O suicídio em questão
O suicídio é um fenômeno crescente na sociedade contemporânea. Problemas emocionais/psicológicos, fatores externos (como o fracasso e o "bullying") e o desiquilibrio bioquímico podem influenciar no desejo de pôr fim à vida.
Embora o suicídio muitas vezes decorra de problemas emocionais ou psicológicos (estresse, ansiedade, depressão, bipolaridade etc), está intrinsecamente relacionado à atual sociedade. A família é fundamental para o desenvolvimento psicossocial sadio do indivíduo, entretanto o distanciamento entre pais e filhos, bem como a exigência imposta de uma performance de excelência escolar e sucesso profissional podem desencadear severas inseguranças e angústias nos mais jovens.
Há um aumento de suicídios em períodos de crise político-econômicas. Se a tecnologia permitiu grandes avanços no campo da comunicação, o diálogo direto e as relações se tornaram mais "rasas" com ligações interpessoais mais efêmeras. No mundo, a polarização política acirrou os ânimos de sociedades estratificadas e economicamente desiguais, o que fez aflorar tensões entre classes sociais. A angústia e a incerteza no futuro fomentam uma desesperança que se reflete no aumento de suicídios.
Desajustes bioquímicos provocados por medicamentos e até mesmo depressões pós-parto potencializam comportamentos autodestrutivos. Muitos fatores externos podem induzir no homem o desejo de morte, contudo, os dependentes químicos são os mais propensos a oscilações de humor e conduta. Apatia e agressividade, euforia e tristeza profunda, descrença social e perda do sentido da existência podem ser desencadeado pelas drogas. Um sistema de saúde precário, como o brasileiro, corrobora para o agravamento da questão.
O fenômeno do suicídio na contemporaneidade aponta para uma falência radical da esperança em si, no próximo, na sociedade e no porvir. Nenhum suicida quer a morte de fato, já que deseja tão somente exterminar a dor que o consome, seja essa fruto de trauma, violência, não aceitação, fracasso ou solidão. Devemos, portanto, exigir dos nossos governantes não apenas campanhas de prevenção, mas também o reforço da assistência pública aos indivíduos que padecem deste transtorno. Almejemos, igualmente, construir uma sociedade mais justa, menos competitiva, com valores humanos onde os laços familiares e fraternais não “encapsulem” o potencial para felicidade que todos nós humanos temos, quando aceitos, livres e amados.
[Texto elaborado em sala de aula com a turma do Maximize. Digitada e enviada pela aluna Francine Eduarda e Carol Lima Ferraz (em 28.08.17), revisada pelo professor Eduardo e publicada em 1.09.2017, 18h16]
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