – também por diferenças culturais, raciais, físicas e/ou estéticas, –  é recorrente.

Doenças psicossomáticas e outros desajustes bioquímicos, como aqueles desencadeados por alguns medicamentos – além da dependência química – são potenciais estopins para o suicídio. Falhas no sistema público de saúde, entretanto, contribuem para o aumento de casos, uma vez que raramente as vítimas são diagnosticadas e assistidas a tempo.

O fenômeno do suicídio na camada mais jovem da população é, portanto, sintoma de uma sociedade individualista e com uma alta crise de valores. Logo, é preciso exigir do Ministério da Saúde campanhas nacionais de prevenção a serem difundidas na mídia, bem como atendimento nos SUS/CAPES aos doentes. Ao MEC, cumpre fornecer diretrizes às escolas para promoção de debates a envolver pais, filhos e comunidade. Tais medidas são, portanto, fundamentais para prevenção e combate ao suicídio. Reforçar princípios como união fraternal, empatia, respeito e igualdade são a melhor estratégia de resgate para esses jovens que se sentem desamparados em tempos sombrios.

´[Revisada e reorganizada conforme modelo ENEM 2019.]

Corujão 2019 - Fiz aula de Redação às 3 da manhã


Comentário de um corretor sobre os elementos importantes de uma redação nota dez

[AVALIAÇÃO]


Percebe-se também, ao longo da redação, a presença de um projeto de texto estratégico, com informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, desenvolvidos de forma consistente e bem organizados em defesa do ponto de vista. No primeiro parágrafo, a participante apresenta a questão do controle de dados, que prejudica a construção da autonomia intelectual, causando dois principais impactos: a influência nos hábitos de consumo e nas convicções dos usuários. Nos parágrafos seguintes, ela desenvolve as duas diferentes formas de controle de dados que causam esses impactos: primeiramente o controle relacionado à divulgação de anúncios publicitários, que influenciam no consumo, e depois o controle que seleciona o que vai ou não ser lido, bem como a divulgação de notícias falsas, que moldam os interesses pessoais. Por fim, são apresentadas propostas de intervenção articuladas ao problema apontado pelo participante.



Em relação à coesão, encontra-se, nessa redação, um repertório diversificado de recursos coesivos, sem inadequações. Há articulação tanto entre os parágrafos (“Nesse contexto”, “Somado a isso” e “portanto”) quanto entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo (1º parágrafo: “Entretanto”, “uma vez que”, “Embora”; 2º parágrafo: “Isso”, “já que”, “Nesse viés”, “Dessa forma”, “visto que”; 3º parágrafo: “a fim de”, “Nesse cenário”, “a qual”, “Desse modo”; 4º parágrafo: “Por conseguinte”, “as quais”, “Além disso”, “portanto” entre outros).



Por fim, a participante elabora excelente proposta de intervenção, concreta, detalhada e que respeita os direitos humanos: propõe que o Ministério da Educação invista em educação digital nas escolas, orientando os alunos sobre a divulgação de dados pessoais na internet, e que o Ministério da Justiça crie canais de denúncia de notícias falsas.

Redação (curta) que tirou nota dez no ENEM 2019

[07]Redação de LUISA SOUSA LIMA LEITE


A Revolução Técnico-científico-informacional, iniciada na segunda metade do século XX, inaugurou inúmeros avanços no setor de informática e telecomunicações. Embora esse movimento de modernização tecnológica tenha sido fundamental para democratizar o acesso a ferramentas digitais e a participação nas redes sociais, tal processo foi acompanhado pela invasão da privacidade de usuários, em virtude do controle de dados efetuado por empresas de tecnologia. Tendo em vista que o uso de informações privadas de internautas pode induzi-los a adotar comportamentos intolerantes ou a aderir a posições políticas, é imprescindível buscar alternativas que inibam essa manipulação comportamental no Brasil.

A princípio, é necessário avaliar como o uso de dados pessoais por servidores de tecnologia contribui para fomentar condutas intolerantes nas redes sociais. Em consonância com a filósofa Hannah Arendt, pode-se considerar a diversidade como inerente à condição humana, de modo que os indivíduos deveriam estar habituados à convivência com o diferente. 

