quinta-feira, 23 de novembro de 2017

REDAÇÃO. TEMA: Apropriação cultural

APROPRIAÇÃO CULTURAL

O conceito de apropriação cultural, embora controverso, tem implodido o mito da democracia racial brasileira, já que coloca em debate as profundas tensões de cor, classe e credo no país.

Os colonizadores portugueses não apenas roubaram a terra dos autóctones da América, dizimaram nações, confinaram os índios a áreas cada vez menores. Da África, trouxeram em grilhões homens, mulheres e crianças que submeteram a trabalhos extenuantes, tortura e humilhação. Além da liberdade, privaram-lhes da língua, das crenças, dos costumes, impondo-lhes além da fé católica e da cultura branco-europeia, uma terra inóspita que transformaram. Nela, punidos eram todos os que não se submetessem à assimilação, desse modo, era-lhes negado o que define um povo: sua cultura.

O uso de elementos identitários de um grupo historicamente marginalizado por outro (ainda mais se em posição privilegiada), pode ser entendido por muitos, como uma vitória sobre o dominador. Será uma conclusão falsa, contudo, se tal cultura for vista como “aceitável” ou mesmo “superior”, apenas pelo fato de “agradar” à elite. Não foi o que ocorreu com o Blues, Jazz, Soul, Rock, Reggae, Samba, Axé, Rap, Break dance e o Passinho? Não são essas expressões artísticas originárias das periferias, inicialmente desprezadas e perseguidas até serem “adotadas” pelos brancos e integrarem o “mainstream”?

O Brasil é resultado de mudanças histórias e interação social complexas, entretanto, recusar que isso se deu com violenta perseguição à cultura negra é negar o que nos constitui. Se a capoeira, o samba, a fé do povo de rua/dos terreiros existem ainda, deve-se não apenas ao sincretismo (sagaz estratégia de aparente conciliação entre a cultura do dominante e dominada), mas à resistência que resultou no legado e tradição obtidos com grande luta. Embora o intercâmbio com outros imigrantes tenha também definido o ser brasileiro, -- o que nos destitui de um caráter único, como apontou o escritor Mario de Andrade em seu romance Macunaíma, – esvaziar/banalizar os elementos identitários dos grupos desde sempre explorados e excluídos, é atualizar o desrespeito à ancestralidade negra e ameríndia.

Apropriação cultural não diz respeito a “individualidades”, trata-se de um fenômeno social amplo de negação e apagamento da memória/história do outro. Trata de contextos capitalistas em que uma “indústria” banaliza, esvazia, simplifica e desprestigia uma cultura, se essa não estiver a serviço de uma classe privilegiada. É preciso, portanto, valorizar as múltiplas raízes brasileiras. Exigir dos nossos governantes um ensino menos eurocêntrico – com foco nas nossas demais matrizes - é fundamental. Dar atenção às periferias e suprir suas demandas por mais educação, arte e cultura são um primeiro passo a permitir que o brasileiro expresse com plenitude sua identidade (não como mercadoria de exportação). Conferindo protagonismo aos reais fundadores da arte/cultura inventiva e plural do Brasil, impedir-se-á a apropriação predatória e cosmética pelo mercado dos nossos bens também simbólicos, meio de garantir o fortalecimento dos laços comuns, do sentido de pertencimento o que confere dignidade, respeito e a autoestima ao se reconhecer brasileiro.



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

INTERPRETAÇÃO. Charge


O jornalista da Rede Globo foi flagrado em gravação informal no intervalo de matéria/comentário sobre a vitória de Donald Trump, nos EUA. Ao ser interrompido por buzinas de protesto, em estrada próxima de onde gravava matéria, afirmou tratar-se de "coisa de preto". O vídeo repercutiu imediatametne nas redes sociais e resultou no afastamento do apresentador do jornal, com nota da emissora afirmando que não compactua nem tolera qualquer expressão racista de seus funcionários. 

O quadrinho mostra dois homens com vestes - e máscaras cobrindo o rosto - características de um grupo historicamente racista norte-americano, a Ku Klux Klan. O jogo de humor está na expressão "tirar a máscara" (literal) e a expressão conotativa em portuquês "cair a máscara" (implícita no uso do verbo cair), significando, justamente "revelar-se publicamente sua 'face' racista, seu preconceito em relação ao cidadão negro. 

