terça-feira, 7 de junho de 2022

Texto de Janine Ribeiro

Um pouco de história recente. 

A extrema direita nos EUA apostou nas "guerras culturais" desde os anos 90 para mobilizar um público de gente sem rumo, uns assustados pela perda do emprego ou do nível de vida.

Mobilizou-os dizendo a eles que perderam o nível de vida por causa de chicanos, gays, imigrantes ilegais, mulheres que não queriam mais ser só donas de casa. 

Aqui foi 20 anos depois, com a ideologia de gênero, a mamadeira de piroca e muita coisa mais.

O segredo é simples: transformar uma privação econômica em revolta contra o Outro, o historicamente discriminado, que é mentirosamente apresentado como um aproveitador. Ou seja, reativar os preconceitos tradicionais que estavam e estão sendo contestados.

Dá para entender o ódio contra Paulo Freire, o grande educador da emancipação e da liberdade pessoal e coletiva?? Dá para entender por que isso começa quando o Congresso está debatendo o Plano Nacional de Educação??

A coisa fica perfeita quando justamente as vítimas (p ex, estudantes cotistas, populações LGBT, mulheres) são apontadas como causadores do sofrimento de uma suposta maioria silenciosa. 

O que traz um adicional: você, sofrido por questões econômicas, padecendo por conta das políticas neoliberais, é empoderado por um ficticio pertencimento  a uma grande comunidade de pessoas "do bem". Exemplo fácil: homens que acham difícil entender e aceitar direitos iguais das mulheres, negros e gays. (Pode ser difícil sim, mas é justo haver liberdade para todos. Saímos todos ganhando com isso!).

A chave, porém, é desviar a discussão dos problemas sociais para uma suposta moralidade.

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