Todavia, a filtragem de informações efetivada pelas redes digitais inibe o contato do usuário com conteúdos que divergem dos seus pontos de vista, uma vez que os algoritmos utilizados favorecem publicações compatíveis com o perfil do internauta. Observam-se, por consequência, restrições ao debate e à confrontação de opiniões, que, por sua vez, favorecem a segmentação da comunidade virtual. Esse cenário dificulta o exercício da convivência com a diferença, conforme defendido por Arendt, o que reforça condutas intransigentes como a discriminação. Em seguida, é relevante examinar como o controle sobre o conteúdo que é veiculado em sites favorece a adesão dos internautas a certo viés ideológico. Tendo em vista que os servidores de redes sociais como “Facebook“ e “Twitter” traçam o perfil de usuários com base nas páginas por eles visitadas, torna-se possível a identificação das tendências de posicionamento político do indivíduo. Em posse dessa informação, as empresas de tecnologia podem privilegiar a veiculação de notícias, inclusive daquelas de procedência não confirmada, com o fito de reforçar as posições políticas do usuário, ou, ainda, de modificá-las para que se adequem aos interesses da companhia. Constata-se, assim, a possibilidade de manipulação ideológica na rede.

Fica evidente, portanto, a necessidade de combater o uso de informações pessoais por empresas de tecnologia. Para tanto, é dever do Poder Legislativo aplicar medidas de caráter punitivo às companhias que utilizarem dados privados para a filtragem de conteúdos em suas redes. Isso seria efetivado por meio da criação de uma legislação específica e da formação de uma comissão parlamentar, que avaliará as situações do uso indevido de informações pessoais. Essa proposta tem por finalidade evitar a manipulação comportamental de usuários e, caso aprovada, certamente contribuirá para otimizar a experiência dos brasileiros na internet.


Proposta de redação com INTRODUÇÃO e CONCLUSÃO

[POSTEI ABAIXO o início/introdução e o parágrafo final/conclusão de seis redação que tiraram nota máxima no ENEM 2019. O propósito é observar como o início apresenta o tema e a conclusão retoma o início para concluir de maneira sintética e propor na sequência uma "solução" para o problema apresentado.]


PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativoargumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

[01] Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. (...)
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias – , de maneira lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.

[02]O advento da internet possibilitou um avanço das formas de comunicação e permitiu um maior acesso à informação. No entanto, a venda de dados particulares de usuários se mostra um grande problema. Apesar dos esforços para coibir essa prática, o combate à manipulação de usuários por meio de controle de dados representa um enorme desafio. Pode-se dizer, então, que a negligência por parte do governo e a forte mentalidade individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo quadro.
(…)
Infere-se, portanto, que assegurar a privacidade e a liberdade de escolha na internet é um grande desafio no Brasil. Sendo assim, o Governo Federal, como instância máxima de administração executiva, deve atuar em favor da população, através da criação de leis que proíbam a venda de dados dos usuários, a fim de que empresas que utilizam essa prática sejam punidas e a privacidade dos usuários seja assegurada. Além disso, a sociedade, como conjunto de indivíduos que compartilham valores culturais e sociais, deve atuar em conjunto e combater a manipulação e o controle de informações, por meio de boicotes e campanhas de mobilização, para que os empresários sintam-se pressionados pela população e sejam obrigados a abandonar a prática.

[03]Sob a perspectiva de uma revolução Tecno-Científico-Informacional, vive-se o auge da evolução humana em sua relação com a tecnologia, em que se destaca a ascensão do papel da internet no cotidiano social. Entretanto, tal avanço não é apenas benéfico, de modo que a popularidade existente no uso das redes virtuais possibilitou seu aproveitamento malicioso para que ela atue como um meio influenciador de comportamentos.(...)
Torna-se evidente, portanto, a complexa situação que envolve a manipulação do indivíduo com a seleção de dados na rede virtual. Para amenizar o quadro, cabe ao Poder Legislativo reformular o Marco Civil, que é responsável por regularizar o uso do meio digital. Essa medida deverá ocorrer por intermédio da inclusão de uma cláusula a qual irá reforçar os limites no controle dos conteúdos expostos, de forma a ampliar o espectro de escolhas do usuário. Tal ação objetiva impedir que a internet seja utilizada para a moldagem de comportamentos.

[04] A utilização dos meios de comunicação para manipular comportamentos não é recente no Brasil: ainda em 1937, Getúlio Vargas apropriou-se da divulgação de uma falsa ameaça comunista para legitimar a implantação de um governo ditatorial. Entretanto(...)
 Evidencia-se, portanto, que a manipulação advinda do controle de dados na internet é um obstáculo para a consolidação de uma educação libertadora. Por conseguinte, cabe ao Ministério da Educação investir em educação digital nas escolas, por meio da inclusão de disciplinas facultativas, as quais orientarão aos alunos sobre as informações pessoais publicadas na internet, a fim de mitigar a influência exercida pelos algoritmos e, consequentemente, fomentar o uso mais consciente das plataformas digitais. Além disso, é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia, crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas noticias veiculadas – como o projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de informações falsas e o impacto destas na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira poderá se proteger contra a manipulação e a desinformação.