Quem bate na mulher machuca a família inteira


Questão de gênero e não "ideologia de gênero"



Professor, o senhor é gay?
Já ouvi essa frase algumas vezes. Uma vez por ano ao menos algum aluno pergunta. Na verdade, geralmente alunas. Como já ouvi várias vezes e sempre me intriguei com o porquê da pergunta e hoje, a pergunta veio de uma aluna de uma turma de 1º ano no meu CIEP, em Inhoaíba, resolvi usar Paulo Freire e partir do concreto para o abstrato. Parei a aula e mudei o tema para "gênero e sexualidade" (estudávamos antropologia, então é pertinente). Usei a pergunta da aluna e a mim mesmo como exemplo.
Perguntei a ela o que a levou a fazer a pergunta. Qual era o motivo da suspeição da minha homossexualidade? A aluna não quis responder, com medo de uma reação negativa ou até agressiva minha, como é bastante comum na sociedade. Insisti e ela começou a falar. Daí todos os alunos se interessaram muito e começaram a falar também os motivos de suas suspeitas.
Resolvi, para ser didático, anotar no quadro os motivos para debater um a um.
Os motivos, que para eles são características da homossexualidade que eu tenho, foram os seguintes:

- Uma aluna me deu mole e eu não "peguei".
- Coloco às vezes a mão na cintura 
- Gestos e fala característico de homossexual (segundo dois garotos apenas)
- Não fala de relacionamentos, namorada, nem da vida pessoal, o que fez no fim de semana, etc. E outros profs falam...
- Sou professor novo, moderno, simpático. Isso n é característica masculina.
- Tem outros alunos comentam que eu sou gay
- Sou vaidoso, me cuido esteticamente.
- Quando os alunos me perguntaram se eu era gay, não neguei agressivamente, mas debati o assunto. Só no final disse que não era. Não provei que era hétero mostrando fotos minha com alguma namorada, etc
- Não sou machista
- Tenho 30 anos, não casei e não tenho filhos. Todos as pessoas e trinta anos que eles conhecem já casaram e tiveram filhos. Só gays chegam aos 30 sem casar.
- Tenho amigos gays.

Sim, a lista foi longa (rs) e os instiguei a falar tudo.
Não é difícil deduzir que os pressupostos (anotados no quadro tb) dessas falas são:

- Homem que é homem, pega aluna, não rejeita mulher.
- Homem que é homem não coloca a mão na cintura.
- Homem que é homem fala das mulheres que "pega", "prova" que é homem através de fotos com mulheres.
- Professor hétero não é simpático. Simpatia não é característica masculina.
- Homem que é homem não é vaidoso.
- Homem que é homem nega com veemência a homossexualidade, como se fosse um crime. E é obvio que homem de verdade não debate esses assuntos, muito menos usando a si mesmo como exemplo.
- Homem que é homem é machista. 
Obs.: como eu queria as feministas "linha dura" que me acham O escroto machista lá naquela sala pra debater isso com eles. rsrs
- Homem de verdade casa antes dos 30 e tem filhos antes disso.

Talvez vc se pergunte o porque eu não neguei com veemência e encerrei o assunto? Porque debati algo pessoal com adolescentes de 15 anos em média?
Primeiro: qual o problema em ser gay? Porque negar isso com veemência? É crime? Imoral? Não. Ser gay ou hétero para mim é como ser flamenguista ou botafoguense. Não tem nada de bom ou ruim em nenhum dos dois. 
Segundo: Acho que foi a melhor das oportunidades de debater um assunto tão delicado e proporcionar o acesso à uma outra visão de mundo aos alunos.
Não. Não sou gay rs e fiquei impressionado com a visão estreita de gênero e sexualidade de adolescentes me pleno 2016, tão limitada e machista. E fiquei imaginando a feroz repressão que os homossexuais sofrem no dia-a-dia.
Por outro lado é compreensível os alunos terem essas concepções na cultura onde estão inseridos. 
Como assim vc tem 30 anos e não casou se as meninas têm filhos aos 15 às vezes? rs 
Como assim vc não pega aluna que te dá mole? Só pode ser viado rs
Eu resolveria facilmente o "problema" mostrando foto com alguma mulher com que fiquei, mas porque eu me preocuparia em provar a heterossexualidade como quem prova a inocência. Porque usaria uma mulher como prova de algo?
Pode parecer engraçado para muita gente ler isso e pra mim foi. Muito. rs Mas para eles não. É o que pensam mesmo. Parece anos 1940, mas é 2016...
Imaginem se o projeto "escola sem partido" continua avançando como está. Voltaremos às trevas em pouco tempo. Precisamos debater gênero e sexualidade nas escolas, mais do que nunca!
O machismo é opressor com os homens também, se liguem nisso!
Obs.: Hoje fui trabalhar com uma camisa rosa. Aí ferrou... rs




domingo, 5 de novembro de 2017

Círculo sobre APROPRIAÇÃO CULTURAL


Base para o desenvolvimento de uma redação sobre o tema Apropriação Cultural.

