Garantindo um futuro, ao futuro
Resultado do consumo desenfreado
que caracteriza o sec. XXI, o lixo se tornou um problema
determinante, cuja destinação será fundamental para a continuidade
do homem na Terra. Reduzir a produção e o consumo, difundir o
hábito da reciclagem e minimizar seu impacto no meio ambiente são
as principais alternativas.
A Revolução Industrial trouxe
com o avanço tecnológico e a técnica da linha de produção
(denominada "estratégia fordista"), um aumento nunca antes
visto na feitura de bens de consumo descartáveis. O consumismo
exacerbado, contudo, viria com a utilização em larga escala de
derivados de petróleo que lançaria no meio ambiente, já
predatoriamente explorado, garrafas PET, sacolas plásticas,
embalagens não-degradáveis de todos os tipos. Reduzir tal produção
é urgente e exige acordos mundiais, entretanto, as maiores potencias
alegam o risco de estagnação econômica, desqualificam os alertas
sobre o Aquecimento Global, e seguem na produção de bens
descartáveis e poluidores. Os antigos legaram às novas gerações
as Pirâmides, o Coliseu Romano, a Muralha da China entre outras
maravilhas. O sec. XXI deixará como herança às gerações futuras,
uma ilha de plástico no Pacífico, lixões e danos ambientais.
No passado, a produção de lixo
não se configurava um problema, já que se resumia à madeira, osso,
tecido, peles e metais: todos facilmente degradáveis. No Brasil, o
milagre econômico setentista, que acelerou a industrialização do
país, ao instalar polos petroquímicos e automobilísticos no
ABC-Paulista, trouxe como resultado do desenvolvimento: 57% de sobras
de alimento, 17% de plástico, 2,5% de vidro e 2% de metal em dejetos
etc. Uma fração disto é reciclada.
Hoje, o processo de reciclagem
e/ou reaproveitamento do lixo da maior parte das cidades brasileiras
é ineficiente ou nulo. Mesmo nas metrópoles, resíduos domiciliares
são parcamente coletados por trabalhadores informais (catadores,
carroceiros e moradores de rua), o que garante a subsistência de
muitos desvalidos. Ainda que ecologicamente conscientizados, bem
poucos estão de fato engajados na reciclagem e reuso de detritos.
Isso, por que o Estado não fornece programas de coleta familiar,
restringindo-se à impôr o uso de sacolinhas coloridas.
Tornar menor o impacto ambiental
daquilo que a humanidade produz - tantas vezes, desmedidamente
supérfluo. - é um desafio do agora. Devemos, portanto, exigir dos
nossos governantes suporte estatal a cooperativas de reciclagem e a
coleta seletiva urbana. Promover campanhas na mídia de incentivo à
participação popular é essencial para redução do consumo e
reaproveitamento de resíduos (mesmo orgânicos, na forma de
compostagem). Além de reaproveitamento de bens cotidianos (reforma
de roupas, manutenção eletrônicos, etc), é preciso leis que
coíbam na indústria o uso da obsolescência programada (com sanções
e multas), privilegiando equipamentos duráveis, mais baratos e de
baixo consumo energético. Para uma geração hedonista, amante do
excesso, do descarte, do imediato e do fugaz, não é uma missão
fácil, mas libertadora, forma de fazê-la menos escrava da novidade
tecnológica, do acúmulo do lixo concreto e virtual e, realmente,
comprometida com o futuro.
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