A ESCOLA DE MORDAÇA
Um movimento denominado “Escola
Sem Partido” pretende alterar, via projeto de lei, a
forma como o ensino se processa hoje, no Sistema Educacional
Brasileiro. Acusam professores de influenciar ideologicamente seus
alunos com o propósito de manter no poder partidos de
esquerda e afins.
Transmitir o conteúdo
científico e filosófico universal, capacitar para leitura e
compreensão de textos, além de garantir bases para inserção no
mercado de trabalho e/ou no ensino superior, esses são os objetivos
da educação. Um professor, contudo, é mais que um
mediador/fornecedor de matérias curriculares, visto que ele é
responsável por estimular debates e, portanto, o senso crítico dos
estudantes. Contraditoriamente, hoje, seu direito à livre expressão
de pensamento está sendo questionado.
A Ditadura Militar, com o
pretexto de combater o Comunismo e defender a “família tradicional
brasileira”, não só reprimiu vozes contrárias, mas perseguiu,
torturou e matou seus opositores. Se instaurou a censura para
encobrir seus crimes, foi na escola que atuou de fato. Redefiniu
disciplinas, restringiu debates políticos, fechou centros acadêmicos
e exilou mestres. Grêmios estudantis e associações diversas foram
abolidos sob a acusação de difundirem ideias socialistas/marxistas.
Proibir o debate da realidade sociopolítica do país é uma prática
corrente de regimes autoritários, já que para se manter no poder,
alienar o cidadão é fundamental.
Alegar que mestres são agentes
aliciadores da “esquerda petista”, cujo objetivo é a “lavagem
cerebral” em jovens indefesos e incautos, é uma falácia perigosa,
cujo interesse é o controle de conteúdos e das práticas
didático-pedagógicas. Ao acusar de doutrinação a abertura de
discussão sobre gênero, respeito às minorias (negros, pobres,
periféricos, deficientes, idosos, etc), criminalizam a prática
docente, num gesto repressor e reacionário do regime dos generais. A
geração da “década perdida” conquistou com luta a
redemocratização do Brasil e aboliu a “lei da mordaça” muitos a querem resgatar
O “Escola Sem Partido”
representa um retrocesso no país, no pensamento inclusivo e
libertador propiciado pela educação, já que, sob o pretexto de
ataque a uma “pretensa doutrinação de esquerda”, desqualifica o
pensamento crítico e desvaloriza a ciência em prol de
fundamentalismos morais e religiosos. A divergência de opiniões
(refletida na atual polarização Esquerda X Direita) é
indissociável da prática democrática, portanto, o debate crítico
e o saber precisam ser defendidos por todos, independentes de dogmas
e partidos. Há uma Constituição vigente no país – que apesar
de, atualmente, vilipendiada por corruptos – cabe a nós, cidadãos
brasileiros, exigir o cumprimento; a fim de que ideias fascistas,
camufladas de discurso moral, não comprometam o futuro das novas
gerações.
[Redação coletiva, realizada em outubro 2017, Maximize Mauá.]
[Redação coletiva, realizada em outubro 2017, Maximize Mauá.]
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