REDAÇÃO. TEMA: A inclusão ao deficiente no Brasil (contribuição de Renata Pessôa)

O DEFICIENTE NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Na mitologia grega, a deusa Hera atira o filho Hefesto do alto do Monte Olimpo por ele ter nascido deficiente, a fim de exclui-lo do convívio com os outros olimpianos. Apesar de ser um mito, indica como, desde de sempre, deficientes foram excluídos do convívio social. No Brasil, devido a fatores sociais e governamentais, isto não é diferente.
Boa parte dos portadores de deficiência são discriminados. Isso ocorre uma vez que há a visão errônea de que sejam improdutivos e necessitam de cuidados, devido a determinadas limitações. Segundo o filósofo Michel Foucault, a sociedade possui uma intolerância à alteridade, ou seja, exclui o que se difere do modelo padronizado de sociedade. Por conseguinte, o indivíduo que possui determinadas limitações físicas ou cognitivas, encontra o preconceito como barreira para sua efetiva inclusão. Isso tem dificultado seu acesso ao mercado de trabalho e ao sistema educacional, embora haja políticas de cotas para integrá-los.
Os direitos da população com deficiência não são aplicados de forma efetiva. Com a Constituição de 1988, o Artigo 5° garante a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, sem qualquer distinção. Os direitos dos deficientes, contudo, não se efetivam de maneira concreta. Tal fato é verificado pelo não cumprimento da acessibilidade, haja vista que estabelecimentos comerciais, transportes públicos, escolas e ruas não são adaptados a todos os indivíduos. Dessa maneira, a mobilidade de tal grupo é comprometida, a exemplo de ruas sem piso tátil, vias e estabelecimentos sem rampas e número reduzido de intérpretes em libras, quando da necessidade de se comunicam por língua de sinais.
Percebe-se, portanto, que as políticas públicas de hoje, ainda são pouco efetivas para a inclusão dos portadores de necessidades especiais, o que exige medidas urgentes. O Judiciário e o Executivo devem assegurar de maneira efetiva os direitos dos deficientes. Com dinheiro advindo de reformas tributária e fiscal, deve ampliar investimentos em cursos de língua de sinais e garantir a infraestrutura em prédios públicos, com a construção de rampas e pisos táteis, além de exigir aumento de transportes públicos acessíveis. Além disso, é preciso que os portadores de necessidades especiais exerçam uma cidadania ativa, organizando-se em movimentos ativistas, a fim de reivindicar novos direitos e assegurar seu cumprimento. Cabe igualmente à mídia e à escola auxiliarem na formação da criticidade do indivíduo, por meio de propagandas, debates em programas; aulas e trabalhos voltados aos jovens​, a fim de mudar a visão social sobre o deficiente. Somente com a adoção de tais medidas, portanto, a inclusão se fará, mitigando preconceito e assegurando direitos.


[Texto enviado pela ex-aluna do Maximize Mauá, hoje estudante de Psicologia, Renata Pessôa. O texto foi readaptado pelo professor Eduardo Araújo para aproximar-se do modelo exigido pelo ENEM]. 

REDAÇÃO. TEMA: "Novas Configurações Familiares"

Laços de família e alguns nós

As novas configurações familiares têm gerado complexas discussões no país, devido ao fato de envolver questões religiosas, morais e de direito.
O Brasil é – em teoria - um país laico, já que a religiosidade, principalmente a cristã/evangélica, norteia grande parte das relações e comportamentos. Atualmente, políticos mais conservadores apregoam a necessidade de preservação da família tradicional brasileira, como se ela não se fundamentasse na união de afetos. Para muitos, questões como união homoafetivas, defesa de gênero e militância pró-aborto a ameaçam, como se o respeito à diversidade e direitos legais das minorias LGBT's atacassem, de algum modo, a instituição familiar.
O moralismo burguês e retrógrado, pilar de uma sociedade patriarcal, machista e excludente, insiste em valorizar velhos estereótipos de família. O marido provedor, no controle racional da casa; a mãe amorosa, abnegada e grande cozinheira, ambos rodeados de filhos dóceis e submissos, tornaram-se figuras raras, quase estereótipos televisivos. Isso não significa que casar-se tenha “saído de moda”, mas que as uniões tornaram-se parcerias sem exigência uma definição padrão; já que não se baseiem tão somente no controle, dominação, submissão, mas em trocas.
O casamento é uma instituição legal e, portanto, um contrato sujeito a normas, direito e deveres. Garantias jurídicas como divórcio, divisão de bens, pensões e herança não podem ser restritas a uniões heteronormativas. Hoje, casais gays, por meio da união estável (recentemente legalizada no Brasil), gozam, em teoria, dos mesmos direitos dos demais; enfrentaram, contudo, na prática, enormes dificuldades em casos de adoção de crianças.
As discussões em torno dos novos modelos de família precisam resultar em medidas mais democráticas, proteção e garantias legais às minorias e respeito à diversidade sexual, já que fundamentadas na liberdade individual. Acreditamos que uma sociedade mais justa só se fará, portanto, a partir da superação de preconceitos, justificativas psedorreligiosas ou moralistas. É preciso exigir do Estado a criação, aplicação e fiscalização de leis que garantam a segurança de todas as formas de união, afinal, apesar de embaraços e nós, são os laços de amor que mantém vivas todas as famílias.