[05]As primeiras duas décadas do século XXI, no Brasil e no mundo globalizado, foram marcadas por consideráveis avanços científicos, dentre os quais destacam-se as tecnologias de informação e comunicação (TICs).(...)
Em suma, a manipulação comportamental pelo uso de dados é um complexo desafio hodierno e precisa ser combatida. Dessarte, as instituições escolares – responsáveis por estimular o pensamento crítico na população – devem buscar fortalecer a capacidade de julgamento e posicionamento racional nos jovens. Isso pode ser feito por meio de palestras, aulas e distribuição de materiais didáticos sobre a filosofia criticista e sociologia, visando aprimorar o raciocínio autônomo livre de influências. Em paralelo, as grandes redes sociais, interessadas na plenitude de seus usuários, precisam restringir o uso indevido de dados privilegiados. Tal ação é viável por intermédio da restrição do acesso, por parte de entidades políticas, aos algoritmos e informações privadas de preferências pessoais, objetivando proteger a privacidade do indivíduo e o exercício da democracia plena. Desse modo, atenuarse-á, em médio e longo prazo, o impacto nocivo do controle comportamental moderno, e a sociedade alcançará o estágio da maioridade kantiana.

[06]No filme “Matrix“, clássico do gênero ficção científica, o protagonista Neo é confrontado pela descoberta de que o mundo em que vive é, na realidade, uma ilusão construída a fim de manipular o comportamento dos seres humanos, que, imersos em máquinas que mantêm seus corpos sob controle, são explorados por um sistema distópico dominado pela tecnologia. Embora seja uma obra ficcional, o filme apresenta características que se assemelham ao atual contexto brasileiro, pois, assim como na obra, os mecanismos tecnológicos têm contribuído para a alienação dos cidadãos, sujeitando-os aos filtros de informações impostos pela mídia, o que influencia negativamente seus padrões de consumo e sua autonomia intelectual.
(…)
Assim, faz-se necessária a atuação do Ministério da Educação, em parceria com a mídia, na educação da população — especialmente dos jovens, público mais atingido pela influência digital — acerca da necessidade do posicionamento crítico quanto ao conteúdo exposto e sugerido na internet. Isso deve ocorrer por meio da promoção de palestras, que, ao serem ministradas em escolas e universidades, orientem os brasileiros no sentido de buscar informação em fontes variadas, possibilitando a construção de senso crítico. Além disso, cabe às entidades em governamentais a elaboração de medidas que minimizem os efeitos das propagandas que visam incentivar o consumismo. Dessa forma, será possível tornar o meio virtual um ambiente mais seguro e democrático para a população brasileira.


domingo, 20 de outubro de 2019

IDEIAS. Fontes para conseguir ARGUMENTOS para tornar redação mais consistentes

É fundamental para se fazer uma boa redação não só estar atualizado com o que se passa no Brasil e no mundo, mas também ter uma base cultural consistente. Listei abaixo alguns programas/documentários em vídeos, que podem ser encontrados na plataforma Netflix, ou no Youtube. Eles possibilitam, pela qualidade de seu conteúdo e sua forma (são dinâmicos, com vídeos curtos e bem editados), a informar e fornecer uma base de conteúdo para o estudante construir um bom argumento para sua dissertação. Todos trazem temas e perspectivas variadas, ainda assim, procurei indicar diversos vieses: História, Ciências, Arte, Atualidades, Filosofia e Sociologia. 



EXPLICANDO é uma série da Netflix. Ela traz pequenos documentários com temas globais e universais que vão desde O funcionamento da mente, A inteligência dos animais, até uma reflexão sobre Bilionários que controlam o mundo. A estrutura lembra exatamente um texto dissertativo, apresenta tese, relaciona-se com sua origem histórica, seu desdobramento na sociedade, e como esta é vista/atua no mundo contemporâneo. 




Também veiculada na Netflix, GUERRAS DO BRASIL.DOC traz em 5 episódios dinâmicos cinco momentos históricos marcantes do país que definem nosso presente, que vai da questão racial, passando pelo autoritarismo (e as ditaduras), a desigualdade social gritante, o tráfico, as milícias e a criminalidade que marcam o país no seculo XXI. 




PROFISSÃO REPÓRTER - programa de jornalismo investigativo da Rede Globo, traz em cada um de seus progamas um tema da atualidade - Corrupção política, gravidez Precoce, o desastre de Mariana, atuação dos médicos cubanos etc. Jovens jornalistas vão a várias regiões/estados do país investigar o tema escolhidos para ter uma perspectiva de como é tal questão é vivida no cenário/perspectiva atual do país. Interessante pelo foco ser o Brasil e principalmente suas mazelas socioeconomicas, políticas e ambientais. 




