Imobilidade política e
movimentação nas ruas
O transporte coletivo
jamais foi uma prioridade no Brasil. O carro, fetiche herdado dos
estadunidenses, suplantou a política para locomoção das massas nas
grandes cidades e, hoje, a democratização dos espaços e das vias
gera grande polêmica.
O caos em cidades como São
Paulo e Rio de Janeiro, com lentidão, enormes congestionamentos e
“rush” estressante é resultado da ausência de planejamento
governamental, já que houve um crescimento desordenado das
metrópoles. A superlotação de ônibus, trens e metrôs contrasta
com carros ocupados somente pelo condutor. A poluição, os
acidentes, os crimes e roubos nas vias, nenhum desses problemas,
entretanto, é forte o bastante para convencer o cidadão de não
adquirir carros.
Embora a maior parte da
classe trabalhadora dependa do transporte coletivo, as políticas não
atendem às suas necessidades. As manifestações de 2013 contra o
reajuste das tarifas explicitaram o enorme descontentamento da
população, não apenas referente ao custo alto das passagens, mas
também com a má gestão do erário. Tais protestos, contudo, não
resultaram em mudanças efetivas até o momento.
O então prefeito de São
Paulo, Fernando Haddad, enfrentou graves críticas de cidadãos
paulistanos, visto que decidiu investir na ampliação de ciclovias.
Há uma reação agressiva da mídia, com ataques constantes às
políticas para redução de velocidade, implementação de
corredores exclusivos para ônibus e pedágios urbanos, posto que
refletem os interesses de uma elite conservadora, reacionária e
prepotente. Quando pedestres e ciclistas adquirem o direito de
transitarem pela cidade, isto parece, de algum modo, agredir aos mais
privilegiados.
É impossível pensar o
desenvolvimento das cidades brasileiras sem garantir a eficiência da
mobilidade urbana e acessibilidade. Cobrar de nossos governantes a
implementação de políticas efetivas (com investimentos na expansão
de linhas em trens, metrôs, tróleibus e corredores urbanos) é
dever de todos nós cidadãos. Acreditamos que apenas teremos uma
cidade mais democrática, com uma circulação mais eficaz para
motoristas, pedestres e ciclistas quando superarmos os jogos de
interesses das classes. Devemos, portanto, nos “mobilizar” em
prol dessa causa e usa-la como combustível para essa mudança, já que ir e vir é o direito de
todos.
[Redação elaborada
coletivamente em agosto de 2015, pela turma de Maio/Sábado do
Cursinho Henfil da Paulista. Enviada por Raúla Yasmin, foi revisada
e reeditada pelo professor Eduardo, em 28/8. Tema: "Mobilidade
urbana". Retualizada em 5.11.2017]
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