[Redação feita coletivamente, em setembro de 2015, pela turma do Extensivo, MAXIMIZE/Noturno. Enviada por Larissa Miranda. Ela foi reeditada e revisada pelo professor Eduardo, em setembro de 2015 e revisto em 22/10/2015. Tema: “Novas configurações familiares”. Relaborada em 5.11.2017]

REDAÇÃO. Tema: "Mobilidade urbana" (reatualizada)



Imobilidade política e movimentação nas ruas

O transporte coletivo jamais foi uma prioridade no Brasil. O carro, fetiche herdado dos estadunidenses, suplantou a política para locomoção das massas nas grandes cidades e, hoje, a democratização dos espaços e das vias gera grande polêmica.
O caos em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, com lentidão, enormes congestionamentos e “rush” estressante é resultado da ausência de planejamento governamental, já que houve um crescimento desordenado das metrópoles. A superlotação de ônibus, trens e metrôs contrasta com carros ocupados somente pelo condutor. A poluição, os acidentes, os crimes e roubos nas vias, nenhum desses problemas, entretanto, é forte o bastante para convencer o cidadão de não adquirir carros.
Embora a maior parte da classe trabalhadora dependa do transporte coletivo, as políticas não atendem às suas necessidades. As manifestações de 2013 contra o reajuste das tarifas explicitaram o enorme descontentamento da população, não apenas referente ao custo alto das passagens, mas também com a má gestão do erário. Tais protestos, contudo, não resultaram em mudanças efetivas até o momento.
O então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, enfrentou graves críticas de cidadãos paulistanos, visto que decidiu investir na ampliação de ciclovias. Há uma reação agressiva da mídia, com ataques constantes às políticas para redução de velocidade, implementação de corredores exclusivos para ônibus e pedágios urbanos, posto que refletem os interesses de uma elite conservadora, reacionária e prepotente. Quando pedestres e ciclistas adquirem o direito de transitarem pela cidade, isto parece, de algum modo, agredir aos mais privilegiados.
É impossível pensar o desenvolvimento das cidades brasileiras sem garantir a eficiência da mobilidade urbana e acessibilidade. Cobrar de nossos governantes a implementação de políticas efetivas (com investimentos na expansão de linhas em trens, metrôs, tróleibus e corredores urbanos) é dever de todos nós cidadãos. Acreditamos que apenas teremos uma cidade mais democrática, com uma circulação mais eficaz para motoristas, pedestres e ciclistas quando superarmos os jogos de interesses das classes. Devemos, portanto, nos “mobilizar” em prol dessa causa e usa-la como combustível para essa mudança, já que ir e vir é o direito de todos.




[Redação elaborada coletivamente em agosto de 2015, pela turma de Maio/Sábado do Cursinho Henfil da Paulista. Enviada por Raúla Yasmin, foi revisada e reeditada pelo professor Eduardo, em 28/8. Tema: "Mobilidade urbana". Retualizada em 5.11.2017] 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Redação. Tema: O poder transformador do trabalho

O TRABALHO COMO PODER TRANSFORMADOR


O trabalho, como valor moral, é um advento da modernidade, já que na antiguidade greco-romana o que diferenciava o escravo do homem livre era justamente o direito ao ócio. A conquista da autonomia, a independência financeira e a autoconfiança por se saber hábil e competente são atributos indissociáveis de um trabalhador pleno.
"Deus ajuda quem cedo madruga", ensina o dito popular. Mais do que um principio proverbial, ele explicita a importância de se possuir um ofício/ocupação dentro de uma sociedade burguesa, patriarcal e cristã. Trabalho, portanto, é esforço que não apenas recompensa monetariamente, mas que define o modo como o sujeito é visto socialmente.
Emancipar-se do controle dos pais e ter direito à palavra no lar, apenas se faz possível quando o sujeito contribui ativamente nas despesas e melhorias da casa. Se almejamos desde sempre nossa autossuficiência, poucas vezes o mercado de trabalho corresponde, de fato, às nossas expectativas.
Há empresas que investem na formação e capacitação de seus funcionários, entretanto, raras são aquelas que apresentam oportunidades reais de ascensão aos mais jovens. A baixa remuneração, a carga horária excessiva, o desrespeito ao desempenho alheio, e injustiças, causadas por oportunistas antiéticos, são fatores desmotivantes àqueles que aspiram ao sucesso profissional.

