segunda-feira, 30 de outubro de 2017

REDAÇÃO. Tema: Escola sem partido: rumos da educação no Brasil

A ESCOLA DE MORDAÇA

Um movimento denominado “Escola Sem Partido” pretende alterar, via projeto de lei, a forma como o ensino se processa hoje, no Sistema Educacional Brasileiro. Acusam professores de influenciar ideologicamente seus alunos com o propósito de manter no poder partidos de esquerda e afins.
Transmitir o conteúdo científico e filosófico universal, capacitar para leitura e compreensão de textos, além de garantir bases para inserção no mercado de trabalho e/ou no ensino superior, esses são os objetivos da educação. Um professor, contudo, é mais que um mediador/fornecedor de matérias curriculares, visto que ele é responsável por estimular debates e, portanto, o senso crítico dos estudantes. Contraditoriamente, hoje, seu direito à livre expressão de pensamento está sendo questionado.
A Ditadura Militar, com o pretexto de combater o Comunismo e defender a “família tradicional brasileira”, não só reprimiu vozes contrárias, mas perseguiu, torturou e matou seus opositores. Se instaurou a censura para encobrir seus crimes, foi na escola que atuou de fato. Redefiniu disciplinas, restringiu debates políticos, fechou centros acadêmicos e exilou mestres. Grêmios estudantis e associações diversas foram abolidos sob a acusação de difundirem ideias socialistas/marxistas. Proibir o debate da realidade sociopolítica do país é uma prática corrente de regimes autoritários, já que para se manter no poder, alienar o cidadão é fundamental.
Alegar que mestres são agentes aliciadores da “esquerda petista”, cujo objetivo é a “lavagem cerebral” em jovens indefesos e incautos, é uma falácia perigosa, cujo interesse é o controle de conteúdos e das práticas didático-pedagógicas. Ao acusar de doutrinação a abertura de discussão sobre gênero, respeito às minorias (negros, pobres, periféricos, deficientes, idosos, etc), criminalizam a prática docente, num gesto repressor e reacionário do regime dos generais. A geração da “década perdida” conquistou com luta a redemocratização do Brasil e aboliu a “lei da mordaça” muitos a querem resgatar
O “Escola Sem Partido” representa um retrocesso no país, no pensamento inclusivo e libertador propiciado pela educação, já que, sob o pretexto de ataque a uma “pretensa doutrinação de esquerda”, desqualifica o pensamento crítico e desvaloriza a ciência em prol de fundamentalismos morais e religiosos. A divergência de opiniões (refletida na atual polarização Esquerda X Direita) é indissociável da prática democrática, portanto, o debate crítico e o saber precisam ser defendidos por todos, independentes de dogmas e partidos. Há uma Constituição vigente no país – que apesar de, atualmente, vilipendiada por corruptos – cabe a nós, cidadãos brasileiros, exigir o cumprimento; a fim de que ideias fascistas, camufladas de discurso moral, não comprometam o futuro das novas gerações. 


[Redação coletiva, realizada em outubro 2017, Maximize Mauá.]

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