VIVI EU VI é um canal do Youtube no qual a jornalista e estudante de artes Vivi Vilanova analisa quadros, fornece panoramas gerais sobres fases estéticas da artes (Surrealismo, Dadaísmo, Bubismo etc), analisa a vida, o contexto e a obra dos maiores artistas da humanidade (Michelangelo, Da Vinci etc), além de analisar esteticamente obras e performances, muitas vezes indicando também livros, documentários e exposições. Além de fornecer uma base cultural sobre Arte universal, a apresentadora tem uma atenção expressiva para a Arte Brasileira Moderna e Contemporânea, com foco especial também para a produção da mulheres e das minorias que merecem análises e reflexões atentas, muitas vezes excedendo a abordagem técnica e estética. Brilhante. Link AQUI





ENTREPLANOS é um canal do Youtube no qual o jornalista e crítico de cinema Max Valarezo traz ensaios sofisticados sobre Cinema, seus movimentos e principais diretores e roteiristas. Ele analisa não só obras, mas trabalha com temáticas em torno de filmes e outras obras audiovisuais (como séries). São aulas de interpretação do audiovisual que possibilita ampliar a perspectiva sobre arte cinematográfica e sua relação dom a sociedade contemporânea. Link AQUI





LITERATURA FUNDAMENTAL é um programa produzido e veiculado pela televisão da UNIFESP onde um apresentador entrevista um acadêmico que analisa um autor universal e sua principal obra. Isso permite conhecer as principais obras literárias da humanidade, entender sua importância, seu contexto histórico e como ela reflete não apenas a interioridade do autor, mas seu tempo. Link AQUI.





CORUJÃO PAULISTA 2019


Minha aula de Redação foi as 2 da manhã do sábado.

A REDAÇÃO NO ENEM 2019 - Cartilha do participante (para baixar)



Baixe clicando AQUI

LINK

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2019/redacao_enem2019_cartilha_participante.pdf

terça-feira, 15 de outubro de 2019

No dia dos professores, uma reflexão sobre o Cursinho





Lembro até hoje desta turma de 2011. INFELIZMENTE, o cursinho vestibular de Mauá fechou em 2019. Naquele 2011, havia um outro pais. Nascia no governo petista a ampliação do acesso à universidade aos jovens de periferia, graças ao investimento em universidade públicas e federais e através dos programa ENEM/PROUNI. Assim, as turmas logo se ampliaram, pois os alunos descobriram a possibilidade de acesso, os pais tinham grana para investir no estudo dos filhos por causa dos preços populares, voltados para alunos do ensino público. Era outro o otimismo do país, sentido de pertencimento, e desejo de crescimento via estudo. Neste ano (2019), depois de 19 anso de existência, o cursinho fechou as portas (eu iniciei lá no ano 2000). Houve uma escassez de matrículas, pois os pais já não podiam pagar, a inadimplência se tornou altíssima, assim como os custos altos com prédio, professores, atendentes, etc. Mas o pior foi a desesperança com o futuro, já que o governo Bolsonaro - de Direita - começou o desinvestimento no ensino superior, cortou bolsas, reduziu a política de cotas, iniciou via Ministério da Educação, uma crescente perseguição à autonomia das universidades, a reitores, professores e cursos (principalmente de Humanas). Vivemos hoje uma fase de imensa consternação e desesperança, pois o acesso dos jovens a faculdade está ameaçado por um projeto persecutório do livre pensamento - camuflado de perseguição a uma pretensa ideologia de esquerda, de cunho marxista, na verdade, estratégia para futuras privatizações da universidade pública e domínio acachapante do ensino privado de baixa qualidade no modelo norte-americano não presencial, hoje Intitulado FUTURE-SE. 

Um desenho que ganhei durante aula de redação num longínquo 2005


INTERPRETAÇÃO: Ilustração


INTERPRETAÇÃO: Charge


As cores, as posturas e as vestimentas são fundamentais para compreensão desta engenhosa charge. Os jornalistas se põem diante do candidato ao entrevista-lo, este expele um vapor tóxico de sua boca. As roupas amarelas protetoras dos jornalistas, a distância que tomam, bem como suas máscaras,indicam o horror da contaminação radioativa e contaminante do político tóxico. Sua cor cinzenta, cadavérica e postura típica, com as mãos atadas por trás das costas, revela o grau de toxidade expelido por sua fala. 

INTERPRETAÇÃO: Charge


Há um uso engenhoso da estrutura convencional do quadrinho que se confunde com o uso dos balões. Sem um só diálogo, o homem insinua sua intensão de roubar um beijo da moça que imediatamente lhe comunica qual será sua reação. Portanto, seu alerta termina como uma bofetada, ainda que as duas ações paralelas insinuadas na narrativa em quadrinho podem ter sido executadas num outro plano (o real). 

Pleonasmo


INT

  Ambiente/Cenário/Contexto: máquina automática de reposição automática de profissionais coisificados Foco: personagem: profissionais à vend...