O trabalho confere distinção ao homem, já que o seu valor moral é uma conquista do cidadão consciente de sua capacidade produtiva no o mundo. O sucesso profissional não se mede, logo, pelo poder de acumular bens materiais ou ostentá-los de modo infantil. Garantir a dignidade do assalariado, maior acesso à qualificação e ao emprego (sem onerar seus rendimentos) são, portanto, exigências a serem feitas aos nossos governantes, ainda mais em tempos de crise. A Justiça Trabalhista deve agir com mais rigor, coibindo o trabalho escravo e a exploração, principalmente dos jovens. O trabalho, desse modo, cumprirá seu objetivo mais nobre: garantir segurança, autonomia e futuro ao cidadão.

REDAÇÃO. Tema: Precariedade do sistema carcerário brasileiro

UM OLHAR PARA ALÉM DAS GRADES DA PRISÃO

O Brasil tem a segunda maior população carcerária do mundo, perde apenas para a dos Estados Unidos. A precariedade do nosso sistema, contudo, supera em muito a dos norte-americanos, já que a criminalização da pobreza, a morosidade do tratamento judiciário e a ineficiência na reabilitação dos detentos são práticas regulares.
A desigualdade social extrema do país resulta do nosso processo histórico colonial escravagista. Embora em pleno século XXI, perdura ainda hoje velhas práticas autoritárias que subjugam os mais pobres, confinando-os em guetos e periferias, onde, sujeitos a carências severas, muitos entregam-se ao crime; até mesmo como estratégia de sobrevivência. O Rap “Diário de um detento”, dos Racionais MC´s, ilustra com perfeição a rotina na cadeia de um marginal, pobre e favelado.
Se o perfil majoritário dos encarcerados brasileiros é homem, jovem, de baixa escolaridade e não-branco, é por que poucos têm acesso a advogados particulares e estão relegados a uma defensoria pública falha, visto que com poucos recursos e sobrecarga de processos. Tal sistema burocrático, no qual 40% dos presos aguardam julgamento (muitas vezes por anos, contrariando a lei), é responsável por uma superlotação que confina, tantas vezes de maneira desumana, infratores de crimes banais.
Má gestão do erário, práticas repressoras abusivas, infraestrutura deteriorada e arcaica, condições sub-humanas de higiene e alimentação, tudo isso fez dos presídios do país, celeiros de facções criminosas. O banditismo encontra no cárcere, portanto, espaço onde formar futuros sequestradores, traficantes e assassinos. A reinserção na sociedade se faz, frequentemente, pela conversão religiosa do indivíduo; embora o objetivo de punição, reabilitação e reintegração necessária, com escolaridade e profissionalização, jamais se realize de fato.
Ter a segunda maior população encarcerada do planeta não é motivo de orgulho, ao contrário, comprova a falência daquilo que é a finalidade do sistema prisional: garantir a ressociabilização do cidadão infrator. Penas alternativas para réus primários e de menor periculosidade (com restrição de contato a bandidos reincidentes); uso de tornozeleiras eletrônicas que possibilitem o trabalho em liberdade condicional e mais agilidade nos trâmites do processo legal são estratégias para diminuir o número de presos no país. Reduzir a desigualdade social, bem como impedir que facções aliciem réus primários, portanto, são ações imprescindíveis. É necessário cobrar investimentos governamentais, para uma reforma vigorosa e eficaz das penitenciárias e do sistema correcional brasileiro, a fim de que, por meio da educação e do trabalho, realize-se à reintegração do indivíduo na sociedade.


[Redação coletiva, realizada com a turma do Maximize Mauá - 2017]. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

REDAÇÃO. Tema: Drogas e o extermínio da juventude brasileira.

