A Sociedade do Cansaço e a Ditadura da Felicidade
No livro Sociedade do Cansaço, o autor Byung-Chul Han define a sociedade contemporânea como uma sociedade cansada e insatisfeita consigo mesma devido ao êxito capitalista em instaurar uma ditadura da felicidade, na qual a felicidade se torna uma obrigação e a tristeza passa a ser associada à incompetência e ao fracasso pessoal. Essa realidade é motivada pelo avanço do capitalismo e resulta em um mundo onde a tristeza é descartada, ignorando sua importância para o equilíbrio emocional e, consequentemente, prejudicando a saúde mental dos indivíduos. Assim, torna-se cada vez mais necessário reforçar a ideia de que "está tudo bem não estar bem".
Na sociedade capitalista atual, é possível identificar mecanismos de controle e influência sobre a população. Um desses mecanismos é descrito pelos filósofos da Escola de Frankfurt como Indústria Cultural, a qual uniformiza discursos nas mídias e meios de comunicação para propagar uma única visão de mundo. É por meio de filmes, músicas e séries que se dissemina a ideia da felicidade como padrão de vida desejável e obrigatório. Dessa maneira, a busca compulsória pela felicidade se torna parte do imaginário coletivo, estimulando uma sociedade altamente competitiva e emocionalmente reprimida, em que a tristeza é desvalorizada. Esquece-se, no entanto, que sentimentos como tristeza e insatisfação também impulsionaram transformações históricas importantes, como revoluções sociais. Nesse sentido, a felicidade acaba sendo usada como instrumento de controle social.
Como consequência desse cenário, observa-se o aumento do uso de antidepressivos e a crescente procura por atendimento psicológico, o que revela que a tristeza é tratada como um problema a ser eliminado. Ao mesmo tempo, surgem críticas a essa lógica, expressas por figuras públicas como as atletas Simone Biles e Naomi Osaka, que optaram por priorizar a saúde mental ao se afastarem de competições esportivas. Essas atitudes evidenciam os danos da competitividade exacerbada e reafirmam que a tristeza e a insatisfação são partes naturais da experiência humana. Reconhecer isso é um passo importante para romper com a exigência da felicidade constante.
Conclui-se, portanto, que a felicidade compulsória é um traço marcante da sociedade capitalista contemporânea, sendo utilizada como ferramenta de controle e manutenção da ordem social. A desvalorização da tristeza contribui para o agravamento de problemas de saúde mental e transforma o mundo moderno em uma verdadeira “sociedade do cansaço”, tal como apontado por Byung-Chul Han.
Vinícius Cavalcanti de Araujo NOTA 25,455
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