sexta-feira, 27 de maio de 2022

Sobre o termo denegrir

Sobre ‘denegrir’ e outros termos denegridos
🤫
Virou palavra tabu.

Não adianta mais explicar que esse verbo não faz referência alguma aos humanos de pele escura, que nenhum dicionário (antigo ou atual) apresenta essa relação, que ninguém o utiliza correlacionando seu sentido de ‘manchar, aviltar’ a um grupo étnico.

Não faz mais diferença mostrar que a escuridão, as trevas, a noite e as cores escuras são usadas como metáfora, no mundo todo, desde os primórdios da civilização e que é natural se sentir desconfortável quando não há claridade, visibilidade.

Parece já perda de tempo tentar mostrar que aquela história de ‘denegrir’ ter surgido no período da escravatura brasileira é uma pseudoetimologia, pois o verbo existe desde o século XV, muito antes do descobrimento da América e de qualquer escravidão imposta por europeus nestas terras.

Está sendo inócuo dizermos repetidamente que ‘Etimologia não justifica censura’, que o que vale é o sentido atual, o contexto do uso do termo e a intenção de que emprega. Esses princípios básicos da comunicação vêm sendo ignorados.

Atualmente, não importa em que circunstância ela surja, a chance de quem proferir  ‘denegrir’ ser censurado, “corrigido”, cancelado e até acusado de racismo está cada vez maior. Exemplos como o ocorrido no programa ‘Em Pauta’, do canal ‘Globo News’, no dia 24 de maio, quando o jornalista Marcelo Cosmo advertiu a comentarista Carolina Cimenti por ter cometido um “escorregão” ao falar ‘denegrir’. Ela disse, em seguida, que “a palavra é claramente racista” e pediu perdão.

Esgotados os argumentos lógicos, cabe a nós nos dobrarmos à censura da verbo porque alguns consideram que é preciso evitar qualquer relação da cor preta a elementos negativos, principalmente quando entra Etimologia na história.

Então, para quem vê sentido em execrar ‘denegrir’ porque associa ‘negro’ a algum ‘sentido pejorativo’, trago mais algumas palavras para compor sua lista de censura.

Já podemos riscar ‘atroz’ e ‘atrocidade’, pois elas vêm do latim ‘atrox’, que significa ‘de aspecto negro, horrível, medonho’. Está no dicionário Houaiss. Nos dicionários de 1580, já existia o vocábulo ‘atro’ significando “negro, sombrio”.

‘Ofuscar’ também pode ir dizendo adeus. O verbo vem do latim ‘offuscare’ (obscurecer, tornar confuso, degradar), partindo de ‘fuscus’ (negro, escuro, sombrio).

‘Horror’, assim escrito também em latim, significava, dentre várias coisas ruins, ‘escuridão, trevas, negro’. Então, ‘horror’ e ‘horroroso’ também já podem ser excluídos.

Cancelemos também ‘malandro’, pois o termo vem do italiano ‘malandrino’ (vagabundo, mendigo leproso), de 1280. ‘Malandria’, como chamavam a hanseníase (lepra), vem do grego antigo ‘melándruon’, ligado à palavra ‘mélas’, que significa ‘negro’. O hanseniano ficava com a pele escurecida – daí o nome.

Aliás, já no grego antigo (de 1000 a 330 a.C.), ‘mélas’ era assim entendido “negro, sombrio; triste, funesto”. (Veja como é antiga a relação entre os conceitos.) Daí temos ‘melancolia’ (tristeza causada pela bile negra). É desse controverso ‘mélas’ que a condição de alguém ter cor escura foi chamada de ‘melania’, em 1706, e as proteínas de cor marrom e preta de nossa pele foram nomeadas como ‘melaninas’, em 1873.

Então, pelo raciocínio estranho que se pede a supressão de ‘denegrir’, quem diria, teremos de também excluir a ‘melanina’, que é justamente motivo de orgulho para muita gente. 🤷‍♂️

📚 Referências: ‘Dicionário Latino Português’, por Francisco Torrinha (1942) e dicionário ‘Houaiss’ (2009).
📰 Matéria: ‘Comentarista da Globonews é corrigida ao vivo por usar o termo "denegrir"’, no jornal ‘Correio Braziliense’ (25 mai. 2022).
📸 Figura: Globonews/Reprodução (mai. 2022).
🗣 Sugestões: João Montojos e Fernando Pestana.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Falta revisar

No filme "Mãos Talentosas", o garoto Ben Carson, através do estímulo materno, supera a pobreza e a discriminação racial com grande dedicação aos estudos. Assim como no filme, em que o protagonista forma-se o melhor médico em sua área, muitos jovens brasileiros tiveram suas vidas socialmente transformadas pela educação. Contraditoriamente aos discursos, no Brasil, a precariedade do sistema educacional é o primeiro entrave para a instrução do indivíduo que, à revelia de uma sociedade desigual, quando empenhado (e estimulado!), supera todos os prognósticos. 