MURO, MORRO E MIDIA: A JUVENTUDE NA MIRA

Os jovens são as principais vítimas das drogas, não só no Brasil, mas também em todo o mundo. Movidos pela curiosidade ou influenciados pelo grupo, muitos fazem o uso de entorpecentes pela falta de perspectiva ou como estratégia de fuga de problemas pessoais e realidades extremas, sendo assim facilmente cooptados para o crime.
Embora todos tenham ciência do poder viciante, corrosivo e destrutivo das drogas, elas continuam sedutoras a muitos jovens. A mais popular delas é o álcool, entretanto, por ser lícito e facilmente acessível (como o cigarro/tabaco), não é considerado um perigo potencial. Além disso, adolescentes e, até mesmo crianças, estão expostos a pais tanto alcoolistas quanto fumantes, o que faz com que vejam com naturalidade seu consumo. Entre muitos jovens brasileiros, “sociabilizar” quase sempre envolve beber e compartilhar com amigos tais “aditivos inocentes”.
Por curiosidade ou influência do grupo, o uso de drogas é difundido; e o risco da dependência, ignorado em prol do prazer que propicia. Se as cracolândias (espaços abertos de venda e consumo coletivo do “crack”) são veiculadas na mídia sensacionalista e apavora as famílias brasileiras, pouco diálogo franco e honesto estimulam nos lares. As campanhas contra maconha, cocaína, “crack” e “doces” (metanfetaminas) voltadas ao público jovem, são ineficazes no combate e desestímulo ao consumo, já que adotam um discurso moral, histericamente de terror, quando não, punitivo.
Traumas, ausência de perspectivas e oportunidades, ainda mais em favelas e comunidades carentes, levam muitos jovens a ingressar no tráfico. A exploração de menores é frequente, devido à sua imunidade parcial, com menor tempo de internação em instituições socioeducativas e penas menos rígidas. Alguns, entretanto, não são bandidos, mas dependentes químicos; por isso, mais facilmente aliciados. O dinheiro e a fama marginal lhes conferem uma ostentação ilusória de poder, sempre efêmera, posto que vários terminam mortos precocemente. São, por isso, vitimas preferidas de uma polícia repressora que criminaliza a juventude pobre, cuja morte não deploram, já que a impunidade lhes é garantida pela “farda” e omissão do poder público.
O extermínio da juventude brasileira, tanto pelo vício quanto pela violência do narcotráfico e/ou da polícia, precisa acabar. São necessárias, portanto, ações mais efetivas do Estado. Campanhas claras e objetivas de conscientização sobre danos e malefícios das drogas e que envolvam pais, escola e comunidade; investimento em instituições de reabilitação e métodos terapêuticos mais eficazes e modernos; além de espaço de lazer, cultura, educação e trabalho que propiciem oportunidades de sociabilização e trocas para os jovens, devem ser implementados em todo país, para realmente livrá-los das drogas. Será imprescindível, contudo, rever as estratégias de combate ao narcotráfico, visto que a juventude pobre, negra e periférica – ainda que dependente química – não pode ser sempre mirada como inimiga.


[MAXIMIZE – Tuma de Novembro, ENEM da Paulista]. 

REDAÇÃO. Tema: A "LGBTfobia" e sua criminalização no Brasil

DE CRIMINALIZADOS A DISCRIMINADOS: “LGBTFOBIA”, NO BRASIL



A lei de criminalização da homofobia não foi homologada pelo Senado brasileiro; isso por si só revela como lésbicas, “gays”, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT´s) não só são tratados como cidadãos de segunda classe, mas também excluídos e hostilizados no país.
Crime de ódio é um ato de violência contra outrem, normalmente motivado por intolerância étnico-racial, religiosa, econômica, de gênero e/ou orientação sexual. Embora o Brasil seja, aparentemente um Estado laico, muitas decisões (mesmo legais) são orientadas por uma “certa” moralidade cristã/evangélica. Se para muitos conservadores esta minoria representa uma ameaça à família tradicional, contraditoriamente, todo cidadão LGBT advém de uma união heteronormativa.
Há, todos os anos em São Paulo, uma parada cujo objetivo é trazer à baila a causa LGBT. O fato de atrair um grande número de turistas - que impulsionam a economia da metrópole –, não significa, todavia, maior aceitação por parte dos conservadores. O homicídio desta minoria duplicou na última década, contudo, é possível que esse seja um dado subnotificado, já que, principalmente nas periferias e em rincões do país, tal agressão é naturalizada.
Hostilizados tanto na sociedade quanto no ambiente familiar, para muitos LGBT's, a aceitação (e autoaceitação) é um processo doloroso, posto que dogmas religiosos e tabus os estigmatizam como potenciais “pecadores”. À medida em que são violentados e excluídos, tendem a reagir com igual ferocidade. Preteridos no mercado de trabalho, não raro são lançados na prostituição e na marginalidade, quase sempre, única forma de sobreviverem.
O descaso do governo em não garantir, com leis mais efetivas, a segurança dos LGBT´s, é uma comprovação de como esses são tratados de modo inferior e discriminatório, no país. Devemos, portanto, exigir de nossos representantes políticos tal sanção, além de medidas concretas, a fim de que lhes sejam assegurados não apenas respeito e tolerância, mas também garantias legais. Discussão de gênero em escolas, combate ao “bullying”, punição aos seus agressores e àqueles que propagam o ódio ao LGBTS são imprescindíveis. Políticas públicas de acolhimento aos jovens expulsos/desamparados pelas famílias e aos marginalizados, bem como direcionamento à formação profissional e a empregos, permitirá integrá-los à sociedade, o que fará do Brasil um país mais justo, humano e igualitário.


