sexta-feira, 1 de maio de 2020

Redação completa: Não é brinquedo não

        O advento da internet, no século XX, alterou profundamente o modo como as sociedades interagem; e já impacta o homem desde a infância. Se por um lado representou um acesso ímpar à informação, – com reflexos nas formas de entretenimento, comunicação e aprendizagem, – por outro, o uso indiscriminado das tecnologias digitais pelas crianças precisa ser combatido pelos malefícios que lhes acarreta.
       As tecnologias digitais de informação se tornaram instrumentos cotidianos. Celulares compactos, com telas “touch”, logo se converteram em objetos do desejo também das crianças. Assim, pais lhes presentearam com um aparelho que também lhes servia para comunicar, monitorar e controlar os filhos a distancia. O uso desenfreado para jogos, vídeos, fotos e diversão, além de acesso às redes sociais, por longas horas e sem qualquer mediação, aumentou. Muitos pais inventaram, posteriormente, novo uso para o aparelho: o de “babás eletrônicas” para distração das “crias elétricas’, ávidas por brincar, correr e interagir, ou seja, serem crianças. Por isso, o aumento da insônia, da desatenção às atividades e interações presenciais – além da miopia – caracterizam a geração “polegarzinha”, aquela de dedos frenéticos no teclado e olhar mesmerizado no visor eletrônico.
     Segundo o filósofo canadense Marshall McLuhan: “Os homens criam as ferramentas. As ferramentas recriam os homens.” Tal efeito se comprova no aumento da obesidade entre crianças, já que o sedentarismo e distúrbios do sono (o brilho da tela interfere no hormônio indutor) são alguns danos resultantes do vício em eletrônicos. Embora conectados, alguns se isolam concretamente dos pais enquanto muito se expõem nas redes. Ademais, não raro, crianças são assediadas na rede por desconhecidos, sofrem e praticam “cyberbullying”, têm acesso livre à pornografia e a discursos de ódio que tornam alguns mais agressivos, indiferentes e alienados. Apesar de tamanhos riscos, poucos pais se atentam a isso, visto que a presença na casa mascara distanciamento e crescente desconexão com os pais. 
      Estudos recentes da Academia Americana de Pediatria (AAP) tratam do impacto positivo das tecnologias digitais na educação. De acordo com a AAP, elas não só “auxiliariam na fixação de conteúdo, lembranças e sentimentos não vivenciadas presencialmente”, como também nas trocas culturais e interações humanas. O rico acervo científico, cultural e artístico da internet, e a possibilidade de aulas “online” (e cursos de Educação a distância) fazem dela uma ferramenta pedagógica única. Entretanto, na mesma proporção que espelha o melhor no mundo, sem mediação de adultos responsáveis, deixa as crianças  tanto expostas quanto vulneráveis a males com os quais não podem, nem devem, lidar.
     Em suma, as mudanças impulsionadas pelas tecnologias digitais são irreversíveis. Embora não seja possível medir todo seu impacto no comportamento humano, não há como discordar de Marshall MacLuhan estava certo: ela recria o homem. Por isso, é imprescindível o combate ao seu uso irrestrito pelas crianças, já que são explícitos, hoje, seus danos físicos, emocionais e cognitivos a elas. Urge, portanto, que o Ministério da Educação promova campanhas nas escolas e na mídia voltadas principalmente aos pais, a fim de alertá-los sobre os malefícios para saúde física e psicológica de crianças hiperconectadas. Uma estratégia é promover palestras com psicopedagogos para conscientizá-los da importância de limitar as horas de “navegação” dos filhos e ficar atentos às suas interações: ao que assistem, com quem falam, como se mostram, a quais riscos se expõem. Cabe, igualmente, ao Ministério das Telecomunicações, fiscalizar e exigir a observância de empresas - como Facebook e Twitter - às normas do Marco Civil da Internet que garante a proteção contra práticas abusivas do comércio, publicidade infantil e crimes virtuais. Mas é de fato das famílias a responsabilidade de manter seguras as crianças de perigos na internet (como “cyberbullying”, sites de propagação de ódio, pornografia, pedofilia e abusadores) e educa-las criticamente para que cresçam sabendo usá-la de modo responsável e cidadão, não como brinquedo. 




[PROPOSTA DE REDAÇÃO. A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Combate ao uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.]



           

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