sábado, 30 de dezembro de 2017

REDAÇÃO. Tema: "O trabalho e sua função social na modernidade: visibilidade e invisibilidade das profissões"

O outro, somos todos nós

A modernidade fez do trabalho mais do que uma mera ocupação produtiva: um valor moral. Se na Antiguidade era sinal de desprestígio, atualmente, determina o status social do indivíduo. Há, entretanto, uma crise em andamento que impõe uma transformação do modelo até então conhecido.

Etimologicamente, o termo “trabalho” relacionava-se a um instrumento de tortura (“tripalium”), já que para os antigos – gregos, romanos, egípcios – era uma função para escravos. A Revolução Industrial e a conquista dos direitos trabalhistas, somados à moral religiosa (do “ora e labora”), conferiram aos diversos ofícios não apenas prestígio e respeitabilidade, mas também valor moral.

Com a ascensão do capitalismo, as sociedades ficaram mais complexas, dinâmicas e hipercompetitivas. O sucesso se tornou uma obsessão, visto que o poder e o dinheiro suplantaram as virtudes humanas. A invisibilidade de determinadas profissões fundamentais, mas “vistas” com desprestígio (como garis, serventes, porteiros, diaristas, babás etc) comprovam como a função social determina o modo como as pessoas são tratadas (com descaso e desprezo) em países extremamente desiguais como o Brasil.

A “implosão” no mercado de trabalho de diversas profissões, devido ao avanço tecnológico, está implicando uma mudança radical de todo sistema trabalhista. Extingue-se velhas funções e cargos e o “home office” tornou-se uma prática. O empreendedorismo e a meritocracia viraram “mantras” (principalmente entre os “workaholics”), contudo isso não resultou na redução da desigualdade e em melhores condições de vida. Um trabalhador braçal tem a mesma relevância de alguém dedicado a uma área mais intelectual; porém, o grau de instrução é a medida, raramente justa, a determinar a visibilidade pública e o reconhecimento social do outro, neste país.


O valor do trabalho não pode se circunscrever à ocupação do indivíduo, posto que todas as profissões contribuem para o perfeito funcionamento da engrenagem social. A exploração análoga à escravidão é, entretanto, ainda uma realidade no mundo, e precisa ser denunciada e combatida por todos. Desvalorizar alguém, ignorando-o ou humilhando-o por seu trabalho, é uma forma de preconceito que deve, portanto, ser coibida. Para eliminá-lo, é necessária uma educação que estimule valores humanos, o senso crítico e a empatia, afinal “o outro, somos todos nós.” 



[Produzida com os alunos na terça (27/12/2017), em sala de aula (no MAXIMIZE Paulista Manhã). Esta redação tem como tema  "O trabalho e sua função social na modernidade: visibilidade e invisibilidade das profissões" e foi enviada gentilmente por Sophia Elizabete Dong. Revisei o texto  para torná-lo também mais preciso.]

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