[Redação coletiva produzida no Maximize Mauá Turma do Fuja do Trânsito. 2018]

REDAÇÃO. Tema: O problema do lixo na contemporaneidade (e no Brasil): estratégias e soluções

Garantindo um futuro, ao futuro

Resultado do consumo desenfreado que caracteriza o sec. XXI, o lixo se tornou um problema determinante, cuja destinação será fundamental para a continuidade do homem na Terra. Reduzir a produção e o consumo, difundir o hábito da reciclagem e minimizar seu impacto no meio ambiente são as principais alternativas.
A Revolução Industrial trouxe com o avanço tecnológico e a técnica da linha de produção (denominada "estratégia fordista"), um aumento nunca antes visto na feitura de bens de consumo descartáveis. O consumismo exacerbado, contudo, viria com a utilização em larga escala de derivados de petróleo que lançaria no meio ambiente, já predatoriamente explorado, garrafas PET, sacolas plásticas, embalagens não-degradáveis de todos os tipos. Reduzir tal produção é urgente e exige acordos mundiais, entretanto, as maiores potencias alegam o risco de estagnação econômica, desqualificam os alertas sobre o Aquecimento Global, e seguem na produção de bens descartáveis e poluidores. Os antigos legaram às novas gerações as Pirâmides, o Coliseu Romano, a Muralha da China entre outras maravilhas. O sec. XXI deixará como herança às gerações futuras, uma ilha de plástico no Pacífico, lixões e danos ambientais.
No passado, a produção de lixo não se configurava um problema, já que se resumia à madeira, osso, tecido, peles e metais: todos facilmente degradáveis. No Brasil, o milagre econômico setentista, que acelerou a industrialização do país, ao instalar polos petroquímicos e automobilísticos no ABC-Paulista, trouxe como resultado do desenvolvimento: 57% de sobras de alimento, 17% de plástico, 2,5% de vidro e 2% de metal em dejetos etc. Uma fração disto é reciclada.
Hoje, o processo de reciclagem e/ou reaproveitamento do lixo da maior parte das cidades brasileiras é ineficiente ou nulo. Mesmo nas metrópoles, resíduos domiciliares são parcamente coletados por trabalhadores informais (catadores, carroceiros e moradores de rua), o que garante a subsistência de muitos desvalidos. Ainda que ecologicamente conscientizados, bem poucos estão de fato engajados na reciclagem e reuso de detritos. Isso, por que o Estado não fornece programas de coleta familiar, restringindo-se à impôr o uso de sacolinhas coloridas.

Tornar menor o impacto ambiental daquilo que a humanidade produz - tantas vezes, desmedidamente supérfluo. - é um desafio do agora. Devemos, portanto, exigir dos nossos governantes suporte estatal a cooperativas de reciclagem e a coleta seletiva urbana. Promover campanhas na mídia de incentivo à participação popular é essencial para redução do consumo e reaproveitamento de resíduos (mesmo orgânicos, na forma de compostagem). Além de reaproveitamento de bens cotidianos (reforma de roupas, manutenção eletrônicos, etc), é preciso leis que coíbam na indústria o uso da obsolescência programada (com sanções e multas), privilegiando equipamentos duráveis, mais baratos e de baixo consumo energético. Para uma geração hedonista, amante do excesso, do descarte, do imediato e do fugaz, não é uma missão fácil, mas libertadora, forma de fazê-la menos escrava da novidade tecnológica, do acúmulo do lixo concreto e virtual e, realmente, comprometida com o futuro.