Em primeiro lugar, é interessante observar como o fenômeno do Renascimento só ocorreu, depois de um longo período de "trevas", por meio da valorização do conhecimento e das artes, com base na retomada do repertório clássico. No Brasil, a educação pública, embora restrita a poucos até os anos 60, possuía uma excelente qualidade, já que atendia não só os mais privilegiados, mas também dedicados. A partir dos anos 70/80, a necessidade de mão de obra mais capacitada, durante o "Milagre Econômico", focado com a industrialização do país, houve uma maior democratização do acesso ao ensino; contudo, isso implicou, também, na queda da qualidade. Foi a primeira vez na história brasileira, que as classes subalternas tiveram formação técnica, e até superior, começando, assim, a questionar sua realidade e exigir sua cidadania.

Em segundo lugar,  ressalta-se que, apesar dos avanços da educação nas últimas décadas, por meio de políticas públicas de inclusão, como cotas raciais e socioeconômicas (ProUni , FIES, Ciências sem Fronteiras, etc), não foram suficientes para solucionar uma deficiências de décadas. Se hoje se assiste a implementação do Novo Ensino Médio, com disciplinas como educação financeira e planejamento de vida, é porque se entende que o século XXI exige profissionais aptos para os desafios adivinhos da evolução tecnológica. Segundo Mandela, líder sul-africano: "A educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo", e isso se confirma pelo sucesso de muitos jovens periféricos que concluíram seus estudos e, emancipados e conscientes têm lutado para a redução da estratificação social brasileira. 

Destarte, medidas são necessárias a fim de que o ensino seja mais valorizado no país. Portanto, cabe ao Ministério da Educação, reforçar as políticas públicas existentes e expadi-las de modo mais abrangente a todas as regiões do país, já que as diferenças locais (escassez de universidades públicas) são inegáveis. Outrossim, a sociedade deve exigir de seus governantes maior investimento na infraestrutura e nos profissionais da educação, com garantia de melhores salários. Contudo, somente com maiores oportunidades de desenvolvimento do país, ter-se-á uma sociedade mais avançada e menos excludente.


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terça-feira, 24 de maio de 2022

Falta Revisao

Em  "O show de truman", o protagonista vive em um mundo artificial, controlado por uma corporação midiatica que transmite sua vida 24 horas por dia. Inconsciente de ser um produto de entretenimento, todas suas ações são manipuladas, visando agradar uma audiência igualmente manipulável. Assim como no filme, os usuários das redes têm suas ações monitoradas e definidas por algoritmos que impactam sua compreensão de mundo. O resultado disso, na geração do séc. XXI é, não só da ansiedade, mas também, o embotamento do pensamento crítico. 

Em primeiro lugar, é notório observar que desde o advento da televisão o espectador tem uma relação passiva diante das telas. Se o controle se restringia à uma mudança de canal/programa, mesmo assim, ele está sujeito a uma grade determinada por outrem. Hoje, com a multiplicidade de conteudo incessantes na Internet, ele se tornou mais ansioso diante de um mosaico frenético que o distrai, condiciona e aliena com o "efeito scroll". 

Em segundo lugar,  ressalta-se que há, um processo de dependência que se estabelece entre o usuário e o aparelho. Uma série de mecanismos insidiosos que nos instigam a consultá-los compulsivamente à caça se atualizações. Se, por um lado, temos acesso a um amplo leque de informações, tornamo-nos, mais dependentes, desatentos e ,consequentemente, alienados. As "bolhas sociais", econômicas, culturais, políticas, étnicas e ideológicas criaram uma sociedade extremista, polarizada e acrítica que ama odiar. 

Destarte, medidas são necessárias afim de combater a influência alienante da "web" sobre o usuário. Isto posto, cabe ao ministério da educação, promover campanhas e debates de conscientização nas escolas (com presença de responsáveis) para garantir um uso mais moderado das telas. Os ministérios da telecomunicações e da justiça devem aprimorar o marco Civil da Internet e, com isso impedir "bigtec's" impactem nas decisões dos indivíduos e das sociedades para obtenção de poder.

Maximize Paulista - turma da tarde - modelo ENEM

INT

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