ENVELHECIMENTO, CIDADE, SAÚDE E
DIREITOS
O envelhecimento da população
brasileira (segundo o IBGE, em 2030 haverá uma maioria acima dos 60
anos) implicará grandes desafios à sociedade. Questões como
acessibilidade, direito à saúde e garantia previdenciária são os
mais urgentes.
Uma metrópole como São Paulo,
embora considerada moderna, não apresenta uma infraestrutura que
permite aos idosos transitarem com segurança. O descaso a eles não
se restringe, entretanto, às calçadas irregulares e semáforos mal
cronometrados, mas também ao desrespeito do cidadão comum às suas
preferencialidades em bancos, filas e vagas em estacionamentos. Não
por acaso, são eles as principais vítimas de atropelamento no
afluxo de pessoas e no trânsito.
A longevidade da população é
resultado do avanço socioeconômico no Brasil das últimas décadas,
bem como programas de garantias mínimas que propiciaram o acesso das
classes menos abastadas à alimentação e à saúde. Apesar de
deficitário, o Sistema Único de Saúde (com acesso a remédios
gratuitos e/ou subsidiados) é para muitos a única garantia de
consulta, exame e tratamento, já que o sistema privado tem planos
com valores proibitivos (ou “criminosos”) para população mais
pobre.
Embora muitos idosos estejam
aposentados, raros são os que não exercem atividades remuneradas,
ainda que sem novas garantias ou benefícios trabalhistas. Numa
sociedade que hiper-valoriza a juventude, o declínio físico -
advindo da idade – expulsá-os do mercado de trabalho. Se antes
experiência e sabedoria eram vistas como atributos da idade, hoje os
mais velhos são tratados como cidadãos de segunda classe, tidos
como mera estatística, obstáculos ao desenvolvimento macroeconômico
do país. O atual governo de Michel Temer, com suas propostas de
reforma trabalhista e previdenciária, pretende impor um aumento
injusto do tempo de contribuição, sem comprovar o deficit real do
sistema. Ameaça, assim, o futuro da terceira idade no Brasil e, por
consequência, a sociedade como um todo, já que a pensão de muitos
idosos é responsável por sustentar famílias inteiras,
principalmente, rurais.
O desafio de garantir uma vida
digna aos nossos anciões exige que todos lutemos, não apenas para
que não lhes subtraiam os direitos, mas sua garantia governamental.
Benefícios, transferências de renda aos mais carentes, e um sistema
de acolhimento aos desamparados, são, portanto, medidas a serem
exigidas dos nossos governantes. Tão importante quanto respeitar
locais destinados aos idosos e que as cidades sejam adaptadas às
suas necessidades, é também zelar por sua empregabilidade,
denunciando preconceitos no mercado de trabalho e assegurando-lhes
proteção e direitos. Cabe a todos cidadãos, entretanto, terem a
sabedoria de que envelhecer é o destino humano. Tratá-los com
respeito e propiciar-lhes espaço de laser, convívio, participação
social plena é, portanto, pouco para os que muito contribuíram para
o nosso presente.
[Redação coletiva realizada
com alunos do Maximize Paulista, 2017]
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