UM OLHAR PARA ALÉM DAS GRADES
DA PRISÃO
O Brasil tem a segunda maior
população carcerária do mundo, perde apenas para a dos Estados
Unidos. A precariedade do nosso sistema, contudo, supera em muito a
dos norte-americanos, já que a criminalização da pobreza, a
morosidade do tratamento judiciário e a ineficiência na
reabilitação dos detentos são práticas regulares.
A desigualdade social extrema do
país resulta do nosso processo histórico colonial escravagista.
Embora em pleno século XXI, perdura ainda hoje velhas práticas
autoritárias que subjugam os mais pobres, confinando-os em guetos e
periferias, onde, sujeitos a carências severas, muitos entregam-se
ao crime; até mesmo como estratégia de sobrevivência. O Rap
“Diário de um detento”, dos Racionais MC´s, ilustra com
perfeição a rotina na cadeia de um marginal, pobre e favelado.
Se o perfil majoritário dos
encarcerados brasileiros é homem, jovem, de baixa escolaridade e
não-branco, é por que poucos têm acesso a advogados particulares e
estão relegados a uma defensoria pública falha, visto que com
poucos recursos e sobrecarga de processos. Tal sistema burocrático,
no qual 40% dos presos aguardam julgamento (muitas vezes por anos,
contrariando a lei), é responsável por uma superlotação que
confina, tantas vezes de maneira desumana, infratores de crimes
banais.
Má gestão do erário, práticas
repressoras abusivas, infraestrutura deteriorada e arcaica, condições
sub-humanas de higiene e alimentação, tudo isso fez dos presídios
do país, celeiros de facções criminosas. O banditismo encontra no
cárcere, portanto, espaço onde formar futuros sequestradores,
traficantes e assassinos. A reinserção na sociedade se faz,
frequentemente, pela conversão religiosa do indivíduo; embora o
objetivo de punição, reabilitação e reintegração necessária,
com escolaridade e profissionalização, jamais se realize de fato.
Ter a segunda maior população
encarcerada do planeta não é motivo de orgulho, ao contrário,
comprova a falência daquilo que é a finalidade do sistema
prisional: garantir a ressociabilização do cidadão infrator. Penas
alternativas para réus primários e de menor periculosidade (com
restrição de contato a bandidos reincidentes); uso de tornozeleiras
eletrônicas que possibilitem o trabalho em liberdade condicional e
mais agilidade nos trâmites do processo legal são estratégias para diminuir o
número de presos no país. Reduzir a desigualdade social, bem como
impedir que facções aliciem réus primários, portanto, são ações
imprescindíveis. É necessário cobrar investimentos governamentais,
para uma reforma vigorosa e eficaz das penitenciárias e do sistema
correcional brasileiro, a fim de que, por meio da educação e do
trabalho, realize-se à reintegração do indivíduo na sociedade.
[Redação coletiva, realizada com a turma do Maximize Mauá - 2017].
[Redação coletiva, realizada com a turma do Maximize Mauá - 2017].
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