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

REDAÇÃO. Tema: Os desafios do envelhecimento da população brasileira

ENVELHECIMENTO, CIDADE, SAÚDE E DIREITOS

O envelhecimento da população brasileira (segundo o IBGE, em 2030 haverá uma maioria acima dos 60 anos) implicará grandes desafios à sociedade. Questões como acessibilidade, direito à saúde e garantia previdenciária são os mais urgentes.
Uma metrópole como São Paulo, embora considerada moderna, não apresenta uma infraestrutura que permite aos idosos transitarem com segurança. O descaso a eles não se restringe, entretanto, às calçadas irregulares e semáforos mal cronometrados, mas também ao desrespeito do cidadão comum às suas preferencialidades em bancos, filas e vagas em estacionamentos. Não por acaso, são eles as principais vítimas de atropelamento no afluxo de pessoas e no trânsito.
A longevidade da população é resultado do avanço socioeconômico no Brasil das últimas décadas, bem como programas de garantias mínimas que propiciaram o acesso das classes menos abastadas à alimentação e à saúde. Apesar de deficitário, o Sistema Único de Saúde (com acesso a remédios gratuitos e/ou subsidiados) é para muitos a única garantia de consulta, exame e tratamento, já que o sistema privado tem planos com valores proibitivos (ou “criminosos”) para população mais pobre.
Embora muitos idosos estejam aposentados, raros são os que não exercem atividades remuneradas, ainda que sem novas garantias ou benefícios trabalhistas. Numa sociedade que hiper-valoriza a juventude, o declínio físico - advindo da idade – expulsá-os do mercado de trabalho. Se antes experiência e sabedoria eram vistas como atributos da idade, hoje os mais velhos são tratados como cidadãos de segunda classe, tidos como mera estatística, obstáculos ao desenvolvimento macroeconômico do país. O atual governo de Michel Temer, com suas propostas de reforma trabalhista e previdenciária, pretende impor um aumento injusto do tempo de contribuição, sem comprovar o deficit real do sistema. Ameaça, assim, o futuro da terceira idade no Brasil e, por consequência, a sociedade como um todo, já que a pensão de muitos idosos é responsável por sustentar famílias inteiras, principalmente, rurais.
O desafio de garantir uma vida digna aos nossos anciões exige que todos lutemos, não apenas para que não lhes subtraiam os direitos, mas sua garantia governamental. Benefícios, transferências de renda aos mais carentes, e um sistema de acolhimento aos desamparados, são, portanto, medidas a serem exigidas dos nossos governantes. Tão importante quanto respeitar locais destinados aos idosos e que as cidades sejam adaptadas às suas necessidades, é também zelar por sua empregabilidade, denunciando preconceitos no mercado de trabalho e assegurando-lhes proteção e direitos. Cabe a todos cidadãos, entretanto, terem a sabedoria de que envelhecer é o destino humano. Tratá-los com respeito e propiciar-lhes espaço de laser, convívio, participação social plena é, portanto, pouco para os que muito contribuíram para o nosso presente.


[Redação coletiva realizada com alunos do Maximize Paulista, 2017]

REDAÇÃO. Tema: O "bullying" realizado no ciberespaço e seu efeito no indivíduo e na sociedade

NAS REDES E NA VIDA

O “cyberbullying” tem se convertido num tipo de violência cada vez mais frequente no século XXI. Expressão da falta de empatia de uma geração mais individualista e menos solidária, tal fenômeno, gerado pelo “aparente” anonimato das redes, hoje se tornou uma questão criminal.
Etimologicamente a palavra inglesa “bully” significa intimidar; portanto, “bullying” refere-se à prática de ofender, perseguir e até mesmo agredir a outrem. Escolas, condomínios, clubes, bairros e ruas, independente da classe social, tanto indivíduos quanto grupos infringem medo/terror aos mais fracos. Se o preconceito - à aparência, cor, credo, etnia ou gênero - motiva-o, sua principal característica é a gratuidade, expressão perversa de poder sobre os indefesos.
A popularização da internet potencializou a prática do “bullying”. Há comunidades em redes sociais criadas entre jovens exclusivamente para propagar mensagens de ódio. Perfis falsos são criados nas redes para este fim, já que a covardia é uma marca do praticante de “bullying”. Embora aparentemente um problema banal, ele tem provocado graves traumas psicológicos, além da indução ao suicídio e a atentados assassinos, como o ocorrido recentemente em uma escola em Goiás, quando um garoto, filho de policiais, atirou em colegas da escola que ofendiam continuamente.
A falta de empatia está na raiz do “cyberbullying”, entretanto, mais do que um desvio moral ou de conduta, muitas vezes, torna-se um ato criminoso. Após a ruptura de relacionamentos, há casos de ex-parceiros que “vazam” na internet vídeos íntimos e fotos de nudez para expor ex ao vexame e execração pública. As mulheres são as principais vítimas. Raqueamento e invasões de computadores e celulares, com roubo de conteúdo pessoal para fins de chantagem, obtenção de lucro, ou mera difamação, são formas atuais de “cyberbullyng”.
A violência do “bullying” virtual exige medidas efetivas. Cabe ao Ministério das Comunicações monitorar e punir tais abusos quando denunciados, aplicando multas e sanções a empresas de telecomunicações permissivas e irresponsáveis. Leis que punam tais práticas, que retirem de circulação sites/comunidades de ódio e que identifiquem “hackers”/invasores com mecanismos mais eficientes de rastreamentos são, portanto, medidas fundamentais de combate para tornar a internet segura. Mais do que nunca, é preciso informar aos nossos jovens (nas escolas e via mídia) dos riscos de expor sua privacidade, além de orientá-los para um tratamento mais ético e respeitoso de todos nas redes sociais e na vida.


[Redação coletiva efetuada no Maximize Mauá, com a tuma do Semi tarde. Encaminhado pela aluna Izabel Rodrigues.] 

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